Irã pode ter papel chave no processo de paz na Síria

Conferência de paz na Suíça não deve ter participação iraniana, por oposição sobretudo dos EUA. Mas Teerã, que tem em Damasco um aliado valioso, pode ser fundamental para pôr fim a uma guerra que já custou 120 mil vidas.

Durante meses, Rússia e Estados Unidos lideraram as preparações para uma conferência de paz sobre a Síria. A data, porém, acabou adiada em várias ocasiões – às vezes por resistência do governo em Damasco, às vezes por reticências da oposição.

Agora ficou definido que a conferência – que busca acabar com uma guerra civil que já custou a vida de mais de 120 mil pessoas – deve ser realizada em 22 de janeiro, em Montreux, na Suíça. Na lista de participantes do encontro, apresentada pelo enviado especial da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, não aparece a delegação iraniana, já que vários países se opuseram ao envio de um convite a Teerã.

O Irã, contudo, desempenha um papel-chave na questão. “Sem o apoio do Irã, Assad não teria tido a mínima chance de permanecer por tanto tempo assim no poder”, diz Günter Meyer, diretor do Centro de Pesquisa sobre o Mundo Árabe da Universidade de Mainz.

Aliança estratégica

A razão do apoio de Teerã a Damasco é uma parceria estratégica: desde 2006 que os dois países mantêm um pacto de auxílio mútuo prevendo apoio em situações de crise. O Irã, afirma o especialista, investe “todos os recursos para manter Assad no poder”.

De acordo com informações do serviço secreto americano, Teerã tem enviado, por via aérea, armas para as tropas de Assad. Não se sabe, porém, se há soldados iranianos combatendo em solo na Síria, embora tropas de elite da Guarda Revolucionária Iraniana tenham sido vistas treinando soldados fiéis a Assad. Há indícios ainda de que o Irã participe da capacitação de soldados iraquianos que defendem o regime sírio.

“O Irã é parte do problema na Síria e exerce uma influência clara sobre o governo em Damasco”, resume Volker Perthes, especialista em Oriente Médio e diretor do instituto alemão de relações internacionais SWP. Segundo ele, é importante que uma delegação iraniana participe da conferência na Suíça.

O governo iraniano, que já se ofereceu para servir de mediador na guerra da Síria, também parece compartilhar essa opinião. “Se todos os lados envolvidos estiverem realmente interessados numa solução pragmática para o conflito na Síria, o Irã deverá participar da conferência”, declarou o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif.

O governo sírio também exigiu a presença de representantes iranianos na conferência de paz. Para Damasco, não tem lógica deixar o Irã de fora, como salientou o ministro do Exterior da Síria, Walid Muallem, segundo informações da agência oficial de notícias síria Sana.

Oposição saudita e americana

Os maiores opositores à participação do Irã no processo de paz para a Síria são os EUA e a Arábia Saudita. “Os sauditas estão absolutamente dispostos a derrubar Assad”, explica Perthes. Vários especialistas concordam que o interesse da Arábia Saudita na guerra síria é o mesmo do Irã: fortalecer a posição no Oriente Médio. Ou seja, a maior potência sunita da região (Arábia Saudita) e a maior potência xiita (Irã) veem, na guerra síria, sua rivalidade geopolítica refletida.

Os EUA também se opõem oficialmente à participação do Irã na conferência. Perthes, porém, diz que há na postura de Washington certa flexibilidade com relação à presença da delegação iraniana. A suposição tem por base uma melhoria gradual das relações entre Washington e Teerã ocorrida desde a posse do atual presidente iraniano, Hassan Rohani, em junho último, após três décadas de relações difíceis entre os dois países. Segundo Meyer, Obama “vai fazer tudo o que estiver ao alcance de seu poder, a fim de chegar a uma solução pacífica” para o caso.

O Irã tem ainda a favor de sua presença na conferência um defensor poderoso: o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. “O Irã pode exercer um papel significativo, pois é uma potência regional importante”, afirmou Ban, para quem a participação da delegação iraniana na conferência em Montreux é algo “lógico, prático e realista”.

Para cientistas políticos, apesar de todas as diferenças entre o Irã e outros Estados envolvidos, um interesse comum é claro: ninguém quer que os grupos islâmicos radicais se fortaleçam na Síria. Ou seja, Irã, Arábia Saudita e EUA, assim como a Rússia e os países europeus, têm na questão um denominador comum. Isso poderá, portanto, aumentar as chances de uma contribuição iraniana à paz na Síria.

 

Fonte: DW.DE

14 Comentários

  1. Parabéns pra OZIRANIANU feio, bobo e barbudos… Diplomacia efetiva e participativa é assim…

    Bem diferente da diplomacia dos atabaques de Israel Putenfia que distribui mensalão nos congressos corruptos da vida…

    Parabéns!

    • Rafrutinha continia correndo atrás do próprio rabinho e ignorando os fatos. Não adianta espernear Rafrutinha: Lobby nos EUA é atividade legal e o único Mensalão é o do PT, razão pela qual nesse exato momento o Zé e seus comparsas estão puxando cana na Papuda…..

      No mais, desde quando armar e financiar grupos terroristas e um ditador sanguinário como Assad é “Diplomacia ativa e paerticipativa”? Cara, você além de ridículo é patético….

  2. Em breve, um dog bem adestrado deve aparecer mostrando os dentes dizendo que o texto é de um pseudo intelectual DAZIZQUERDAS feias e bobas do foro de SP…

  3. Para cientistas políticos, apesar de todas as diferenças entre o Irã e outros Estados envolvidos, um interesse comum é claro: ninguém quer que os grupos islâmicos radicais se fortaleçam na Síria. Ou seja, Irã, Arábia Saudita e EUA, assim como a Rússia e os países europeus, têm na questão um denominador comum. Isso poderá, portanto, aumentar as chances de uma contribuição iraniana à paz na Síria. ==== Se os Persas ficarem de fora de cúpula, teremos + mortes na Síria, o q será lamentável.Sds.

  4. Esta faltando dizer quais das oposições sírias vai participar. Há campanha fortíssima por parte da Arábia Saudita para que não seja a oposição civil, aquela que promoveu as primeiras manifestações públicas anos atrás, mas não se alinhou a grupos armados e nem dá seu apoio a estes. Este grupo civil é claramente laico e secular.

    A discussão sobre a participação iraniana me parece mais diversionismo do que algo realmente importante. A ação diplomática de bastidores é tão forte e importante quanto as reuniões oficiais. Então, por mais que alguns países desejem, o Irã não vai ficar fora das tomadas de decisão.

    Abrindo um pequeno parênteses. Há uma frase no texto que mostra bem a ironia da atual situação do Iraque: “Há indícios ainda de que o Irã participe da capacitação de soldados iraquianos que defendem o regime sírio.” Os EUA gastaram trilhões para invadir o Iraque e manter suas tropas por lá durante uma década inteira para, ao fim das contas, os iranianos utilizarem parte da estrutura criada pelos EUA para lutar contra seus próprios interesses na Síria.

    Nada como um dia após o outro.

  5. RobertoCR ,

    Eu não sabia que existia soldados Iraquianos lutando a favor de Assad. No sexto parágrafo ,o artigo afirma isso também.

    Será que são soldados mesmo ou voluntários Iraquianos?

    • Olá BobSap

      Apesar da informação ser apresentada no texto como hipótese, o fato é que o conflito na Síria não mais esta limitado as suas fronteiras internas a muito tempo. A região norte do Iraque não é totalmente controlada pelo governo, e acabou se transformando em base de atuação de quase todas as facções que brigam na Síria.

      Então países como Irã, Arábia Saudita, etc, tem grande influência sobre a população local, principalmente por motivos religiosos. E muitas dessas pessoas pertencem ao exército iraquiano. Eu acredito que a maioria seja composta de desertores, ou são soldados de fim de semana na Síria e retornam depois ao Iraque. Mas que isto esta ocorrendo é fato.

      Quem está bem incomodado com esta situação são os curdos, pois toda essa situação esta mexendo com suas ambições de criar um Estado curdo entre o norte do Iraque e a fronteira com a Turquia. Então estão batendo em todo mundo que passe por ali.

      Estas informações, pelo menos aqui no Brasil, não aparecem na mídia tradicional, e menos ainda em portais como G1, R7, UOL, Terra, etc. Você só encontra isso em pouquíssimos blogs. Na maioria de língua estrangeira. E em canais de vídeo como YouTube, Vimeo e LiveLeak, mas também em língua estrangeira. Existe uma rede de notícias da Abcásia que produz muitos vídeos sobre o assunto chamada ANNA. É uma das melhores fontes de informação que conheço quando o asunto são os conflitos no Oriente Médio.

      Abs

Comentários não permitidos.