Defesa & Geopolítica

Paquistão está dificultando a retirada dos EUA do Afeganistão

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2/3/2012, Ron Synovitz e Iskandar Aliev, Tadjiquistão
http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/NC02Df02.html

O principal comandante de transporte militar dos EUA disse que é necessário que o Paquistão reabra à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) as rotas de transporte pesado que cruzam território paquistanês, para que os EUA consigam completar a retirada do Afeganistão até o final de 2014.

Em novembro de 2011, o Paquistão fechou as estradas de transporte pesado, pela qual transitavam os suprimentos para a OTAN, em momento de grave deterioração nas relações com os EUA e a OTAN.

Dia 28/2, o general William Fraser do exército dos EUA disse à Comissão das Forças Armadas do Senado[1] que a chamada “Rede Norte de Distribuição”, que cruza a Ásia Central, não basta para o transporte de todos os tipos de carga que têm de ser levados do Afeganistão, ao ritmo necessário para manter o cronograma da retirada.

Fraser disse que há acordos vigentes com o Tadjiquistão, Quirguistão e Cazaquistão que pemitem o trânsito por esses países, do equipamento que ainda está no Afeganistão – mas os acordos não permitem que se transportem armas de nenhum tipo.

Disse que os EUA estão explorando outras vias para deslocar suprimentos não letais e alguns tipos de blindados que podem ser transportados através daqueles países.

Suas declarações sugerem que blindados leves como os US Humvee utilizados pelos soldados dos EUA no Afeganistão – e talvez também os veículos Bradley blindados para transporte de pessoal – podem transitar pela Ásia Central sem violar acordos existentes, desde que todas as armas sejam removidas.

Mas é preciso encontrar outra solução para transportar os tanques pesados M1A1 Abrams que foram usados na província de Helmand no início de 2011.

Fraser disse também que Rússia e Uzbequistão liberaram o trânsito pelas estradas em seu território, para a retirada de equipamento.

A estrada do Tadjiquistão

No Tadjiquistão, o porta-voz do ministério da Defesa, Farhod Ibodulloev, disse ao serviço tadjique de notícias, dia 29/2, que o general Fraser visitou Dushanbe semana passada, para encontros com o ministro da Defesa Sherali Khayrulloev.

Os analistas tadjiques lembram que, em 2007, os EUA concluíram a construção de uma ponte, estimada em $37 milhões de dólares, sobre o rio Panj, que liga o norte do Afeganistão e o Tadjiquistão. Essa ponte poderia ser usada para retirada de materiais. O porta-voz informou que o general americano e o ministro concordam que, para o trânsito de carga, são suficientes os acordos existentes, e não se exige nenhum novo acordo para a retirada de equipamento não letal e veículos blindados.

Aquela ponte permite tirar do Afeganistão cargas da OTAN e transportá-las até a base aérea francesa em Dushanbe, dali a uma base alemã no Uzbequistão ou ao Quirguistão, onde os EUA mantêm alugada uma parte do Aeroporto Internacional Manas, onde armazenam as cargas que circulam pela Rede Norte de Distribuição. A carga da OTAN também pode ser embarcada por via férrea no Tadjiquistão, atravessando a Rússia, até portos do Báltico.

Na audiência no Senado, dia 28 de fevereiro, Fraser disse também que todos os aviões que traziam suprimentos para o Afeganistão estão agora sendo completamente carregados com os itens não letais a serem retirados, e que chegaram como parte do surge, no final de 2012, que elevou o número de soldados no Afeganistão, de 70 mil, para 110 mil.

Contudo, disse Fraser, o fechamento das estradas para transporte de equipamento pesado por terra através de território paquistanês, que eram usadas para levar até o Afeganistão grande parte do equipamento militar usado pelos EUA, já reduziu o ritmo da retirada e passa agora a ameaçar gravemente todo o cronograma.

Planos britânicos

Oficiais da Grã-Bretanha também tentam encontrar rotas alternativas para retirar de território afegão seus soldados e carga militar. O secretário da Defesa britânico, Philip Hammond, esteve no Uzbequistão dia 29 de fevereiro, onde assinou acordo com o governo do Cazaquistão, para trânsito aéreo em território daquele país, de equipamento militar e soldados.

O ministério da Defesa da Grã-Bretanha informou que Hammond e o presidente cazaque Nursultan Nazarbaev também acertaram o início das conversações para construir um acordo para transporte de equipamento militar e soldados também por terra.

Em Astana, Hammond disse que a Grã-Bretanha enfrentava “gigantesca operação logística” para retirar do Afeganistão 11 mil contêineres e cerca de 3 mil veículos blindados – e que a Grã-Bretanha começava a “trabalhar com nossos parceiros na região, para dar conta dessa operação”.

O ministro da Defesa do Cazaquistão, Adibek Dzhaksybekov, disse, depois das reuniões com Hammond dia 28 passado, que “a cooperação militar internacional” é um dos itens cruciais para “garantir a segurança regional”.

Essa semana, também o ministro britânico das Forças Armadas, Nick Harvey, deve chegar à região, para dar prosseguimento às negociações iniciadas por Hammond, no Quirguistão, Tadjiquistão e Turcomenistão.


[1] Ver “Texto preparado para a audiência no Senado”, Air Force Magazine, 28/2/2012,  http://www.airforce-magazine.com/SiteCollectionDocuments/Testimony/2012/February2012/022812fraser.pdf

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