O mistério da bomba do Irã

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A desconfiança de que o Irã ganha tempo para realizar um suposto provável teste de sua bomba, que consumaria sua transformação em potência atômica, explica a resolução da Agência de Energia Atômica de sexta-feira. Foram 25 países que votaram a favor da medida exigindo maiores explicações do governo iraniano, mais acesso de seus inspetores e mais rigor nas pressões para que se revele ao mundo o que pretendem.

Sabe-se, desde outubro passado, que a AEA tem detalhado os conhecimentos obtidos por serviços secretos a respeito da capacidade de Teerã de construir a bomba. El Baradei, egípcio que dirigiu a agência por 12 anos, e deixa o cargo na próxima segunda-feira, quis utilizar as provas obtidas para convencer o Irã a mudar de rumo e aceitar as compensações das cinco potencias com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha.

A autorização foi recusada pelo Irã talvez porque uma visão das informações poderia levar à fonte que está no país. E foi na quinta-feira passada que El Baradei admitiu que vinha tentando há um ano obter autorização iraniana para enviar inspetores da Agência, instituição da Organização das Nações Unidas, para verificarem o que acontecia nos laboratórios do país. E reconheceu o total fracasso de seus esforços. O Irã recusou.

Além disso, o delegado enviado pela Agência voltou a insistir o que vem afirmando sobre o objetivo de Teerã de obter a técnica e os combustíveis para reatores que produzam energia para fins pacíficos.

Afirma-se que a bomba iraniana teria a capacidade de ser lançada por meio de mísseis dos quais o Irã já dispõe em seu arsenal, o Shahab que poderia alcançar todo o Oriente Médio e sul da Europa. Só poderia ir mais longe se e quando os russos lhes entregassem mísseis de maior alcance já encomendados. Moscou já avisou que “por razões técnicas” a entrega prometida para dezembro será atrasada. E não se sabe de uma nova data.

Com Obama e outros países comprometidos com a idéia preparam um programa de duríssimas sanções para forçar o Irã a trilhar rumo comprovadamente pacifico. O programa considera a fraqueza da economia e industrial iraniana. Por exemplo, apesar de ser um dos maiores produtores de petróleo, o país necessita da importação da gasolina e outros derivados por insuficiência de capacidade de refino.

O esquema de sanções já está sendo discutido, mas não há certeza que se decida por um rigor maior. A China, por exemplo, é grande dependente do petróleo iraniano.

Israel é o inimigo mais visado pelo Irã, que já declarou que qualquer ação militar contra o país os poderosos mísseis cairão sobre Tel Aviv. Os israelenses não se manifestaram ainda sobre sanções ou reações militares preventivas.

O que se afirma é que Israel nada dirá antes de aprovadas novas sanções pelo Conselho de Segurança, o que parece não preocupar o Irã. O plano de novas sanções e o pacote deve ser divulgado em 2010. E nada se ouve a quantidade de tempo que as potências acreditam que Teerã ainda precise para completar os trabalhos preparatórios para o que se suspeita ser a bomba.

Não é possível esquecer que a Coreia do Norte, China, Paquistão, Índia surpreenderam o mundo quando testaram suas bombas. O Irã preserva o mistério de todas as forças. E a ameaça de destruir Israel não basta como objetivo de tal esforço, pois também preocupa os países árabes sunitas já que o Irã é xiita.

Os Estados Unidos do presidente Bush justificaram o ataque ao Iraque com a afirmação de que Saddam Hussein preparava a bomba. Obama não fala em uso da força. Os americanos não teriam recursos humanos e materiais para mais uma guerra. E é mais provável o sucesso iraniano no caso da Bomba, pois o país conta com avanço científico e cientistas brilhantes.

Não é previsível como será resolvido o impasse. Mas, caso seja por meios militares, não há duvidas de que haverá uma tragédia de grande abrangência.

Fonte::Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel

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