Síria exalta saldo de reunião com Brasil; Itamaraty reitera na ONU fé em Assad

Apesar da repressão do regime sírio contra os opositores, o Brasil vê com seriedade “os esforços do presidente Bashar Assad para implementar reformas políticas”. A afirmação foi feita, segundo o “Estado” apurou, por representantes brasileiros no Conselho de Segurança da ONU na tarde de ontem em debate sobre a crise na Síria. Em Damasco, o regime exaltou o resultado do encontro com enviados de Brasil, Índia e África do Sul.

Por Gustavo Chacra

O governo sírio transformou o encontro com representantes do Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) com Assad em um instrumento de propaganda em sua agência estatal de notícias. A reunião foi usada pela Síria para mostrar internamente que o regime não está isolado e enfatizar que os emergentes apostam nas propostas de abertura de Assad. Uma manobra semelhante ocorreu depois da discussão sobre a crise na Síria na sede da ONU, em Nova York. O embaixador sírio fez questão de exibir aos repórteres o comunicado conjunto de brasileiros, indianos e sul-africanos para dizer que os países estão ao lado de Assad.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al-Moallem, citado pela agência de notícias estatal Sana, “os membros da delegação do Ibas expressaram solidariedade à Síria e a seus líderes, dizendo que seus países apoiam a restauração da segurança e da estabilidade”. Os enviados também teriam defendido uma “instância firme contra qualquer interferência nos assuntos internos sírios”.

O órgão de informação sírio disse ainda que “Moallem demonstrou satisfação com as posições da Índia, Brasil, África do Sul, Líbano, Rússia e China diante da campanha (dos EUA e de seus aliados europeus) no Conselho de Segurança contra a Síria”. Os países emergentes citados pelo chanceler sírio posicionaram-se contra uma resolução condenando Damasco.

Há algumas semanas, a Sana também usou o Brasil para fazer propaganda do regime. A agência disse que o chanceler Antonio Patriota teria elogiado as reformas prometidas por Assad. No entanto, ela ignorou a parte em que Patriota condenava a violência. Ontem não foi diferente.

No comunicado oficial do encontro, o Ibas deu uma versão um pouco diferente da apresentada pelo governo sírio. Os três países “reafirmaram o compromisso de Índia, Brasil e África do Sul com a soberania, a independência e a integridade territorial da Síria”. Os emergentes, novamente, lamentaram o derramamento de sangue, mas sem diferenciar as ações do governo das da oposição, condenando “a violência dos dois lados”.

Organizações de direitos humanos afirmam que o regime sírio é responsável pela morte de mais de 2 mil pessoas. A oposição, apesar de majoritariamente pacífica, teria alguns grupos armados envolvidos na morte de membros das forças de segurança e civis. O número de vítimas, porém, seria bem menor do que as provocadas pela oposição.

Brasil, Índia e África do Sul também defenderam o diálogo no encontro com Assad. De acordo com o comunicado oficial, os sírios afirmaram que, até o fim do ano, haverá uma democracia multipartidária no país.

Segundo o Estado apurou, o uso do encontro do Ibas como propaganda por autoridades sírias estava sendo debatido no Conselho de Segurança da ONU. Alguns, como os EUA e integrantes da União Europeia, estavam decepcionados com a reunião por não ter servido para dar um recado mais duro a Assad.

Ao serem questionados pelo Estado sobre o encontro dos representantes dos três países com Assad, os embaixadores europeus na ONU disseram que “ainda não tinham um relatório final do que aconteceu”, mesmo já tendo lido o comunicado.

Novos passos. No Conselho de Segurança, diferenças de visão voltaram a prevalecer sobre o consenso alcançado na semana passada, com a aprovação de uma declaração presidencial. Os embaixadores europeus defenderam novos passos para punir a Síria, incluindo uma resolução.

Em comunicado conjunto, representantes da França, Grã-Bretanha, Portugal e Alemanha disseram que “para o processo de reformas de Assad ter credibilidade, a violência precisa parar imediatamente”.

A embaixadora dos EUA seguiu na mesma linha. Segundo ela, a “Síria estaria melhor sem Assad e ele perdeu a legitimidade”. Segundo o Washington Post, a Casa Branca pedirá a renúncia incondicional de Assad ainda esta semana. A Rússia adotou uma nova linha dizendo que os opositores se negam a dialogar. Brasil, Índia e África do Sul também preferem esperar mais para ver resultados e apostam no diálogo.

Depois de ouvir os integrantes do Conselho de Segurança, o embaixador da Síria, Bashar Jaafari, usou o palanque ontem para atacar os diplomatas europeus. Ele comparou os levantes em Londres aos da Síria e afirmou que, a partir de agora, passará a se referir aos governos da Europa e dos EUA “como “regime”, porque esse termo é usado por eles para se referir à Síria”. Questionado pelo Estado, o embaixador disse que o acesso de jornalistas a Hama é impedido “porque os repórteres poderiam ser sequestrados pelas gangues da oposição para culpar o governo posteriormente”.

Repressão. Forças de segurança sírias mataram ontem 15 civis na cidade de Homs, segundo ativistas de direitos humanos. Tanques e soldados ainda invadiram as cidades de Taftanaz e Sermin, a 30 quilômetros da fronteira com a Turquia, onde 1 pessoa morreu e outras 13 ficaram feridas. Moradores de Deir al-Zor, informaram sobre intenso ataque de artilharia. Em Binnish, quatro pessoas foram mortas na na terça-feira.

Fonte: Estadão

16 Comentários

  1. Lá vamos nós de novo se intrometer em assunto que não é nosso, o Brasil precisa fincar o pé no seu espaço vital, que é a america do sul e a africa subsariana!O povo de lá tá cansado de ditadura, porque o Brasil vai dar sobrevida ao regime sirio, só pra contrariar o EUA e mostrar que tem influencia?Isso é burrice!

  2. BELO EXEMPLO DE DIPLOMACIA BRASILEIRA
    Yankes ja tao babando pelo oil e a imposicao da filosofia Disney na regiao
    tristes ese que apoiao esa filosofia
    luga desa gente e na Disney da california ou da Florida ,NAO NO MUNDO REAL

  3. A Síria é um caso interessante , aqueles que enxergam o eixo Teerã/Damasco como algo que ameace o ocidente e a sua cultura, não enxergam realmente de onde vem a “ameaça”…
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    A Síria é uma ditadura sim, más é uma ditadura secular, assim como a Líbia de Kadafi e também era secular o Iraque (agora imerso em sectarismo religioso…), o Iran é uma mistura de teocracia, secularismo e democracia.
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    Quem promove o Islamismo na Europa e ao redor do mundo,inclusive financiando mesquitas e minaretes é a Arabia Saudita (principalmente)e demais ‘ditaduras islâmico/monárquicas’ do Oriente Médio.
    A AL-Qaeda é uma criatura saudita/CIA_mesa…
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    Monarquias estas, que tendo acordos com o sionismo mundial e as elites supra nacionais do ocidente,combatem no Oriente Médio com todas as suas forças, contra a democracia e principalmente, o secularismo, ditatorial ou democrático, pouco importa…
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    Atualmente é principalmente a Arabia Saudita que está promovendo/financiando, as pressões e agitações internas na Síria.
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    Basta ver a declaração oficial do rei Abdullah saudita, em que exige fim imediato dos massacres na Síria,a mesma já tem lugar garantido nos anais da hipocrisia do século 21. O discurso do rei, sobre o governo de Bashar al-Assad, destaca que “escolha voluntariamente a sabedoria, ou naufragará nas profundas do caos e da miséria”.
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    Pepe Escobar:
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    O céu é o limite
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    Enquanto isso, em Jeddah – sem qualquer preocupação econômica ou ecológica – será erigida uma torre que custará 1,23 bilhão de dólares e medirá mais de 1km de altura, para celebrar o domínio saudita.
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    Vocês não vão acreditar. A empresa construtora é ninguém menos que o Grupo Bin Laden.
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    O plano é ideia do príncipe Alwaleed bin Talal, sobrinho do rei Abdullah, 19º homem mais rico e o mais rico empresário árabe do mundo, acionista, dentre muitas outras empresas, da News Corporation de Rupert Murdoch, do Citigroup e da Apple.
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    Está aberto o debate; não se sabe se esse minarete saudita monstro reflete a religião de Alá ou a religião do petróleo e dos mercados financeiros. (ou talvez, simbolize o dominio do Islã sunita sobre os mercados financeiros…)
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    A Casa de Saud garantiu refúgio ao ditador tunisiano deposto Zine el-Abidine Ben Ali,invadiu o Bahrain num chilique neoimperialista, invocando um acerto militar com o imundo Conselho de Cooperação do Golfo, CCG [ing. Gulf Cooperation Council (GCC)] para salvar a dinastia al-Khalifa dos manifestantes pró-democracia; reprimiu preventivamente os protestos pró-democracia na própria Arábia Saudita; convidou duas outras monarquias árabes pobres, sem petróleo, Jordânia e Marrocos, para juntar-se ao milionário Conselho de Cooperação do Golfo;
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    manteve incansável guerra contrarrevolucionária para destruir qualquer possibilidade de qualquer Primavera Árabe no Golfo; e está ativamente escolhendo o próximo governo do Iêmen – impondo ali um “plano de transição” concebido pelo CCG, que nada tem a ver com os desejos dos manifestantes iemenitas pró-democracia.
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    Mas, sobretudo, a Casa de Saud estremece de ódio à mera possibilidade de alguma democracia na Síria. O que mais desejam – furiosamente – é que os sunitas tomem e monopolizem o poder na Síria, de preferência mediante a Fraternidade Muçulmana, em detrimento dos allawitas ligados a Assad na Síria e aos xiitas no Irã.
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    Damasco, sob Assad, está intimamente aliada a Teerã. Assim como é estado policial, a Síria é república secular. A Casa de Saud despreza todas as repúblicas árabes seculares – da Síria de Assad à Líbia de Muammar Gaddafi. Não surpreende que a Casa de Saud (como o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos) tenha financiado a Fraternidade Muçulmana, principal braço da oposição na Síria, além de elementos salafitas sem sal.
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    Conclusão disso tudo, o rei Abdullah – seguido por seus asseclas no CCG, também conhecido como Clube Contrarrevolucionário do Golfo, e pela desdentada Liga Árabe – já posicionou as ricas monarquias do Golfo com vistas a uma síria pós-Assad, controlada por sunitas. Não se pode dizer que Washington lamente muito, agora que está às vésperas de conseguir despachar Assad.
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    E lá em casa… Tortura!
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    Mas a mais alta realização da Casa de Saud é o que se preparam para fazer em termos de criminalizar qualquer tipo de oposição no reino. Nova legislação “antiterrorismo” que está para ser aprovada punirá com no mínimo dez anos de cadeia quem manifestar qualquer tipo de dúvida sobre a integridade do rei ou do príncipe coroado.
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    O Ministério do Interior – comandado pelo sinistro príncipe Nayef – receberá poderes virtualmente ilimitados. A tortura – já praticada – será virtualmente institucionalizada. O prazo máximo permitido para detenção e isolamento – sem contato com advogados – será ampliado para 120 dias ou ad infinitum, dependendo de sentença de corte especial, que avaliará casos que vão de “criar risco para a unidade nacional” a “agredir a reputação do estado”.
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    A pena de degola – hoje aplicada, sobretudo, a trabalhadores asiáticos – proliferará.
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    Culpado por tudo isso: o medo paranóico que a Primavera Árabe provocou na Casa de Saud; além do medo de verem surgir um Iraque dominado por xiitas; além do medo que lhes inspira a resistência inabalável da República Islâmica do Irã; além da ideia fixa, em Riad, de que Teerã organiza uma conspiração xiita para esmagar as monarquias reunidas no Conselho de Cooperação do Golfo.
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    Eis aí o que passa por “reformas” na Arábia Saudita: uma versão árabe do “estão conosco ou estão contra nós”. Os mais cínicos beberão à convergência da Arábia Saudita e do Oeste do Texas tão amado por George W Bush. A Anistia Internacional prevê um futuro de massivas violações de direitos humanos. Imersa num feitiço feito de torturas e minaretes, a Casa de Saud solenemente ignorará quaisquer denúncias.
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  5. “Londres está em chamas. Wall Street está em chamas. Os mercados globais estão em chamas.
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    Enquanto Roma arde, a Casa de Saud toca alaúde – sonhos de expandir a tortura e construir minarete monstro combinados com condenar a Síria por reprimir o próprio povo. A ‘comunidade internacional’ mal dá um pio; quando você é dinastia familiar medieval sentada num oceano de petróleo, você se safa praticamente sempre, faça o que fizer.”
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    Texto completo de Pepe Escobar:
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    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/pepe-escobar-meu-minarete-e-maior-que-o-seu.html

  6. Eu apoiava essa missão.
    Mas eu acho que nao vai acabar em nada isso.
    Da forma como a televisão siria abordou o assunto, fica claro que pro atual governo sirio essa visita legitima uma certa permanencia no poder.
    Deviamos ter falado: Ou para o massacre e fazem a reforma. Ou entao nos juntamos coma otan e a onu

  7. Saí fora BRASIL, deixe-os se matarem, q a ONU entre nisso até o pescoço, pois do contrario, os judeuSS terão q se meter, até setembro, conforme cálculo deles mesmos, o mossad. Sds.

  8. Brasil tenta um diálogo para o governo Sírio parar de matar seu próprio povo,,, ve a ONU quero dizer EUA e rechaça tudo. Quem vai defender o povo Sírio dos abutres Americanos,,,
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    Ou seja, o povo Sírio esta é F*****. ninguem esta nem ai para eles, e quem tenta ajudar acaba mal falado…

  9. Acho que qualquer assunto é de interesse brasileiro – já dizia o tio Ben “grandes poderes grandes responsabilidades”, com um Brasil forte essas “intromissões” em outros países vão ser rotineiras a tentativa de se tornar cada dia mais influente no mundo é ótima e é o único caminho valido a seguir. Mas no final das contas é só aparência joguinho de palavras sem qualquer resultado pratico o único objetivo é aumentar a nossa influencia e não resolver os problemas de ninguém.
    E se engana quem pensa que não vale apena essa influencia, ela nos trás possibilidade de liderança em organizações de nações, afinal ninguém elege um país pra se o cabeça, por exemplo, do G-20 se esse país for um apático que não tem capacidade ou experiência em negociações.

    Só uma coisa a Síria não tem petróleo ou outro tipo de mineral em abundancia, então esse discurso de “A OTAN QUER AS RIQUEZAS DA SÍRIA” não faz o menor sentido – mas um trampolim para o Irã ou a destruição de um governo por eles considerado inimigo ou mesmo distrair a população para conflitos fazendo o seu povo esquecer os problemas econômicos são motivos bem mais racionais. Mas riquezas a Síria não tem!

    sds

  10. Nessa questão da Síria tem gente que não tem o que fazer é quer aparecer. Será o Vice? Melhor tem o quer fazer, mas não faz. Vai cuidar da reforma política, reforma tributária-fim da guerra fiscal entre estados, previdência, educação, cultura, ciência e tecnologia e outras. Querem levar para Síria o “Know-How” do faz de conta da mudança com democracia e viva o conservadorismo. Quem sabe deveria cuidar do seu partido mergulhado em escândalos de corrupção e ainda pousa de vítima que não irá mais votar nada no congresso, pois estão descobrindo muita coisa suja. Só neste país mesmo: quando a merda submerge ficam ofendidos e começam a retalhar. Imagina isto no quartel: a tropa com preguiça, o comando manda colocar em forma e como represália ninguém faz mais nada. ahahahahahaha é o fim.

  11. Brasil decidiu corretamente,a escolha foi facil,o brasil decidiu entre um governo equilibrado(apesar de israel dizer o contrario)e a grupos heterogeneos,sem coesao.estilo taliban da vida!

  12. Interessante texto amigo WI mas, como já tinha lhe dito antes, Pepe Escobar não goza de credibilidade pois faz uma análise para lá de parcial afinal, o mesmo deixa muito evidente sua incondicional simpatia ao regime fascista teocrático medieval iraniano, sem falar na delicadeza ao descrever o brutal regime sírio

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