Banco do BRICS e comércio vão dominar cúpula do grupo na Índia

Líderes deverão assinar acordo de cooperação alfandegária para dinamizar trocas comerciais, e Temer tentará atrair investimentos em visita à Índia e Japão. Para analista, crise na Síria será tema, mas sem muito peso.

Os líderes dos países do BRICS – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – reúnem-se a partir deste Sábado (15/10) em Goa, na Índia. Entre os principais temas de discussão da oitava reunião de cúpula do grupo estão a facilitação do comércio e avanços em questões técnicas do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como Banco dos BRICS.

O banco, fundado em 2014, tem por objetivo financiar grandes obras de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável. Em Abril, a instituição aprovou seus primeiros projetos, todos na área de energias renováveis, no valor total de cerca de 800 milhões de dólares. O Brasil receberá um empréstimo de 300 milhões de dólares por meio do BNDES para projetos em energia eólica. Há projetos contemplados também na Rússia, na Índia e na China.

“O banco é o grande símbolo da institucionalização do grupo e é sempre utilizado como resposta quando há críticas de que o BRICS não é um grupo tão sério”, afirma Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A instituição avança um pouco devagar neste momento, já que Brasil, Rússia e África do Sul estão em situação econômica delicada, o que limita a capacidade e velocidade de expansão. Mesmo assim, o banco funciona.”

Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade de Columbia, nos EUA, disse que os primeiros projetos prioritários do Banco dos BRICS, centrados em energia limpa, foram bem recebidos. “Isso não é pouco, pois outros agrupamentos, como o G7, jamais foram além das declarações conjuntas. Acredito também que haverá um aprofundamento de discussões entre o NDB e o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)”, explica.

Os cinco países deverão aprofundar os entendimentos com vistas à criação de uma agência de classificação de riscos do BRICS. “Isso é importante não apenas na determinação de alternativas a agentes tradicionais, como Moody’s, Standard & Poor’s (S&P) e Fitch, mas também iria de encontro à maior densidade de compliance e governança que hoje se observa nas empresas e fundos chineses. A China se tornou uma grande origem não somente de exportações, mas também de investimentos estrangeiros diretos e empréstimos governo-a-governo”, analisa.

O Arranjo Contingente de Reservas – uma espécie de fundo que visa a ajudar países no caso de crises de balanço de pagamentos – também será tema. Esse mecanismo, criado em 2014, complementa a rede de proteção financeira já existente, por exemplo, do Fundo Monetário Internacional (FMI), e contará com um aporte inicial de 100 bilhões de dólares, sendo 18 bilhões de dólares do Brasil.

Cooperação alfandegária

As nações que formam o bloco deverão assinar um acordo de cooperação alfandegária para criar canais de comunicação mais ágeis entre as autoridades aduaneiras e, assim, dinamizar os trâmites comerciais – o que poderia levar a uma expansão do comércio sem que os países tenham que fazer mudanças em barreiras tarifárias e fitossanitárias, que envolvem negociações mais complexas.

Os países deverão, ainda, fechar acordos nas áreas de cooperação ambiental, pesquisa agrícola e academias diplomáticas, além de discutir sobre o fim da necessidade de vistos. Especula-se que os chineses querem criar uma área de livre-comércio entre os países do BRICS, mas Stuenkel diz que isso não é “algo viável do ponto de vista político, já que criaria uma resistência grande com outros atores, como, no caso do Brasil, os membros do MERCOSUL”.

A imprensa brasileira afirma, ainda, que será fechado um acordo para combater a fome nas nações que fazem parte do grupo, com a criação de uma plataforma de pesquisa agrícola. Esse mecanismo pretende incentivar o desenvolvimento sustentável no campo e aliviar a pobreza com a cooperação estratégica na área de agricultura.

Segundo dados do Itamaraty, a soma da economia dos países do BRICS correspondia a 23,1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2015. Desde 2001, esses países mais que dobraram sua participação nas exportações mundiais, de 8,1% (2001) para 19,1% (2015). Entre 2006 e 2015, o comércio entre o bloco aumentou 163%, passando de 93 bilhões de dólares para 244 bilhões de dólares.

Crise na Síria

Stuenkel avalia que a guerra civil na Síria será tema da reunião, mas não deverá ter tanta importância. Para o especialista, a Rússia sempre tenta inserir na declaração final questões ligadas aos seus próprios interesses geopolíticos – o que nem sempre dá certo, já que a questão não é prioridade para os outros países do BRICS.

“Brasil, China e Índia não querem deixar a Rússia transformar o texto final num documento antiocidental ou antiamericano”, diz Stuenkel. “Para os chineses, o BRICS é importante, mas o país precisa também de uma parceria forte com os EUA. E com o Brasil ocorre o mesmo. Portanto, deveremos ver uma linguagem bastante genérica a respeito do conflito sírio.”

Temer em busca de investimentos

O presidente Michel Temer participará dos dois dias da cúpula do BRICS em Goa e, depois do encontro, realizará uma visita oficial, em 17 de Outubro, ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Temer deverá também ter uma conversa à margem da cúpula com o presidente chinês, Xi Jinping, para falar sobre investimentos do país asiático na infraestrutura brasileira.

Os líderes do BRICS vão se reunir ainda com seus homólogos dos países da Iniciativa da Baía de Bengala para Cooperação Técnica Multissetorial e Econômica (BIMSTEC) – formada por Bangladesh, Butão, Myanmar, Nepal, Sri Lanka e Tailândia – que foram convidados pela Índia para participar da cúpula. O encontro será uma chance de o Brasil fortalecer a relação também com outras nações do sul da Ásia.

Antes de voltar ao Brasil, Temer visitará o Japão em 18 e 19 de Outubro, onde será recebido pelo Imperador Akihito e realizará reunião com o primeiro-ministro Shinzo Abe.

A última visita de um chefe de Estado brasileiro ao país foi há 11 anos. O brasileiro será recebido por empresários e tentará vender a imagem do Brasil como um bom lugar para investimentos, além de apresentar o plano de concessões e privatizações do governo federal.

Foto: Anfitrião indiano Narendra Modi e o presidente russo Vladimir Putin estarão no encontro.

Fonte: DW

 

 

14 Comentários

  1. “além de apresentar o plano de concessões e privatizações do governo federal.”

    Ou seja: esse governo usurpador vai acabar de entregar o país aos chineses…. que já controlam quase todo nosso setor energetico

    Parabens

  2. (…)
    ________________________________________________
    Rafa_positron – Lamento, mas, (“banquete para deputado no Brasil”), não tem qualquer nexo com cúpula dos BRICS. – Plano Brasil

  3. não gostei

    “O Brasil receberá um empréstimo de 300 milhões de dólares por meio do BNDES para projetos em energia eólica”

    empréstimos, é assim q começa, daki a pouco é mais 500 milhões, depois mais 1 bilhão e daki a pouco tá vendendo o almoço para pagar a janta só de JUROS !!

    FMI e Brics é tudo mesma M**** só muda a bandeira, nunca vi banqueiro rasgar dinheiro.

    o ideal era JAMAIS pegar empréstimos de bancos internacionais, é andar com suas próprias pernas, se esse empréstimo tivesse sido feito com o FMI, seria uma GRITARIA aki de “entreguismo” e blá blá blá…

    o dia q me provarem q tem banqueiro bonzinho, e q gosta de emprestar dinheiro com juros baixos, é pq tá chegando o fim do mundo mesmo, pq como diria o Padre Quevedo, “isso non ecziste”

    • É aquela história: “não me importo de continuar escravo desde que o patrão tenha a ideologia em que fui mergulhado quando nasci.” Como vc disse, FMI e B do BRICS é a mesma M… Entreguismo a la esquerda POOODE!

      • Como é que é?

        Dexia de cinismo

        não tem nada de esquerdismo ai…. essa doença retardada de querer colocar culpa no esquerdismo por tudo que acontece chega a ser patetica

        vcs apoiaram o golpe…. vcs são responsáveis

        assumam

        O negocio é que por orgulho quem apoiou o golpe ta morto de vergonha

        “Estancar a sangria”

      • e vc não está fazendo o mesmo, em falar de golpe e querer jogar a responsabilidade das burradas do governo petista nos outros ?

        afinal quem colocou o Temer lá ? até onde sei foi o pessoal de esquerda q votou na Dilma, ou vcs não sabia q ele vinha no pacote ? Agora reclamem com o PT q ACEITOU ele.

        vai querer jogar a culpa dos votos deles na direita tbm ? Ae depois querer dar lição de moral nos outros meu caro, ASSUMA vc seu voto, vc querendo ou não faz parte desse “golpe” imaginário !!

        se não aguenta a verdade, melhor ficar quieto.

      • “afinal quem colocou o Temer lá ?”

        Que desculpa patetitca
        Quem não queria Aecio tinha outra alternativa? Obviamente que não… o unico jeito era votar na chapa Dilma-Temer

        Ocorre que Temer foi eleito pra ser Vice-Presidente… o programa de governo que foi escolhido nas urnas não é esse ai que esta sendo implantado

        Quem votou na Dilma votou no Temer… por isso Temer deveria dar continuidade ao programa eleito… por isso é um traidor e golpista

        Pare de sofismas cinico… isso não cola comigo

      • Meu caro, como eu não votei nele não posso fazer nada a respeito se ele tá seguindo ou não o cronograma do PT, (aliás eu to achando ótimo q ele esteja fazendo isso).

        Oq eu posso assumir para seu agrado pq não sou covarde e dissimulado, é q APOIEI o impeachment da Dilma, pq não dava mais pra continuar com um governo OMISSO, CORRUPTO e MENTIROSO !!

        Alguém iria ter q assumir o governo e tentar consertar os estragos deixado pelo PT, e o substituto natural era ele q vcs colocaram lá junto com a Dilma, se ele fizesse a mesma coisa q ela, não precisaria de impeachment né meu caro, deixava ela lá mesmo pra continuar fazendo as BURRADAS dela e as PICARETAGENS do PT.

        poxa vida, tu tá bravo pq ele não tá fazendo oq o PT queria, FINGIR q tava governando sem apoio algum, manter as MARACUTAIAS, e dizer q estava tudo bem ? hahaha…. vc deveria fazer stand up caro colega !!

        já entendi qual é a sua, mas ACABOU !! Aceita q doí menos Rafa_positron.

    • Professor a intencao de quem organizou o golpe foi realmente retirar o Brasil do BRICS. Brasil esta localizado no que os EUA consideram seu quintal. Acontece que os EUA estao falidos. O dolar esta sendo rejeitado como moeda de reserva, porque o petroleo,que tem sido o lastro do dolar desde 1974, esta sendo vendido por outras moedas, Euro, o Yuen e o Rublo. No ano passado mais de $1.000.000.000.000, trilhao de dolares em titulos do tesouro norte americano foi devolvido, regastiado em dolar, que eventualmente voltara para os EUA. Entao sem poder imprimir muito mais dolares que precisam para comprar os capachos que eles colocam para governar os paises que eles controlam, so dependendo daquela porcentagem que a CIA recebe dos Carteis de Narcoticos, os EUA estao perdendo a capacidade de comprar influenca no resto do mundo. Queriam o pre-sal e este caiu nas maos de uma empresa norueguesa. Quem tem dinheiros sao oschineses, que estao comprando o proprio EUA, Canada, Grecia,Inglaterra, Russia, Africa. Brasil nao ficara de fora.

  4. Eu só consigo rir

    “Governo Temer é responsável… austero”

    hauahahuauaha

    Os elogios ao Idoso nos primeiros dias “pós-golpe” eram mais melosos que as musicas do Air Supply

    E agora, oq o Governo usurpador faz?

    – Dá um jantar milionário a deputados pra aprovar uma PEC que mata a educação e a saúde no País
    – Barganha cargos nas estatais pra conseguir aprovar oq quiser no Congresso
    – Nomeia a esposa pra cargos no executivo
    – Entrega o Brasil de mão beijada pros chineses

    E agora, pra encobrir a vergonha, os apoiadores do golpe colocam a culpa no esquerdimos?

    Tomem vergonha na cara!!!!!!!!

    • voçes tomaram cha de trombeta?O FMI não é mesma coisa que os BRICS não senhor.voçes são profetas não ,não tem como saber o tanto que pagara de juros no futuro.
      Quem dever ao FMI terá uma divida eterna pois pertençe aos banqueiros lobos de Wall Street.é só observar os fatos se informar mais.
      Agora o NBD não tem como voçes saberem esta saindo do forno e já ficam criticando.

      • Eu não critico BRICS e nem sou contra

        muito pelo contrario

        eu sou a favor de parceria… e não de prostituição

        A soberania do Brasil é inegociavel

        Mas o Governo Pilantra ja entregou o pré-sal… e já está pronto pra entregar o Brasil nas mãos dos XING LINGS

        e isso não é parceria… isso é entreguismo…

        sou contra

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