Governo propõe nova estatal nuclear

Fernando Exman
De Brasília

Sem alarde, o governo Dilma Rousseff deu início, na semana passada, aos procedimentos legais para criar uma nova estatal. A empresa será responsável pelos projetos relacionados ao programa nuclear brasileiro, à construção e manutenção de submarinos da Marinha e ao fomento da indústria nuclear nacional. Batizada de Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), a empresa poderá captar recursos no mercado doméstico e internacional e adquirir participações minoritárias de empresas privadas ou empreendimentos ligados ao seu objeto social.

O projeto de lei que autoriza o Executivo a criar a Amazul foi enviado pelo governo ao Congresso na semana passada. A nova estatal, que surgirá a partir da cisão da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), terá sede em São Paulo e poderá contar com cerca de 2 mil funcionários. Seu nome é uma referência à fronteira marítima brasileira, onde, por exemplo, o Brasil explora o petróleo do pré-sal. De acordo com a estratégia nacional de defesa, a área deve ser protegida pelos submarinos da Marinha – entre eles os de propulsão nuclear. A Amazul ficará subordinada ao Comando da Marinha.

“A criação da Amazul é essencial. Ela possibilita a contratação de cientistas, pesquisadores e engenheiros”, frisou uma autoridade do governo.

Há ainda uma questão de segurança, argumenta o governo: a criação da Amazul limitará o acesso a informações estratégicas e acabará com o compartilhamento de locais de trabalho entre o pessoal ligado a questões nucleares e desenvolvimento de submarinos e as outras áreas de atuação da Emgepron.

A estatal Empresa Gerencial de Projetos Navais foi criada em 1982 para promover a indústria naval brasileira. Inicialmente, seu pessoal era basicamente dedicado ao programa nuclear da Marinha. No entanto, com o decorrer do tempo, a empresa passou a incorporar mais empregados para desempenhar outros serviços demandados pela Força. Hoje, além do setor nuclear, a Emgepron atua na modernização dos equipamentos e embarcações da marinha, no desenvolvimento de sistemas navais e de guerra eletrônica, na produção de munições e na realizações de estudos sobre o mar.

As discussões sobre a Amazul tiveram início em meados de 2008, quando o governo criou o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro. Coordenado pela Casa Civil e formado por representantes dos ministérios da Defesa, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Desenvolvimento, Planejamento, Fazenda, Relações Exteriores e pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, o comitê recebeu a missão de fixar diretrizes e metas para o projeto nuclear e monitorar sua execução. Na avaliação do colegiado, a criação da Amazul solucionaria os problemas relativos aos recursos humanos do setor.

“A criação de uma empresa que possa proporcionar aos seus empregados condições semelhantes àquelas existentes no mercado de trabalho foi a alternativa encontrada para a manutenção do pessoal existente e a contratação de novos especialistas, o que nos permitirá preservar o conhecimento já alcançado”, destacaram na exposição de motivos enviada à presidente Dilma Rousseff para fundamentar o projeto de lei que cria a Amazul os ministros da Defesa, CELSO AMORIM, do Planejamento, Miriam Belchior, e da Fazenda, Guido Mantega.

“Temos vivenciado, nos últimos anos, a redução da força de trabalho por demissão voluntária (na busca de melhores condições salariais), às vezes para o próprio governo (carreira de ciência e tecnologia). Vale acrescentar que as mesmas dificuldades encontradas para a manutenção de especialistas é sentida também para o recrutamento de novos profissionais”, acrescentaram os ministros no documento.

O capital social inicial da Amazul será o correspondente ao patrimônio obtido com a cisão da Emgepron, valor não revelado por Ministério da Defesa, Marinha e Emgepron. A nova empresa pública também terá como fontes de recursos dotações orçamentárias, recursos do Fundo Naval, receitas decorrentes da exploração de direitos autorais e intelectuais, recursos provenientes de suas atividades, convênios e contratos, rendimentos obtidos de suas participações em outras empresas, operações de crédito, rendas patrimoniais e doações.

Segundo a proposta enviada pelo Executivo ao Congresso, a Amazul também promoverá o desenvolvimento da indústria militar naval nacional e poderá fomentar a implantação de novas empresas no setor nuclear, prestar assistência técnica a elas e dar apoio financeiro a pesquisas na área. Além de viabilizar o projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro e nacionalizar o desenvolvimento em escala industrial do ciclo de combustível nuclear e da tecnologia de construção de reatores, o governo acredita ainda que a Amazul poderá impulsionar a inovação na cadeia produtiva do segmento e reduzir a dependência nacional de produtos e equipamentos nucleares usados na medicina.

Fonte: Valor via NOTIMP

34 Comentários

  1. Parabéns,finalmente estou vendo um avanço,se dermos sorte com a criação da Amazul,e a escolha do FX-2 ainda esse ano,passaremos a década de 10 do século XXI com nossas FA mendigando,mas na década de 20 teremos subnuk,centenas de caças e provavelmente participação,ou já teremos até mesmo caças de 5g.Estou vendo que o Brasil voltou a andar na questão militar depois de tanto tempo parado.

  2. É DISSO QUE ESTOU FALANDO!!!
    E a Marinha supervisionando tudo.

    Agora é uma pena o que fizeram com os salários do pessoal da engepron no Arsenal da Marinha.

  3. RSRSRSRSRSRSRSRSR… os entreguistas estão privatizando até o arsenal da Marinha… é somente o primeiro passo para retirar dos militares todos os sistemas de defesa e colocar em mãos civis… claro que no começo vão deixar a cargo da Marinha essa malfadada empresa… mas com o passar dos anos… alguem quer apostar?… assim foi com a Aeronautica, Exercito… tamos no sal… e não é pré, é pós… é que os burrinhos de plantão não conseguem enxergar a longo prazo… são muito fraquinhos para isso… engolem qualquer trolha que lhes deem…

  4. Jakson Almeida – Se ja tem a Engepron,pra que a Amazul?

    Só essa breve explicação já é firme o bastante para obrigar a criação da Amazul:

    “a criação da Amazul limitará o acesso a informações estratégicas e acabará com o compartilhamento de locais de trabalho entre o pessoal ligado a questões nucleares e desenvolvimento de submarinos e as outras áreas de atuação da Emgepron.”

  5. Para a chefia de assuntos estratégicos entrou logo um da MARINHA. Foi o X-14 no VSB-30,VLS, e o satélite já encaminhados da AERONÁUTICA do que foi substituído, agora é a vez de engrenar os submarinos nucleares e suas ogivas atômicas “”que não existem””. E torcer para que dificuldades mais dos traidores e sabotadores não atrasem mais ainda os programas.

  6. Vão mamar hexafluoreto de urânio nas tetas do estado.

    O negocio está ficando cada vez mais tenebroso.

  7. HAHAHAHAHA. Minha gargalhada é maiuscula. O que quer essa gente? depois que seus admirados destruiram as capacidades criativas nacionais, e que se busca restaurar, ficam a esbravejar a cada iniciativa que produzirá mais independência. Se é bom são contra, se for ruim Deus me livre. Essa turma está é ficando esquisofrenica, com pitadas maniaco depressivas, que, sem dar conta, parecem que estão curtindo.

  8. disse:
    03/04/2012 às 13:18

    ” …Parabéns,finalmente estou vendo um avanço,se dermos sorte com a criação da Amazul,e a escolha do FX-2 ainda esse ano,passaremos a década de 10 do século XXI com nossas FA mendigando,mas na década de 20 teremos subnuk,centenas de caças e provavelmente participação,ou já teremos até mesmo caças de 5g.Estou vendo que o Brasil voltou a andar na questão militar depois de tanto tempo parado. …”====== sei ñ, a marinha é capaz de gerênciar td sobre o seu equipamentos….aí tem coisa. sds.

  9. Mais uma estatal. Sera que esse Brasil nao tem vergonha na cara. E claro a chefe dessa estatal sera alguma pessoa que fez um curso de Ciencia politica pra sobreviver a politicagem.
    Depois da presidnte da nova companhia existe mais 200 empregos disponiveis aos parentes e amigos:
    1. Conselheiro confidencial. pai ou filhos do Presidente.. salario acima de $ 20,000,00 mais carro com motorista..
    2. Chefe de gabinete..um sobrinho que acabou de sair da USP mas esta fazendo pos-graduacao nos EUA..assim mesmo tem cargo e salario de $18700.00 reais mais mordomias.
    3. secretaria executiva.. e pra aquela mocinha jovem que faz tudinho..salario $ 8,800.00 mais vale refeicao, etc etc.

    ..la embaixo da escada estao os engenheiros nucleares.. so tem 3 e no maximo ganham $ 4000.00 por mes e dirige um Fiat Uno.

    E ou nao e uma estatal Brasileira…alias quase todas as estatais sao assim.
    Pra mandar alguen embora entao, somente com decreto assinado por Jesus…e depois a brasileirada reclama dos impostos.

  10. “A criação da Amazul é essencial. Ela possibilita a contratação de cientistas, pesquisadores e engenheiros”, frisou uma autoridade do governo.”
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    Se for cabide de emprego para este tipo de empregados: SANTO CABIDE! MUITO BEM VINDO..!

  11. Outros “cabides de emprego” que eu adoro:

    ARAMAR, CTEX, ITA, IPEN, só para ficar em alguns…

    O pessoal sempre reclama da falta de verbas governamentais aplicadas em pesquisa e desenvolvimento na area de defesa, más quando se criam
    as condições para investimentos no setor, reclamam! vai entender…

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    “Segundo a proposta enviada pelo Executivo ao Congresso, a Amazul também promoverá o desenvolvimento da indústria militar naval nacional e poderá fomentar a implantação de novas empresas no setor nuclear, prestar assistência técnica a elas e dar apoio financeiro a pesquisas na área.”

    “Além de viabilizar o projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro e nacionalizar o desenvolvimento em escala industrial do ciclo de combustível nuclear e da tecnologia de construção de reatores, o governo acredita ainda que a Amazul poderá impulsionar a inovação na cadeia produtiva do segmento e reduzir a dependência nacional de produtos e equipamentos nucleares usados na medicina.”

  12. over disse: 03/04/2012 às 13:34
    É DISSO QUE ESTOU FALANDO!!!
    E a Marinha supervisionando tudo.

    Agora é uma pena o que fizeram com os salários do pessoal da engepron no Arsenal da Marinha.

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    Salário? Quem disse que lá alguém ganha salário?

    O militar é mau pago, como qualquer um sabe, o civil, melhor remunerado, é o que menos recebe nas instituições do governo (hummm, acho que os do EB recebem menos). Quanto aos da Emgepron… Ficar calado para o comentário ser publicável…

    []´s

  13. Tudo que os políticos colocam a mão da em merda, cabides de empregos e roubalheira. Esqueçam o sub nuclear brasieleiro, ele já era.

  14. palhaçada, com o jakson disse e cabidão de empregos, porque não prestigiar, fortalecer, e investir na ja fantastica engepron,quando os projetos patinavam quem aguentava o tranco eram os militares, agora que ta caminhado querem tirar isso deles ?? mauditos fisiologistas, não podem ver nada sem querem tirar uma casquinha !!!

  15. Criar mais uma estatal!…viva o cabide emprego para os companheiros. Não quero ser pessimista, mas, daqui alguns anos teremos notícias da ineficiencia dessa estatal.

  16. Sabemos que aqui no brasil a criação de estatal, secretaria, ministério, etc é apenas a criação de mais um ralo por onde escorrerá o nosso suado dinheirinho recolhido pela pesada e faminta máquina tributária. Baseado em experiências passadas, tenho as minhas dúvidas se a amazul vai funcionar.

  17. Espero que essa Amazul se torne uma “petrobras do urânio”. Criando ao invés de petroleiros navios e subs nucleares pra MB, negociando equipamentos e energia nuclear do Brasil para o mundo.
    Isso pode render uma grana boa e quem sabe um futuro Porta-aviões nuclear brasileiro.
    Muito otimismo eu sei mas…

  18. EXATO Lucas… mas vou postar um comentario que explica tudo:

    ***

    LUIZ OLIVEIRA disse: 02/04/2012 às 10:41 em http://planobrasil.com/2012/04/01/finalmente-super-pacote-de-defesa-e-assinado/#comment-150708

    “Entendam porque nossas Forças Armadas estão sendo há tantos anos submetidas à humilhação e ao sucateamento por parte dos governantes

    http://apocalipsetotal.blogspot.com.br/2007/10/exercito-mundial.html

    Isso não é teoria da conspiração. São fatos. Atentem especialmente para o trecho do artigo que diz: Os governantes poderão contar com o apoio total de seu exército, em tudo que for necessário para se manter a paz entre seus cidadãos, QUANTO À AQUISIÇÃO DE ARMAS, EQUIPAMENTOS PESADOS (aviões, navios, tanques, etc) as indicações a cargos, exoneração, remanejamento ou mudança do comando ficará por conta do EXÉRCITO MUNDIAL.” (grifo nosso)

    ***

    Vejam, amigos, privatizar a Defesa é somente mais um passo a emasculação do poder belico nacional… só não enxerga quem é cego ou de má fé…

  19. Algumas observações:

    A discussão sobre a Amazul começou em meados de 2008, portanto por mais que DETESTEM a idéia original saiu do governo do burro do Lula e do nojento do Nelson Jobim. A Dilma e o Amorim estão terminando a execução de um legado do mestre… Morram mordendo a própria língua….

    Estamos falando de ENERGIA NUCLEAR, portanto POR FAVOR me poupem do resto da lavagem cerebral neoliberal que se a empresa é estatal é uma merda…

    A Amazul, está claro, deve ser como uma estatal de economia mista ( a semelhança da Petrobrás) que permite que o estado possa pagar salários mais competitivos numa área de altíssima tecnologia e de capacitação de recursos humanos.

    Em breve veremos Yankees estrilarem com o estabelecimento da Amazul e querendo inspetores da AIEA “inspecionando” a empresa atrás do programa das bombas atômicas do Brasil….

    MB rules !

    FAB sucks !

    EB does nothing…

    Just kiding boys…. 🙂

  20. O GF vive falando do Sub Nuclear. Mas e qto ao sub convencional Scorpene que tambem esta no contrato, qual o motivo de tantos anos de atraso para serem construidos ?.Prova que é tudo um engodo.

  21. Pessoal vamos parar com esse negócio de ficar repetindo como papagaios sobre a inificiencia das Estatais. Estatal não é sinonimo de ineficiência, assim como eficiência não é sinonimo de empresa privada.
    Tudo isso se resume a gestão. Empresa estatal bem gerida pode ser sim sinonimo de eficiência. E aqui existiram varios exemplos de empresas que eram estatais bem administradas, que ao passar para a iniciativa privada não deram nenhum salto de eficiência. Trabalho na iniciativa privada, mas já trabalhei em estatal que era exemplo nacional de eficiencia e reconhecimento publico. O que ocorre com a empresa publica e que são as vivimas mais frequentes da politicalha descomprometida, ou comprometida consigo mesma, que trabalha para criar essas ondas. Um dia usam os recursos do estado para Criá-las, pela incapacidade de correr risco de nossos empresarios, noutro enfraquecem essas mesmas empresas perante a opinião publica para vendê-las, geralmente a um grupo que ajudou na campanha. Só a cegueira ajuda na perpetuação desses mitos. Ou alguem assume que não se orgulhou da Embraer quando era estatal, da Vale do Rio Doce, dos Correios em seus bons tempos? Da Petrobrás que é administrada pelo Estado? Banco do Brasil? etc…etc…

  22. Eu acho a criação da estatal desnecessaria. J´tem a Engepron e seus arsenais. Eles já tem capital pessoal e instalações para atenderem a marinha. Já temos a nuclep para produzir equipamentos pesados para a área nuclear. Temos a Eletronuclear que cuida das usinas nucleares. Para mim esse é um setor que não precisa de estatal. Não é que não precise, e que seja inútil, mas a Engepron da conta, e se não der, expanda a mesma, temos que expandir o existente e não criar mais estatais. Para mim isso a vai ser só mais um cabidal de emprego, como sempre. Agora, pode ser que o projeto de certo e eu esteja errado. Assim eu espero.

  23. parabens ao governo por mais essa etapa,os que torcem contra continua a fazer bolinho podre ,mas a aprovaçao do governo bateu recorde novamente,e o brasil continua a marchar, enquanto os entreguistas latem mas a caravana nao para!!!

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