Drones – Armas do presente e do futuro

Talvez em algumas poucas décadas não tenhamos mais pilotos de caça servindo nas armadas aéreas da principais potências mundiais. Essa é uma tendência quase irreversível. Em 2012 cerca de um em cada três aviões militares dos Estados Unidos eram aeronaves não-tripuladas, mais conhecidos como “drones”. Eram neste ano 7.494 aviões não-tripulados, contra 10.767 que exigem a presença de pilotos no comando. Isso representava mais de 40% do total – usando outros dados, o levantamento colocava o número em 31%. Em um estudo encomendado pelo Congresso dos EUA, foi apresentada uma série de vantagens no uso dos drones. “Eles eliminam os riscos para a vida dos pilotos e não sofrem restrições na duração de operações devido a limitações humanas. Além disso, podem ser envolvidos em ações mais arriscadas e seus custos são bem menores”. Houve um considerável crescimento no uso destes aparelhos controlados por controle remoto em combate em áreas como o Iraque, Iêmen, Paquistão e Afeganistão, o que de fato alterou o conceito das operações aéreas não das forças americanas, como de outras forças armadas.

Definição – VANT, VARP, UAV, Drone?

Um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) ou Veículo Aéreo Remotamente Pilotado (VARP), também chamado UAV (do inglês Unmanned Aerial Vehicle) e mais conhecido como drone (zangão, em inglês), é todo e qualquer tipo de aeronave que não necessita de pilotos embarcados para ser guiada. Esses aviões são controlados a distância por meios eletrônicos e computacionais, sob a supervisão e governo humanos, ou sem a sua intervenção, por meio de Controladores Lógicos Programáveis (CLP).

História

Em 1909, o inventor americano Elmer Sperry começou a desenhar dispositivos de giroscópio para controlar a estabilidade de aeronave em vôo, sendo estes os antepassados ​​dos sistemas de navegação inercial modernos. A Marinha dos EUA mostrou algum interesse nesse conceito para criar um “torpedo aéreo”, um precursor dos modernos mísseis de cruzeiro. Para melhorar a precisão do torpedo aéreo para além da capacidade limitada dos primeiros giroscópios, o controle de rádio foi desenvolvido pela Western Electric Company. Estas duas tecnologias, navegação inercial e rádio controle, formam o núcleo do desenvolvimento das aeronaves remotamente pilotadas nos próximos 80 anos.

Patrocinado pela Força Aérea do Exército dos EUA em 1917 Charles Kettering, dá General Motors desenvolve um biplano não tripulado pré-programado conhecido como “torpedo aéreo Kettering” ou “Kettering Bug”. De acordo com sua idéia, este veículo movido por um mecanismo de relógio deveria soltar as asas em um lugar programado e cair em território inimigo como uma bomba. Com financiamento do Exército dos EUA foram construídos alguns dispositivos, mas não foram utilizados em combate. Na Grã-Bretanha a Sopwith , DeHavilland , e a Royal Aircraft Factory realizaram programas semelhantes, mas nenhum teve com sucesso. Por volta de 1918, era evidente que a tecnologia da época não era suficiente para criar uma arma guiada viável, e os programas se esgotaram. No entanto, tanto a Marinha dos EUA como Real Marinha britânica perceberam que as aeronaves remotamente pilotadas poderiam servir alvo para treinamentos realistas para artilheiros antiaéreos. Como resultado, os drones se tornaram aviões-avos e essa foi a sua principal forma de uso por quase meio século. Na verdade o desenvolvimento de aeronaves robóticas entre as duas guerras mundiais, concentrou-se principalmente em primitivos mísseis guiados e aviões alvo.

O Kettering Bug foi uma das primeiras tentativas de se desenvolver aviões sem piloto já no tempo da Primeira Guerra Mundial
O Kettering Bug foi uma das primeiras tentativas de se desenvolver aviões sem piloto já no tempo da Primeira Guerra Mundial

O primeiro teste bem sucedido no Reino Unido aconteceu em 1933 com o seu primeiro UAV, o Queen Bee, desenvolvido a partir de biplano Fairey Queen. Era controlado por controle remoto a partir de um barco. Este modelo rebatizado de DH82A Tiger Moth foi usado na Marinha britânica como um avião alvo entre 1934-1943. O uso de aviões alvo nos Estados Unidos emergiu da indústria passatempo na década de 1930 com Reginald Denny e sua Radioplane Company. Denny usou sua experiência na concepção de controle remoto de aeromodelos para projetar seu Radioplane-1 (RP-1), mas os militares dos EUA não demonstraram interesse até 1939, na véspera da Segunda Guerra. Alguns dos vários 15.374 drones Radioplane de RP- 4 a RP-18 foram construídos durante a Segunda Guerra Mundial. O melhorado RP-19/OQ-19 apareceu em 1946, e mais de 48.000 foram construídos entre 1946-1984. Em 1952, foi a Radioplane Company foi adquirida pela Northrop e passou a formar o núcleo de uma dos mais bem sucedidas empresas construtoras de drones dos dias de hoje. Durante a guerra os EUA usaram o OQ-2 para treinar pilotos e artilheiros. A Marinha dos EUA patrocinou o desenvolvimento de tecnologias alternativas para o controle de vôo e navegação, incluindo a câmera de televisão da RCA e o Navy Research Lab’s (NRL), que era um sistema de orientação de radar. Estas tecnologias ofereciam a possibilidade de orientar o drone com muito mais precisão do que o controle de rádio, e em 1941 um programa começou a se desenvolver com o objetivo de criar os “drones de assalto”. Estes poderiam ser usado tanto para guiar mísseis, se lançando contra um alvo inimigo, ou como um UCAVs, deixando lançar uma bomba e voltando para a sua base. A Marinha dos EUA ordenou a produção do primeiro TDN-1, fabricado pela Naval Aircraft Factory, em Março de 1942. Mas a US Navy queria um drone mais mais simples e menos caro, e assim foi criado pela Interstate Aviation o TDR -1.

Dois TDR-1 são lançados sobre as Ilhas Salomão em 1944. A aeronave controle é um TBM-1C Avenger que foi modificado com um grande receptor/antena sob a fuselagem traseira alojado em uma cobertura em forma de cúpula
Dois TDR-1 são lançados sobre as Ilhas Salomão em 1944. A aeronave controle é um TBM-1C Avenger que foi modificado com um grande receptor/antena sob a fuselagem traseira alojado em uma cobertura em forma de cúpula

Esses drones participaram de muitas missões secretas sobre o Teatro do Pacífico, onde eram guiados por aviões TBF Avenger da US Navy. Em setembro de 1944 eles foram usados como mísseis guiados contra posições japonesas em Bougainville e no dia 19 de outubro de 1944 foram usados como UCAV largando bombas sobre alvos em Ballale Island, sul de Bougainville. Eles não eram é claro UCAVs no sentido contemporâneo, uma vez que faltava-lhes a capacidade de voltar em segurança para a base. Porém a Marinha não ficou muito impressionado com os resultados, embora um conceito semelhante foi testado na Guerra da Coréia usando caças Hellcat controlados por rádio como mísseis primitivos.

Entre 1930-1940  na União Soviética o projetista de aviões Nikitin desenvolveu um drone planador armado com torpedos PSN-1 e PSN-2 e um tipo de “asa voadora” de duas maneiras: uma como um alvo aéreo para treinamento de pilotos e uma com automação completa. No início dos anos 1940 foi projetado um torpedo com um alcance de 100 km e uma velocidade de 700 kmh. No entanto, os drones deste projeto não foram produzidos em série.

Na Alemanha, o Dr. Fritz Gosslau da Argus Motor Works desenvolveu o FZG -43 (Flakzielgerat -43, dispositivo de alvo antiaéreo-43 ) para o treinamento das guarnições antiaéreas da Luftwaffe. Em outubro de 1939, a Argus propôs um esquema mais revolucionário usando um drone controlado por rádio apelidado Fernfeuer. Ele poderia transportar uma carga de uma tonelada de bombas e seria controlado por uma versão pilotada da mesma aeronave. Depois de lançar a sua bomba, o Fernfeuer retornaria à base. Este não era um míssil torpedo, mas sim um antepassado do UCAV de hoje. Embora a Luftwaffe tenha ignorado o Fernfeuer, este programa estabeleceu as bases para o FZG-76, mais conhecido como o míssil de cruzeiro V-1. Na Segunda Guerra Mundial os engenheiros alemães desenvolveram vários tipos de armas guiadas por rádio, incluindo as bombas Henschel Hs 293 e Fritz X, mísseis Enzian e aviões carregados de explosivos também controlados por radio. Os modelos Fritz X e Hs 293 foram utilizados com sucesso no Mar Mediterrâneo contra navios de guerra. Uma arma perigosa era a FAU-1, talvez o primeiro míssil de cruzeiro, com seu motor a jato, que podia ser lançado de aviões ou de plataformas em terra.

Como é sabido durante a maior parte da Segunda Guerra Mundial , havia uma ligação muito estreita entre o desenvolvimento dos primeiros mísseis guiados e vários tipos de drones alvo e drones de assalto. Vários países trabalharam em bombardeiros controlados por rádio visando atacar alvos de alto valor. Existiam programas como o Afrodite dos EUA, o Mistel alemão, e o italiano Assalto Radioguidato. A Guerra Mundial também viu o desenvolvimento dos primeiros mísseis guiados dedicados usando tecnologias como controle inercial, TV, rádio e rádio comando rádio como a bomba guiada Fritz- X da Alemanha bomba e os mísseis antinavio Hs -293 da Alemanha e Bat da Marinha dos EUA.

Pós-Segunda Guerra

As grandes potencias neste período se dedicaram a desenvolver uma força de ataque formada por poderosos bombardeiros e mísseis balísticos nucleares. O desenvolvimento de aviões não tripulados ficou mais restrito a aeronaves destinadas a missões de reconhecimento e treinamento de pilotos e artilheiros, servindo como alvos. Em 1951 os Estados Unidos lançaram uma produção em série do avião-alvo a jato AQM-34 Firebee que foi modificado para missões de reconhecimento que seria lançado de uma aeronave-mãe (C-130) para realizar um vôo por uma rota pré-programada. Cumprida a sua missão ele descia de pára-quedas. Essa aeronave foi um sucesso e serviu por muitos anos na USAF (inclusive no Vietnam ) e em países aliados dos EUA. Os Firebee podiam voar a 60 mil pés (cerca de 20 mil metros) a 420 knot em missões de reconhecimento de grande altitude em áreas ameaçadas por mísseis SAM. Em 1 de Maio de 1961 um avião U-2 da USAF pilotado por Francis Gary Powers foi derrubado no espaço aéreo soviético, e este fato foi visto por muitos analistas como uma prova da necessidade de se usar em missões como essa de aviões de reconhecimento não tripulados. No início dos anos 1960 os EUA utilizaram veículos aéreos de controle remoto para realizarem missões de reconhecimento sobre Cuba devido as suspeitas de que os soviéticos estavam enviando mísseis nucleares para aquela ilha, depois da derrubada de um U-2 e a morte de seu piloto. Os Firebee  evoluíram para os modelos  ‘Fire Fly’ e ‘Lightning Bug’, e foram largamente usados em missões de coleta de inteligência nos anos 1960 e 1970 sobre o Vietnã, China e Coréia do Norte.

Operação de drones da USAF durante a Guerra do Vietnam
Operação de drones da USAF durante a Guerra do Vietnam

Reconnaissance Wing da Base Aérea de Beale em setembro de 2003.

Após o fatídico 11 de setembro de 2001 com os ataques terroristas contra o World Trade Center (WTC) e o Pentágono os americanos se lançaram a sua Guerra ao Terror e o uso de drones se intensificou. As operações militares no Afeganistão foram precedidas por intensas operações de reconhecimento realizadas pelos Predators da CIA e da USAF, bem como das versões pré-produção do Global Hawk. Foi a CIA que decidiu fazer algo novo com a aeronave que era muito boa em missões de vigilância. A partir de 2000 a USAF/CIA vinha trabalhando desde 2000 em uma versão “hunter-killer” do Predator. A idéia de usar os UAVs em ataque surgiu do pensamento de atacar os alvos de oportunidades que se apresentavam durante uma missão de reconhecimento e que normalmente eram perdidos porque o UAV não tinha nenhuma arma. Com um designador laser montado no nariz, o Predator podia guia míssil AGM-114 Hellfire contra um alvo. O primeiro uso em combate desta configuração aconteceu em novembro de 2002 quando um Predator controlado por uma equipe da CIA/USAF baseada em uma base francesa em Djibouti destruiu um carro que levava Qaed Salim Sinan em um deserto remoto dentro do Iêmen, usando um único míssil Hellfire. Salim Sinan era o chefe da al-Qaeda dentro do Iêmen e tinha sido o responsável pelo ataque contra o USS Cole.

Um míssil AGM-114 Hellfire disparado por um helicóptero de ataque Apache AH-64D. O Hellfire Míssil pesa 45 kg, tem 1,63 m e seu custo unitário fica em torno de US$ 68 mil
Um míssil AGM-114 Hellfire disparado por um helicóptero de ataque Apache AH-64D. O Hellfire Míssil pesa 45 kg, tem 1,63 m e seu custo unitário fica em torno de US$ 68 mil

Foi levantada a idéia de se armar também o Global Hawk, mas devido ao seu regime de vôo em alta altitude e certos compromissos acertados em tratados a USAF decidiu contra essa opção. Porém a utilidade do Predador como um “hunter-killer” conduziu a realização de um programa de conversão de todos os RQ-1 Predators para a configuração MQ-1 com pontos duros para armas como também para o designador laser necessário para guiá-las. Além disso uma melhoria e um aumento na versão “hunter-killer” fez surgir em 2006 o MQ-9 Reaper. Originalmente batizado como Predator-B, o Reaper é uma aeronave não tripulada de ataque, que voa mais rápido e mais alto que se antecessor.  Ao contrário do Predator, o Reaper foi desenvolvido como um aeronave capaz de carregar quase todas as armas de lançamento do inventário da USAF, variando desde mísseis a bombas guiadas a laser de 500 lbs. Um Reaper custa três vezes menos que um F-16 (e os custos de operação são muito inferiores), pode permanecer no ar por 14 horas e voar a altitudes de 50.000 pés. Em outras palavras o Reaper é mais barato, mais econômico e mais seguro para o seu piloto.

Em 23 de dezembro de 2002 um caça MiG-25 do Iraque abateu um Predator sobre a zona de exclusão aérea imposta àquele país. O Predator estava armado com mísseis AIM-92 Stinger, guiados por calor, e chegou a disparar um contra o MiG, antes de ser derrubado. Foi a primeira vez na História que uma aeronave de combate tripulada entrou em combate com um UAV.

No Brasil

O primeiro VANT de que se tem registro no Brasil foi o BQM1BR, fabricado pela extinta CBT (Companhia Brasileira de Tratores), de propulsão a jato. Esse protótipo serviria como alvo aéreo e realizou um vôo em 1983. Outro VANT de que se tem conhecimento é o Gralha Azul, produzido pela Embravant. A aeronave possui mais de 4 metros de envergadura, com autonomia para até 3 horas de vôo. Os dois primeiros protótipos do Gralha Azul realizaram vários ensaios em vôo, operando com rádio-controle.

A partir do ano 2000, os VANTs para uso civil começaram a ganhar força no mercado. Foi quando surgiu o Projeto Arara (Aeronave de Reconhecimento Autônoma e Remotamente Assistida), desenvolvido numa parceria do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), especialmente para utilização em agricultura de precisão. O projeto deu origem, em abril de 2005, ao primeiro VANT de asa fixa desenvolvido com tecnologia 100% brasileira, cujo desenho industrial foi patenteado pela EMBRAPA. A empresa AGX faz uso deste modelo e continua desenvolvendo novos VANTs para o setor elétrico, de meio ambiente, segurança pública e defesa.

Em 2009 deu-se início ao projeto VANT-SAR entre as empresas AGX, Aeroalcool e Orbisat, financiado pela FINEP. Em 2010 iniciou-se o projeto da aeronave Tiriba, a cargo da AGX, que, no final de 2011, resultou na primeira aeronave de propulsão elétrica com tecnologia 100% nacional, para aplicações em imageamento aéreo e aerofotogrametria.

Em 2012, a Flight Technologies venceu a licitação da aeronáutica para desenvolver um VANT de decolagem e pouso automático (DPA-VANT), com investimento previsto de 4,5 milhões de reais em dois anos. O valor será coberto integralmente pela Finep. O projeto está sendo gerenciado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial e conta com o apoio do Ministério da Defesa e a participação do Centro Tecnológico do Exército e do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). A Flight é uma empresa brasileira, localizada no Parque Tecnológico de São José dos Campos, e atua no mercado de defesa e segurança aeronáutica.

Em Santa Maria (Rio Grande do Sul), a FAB passou a montar VANTs produzidos pela AEL, subsidiária da Elbit Systems, a maior empresa privada fabricante de produtos de defesa de Israel.10 Esses VANT são parte de um acordo de 48 milhões de reais firmado com o Brasil em 2010 e serão usados em operações ao longo da fronteira e durante grandes eventos como a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas de 2016. Segundo o Stockholm International Peace Research Institute, durante o mandato do ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, o Brasil se tornou um dos maiores importadores de armas e de tecnologia militar israelenses. Em meados de 2012, a polícia federal brasileira possuía 15 drones vigiando a fronteira do país.

Missões de ataque

Hoje quando se fala em drones no âmbito militar a primeira coisa que pensamos é o seu uso em missões de ataque. Claro nem sempre foi assim, pois por muito tempo a missão principal dos drones foi de reconhecimento. O país que mais utiliza os drones nessas missões são de longe os EUA, através da USAF e da CIA. Desde o primeiro ataque contra um líder da Al-Qaeda no Iêmen em 2002, os aviões não tripulados se tornaram a arma mais badalada da Força Aérea americana. Antes, na década de 1990, entre identificar e destruir um alvo inimigo dos Estados Unidos mundo afora, a CIA precisava de três dias. Agora, com os aviões não tripulados, bastam cinco minutos, se o alvo estiver em áreas como o Chifre da África e o Paquistão/Afeganistão.

Por sua eficácia, os drones tornaram-se a arma por excelência da guerra aérea. Para entender melhor o fenômeno dos drones, o primeiro passo é voltar a 11 de setembro de 2001. Com a derrubada das Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Nova York, o governo do então presidente George W. Bush empreendeu uma cruzada antiterrorista mundo afora. Foi a partir daí que os aviões não tripulados passaram a ser estratégicos do ponto de vista militar. Em 2001, eram 50 aeronaves desse tipo controladas pela defesa americana. Hoje passam de 7.000. Se George W. Bush colocou os drones no mapa da guerra, foi seu sucessor, Barack Obama, quem os elevou à condição de protagonistas na caçada ao terrorismo. Uma das razões para isso é que, com os aviões não tripulados, evitam-se perdas de pilotos. Afinal, a pressão pela queda no número de mortes de militares é forte nos EUA. Obama precisava, portanto, encontrar uma maneira de continuar com as investidas sem que isso representasse mais baixas. Os drones eram a solução e, sob seu comando, os ataques só aumentaram.

200

Hoje para os EUA os drones são a sua principal arma na guerra ao terror e em missões de apoio as outras operações militares. Em outubro de 2010, quando o ditador líbio Muamar Kadafi fugia da cidade de Sirte em um comboio, foi um drone Predator, americano, que primeiro disparou um míssil e interceptou os carros, permitindo a captura do ditador líbio. Em setembro de 2011, um drone do mesmo tipo enviou um projétil contra o carro de Anwar al Awlaki, o americano de origem árabe que estimulava ataques terroristas a partir do Iêmen. Ele e mais três morreram. Antes da execução de Osama bin Laden, em maio de 2011, um drone vigiava os passos do líder da Al Qaeda dentro de sua fortaleza no Paquistão. Entre 2001 e 2011 a CIA matou cerca de 2.000 pessoas acusadas de serem terroristas.

Só para se ter uma idéia uso dos drones disparou – cresceu 5.200% entre 2004 e 2010. Esse crescimento se deve a uma mudança de estratégia dos EUA. Se no começo os aviões não tripulados só iam atrás de figurões, hoje eles são usados até contra peixes relativamente pequenos. “94% dos ataques (em 2011) são contra combatentes comuns”, diz Peter Berg, diretor da ONG New America Foundation, que organiza os números oficiais em um grande banco de dados sobre drones.

Um motivo que sacramentou a popularidade dos aviões não tripulados é o seu custo. Eles são baratos se comparados a um caça tradicional. Por exemplo um caça F-22 ou o F-35, custa cerca de US$ 150 milhões por unidade. Isso dá para comprar 15 drones do modelo MQ-9 Reaper, o mais usado em ataques. A formação dos pilotos também é mais simples e rápida. Para se tornar um comandante de drone, basta se alistar e fazer um curso de quatro anos na Universidade de Dakota do Norte, a primeira a oferecer treinamento em UAVs nos EUA.

A operação dos drones

Para seu uso é em missões de ataque a alvos distantes se faz necessário um amplo aparato tecnológico que inclui bases terrestres de operação, aviões auxiliares e uma rede de monitoramento por satélites. Como em um videogame, os operadores dos drones assistem tudo a partir de telas que monitoram o terreno. O drone da USAF/CIA pode receber seus comandos de qualquer lugar do globo, por meio de satélites. Armado de mísseis guiados por laser, raramente erra o alvo. Veja a seqüência de como é uma missão de ataque de um drone:
1. De uma base militar em território americano, o piloto dá a ordem para iniciar o vôo.
2. Já preparado por uma equipe de terra e localizado em uma base próxima ao seu alvo, o drone se posiciona na pista. A decolagem é automática.
3. Quando o aparelho já está no ar, o piloto assume o comando. Ele se comunica com a aeronave por satélites. Se a conexão cair, o avião retorna à base.
4. No destino, as câmeras e os sensores de visão noturna e de movimento passam a ser controlados por um operador nos Estados Unidos. As lentes reconhecem rostos no solo.
5. Uma vez identificado um rosto, os sensores rastreiam automaticamente.
6. Com o alvo na mira, o piloto dispara. O míssil mais utilizado é o Hellfire, de 40 quilos. Guiado por laser, ele acerta o alvo em cheio e nem sequer abre crateras no chão. Esses mísseis matam por incineração, estilhaços e dilaceramento dos órgãos internos, em virtude das ondas de calor liberadas pela explosão. E seu poder de fogo parece não ter fim. O protótipo americano X-47B, em fase de desenvolvimento, poderá carregar até duas toneladas de bombas.
7. Após o ataque, o drone permanece na área, coletando novas imagens. Depois de certificada a conclusão da missão, retorna à base.

De uma sala de comando a milhares de quilômetros do alvo, parte a ordem de atacar. Como em um videogame, basta apertar o botão e a destruição é acompanhada na tela. O VANT é constantemente manejado por dois controladores.
De uma sala de comando a milhares de quilômetros do alvo, parte a ordem de atacar. Como em um videogame, basta apertar o botão e a destruição é acompanhada na tela. O VANT é constantemente manejado por dois controladores.
Esta é a imagem de um alvo antes de ser atacado. Da sala de comando, os controladores conseguem ver todos os detalhes
Esta é a imagem de um alvo antes de ser atacado. Da sala de comando, os controladores conseguem ver todos os detalhes

Os drones são comandados bases americanas. O piloto tem à sua frente os controles e um monitores que exibem imagens transmitidas pela câmera do drone. Seu ângulo de visão é pequeno. Mas o grande problema é outro: a comunicação entre a base e a aeronave, via satélite, tem atraso médio de 1,2 segundo. Se já é difícil jogar um videogame com uma defasagem dessas, imagine pilotar um avião distante as vezes uns 900 km/h.

Eles também são considerados difíceis de manobrar – pois não estão sujeitos às mesmas normas de estabilidade aerodinâmica impostas aos aviões convencionais. Também são tidos como pouco confiáveis. Estima-se que de 20% a 40% dos drones americanos tenham caído por falhas mecânicas ou erros de pilotagem até 2011. Em 2009, um avião não tripulado que voava sobre o Afeganistão “endoidou” e perdeu contato com o operador. Fora de controle e com 200 quilos de bombas, ele teve de ser perseguido e abatido por um F-15.

Os operadores de UAV também se comportam de maneira diferente. “Há muitos estudos mostrando que, quando maior a distância do piloto para o local de combate, maior sua tendência a abrir fogo”, diz Mary Ellen O’Connell, professora da Universidade de Notre Dame e autora de uma pesquisa a respeito.

Porém mesmo distante dos locais de operação os pilotos americanos de drones não escapam de certas seqüelas inerentes as zonas de combate. Um estudo de 2011 da Faculdade de Medicina Aeroespacial da Força Aérea constatou que quase metade dos operadores de drones de espionagem sofre de altos níveis de estresse. Muito dos pilotos de drones são civis que trabalham para empresas terceirizadas. Os civis não disparam mísseis, mas controlam aviões de espionagem e os consertam em caso de avaria. Andrew Lohmar, por exemplo, pilotou os drones de monitoramento Scan Eagle para a marinha americana por mais de cinco anos. Ele estava lotado no Iraque, em navios e até mesmo em plataformas de petróleo no Golfo Pérsico. Quando sua equipe (formada por duas pessoas) forneceu dados para a operação de resgate de americanos que haviam sido tomados como reféns de piratas somalis a bordo do Maersk Alabama, um navio contêiner, em 2009, eles trabalharam sem parar durante cinco dias. Uma nova organização de acordo coletivo, a Associação de Operação Não Tripuladas (AUO, na sigla em inglês), tem a intenção de representar os operadores de drones. (Os operadores militarem não têm o direito de se sindicalizar). Sam Trevino, presidente da AUO, preocupa-se com os turnos longos e a queda da remuneração. Pilotos de drones recém-formados costumavam ganhar mais de US$ 100.000 por ano, mas conforme as guerras americanas e os cortes orçamentários se fizeram sentir, os salários caíram e a insatisfação cresceu entre os operadores. O mundo se acostumou a ataques de drones, mas uma greve de operadores de drones seria algo novo.

Segundo fontes militares os EUA possuem pistas de decolagem em Guam, Turquia, Etiópia, Colômbia, Coréia do Sul e Quirguistão, entre outros países, e os vôos são dirigidos desde a Base Aérea Beale na Califórnia; Wright-Patterson em Ohio; Grand Forks em Dakota do Norte; ou em Nevada e no Texas.

Uma típica missão de combate com os drones

Você acaba de assumir seu posto, em uma estação de combate na base aérea de Nellis, no Estado de Nevada. Na sua frente gigabytes de informação atravessam metade do mundo, por uma complexa rede de satélites e cabos ópticos, ligando suas telas e comandos a um drone Global Hawk fortemente armado, daqueles que a Imprensa não sabe que existem. Um sinal de prioridade começa a piscar. Em algum lugar nas montanhas do Afeganistão uma equipe da Força Delta está encurralada por mais de 50 talibãs. Os reforços mais próximos estão (virtualmente) a milhares de quilômetros de distância: você.

Câmeras multiespectrais rapidamente montam um mapa da situação. Os soldados com marcadores infravermelhos são designados como amigos, os outros, inimigos. Bem-treinados, os talibãs se preparam para um ataque de pinça, amaciando os alvos com ataque de morteiros. Um radar de artilharia calcula rapidamente a posição das bases de lançamento. Você comanda dois Hellfires, em segundos os morteiros se calam. Desorientados os talibãs começam a subir em um ataque final. Você avisa aos Deltas para concentrar fogo no grupo vindo do Leste. Mesmo sem o ensurdecedor barulho das M60, seu GlobalHawk está alto demais. Ninguém ouviria quando a bomba de fragmentação se desprendeu da asa e seguiu com precisão o laser apontado para o grupo em movimento de inimigos. A 15 metros sobre o alvo ela explodiu, lançando mais de 250 sub-munições, do tamanho de granadas de mão, chovendo morte e destruição naquele lado da montanha. No infravermelho nada mais se movia. Conferindo o outro flanco, você percebe que os Deltas foram igualmente eficientes.

“Mais alguma coisa, Delta-Prime?”
“Negativo, Anjo-1. Quer dizer, você consegue entregar cervejas?”
“Ainda estamos trabalhando nisso. Anjo-1 desliga”

Claro, seria assim se guerra fosse igual videogame. Na vida real 99% do trabalho de um piloto de drones é olhar areia passar. E tirar fotos de mais areia. Nas raras situações de combate o sujeito está armado com munição inadequada, ou nem está armado. Atirar em um inimigo sabendo que ele não pode te ferir de volta é seguro mas nem um pouco gratificante, e ao contrário do que a mídia liberal gosta de passar, a maioria dos pilotos de drones não são assassinos sanguinários, e não gostam da idéia de matar crianças sem-querer. Junte a isso a ausência de um plano de carreira, o desdém geral que sofrem dos soldados “de verdade”, e você tem um dos piores postos para um militar.

Veja outro relato, desta vez de uma piloto de drone:

Acordou, penteou o cabelo, fez uma ligeira maquiagem, preparou café, ovos, torradas e bacon para o marido e os filhos, levou um deles no ponto do ônibus, fez as recomendações de sempre, enquanto o pai deixava o mais novo na escola. Pegou o casaco, ligou o carro que, por falta de tempo, ainda não levara para trocar dois pneus, entrou em um tráfego pesado mas organizado e chegou ao trabalho. Marcou a hora de entrada digitalmente, perguntou a um colega como estava passando seu filho que ontem tivera febre, abriu a bolsa, tirou um chicletes e ligou o computador.

Na página destinada a missões encontrou a sua para aquele dia: destruir um esconderijo talibã cujas coordenadas codificadas apareciam na tela. Consultou as condições meteorológicas, fez um cheque geral no drone, observou o combustível, testou o armamento e as câmeras de televisão. Acessou seu comandante imediato, leu na tela algumas recomendações importantes, pediu permissão para iniciar a missão.

Acessou a torre de controle, ligou a aeronave, fez os cheques regularmente previstos antes da decolagem, soltou os freios, iniciou o taxi, chegou à pista indicada, acelerou, acionou o manche e já estava no ar. O voo seria direto sobre o alvo, mas um pouquinho longo. Fez os devidos registros no painel, avisou ao comando e ligou o piloto automático. Com algum tempo sobrando, foi até o banheiro, lavou as mãos, retocou o cabelo e a maquiagem.

Tirou o I-phone do bolso, ligou para a mãe, conversou sobre as notas baixas do filho mais velho na escola, pediu uma receita de bolo de chocolate, o que fizera ontem não tinha ficado bom, ninguém quis comer. A mãe poderia enviar a receita pelo I-pad, por um notebook ou qualquer aparelho moderno, mas acontece que ela não sabia nem ligar um micro ondas. Paciência, a idade às vezes é um problema. Enviou um e-mail para a melhor amiga confirmando sua presença e a do marido na festa à noite.

Sabia que a boa educação mandava que tivesse feito a confirmação até a véspera pelo menos, mas com este negócio de combater todo dia não sobrava tempo para nada. Tudo bem, eram amigas de colégio e seria certamente desculpada. Olhou o relógio, só seria possível um rápido café na máquina e teria que retomar o vôo. Sentada novamente em sua cadeira, colocou o copo de café sobre a mesa, ajustou os fones e assumiu o comando da aeronave. Olhou os instrumentos em especial o GPS, estava chegando perto.

Na tela aparecia um lugarejo perdido no meio do nada, nenhuma árvore, casas pobres sem jardim, pouquíssimos automóveis, um caminhão, dois cavalos soltos pastando na única mancha verde. Um aviso sonoro e um círculo sobre uma das casas mostrou que o alvo estava identificado. Informou ao comando que se encontrava em posição e iria abrir fogo. Um segundo após ouvir o OK, fez dois disparos: o primeiro atingiu o alvo em cheio, o outro acertou o muro. As explosões que se sucederam mostraram que devia haver muitos explosivos estocados e entre as pessoas que saíram correndo uma tentava apagar o fogo em suas roupas. Avisou ao comando sobre o êxito da missão, recebeu os parabéns e a ordem de voltar à base. Vôo tranqüilo, a paisagem feia e monótona de sempre.

Ajudada pelo piloto automático, leu as notícias do dia no jornal local “outro desastre de automóveis perto da minha casa? Não é possível, isto é um perigo, preciso alertar as crianças”, fez algumas palavras cruzadas e, depois, pousou sem problemas e levou a aeronave até o hangar. Começou a digitar o relatório e só parou no item que perguntava se havia vítimas. Lembrou que um homem estava com a roupa em chamas, mas os outros eram 3 ou 4 ? Colocou 4, se houvesse problema requisitaria o vídeo gravado, o comandante não era tão exigente assim.

Desligou o sistema, pegou o casaco, marcou a hora de saída e caminhou na direção do carro pensando que talvez fosse melhor trocar os quatro pneus. Outro carro não era possível, estavam tendo problemas com a hipoteca da casa. Naquela hora o tráfego não estava tão intenso, daria para passar no supermercado. Pegou a lista de compras, tirou alguns produtos de limpeza da prateleira e duas caixas de suco de laranja.

Examinou o rótulo, viu que nenhum deles viera da América Latina, os preferidos do marido. “Uma bobagem, laranja é tudo igual. E depois, se existe diferença, é claro que as laranjas da Califórnia são melhores que as laranjas cucarachas”. A casa estava vazia, nem marido, nem filhos. Deu tempo para um banho quente, “quando sobrar algum dinheirinho vou comprar uma banheira de hidromassagem”.

Enrolou o cabelo, escolheu o vestido e os sapatos para a festa e foi para a cozinha preparar o jantar das crianças. Estava divagando sobre quem iria encontrar na casa da amiga, quando o marido chegou. Desfez o laço da gravata, abriu a camisa e colocou a pesada pasta sobre a mesa (“Para que ele anda com tantos papéis na pasta ? Não é o dono do escritório de Contabilidade, é só o subgerente, não precisa trazer trabalho para casa …”). Como era seu hábito, só aí ele fez um breve cumprimento para ela e repetiu a pergunta de sempre: “Como foi o seu dia?”. E ela, também como sempre, respondeu: “Tudo normal, sem novidades”.

As vezes um piloto de drone dirige seu carro de casa até a sua base e quando chega lá assume uma missão que já está acontecendo. Certo piloto ao assumir o seu turno recebeu uma mensagem que dizia: “Não estrague as coisas, o presidente está vendo”. Muitos relatam que mesmo comandando aviões em missões em outros continentes, eles perdem a noção de que estavam em uma base nos Estados Unidos, e não lá, no centro das ações. Relato um piloto de drone: “Eu estava conversando com um soldado que havia caído em uma emboscada e tudo que ele tinha era um rádio pelo qual conseguia se comunicar comigo. E eu conseguia ouvir as balas passando perto da cabeça dele. É impressionante como, mesmo de longe, eu me sentia no meio daquilo tudo, tentando contato com o Pentágono, pedindo ajuda para os soldados em combate. A porta da sala se abriu e outro piloto entrou. Eu falei ‘Meu Deus, eu não estou no Afeganistão, ainda estou em Las Vegas!’. Depois eu peguei o carro e voltei para minha casa. É muito estranho você sair dessa situação em que cada decisão sua pode significar a sobrevivência ou a morte de outra pessoa e, uma hora depois, você já estar em casa tentando decidir qual roupa de balé sua filha deve usar. É incrível”, completou.

Com tanto estresse a rotatividade de pilotos de drone na USAF chega a ser 3 vezes maior que a de pilotos de verdade. Não ajuda exigirem que o sujeito tenha curso superior e seja piloto. No final acaba sendo mais estressante o trabalho num container refrigerado em Nevada do que na cabine de um A10 Thunderbolt voando rasante a 700 km/h no Afeganistão. Segundo alguns a solução para os americanos seja mais automação e baixar requisitos. No Exército dos EUA não é preciso ser piloto de verdade para voar drones, basta ter Segundo Grau. Talvez quem nunca tenha tido condição de ser um piloto de caça não fique tão frustrado de pilotar videogames.

Morte de civis

A principal crítica ao uso de drones em missões de ataque é quanto à morte indesejada de civis. Um estudo apontou que uma em cada três vítimas de ataques de Predators no Paquistão entre 2004 e 2010 era civil. Ativistas de ONGs internacionais e a população dos países atacados afirmam que essas aeronaves banalizam a guerra e, conseqüentemente, colocam a vida de civis em risco. Um dos argumentos é que, distanciados do calor do combate e controlando os drones por uma espécie de joystick – sim, isso mesmo, joystick –, os pilotos perdem a noção da realidade. “O problema dos drones é que tudo se parece com um videogame. O piloto fica numa sala e, com um joystick nas mãos, dispara um míssil”, afirma Kalinka Castelo Branco, professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos. “Por estar distante do conflito, ele pode não ter a dimensão do que está em jogo. Ele não vê sangue, mas está matando pessoas, que podem ser civis.” A afirmação de Kalinka faz coro à de integrantes de organizações internacionais, como James Cavallaro, diretor da Clínica de Direitos Humanos e Resolução de Conflitos da Escola de Direito de Stanford. Ele conduziu um estudo (Living under drones) que analisa os efeitos provocados por esses aviões. “Existem documentos que comprovam que os drones não matam apenas terroristas, mas também muitos civis, incluindo mulheres e crianças”, afirma em um vídeo veiculado no site www.livingunderdrones.org. Ao longo de nove meses, os pesquisadores entrevistaram 130 paquistaneses. “Encontramos grandes comunidades localizadas em áreas nas quais os drones sobrevoam 24 horas por dia, sete dias por semana. Essas pessoas não sabem quando e quem vai ser atacado”, afirma Cavallaro. O resultado dessa tensão permanente, diz o pesquisador, é que boa parte da população passa a apresentar problemas de saúde. “Entre os efeitos estão desordem psicológica e diversos traumas.” Vários depoimentos de paquistaneses colhidos pelo estudo reforçam o argumento. “Todos nós sofremos uma grande pressão psicológica. Por isso, freqüentemente precisamos ir ao médico”, diz um dos entrevistados paquistaneses.

Voltando a Israel e mercado mundial dos drones

Segundo uma pesquisa realizada em 2013-14 dos 76 países que tem alguma capacidade militar com drones em todo o mundo, 50 desses compraram ou possuem tecnologia israelense. Mary Dobbing um dos responsáveis pela pesquisa diz: “Raspe qualquer drone e provavelmente você vai encontrar tecnologia israelense por baixo”. Segundo um relatório de 2012 do Congresso dos EUA, os drones, militares ou civis, já estão presentes em mais de 75 países. Em 2005, apenas 40 países detinham esse tipo de equipamento. Uma das razões de Israel ter avançado tanto no desenvolvimento da tecnologia dos drones tem muito haver com a postura israelense de não depender de importações caras e da boa vontade de outras nações para prover armamento e tecnologia para sua defesa. Os israelenses são bons de negócio, eles muitas vezes trabalham com diversas companhias locais em uma estratégia para vender tecnologia as autoridades da nação que querem negociar. As vezes a tecnologia também é construída no país que a está comprando. Por exemplo: Em 2011 o  Brasil firmou um acordo de cerca de 350 milhões de dólares com Israel para produzir aviões não tripulados em solo brasileiro com transferência de tecnologia. Um dos contratos foi com a estatal IAI e o outro com a Elbit. O objetivo é exportar, mas a venda da tecnologia para países como Venezuela e Bolívia está vetada por Israel.

Os dois maiores fabricantes de drones de Israel, a Indústria Aerospacial de Israel (IAI) e a Elbit Systems Ltd., estão bem conscientes da necessidade de cooperarem para apanharem parte importante do crescente mercado global de drones. Hoje, o mercado está avaliado em 6 bilhões de dólares, mas espera-se que duplique na próxima década e cresça até ao que alguns executivos do ramo da defesa de Israel calculam que pode alcançar 50 bilhões em 2020. Dizem certas fontes que este mercado global de drones rapidamente em crescimento exige cooperação íntima para reduzir a influência de ‘novos atores’ no mercado, principalmente da Europa e da China. De momento, os EUA e Israel dominam o mercado e têm vendido agressivamente os seus produtos nas feiras aéreas internacionais, de Dubai a Paris. A África tornou-se o último mercado importante para os fabricantes israelense de drones. Os países africanos procuram especificamente drones de “primeira qualidade”, para simples vigilância e espionagem sem carga. Entre os clientes de Israel estão Angola, Quênia, Costa do Marfim, Nigéria, Etiópia e Tanzânia. Mas, os clientes mais fortes de Israel estão no Oriente, como Índia, Singapura e Azerbaijão. A Índia estabeleceu fortes laços militares com as indústrias de defesa de Israel.

Em 2014 Israel detinha o lugar de primeiro exportador mundial de drones, à frente dos Estados Unidos, com cerca de 1.000 aeronaves vendidas em 42 países.  “O país tem vendido drones para várias nações e arrebatado, na prática, mais mercado de vendas externas que os EUA”, explica Michael J. Boyle, professor-assistente de Ciências Políticas da Universidade de La Salle (EUA) e analista de política externa norte-americana. Cerca de 41% dos drones que voavam pelo mundo veio de Israel entre 2001 e 2011, e os drones agora respondem por até 10% de todas as exportações militares de Israel.

Entre as empresas israelenses que trabalham com drone está a A Israel Aerospace Industries (IAI), que tinha se especializado desde a sua criação em 1948 na recuperação de aeronaves de linha, e encontrou nos drones um excelente filão. Com cerca de US$ 500 milhões de faturamento anual, a divisão Malat (drone em hebraico) se tornou uma mina de ouro para a empresa. “Somos precedidos por nossa fama baseada em nossa experiência tecnológica, apesar de alguns de nossos clientes potenciais serem às vezes reticentes em relação à idéia de obterem informações com uma empresa israelense”, explica, impassível, Jacques Chemla, diretor da Malat. Toda essa tecnologia também tem um preço. Um Heron, o best-seller da IAI, que domina a categoria MALE (média altitude, longa resistência), a mais comum entre os drones, pode custar de 10 a 50 milhões de euros. Apesar de sua aparência, o Heron é um verdadeiro canivete suíço da informação aérea. Com seus 8,5 metros de comprimento, 16,6 metros de envergadura e sua fuselagem dupla de materiais compostos, ele até parece um pouco desajeitado. Nada impressionante também em relação à mecânica. “São motores de ultraleve um pouco melhorados, nada mais”, confidencia Ilan Katalan, um dos técnicos. Velocidade de cruzeiro? Apenas 200 km/h. Mas não se deixe enganar. Voando a uma altitude de 9 mil metros, ele fornece informações em tempo real sobre o alvo graças a seus 250 quilos de material embarcado: câmeras ópticas e térmicas, visor a laser, radar ar-solo. Capaz de se manter em vôo durante dezenas de horas, em todas as condições atmosféricas, aterrissar e decolar automaticamente, inclusive em terreno inimigo. Armado de uma bomba, transforma-se em máquina de matar, como na impressionante cena de abertura de O Legado Bourne (2012), em que o personagem Jeremy está sendo atacado por um drone no Alasca.

Para muitos especialistas novembro de 2012 foi um marco no uso de drones por parte de Israel. Durante a Operação Pilar de Defesa. Em Gaza Israel travou uma guerra cirúrgica que não poderia ter sido realizada sem o uso massivo de plataformas não tripuladas. Pela primeira vez não houve “botas no chão” durante uma ofensiva militar israelense.

Detalhes de como drones armados estão sendo usados, dentro ou fora de guerras declaradas, são segredos bem guardados por todos os países que tem essa capacidade militar. Porém Israel nunca admitiu oficialmente que já usou drones armados alguma vez. Mas fontes externas afirmam que Israel vem usando drones armados para realizar assassinatos seletivos por anos.

Talvez a evidência mais convincente de que Israel usa drones armados foi revelada pelo site Wikileaks quando publicou arquivos secretos de comunicações das Embaixadas dos EUA. Em desses arquivos se fala dos ataques israelenses com drones durante a Operação Chumbo Fundido em 2008-09 em Gaza. Foram revelados também detalhes de uma reunião que aconteceu em 2009 entre autoridades dos EUA e de Israel para discutir questões legais e operacionais relacionadas as atividades das Forças de Defesa de Israel (FDI) durante a Operação Chumbo Fundido, assim como incidentes específicos de violação de direitos humanos durante os combates.

A tecnologia israelense de drones continua a se expandir. Em 2010 as FDI apresentaram o drone Heron TP da Israel Aerospace Industries (IAI) que têm uma envergadura de 26 metros, tornando-se do tamanho do Boeing 737 e a maior aeronave não tripulada de Israel. Os aviões podem voar pelo menos 20 horas consecutivas e são usados ​​principalmente para vigilância e podem carregar diversas cargas úteis. Eles podem chegar a uma altitude de mais de 12.000 metros. Funcionários da IAI afirmaram que essas aeronaves são capazes de atingirem o Golfo Pérsico, o que colocaria o Irã dentro do seu alcance. As se recusam a dizer se essas aeronaves tem capacidade de realizar ataque militares.

Ao mesmo tempo que desenvolvem grandes drones como o Heron TP os engenheiros da IAI também trabalham em projetos de drones minúsculos como de uma engenhoca esquisita que parece uma borboleta e tem uns 20 centímetros de largura e peso de 18 gramas (incluindo a câmera). No modelo operacional os israelenses querem que ele pese apenas 11 gramas. Sua função será a de reconhecimento.

Drones de Ataque – Assault Drones –  UCAVs (uninhabited combat air vehicles)

A idéia de se usar drones projetados especialmente para missões de ataque vem desde a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Os americanos também testaram armas em seus drones durante a Guerra do Vietnam realizando testes com os BGM-34 Firebees entre 1972-73 usando uma variedade de armas, inclusive os mísseis AGM-65 Maverick e bombas guiadas Paveway. Os soviéticos também testaram um drone de ataque, o Sukhoi Korshun, que era controlado por um Su-24 servindo como aeronave-mãe.

Esses drones de ataque que são chamados hoje de UCAVs (uninhabited combat air vehicles) começaram a ser estudados com mais afinco pela USAF e Marinha dos EUA no início da década de 1990. O objetivo era usar essas aeronaves para uso em ambientes muito perigosos para aeronaves convencionais, como locais fortemente defendidos por sofisticados sistemas SAM. A missão principal deles é a SEAD (suppression of enemy air defense), embora outras missões também estão sendo consideradas.

Diferentes dos UAVs armados, como os lentos “hunter-killer” MQ-9 Reaper, os UCAVs são rápidos e furtivos. Os UAVs são na verdade aeronaves de reconhecimento que podem atacar objetivos quando a oportunidade surge. Eles são controlados por Ground Control Station (GCS). Já por sua vez os UCAVs podem ser autônomos ou remotamente pilotados. Na falta de um sistema de sensor elaborado, eles podem ser pre-programados para atacar objetivosespecíficos com uma pequena ou nenhuma necessidade para serem pilotados remotamente. Por outro lado, eles podem ser projetados com uma redundante capacidade de pilotagem remota para atacar alguns tipos de objetivos móveis ou SAMs autopropulsados que não podem ser atacados se usando controles de vôo pre-programados. A USAF pensou em aeronaves UCAVs hipersônicas que poderiam voar meio caminho ao redor do globo e lançar suas armas de precisão na extremidade do espaço em suas ataques contra objetivos.

Como são mais baratos dos que as aeronaves de ataque convencionais muitos acreditam que as grandes potencias podem construí-los em grande número que custo significativamente baixo. Entre os projetos que foram estudados estão o Boeing X-45 e o Northrop Grumman X-47 Pegasus. A US Navy avançou com o programa de demonstração de tecnologia Northrop-Grumman X-47B para testar operação com aeronaves UCAVs em porta-aviões. Já o programa da USAF tem seguido como uma “programa secreto”.

Houve muitas sugestões de que a geração atual de aeronaves de combate será a última geração com pilotos a bordo e o futuro está reservado para as aeronaves remotamente pilotadas. Porém para muitos especialistas isto provavelmente é um exagero em relação aos UCAVs, pois estes  não se provaram ser tão baratos quanto pensado, e eles parecem não desempenhar bem alguns papéis como por exemplo na aviação de caça. Mas tudo isto pode ser apenas reflexos das atuais limitações tecnológicas que podem ser superadas no futuro próximo. Por isso muitos países começaram a desenvolver seus próprios programas de UCAVs.

Concepção artística do UCAV Taranis da BAE Systems
Concepção artística do UCAV Taranis da BAE Systems

A Rússia apresentou um protótipo UCAV, o Tu-300 Korshun (Pipa), em 1995 no Moscow Air Show, e outros programas estão sendo desenvolvidos como oProryv baseado na aeronave de treinamento Yak-130. A França tem procurado parceiros europeus para seu projeto do UCAV Neuron e a Alemanha construiu um demonstrador de UCAV chamado Barrakuda, mas depois de um acidente com a aeronave o futuro do programa ficou incerto. A Itália tem testado o Sky-X, que é um demonstrador UCAV em em escala reduzida. Já a Inglaterra projetou seu próprio UCAV, o Taranis, que foi testado em 2006 em sub-escala, e os britânicos tem planos de usá-lo para substituir seus Tornados.

Deficiências

Apesar de seu uso ter se tornado cada vez mais comum e o número de nações interessadas em usá-los ter aumentado, o uso de drones em combate precisa ser bem analisado. Em ambientes onde existem sistemas antiaéreos rudimentares, como no Afeganistão, eles foram usados em missões como vigilância de longo alcance e ataque a alvos inimigos com mísseis guiados, com poucas baixas. Porém eles se mostraram menos sucesso em conflitos onde os adversários possuíam melhores armas anti-aéreas. Durante o ataque aéreo da OTAN contra a Sérvia, em 1999, por exemplo, as forças sérvias rapidamente derrubaram 42 aviões teleguiados dos EUA, reduzindo drasticamente a eficácia da campanha de bombardeio. Durante o conflito entre Rússia e Geórgia pelo controle da Ossétia do Sul e da Abkházia. A Geórgia comprou drones israelenses, os Hermes 450, para monitorar as regiões do conflito, e entre Abril e Maio de 2008 de três a sete drones foram abatido sobre Abkházia. Os russos usaram inclusive aeronaves MiG-29 e Su-25 para abatê-los. Em setembro de 2008 Geórgia alegou que abateu um drone russo sobre o território perto da província separatista da Ossétia do Sul. Esses e outros episódios mostram que a operação de drones em ambientes mais densos de defesa antiaérea desafia as forças que operam com essas aeronaves a desenvolverem novas táticas e tecnologias para vencerem a oposição ao seu uso.

Tipos de drones - Atualmente existem aeronaves não tripuláveis de 20 cm e 100 gramas à 32 metros e 12 toneladas.
Tipos de drones – Atualmente existem aeronaves não tripuláveis de 20 cm e 100 gramas à 32 metros e 12 toneladas.

Minúsculos
Os especialistas têm estudado inúmeras formas de pequenos VANTs, para missões nas quais se deve manter o máximo de discrição possível – ou mesmo sigilo absoluto – durante observação aérea, notadamente em ambiente urbano. Na foto, um Black Hornet que é um Nano veículo aéreo não tripulado militar (UAV) que mede cerca de 10 cm x 2,5 cm, e fornece as tropas no chão, a capacidade de reconhecimento aéreo e situacional local. O Veículo já é utilizado operacionalmente pela Brigada da Força de Reconhecimento do Reino Unido.

A Black Hornet nano helicopter unmanned aerial vehicle (UAV). The Black Hornet Nano Unmanned Air Vehicle measures around 4 inches by 1 inch (10cm x 2.5cm) and provides troops on the ground with vital situational awareness. The Black Hornet is equipped with a tiny camera which gives troops reliable full-motion video and still images. Soldiers are using it to peer around corners or over walls and other obstacles to identify any hidden dangers and the images are displayed on a handheld terminal.

Asas rotativas
O Camcopter, da austríaca Schiebel, representa um bom exemplo da diversidade de modelos de VANTs. Nesse caso, trata-se de uma aeronave de asas rotativas capaz de operar a bordo de pequenos navios. Tem capacidade de realizar uma variada gama de missões, incluindo as de observação de pontos afastados do navio.

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Em combate
O VANT MQ-1 Predator, da norte-americana da General Atomics Aeronautical Systems Inc., notabilizou-se por ter demonstrado exímia capacidade operacional. O MQ-1 Predator e seu descendente mais potente, o MQ-9 Reaper, foram os primeiros modelos de VANTs a serem usados para operações de ataque em combate real. Recentemente, estiveram em destaque no Afeganistão.

Um Reaper da RAF completamente armado dispara um míssil Hellfire
Um Reaper da RAF completamente armado dispara um míssil Hellfire

Área de lançamento limitada
O Scan Eagle, da Insitu, subsidiária da Boeing, foi especialmente concebido para operações em que o espaço para lançamento e recuperação é bastante restrito, como, por exemplo, o convés de uma fragata. Na imagem, um Scan Eagle pronto para ser catapultado.

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Missões globais
O RQ-4 Global Hawk, da Northrop Grumman, foi dimensionado para desempenhar missões de alcance global. Pode carregar uma sofisticada suíte de sensores de elevada precisão, entre eles um potente radar de grande capacidade de varredura e de detecção de objetos que estão na superfície escaneada por sua sofisticada antena. O Global Hawk voa normalmente a quase 20 mil metros de altitude durante essas missões. Uma variante do Global Hawk e o Euro Hawk especialmente modificado com a participação do grupo europeu EADS, irá operar na Força Aérea da Alemanha (Luftwaffe) em missões de patrulhamento marítimo. O Euro Hawk substituirá os veteranos turbo-hélices Atlantique II tripulados.

BEALE AIR FORCE BASE, Calif. -- The Global Hawk Unmanned Aerial Vehicle is used to provide Air Force and joint battlefield commanders near real-time, high-resolution intelligence, surveillance and reconnaissance imagery. The 12th Reconnaissance Squadron here is the home unit for the Global Hawk mission. (U.S. Air Force by Staff Sgt. Timothy Jenkins)

Vôos de longa duração
O Pathfinder-Plus, VANT experimental criado conjuntamente pela norte-americana Aero Vironment em parceria com a NASA, incorporou características técnicas que permitem vôos de duração bastante longa. Painéis solares podem abastecer os motores e os sistemas elétricos. Essa performance é muito útil quando se deseja manter um constante monitoramento sobre uma área de interesse.

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Pioneiros
Os primeiros aviões sem piloto receberam a denominação de drone, que significa zangão ou zumbido, em inglês. Eram usados como alvos aéreos para o treinamento de artilharia antiaérea e, mais tarde, para reconhecimento fotográfico. As primeiras missões dos drones datam da Segunda Guerra Mundial. Na foto, o drone supersônico Ryan Firebee II, da marinha de guerra norte-americana (notar a pintura de alta visibilidade típica dos alvos aéreos). Os drones são utilizados até hoje.

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Vigilância da Polícia Federal
O Skylark II, variante aumentada do Skylark I, foi concebido para executar tarefas de vigilância sobre áreas sensíveis ou críticas que requerem constante observação e atualização da situação tática. Uma característica notável fica por conta de sua baixíssima assinatura auditiva e visual.

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Quase 100% brasileiro
O VANT Falcão, da Avibras Indústria Aeroespacial, é o primeiro veículo aéreo não tripulado para uso militar do Brasil.  A aeronave possui cerca de 800 quilos e é desenvolvida para o uso das Forças Armadas do Brasil, em missões de reconhecimento, aquisição de alvos, apoio a direção de tiro, avaliação de danos e vigilância terrestre e marítima. Possui autonomia de 16 horas e pode carregar cerca de 150 quilos de equipamentos. Produzida com fibra de carbono, a plataforma da aeronave pode transportar mais combustível e equipamentos do que outros aviões não tripulados da mesma categoria. A maior parte da estrutura do drone é desenvolvida com tecnologia brasileira, como sistemas de navegação e controle, eletrônica de bordo e a plataforma do avião. Já sensores e câmeras ainda precisam ser adquiridos de outros países.

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Fuzileiros navais
O minivant Carcará, da brasileira Santos Lab, é uma solução bastante simples e de baixo custo para coletar imagens de uma área de interesse e transmiti-la em tempo real para uma base remota. Sua nova versão, o VANT Carcará II, operado pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, possui sensor eletro-óptico dotado de zoom de 10X ou infravermelho alternativamente. O alcance de seu datalink chega a 15 km.

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Totalmente autônomo

OX-47B, um avião invisível apelidado de “Robot” (Robô) pelos marinheiros, é um pássaro grande – 11,4 metros de comprimento e cercade19 metros de envergadura – que voa em velocidades subsônicas com um alcance de mais de 3.200 quilômetros. Esse projeto da US Navy é de um drone de combate inteiramente autônomo – sem nenhum piloto no joystick. Sua decolagem, combate e pouso completamente computadorizados cria uma possibilidade de haver dezenas ou centenas deles engajados num combate ao mesmo tempo. Ele também é capaz de suportar níveis de radiação que matariam um piloto humano e destruiriam a eletrônica de um jato normal. Além de bombas convencionais, sucessores desse avião poderão ser equipados para carregar um microondas de alta potência,um dispositivo que emite um feixe de radiação capaz de fritar redes elétricas de um inimigo tecnologicamente equipado, destruindo todas as coisas a elas conectadas, entre as quais as redes de computadores que conectam satélites, navios e mísseis de precisão.

An X-47B pilot-less drone combat aircraft is prepared for launch from the deck of the USS George H. W. Bush aircraft carrier in the Atlantic Ocean off the coast of Norfolk, Virginia, July 10, 2013. REUTERS/Rich-Joseph Facun (UNITED STATES - Tags: MILITARY SCIENCE TECHNOLOGY)

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O drone da CIA

A CIA tem mais de 30 drones. O modelo mais usado em ataques é o MQ-9 Reaper, de US$ 35 milhões, da fabricante General Atomics.

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MQ-9 Reaper

Velocidade máxima 482 km/h
Autonomia 2.700 km
Altitude máxima 9.144 metros
Capacidade de armamento 1.360 kg
Envergadura 20 m
Comprimento 11m

Armamento principal
AGM-114 Hellfire
Míssil ar-terra
Peso 45 kg
Comprimento 1,63m
Custo unitário US$ 68 mil

GBU-12 Paveway II
Bomba guiada a laser
Peso 227 kg
Comprimento 3,27m
Custo unitário US$ 19 mil

GBU-12 Paveway II
GBU-12 Paveway II

Vantagens no uso dos drones

Como não são tripulados o risco de perda de tripulações é zero. A ausência de pilotos traz outros benefícios para quem utiliza os bombardeiros ou aviões-espiões sem tripulação. Como não é preciso reservar espaço para o piloto ou inserir equipamentos de segurança, os drones são muito mais leves. Um caça F-18, pesa cinqüenta vezes mais que um Predator. Menores, alguns drones podem ficar dois dias nas nuvens sem ser reabastecidos. As novas exigências feitas aos futuros pilotos sinalizam que essas aeronaves são o futuro da aviação de guerra. A USAF hoje treina mais pilotos para dirigir drones sentados em confortáveis poltronas posicionadas dentro de salas de controle instaladas em bases americanas do que para pilotar caças de última geração. O setor de aviões não tripulados é o mais dinâmico da indústria aeroespacial. Em 2011, foram gastos 6 bilhões de dólares com drones. Há aparelhos de todos os tamanhos e funções. O Aerostat, por exemplo, é um dirigível de 60 metros de comprimento capaz de planar por meses a uma altitude de 4 000 metros preso a um cabo. Atualmente, monitora a fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Já o Hummingbird (beija-flor, em inglês) tem 16 centímetros de envergadura e pesa 19 gramas. Pousa em parapeitos de janela e capta imagens com uma minicâmera.

Uso não-militar

Em junho de 2011, um pequeno aparelho sobrevoou a central nuclear de Fukushima, no Japão, para medir o nível de radioatividade. Aparelhos equipados com câmera de visão noturna são acionados rotineiramente para vigiar os mais de 3.200 quilômetros de fronteira entre Estados Unidos e México. A polícia da Inglaterra já adotou drones em um dos maiores festivais de música do país, o V. O equipamento avisava à polícia quando criminosos tentavam arrombar veículos no estacionamento. O Brasil também já possui drones em ação. O Exército monitora a Amazônia com eles, enquanto a Polícia Federal os utiliza no combate ao tráfico de drogas pelas fronteiras com a Argentina e com o Paraguai.

O futuro e os drones

Existirá futuro para os pilotos na carlinga de uma aeronave de caça? Essa é uma pergunta que muitos se fazem. Na verdade nenhuma grande potencia tem projetado aeronaves tripuladas para substituírem os caças de 5ª Geração como o F-22 Raptor, F-35 Lightning americanos, o chinês J-20 ou o PAK-FA T-50 russo. Americanos e russos tem somente projetos de aeronaves não tripuladas e comandadas por inteligência artificial para o futuro. Talvez como símbolo do que virá no futuro em 2010 a 174th Fighter Wing da USAF foi a primeira unidade a aposentar seus caças F-16 por aeronaves não tripuladas MQ-9 Reapers. Esta foi a primeira vez que uma Ala Aérea de combate da USAF foi completamente convertida para o emprego de aeronaves não tripuladas. Outras unidades da USAF foram convertidas para aeronaves não tripuladas, mas estas empregavam aeronaves de reconhecimento com capacidade limitada em ações ofensivas.

Uma coisa é certa, com os constantes avanços tecnológicos, os drones farão cada vez mais parte de nossa vida civil e militar, e mais os drones serão usados nos campos de batalha, e a tendência é que num futuro próximo as forças adversários envolvidas em um conflito podem ter seus próprios drones para missões de reconhecimento, resgate e ataque, e esses podem se enfrentar no ar, terra ou mar, deixando os homens que os controlam em locais seguros a milhares de quilômetros do local dos combates.

Video: Sugestão Plano Brasil

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Fontes: tropasearmas

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