Daí o apoio do Kremlin ao seu aliado Assad e, por outro lado, o interesse de Ankara em derrocá-lo, pois converteria a Síria na primeira porta energética da Ásia para a Europa. Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, França e também Israel têm fortes interesses no gás sírio e em um gasoduto, crítico para a Europa, que, para funcionar, depende da boa vontade síria
A única base militar da Rússia pelo mundo afora fica precisamente na Síria, aliás tradicional comprador de armas dos russos, com estes dispondo do porto de Tartus e acesso também ao de Latakia, cujo projeto russo para este ano é converter em base naval; Rússia, Estados Unidos, Inglaterra, França e também Israel têm fortes interesses no gás sírio e em um gasoduto, crítico para a Europa, que, para funcionar, depende da boa vontade síria.
Colossais jazidas de gás estão localizadas na plataforma marinha síria e estendendo-se até Israel, passando pelo Líbano. Uma vista ao mapa ajuda a entender o peso dos marcos geográficos nessa disputa de interesses que envolve grandes petroleiras e tira o sono de estrategistas russos.
A Total, francesa, e a British Petroleum (BP), esta desde 1990, vêm se lançando sobre o gás das águas sírias em disputa com Líbano e Síria. Israel, por sua vez, conseguiu deter as operações da BP, sob protestos do governo Tony Blair, a partir da vitória eleitoral do Hamas em 2006 (que passaria a controlar uma parte do litoral de Gaza onde há gás).
Neutralizada a ofensiva da BP, a pretexto de “governo terrorista” do Hamas, Israel se lançou com tudo sobre aquelas reservas bilionárias e estratégicas. A disputa agora, por grandes reservas de gás (virtualmente só superadas pelas da Rússia, Irã, Qatar) eclode novamente, tomando as cores da questão síria. Como lembra Armanian (2012):
Os imensos campos de petróleo e gás de todo o Oriente Médio mediterrâneo são uma tentação para os Estados Unidos e a União Europeia (UE).
Depois do fracasso do Ocidente no projeto do gasoduto “Nabucco” – que diversificaria o fornecimento energético da UE com a importação de gás desde o mar Cáspio ao Mediterrâneo, evitando a Rússia – a UE considera mais viável o “Arab Gas Pipeline” (gasoduto árabe) com a participação da Síria, Jordânia e Líbano, que conectaria o gasoduto do norte da África à Turquia, ao Mediterrâneo.
Daí o apoio do Kremlin ao seu aliado Assad e, por outro lado, o interesse de Ankara em derrocá-lo, poisconverteria a Síria na primeira porta energética da Ásia para a Europa
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