O míssil balístico KN-23 da Coreia do Norte voou 460 quilômetros e atingiu Zaporizhzhia, na Ucrânia.

Tradução e adaptação- E.M.Pinto

Fonte: Galáxia Militar

Ao que parece, na região ucraniana de Kharkiv, foram encontrados destroços de um míssil balístico norte-coreano KN-23 [Hwasong-11Ga]. Os fragmentos encontrados pertencem à extremidade da cauda do míssil, como mostrado nas fotografias fornecidas abaixo.

Ao examinar de perto, pode-se notar a surpreendente semelhança entre os lemes dinâmicos a gás deste míssil e aqueles encontrados nos mísseis balísticos de curto alcance KN-23 produzidos na Coreia do Norte. Curiosamente, este míssil parece ser uma duplicação do míssil russo 9M723, utilizado pelo complexo balístico Iskander. No entanto, as fotos revelam as características da versão norte-coreana, indicando que o 9M723 russo possui uma seção de cauda mais longa e arredondada.

Confirmando esses detalhes intricados, os especialistas russos dão credibilidade à sua origem norte-coreana. O elemento crítico que resta justificar é a autenticidade das fotografias. Se foram realmente tiradas em 30 de dezembro ou 2 de janeiro na Ucrânia, corroboram o desdobramento do míssil balístico norte-coreano de curto alcance.

 

Os Estados Unidos afirmam o mesmo

FILE PHOTO: John Kirby, National Security Council Coordinator for Strategic Communications, answers questions during the daily press briefing at the White House in Washington, U.S., February 17, 2023. REUTERS/Evelyn Hockstein

John Kirby, Coordenador do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, anunciou recentemente em uma coletiva de imprensa na Casa Branca que, aparentemente, as forças militares russas estão implantando mísseis balísticos norte-coreanos. Essa alegação foi respaldada pelas conclusões dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

Numa tentativa de visualizar a situação, Kirby apresentou aos jornalistas presentes infográficos que mostravam as capacidades de mísseis da Coreia do Norte. Por meio de um desses infográficos, foi revelado que um míssil, originado em território russo, percorreu com sucesso uma distância mínima de 460 km antes de pousar em Zaporizhzhia, na Ucrânia.

Além disso, Kirby enfatizou que, segundo informações coletadas pela inteligência dos Estados Unidos, Moscou recebeu de Pyongyang um fornecimento de mísseis capazes de cobrir uma distância de 500 milhas, aproximadamente 900 quilômetros. Esses mísseis são identificados como mísseis balísticos táticos-operacionais, comumente conhecidos como mísseis balísticos de curto alcance. Kirby expressou preocupação, afirmando que a transferência de mísseis da Coreia do Norte para a Rússia viola múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

 

A reação russa

Até o momento, Moscou ainda não comentou as acusações da Ucrânia e dos Estados Unidos, que os acusam de usar um míssil balístico norte-coreano no ataque em grande escala que ocorreu entre 30 de dezembro e 2 de janeiro.

O líder da Coreia do Norte visitou oficialmente a Rússia em 13 de setembro de 2023. Coincidindo com essa visita, iniciou-se a primeira rodada de conversações entre Putin e Kim no cosmódromo de Vostochny.

Os especialistas russos consideram significativa a escolha do local da reunião. A mídia russa informou que as conversações giraram em torno de possíveis colaborações entre Rússia e Coreia do Norte no campo da tecnologia espacial e da foguetização. Essas especulações encontraram confirmação nas declarações de Putin. Ele revelou que Pyongyang mostrava inclinação pela “tecnologia de foguetes” e também expressou intenções de expandir-se para o “espaço”.

 

KN-23


O KN-23 guarda surpreendentes semelhanças em seu exterior com o Iskander-M russo e o míssil balístico de curto alcance [SRBM] Hyunmoo-2B Norte-coreano. Pode ser diferenciado pelo canal alongado dos cabos, pelos diferentes atuadores de palhetas de jato e por uma base lisa.

Assim como o Iskander-M, o KN-23 também segue uma trajetória quase balística. Este padrão torna-se particularmente evidente abaixo de uma altitude de 50 km [160.000 pés], onde a densidade atmosférica permite que as aletas do míssil alterem sua trajetória de voo.

Acredita-se que o KN-23 possa cobrir uma distância de cerca de 450 km equipado com uma ogiva de 500 kg. Esse alcance coloca toda a Coreia do norte ao seu alcance. Se a carga útil for reduzida, o míssil poderia atingir 690 km. A ogiva pode ser convencional – provavelmente unitária ou de submunição – ou nuclear.

Suas avançadas capacidades de direção aumentam sua precisão. Com orientação por satélite, pode atingir uma precisão dentro de 100 metros do Erro Circular Provável [CEP]. A precisão permanece dentro de respeitáveis 200 metros usando apenas um Sistema de Navegação Inercial [INS]. O KN-23 é disparado de um transportador-lançador móvel [TEL].

Munição de artilharia norte-coreana

No ano passado, rumores circularam de que a Federação Russa havia adquirido da Coreia do Norte um grande carregamento de mais de 350.000 munições de artilharia. Essa afirmação surgiu junto com imagens que supostamente mostravam munições de 122 mm e 152 mm fabricadas na Coreia do Norte.

A inteligência militar estoniana posteriormente corroborou essa informação, que se espalhou pela mídia local. Ants Kiviselg, diretor do centro de inteligência das Forças de Defesa estonianas, confirmou a alegação de que a Rússia havia recebido efetivamente 350a