NO ESPAÇO, BRASIL FICA À MERCÊ DO ESPIÃO

 AM 2 2“Enquanto o Brasil patinou, China, Índia e Coreia do Sul fizeram seu dever de casa e usaram o que os técnicos chamam de “janela de oportunidade”, criada com o fim da Guerra Fria.

Como ilustração, não há exemplo melhor do que o antigo projeto do Veículo Lançador de Satélites (VLS), cuja marca é um incêndio sem explicação determinada que matou 21 especialistas no Centro de Lançamento de Alcântara, há dez anos.

O cronograma indica que o VLS será acionado entre 2015 e 2016.”

 

No espaço, Brasil fica à mercê do espião

País investiu R$ 1,5 bilhão para ter próprios foguetes e satélites, mas nenhuma missão chegou ao fim.

Roberto Maltchic 

RIO – O Brasil não apenas tem ferramentas insuficientes para conter ações de espionagem operadas por satélites como está muito longe de conhecer os meios pelos quais informações estratégicas são capturadas pelos Estados Unidos ou por qualquer outra nação. Todas as missões de tecnologia de ponta “made in Brazil” para captar do espaço dados e imagens na Terra estão pelo caminho ou convivem com atrasos simbólicos de um programa que se notabiliza pela falta de planejamento de longo prazo.

Levantamento inédito feito pelo GLOBO permite afirmar que as cinco principais operações lançadas na última década para construir satélites ou foguetes — única fórmula para o teste completo de uma nova tecnologia no setor aeroespacial — já receberam R$ 1,5 bilhão. Porém, nenhuma missão foi concluída até hoje, o que torna o país incapaz de fabricar equipamentos que, ao menos, identificariam a localização do espião.

Como resultado, além da obsolescência de componentes e desperdício de tempo e dinheiro, o país é refém de quem o espiona para monitorar o que ocorre em território nacional. Pior: depende da boa vontade — ou não — de outros países para dar seguimento aos principais projetos neste setor, cuja marca é o rigor técnico e o controle de falhas.

Defeito difícil de justificar

Foi exatamente a falta de competência técnica que levou o Brasil a comprar dos americanos uma espécie de transformador que regula a energia de um satélite que deveria ter sido lançado no ano passado. Trata-se do satélite Cbers 3, o quarto de uma família de cinco equipamentos produzidos em cooperação com a China para o registro de dados e imagens da Terra.

Ocorre que este “transformador de energia” apresentou sérios defeitos. O lançamento está atrasado em pelo menos um ano. E fonte graduada do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirma: a compra do equipamento talvez “não tenha sido a melhor escolha” e “é difícil encontrar justificativa” para a quantidade de defeitos identificada nesse componente vital.

Curiosamente, o Brasil lançou há pouco menos de dez anos um projeto chamado de Plataforma Multimissão (PMM), cujo objetivo é exatamente o desenvolvimento do componente de suprimento de energia. Mas a missão da PMM ainda repousa em solo, dentro do Inpe.

O nó tecnológico se repete em sistemas ainda mais sensíveis, como a correção do rumo de uma câmera de vídeo a bordo de um satélite, que depende de um dispositivo para controle de atitude e órbita. Este mecanismo permite que o “dono do satélite” mude a rota de sua abordagem. Um sistema como esse, por exemplo, fez com que, na Guerra das Malvinas, os americanos mudassem o curso de um satélite e suspendessem o serviço de dados meteorológicos para o Brasil durante alguns dias. Só este ano o Brasil testará seu componente.

O ministro da Ciência e Tecnologia admite, sem rodeios, que o Brasil enfrentou graves dificuldades — seja por pressão externa ou por desorganização interna — para fazer engrenar o programa. E afirma que o país demorou muito a compreender que cabe à iniciativa privada, induzida pelo Estado, tocar os projetos que incorporam novas tecnologias.

— A marca do Programa Espacial Brasileiro é o atraso, não só na área de lançadores (foguetes) como de satélites. O Cbers está atrasado. Outros projetos estão atrasados. A minha opinião é que nós não temos um sistema eficaz de operacionalizar esse processo. Trata-se de repartições públicas de administração direta. O input de recursos é falho. Você não entrega os recursos na hora em que são necessários — afirmou ao GLOBO o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp.

Oportunidade única perdida

Enquanto o Brasil patinou, China, Índia e Coreia do Sul fizeram seu dever de casa e usaram o que os técnicos chamam de “janela de oportunidade”, criada com o fim da Guerra Fria, para se aproximar minimamente dos grandes detentores de tecnologia espacial: EUA, Rússia, França e Japão.

Como ilustração, não há exemplo melhor do que o antigo projeto do Veículo Lançador de Satélites (VLS), cuja marca é um incêndio sem explicação determinada que matou 21 especialistas no Centro de Lançamento de Alcântara, há dez anos.

O projeto foi aprovado em 1979, como parte de um ambicioso plano para que o Brasil ingressasse no seleto grupo de países que dominam a tecnologia de uso do espaço para fins pacíficos. O VLS daria ao Brasil o conhecimento necessário para posicionar equipamentos no espaço, a chamada tecnologia de controle de órbita. Sem isso, não há voo espacial para pôr satélites em funcionamento.

Porém, passados 34 anos, o Brasil já aplicou cerca de R$ 350 milhões no VLS e ainda não domina essa tecnologia. O orçamento claudicou e equipamentos deixaram de ser comprados ou ficaram obsoletos a ponto de perder a garantia operacional. O projeto passou a respirar por aparelhos.

— Considerando-se a pressão do mercado externo e a busca por resultados efetivos, é cada vez mais difícil a manutenção do projeto com recursos esparsos, os quais causam constantes atrasos e até retrocesso no desenvolvimento do veículo — admitiu o gerente do VLS-1 no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), coronel Alberto Walter da Silva Melo Júnior.

O cronograma indica que o VLS será acionado entre 2015 e 2016. Para tanto, será preciso planejamento contínuo. Caso contrário, o atraso continuará sendo a única certeza constante.

 

Fonte: O Globo 

21 Comentários

  1. Fazer o que em um país, que maioria dos políticos são semianalfabetos, e só sabem brigar entre si para garantir sua fatia do bolo. Para os políticos o Brasil fica em segundo ou terceiro plano. Quem viu a cara da Dilma diante das manifestações, teve uma ideia, de como ela não conhece ou sabe a realidade do Brasil que preside.

  2. Isto é o que eu chamo de ‘VERGONHA NACIONAL’.

    Fala sério, isto tudo aí não pode ser verdade… Infelizmente eu sei que o é…

  3. Brasil “”putenfia”” Tem uma ponte na minha cidade que custou cerca de 180 milhões de reais! Uma ponte de 200 metros! Num rio RASO. Aí.. “R$ 350 milhões no VLS” em 34 anos!!!… E se continuar a procurar mais exorbitancias no texto vai achar!…

    ““é difícil encontrar justificativa”” NÃO PRECISA!… O pessoal do VLS são gênios!…

  4. ”Enquanto o Brasil patinou, China, Índia e Coreia do Sul fizeram seu dever de casa e usaram o que os técnicos chamam de “janela de oportunidade”, criada com o fim da Guerra Fria, para se aproximar minimamente dos grandes detentores de tecnologia espacial: EUA, Rússia, França e Japão.”

    Isso não é de todo verdade, nosso país tentou,implorou mas nada conseguiu a não ser equipamento bichado e má vontade dos EUA, tentamos sim aproveitar a “janela de oportunidade”, mas insistimos em erros grotescos,não tivemos a coragem de mudar de opção e por isso estamos assim humilhados envergonhados da mentalidade tacanha do Estado Brasileiro,
    Recentemente aqui mesmo no Plano Brasil foi mostrado uma matéria em que FHC e Itamar Franco recuaram de um projeto que tínhamos com a Rússia no setor espacial por mero CAPAXISMO,medo de uma intimidação dos EUA !
    Se quisermos ser PLAYER DE VERDADE ,teremos que jogar o mesmo jogo deles, vamos por a ABIN para trabalhar e buscar tecnologia no Irã,Coreia do Norte, Rússia, China com quem estiver disposto a colaborar conosco, é assim que se faz a soberania de um país !
    Chega de ser o bobo alegre,tivemos coragem no setor nuclear e em segredo caminhamos para o êxito na dominação do átomo,se estivéssemos ouvindo a ONU,estaríamos até hoje batendo palma para as outras nações nesse setor !

  5. Nesse país para o governo(executivo e legislativo) a única coisa que importa são quantos bilhões vão parar na conta de cada um dos traidores. E foda-se o povo, foda-se os interesses geoestratégicos da nação. Tecnologia? Quem precisa, posso ir lá em Miami e comprar baratinho… O país? Que se dane. A miopia desse governo patético chega a ser tão absurda que nem dá pra acreditar, como alguém consegue ser tão retardado a ponto de perceber que a pesquisa espacial é militar são os dois únicos caminhos para se desenvolver tecnologia de ponta e transformar o país e potência mundial? E detalhe, um não vive sem o outro, os dois setores são simbióticos. É tanta miopia que desconfio seriamente se não são pagos por certos países para fazerem o que fazem… Só pode.

  6. Infelizmente, o fato é que é difícil conciliar o direito de ir a Disney com a defesa da soberania nacional.

    • Pois é Walfredo, temos que amar mais o Brasil, do que estes partidos que pouco fazem diferença, os mosquitos tem mudado mas…a B… é a mesma, roubo emcima de roubo, só Deus pra mudar estes políticos e o país.

  7. Lucas Senna
    15 de julho de 2013 at 13:23

    Nesse país para o governo(executivo e legislativo) a única coisa que importa são quantos bilhões vão parar na conta de cada um dos traidores. E foda-se o povo, foda-se os interesses geoestratégicos da nação. Tecnologia? Quem precisa, posso ir lá em Miami e comprar baratinho… O país? Que se dane. A miopia desse governo patético chega a ser tão absurda que nem dá pra acreditar, como alguém consegue ser tão retardado a ponto de perceber que a pesquisa espacial é militar são os dois únicos caminhos para se desenvolver tecnologia de ponta e transformar o país e potência mundial? E detalhe, um não vive sem o outro, os dois setores são simbióticos. É tanta miopia que desconfio seriamente se não são pagos por certos países para fazerem o que fazem… Só pode.====É, até pode ser….lamentável. Sds.

  8. Se manca pessoal. China e India sao paises velhos, civilizacoes que existem 2 ou 3 mil anos antes da civilizacao capitalista no mundo Ocidental. Sendo assim, ainda que seus dirigentes e elites sao tao corruptas, venal, analfabeta quanto a elite brasileira, o fato que sao tambem paises com mais de um biliao de habitantes cada um, eles tem um passado historico que da as elites desses dois paises um certa dignidade e independencia. Coreia do Sul foi criado como uma alternativa a Coreia do Norte. Os Estados Unidos iniciou uma reforma agraria nesse pais e no Japao, para resolver o problema agrario e permitiu que esses dois paises usasse modelos autarquicos para desenvolvimento, o que eles nao permitem no resto do mundo. Qual outro pais do mundo o governo norte Americano iniciou uma reforma agraria? Quanto a elite brasileira, sempre foi submissa. Saiu das maos de Portugal, caiu na maos dos ingleses e destes para as maos dos americanos. Esse pessoal que sonha com o Brasil potencia que esperem sentados. O Brasil de hoje e ainda um pais do futuro. O dia que pato dar leito e porco voar o Brasil sera uma potencia mundiaL.

  9. Há muito tempo, desde os anos 80, que nosso programa espacial é um simples e declarado propinoduto. Ex: um simples rastreamento cooperativo com os franceses de lançamento do Ariane acaba gerando um custo de milhares de reais, + de R$ 100.000,00. E é inacreditável o número de equipamento precisando de reparos nessas campanhas simplórias.
    O que leva a crer que o tal de VLS está muito além da capacidade dos gênios que lá trabalham. A deficiência não é de verba mas de vergonha na cara.

    A grande solução para nosso programa espacial é…

    …Mandar alguns caminhões para o CLA centro de lançamento de alcantara e para o CLBI centro de lançamento da barreira do inferno, cheios de tropas de choque da polícia, com cacetetes e chicotes, para encherem de cacetadas e chicotadas no lombo, até arrancar a pele, de toda essa cambada de funcionários públicos disfarçados de cientistas. Que estão brincando de lançar foguetinhos de pólvora para rasparem as nuvens… bando de picaretas do espaço e suas décadas de mentiras.

  10. Caso o link acima não abra buscar por,
    Relatório final de missão 04/31/84
    Download – centro de lançamento da barreira do inferno

  11. No continente americano o único país que tem tecnologia espacial são os EUA. Alguém já se perguntou o porque disto ? É que os povos da América Latina , ex- colônias de Portugal e Espanha , se conformaram em serem países terceiro-mundistas.

  12. Na verdade o Brasil ñ tem compromisso com nada a ñ ser com a corrupção….
    e com respeito ao VLS Brasileiro que explodiu, tem dedo dos EUA no meio…

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