Energia Amazônica


Hiram Reis e Silva, Oriximiná, PA, 11 de fevereiro de 2012.

Durante nossa estada em Oriximiná fizemos uma incursão ao Rio Trombetas e Cuminá aproveitando, nesta oportunidade, para verificar o andamento de parte das obras do “Linhão” que levará energia da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para Manaus. Esta obra permitirá que o consumo do combustível fóssil, para geração de energia, caro e poluente, seja totalmente eliminado nas capitais de Manaus e Macapá e as sedes dos Municípios contemplados pelo “Linhão”, evitando a emissão de 3 milhões de toneladas de gás carbônico por ano, e reduzindo o consumo anual de 1,2 bilhões de litros de óleos combustível e diesel. Além disso, após a conclusão do “Linhão”, o País economizará cerca de R$ 2 bilhões por ano o que significa que a Linha de Transmissão, cujos investimentos previstos são da ordem de R$ 3 bilhões, estará paga em 18 meses fornecendo energia limpa e renovável. A construção da linha de Transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus, de aproximadamente 1.800 quilômetros de extensão, vai integrar os estados do Amazonas, Amapá e Oeste do Pará ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Numa primeira fase o “Linhão” reduzirá a dependência local das plantas de energia térmicas em 27 municípios ao longo da margem esquerda do Rio Amazonas.

–  Responsabilidade Ambiental

A complexidade da obra, cruzando rios e terrenos de várzeas em plena floresta amazônica, exigiu que sua execução estivesse de acordo com as orientações do IBAMA e FUNAI. Foram analisadas diversas alternativas para o traçado da linha até se encontrar as que ofereceriam menor impacto ambiental e interferência em áreas legalmente protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação, chegando-se, finalmente, a seis propostas. Cada uma delas foi, então, analisada detalhadamente quanto ao tipo de vegetação, tipo de solo e viabilidade técnica, principalmente no que se refere à travessia de cursos d’água, que, no caso do Rio Amazonas, tinha, em algumas das alternativas propostas, até dez quilômetros de largura a serem transpostos. O sistema levou em conta também que, futuramente, haja a necessidade de se acrescentar um terceiro circuito à linha, usando o mesmo corredor além de contemplar um plano de resgate de fauna e flora em perigo de extinção.


–  1° Lote – Tucuruí/Jurupari (500KV)

Este lote inclui as linhas de transmissão Tucuruí II-Xingu, de Tucuruí a Altamira, no Pará, com 264 quilômetros de extensão e tensão de 500 kV, e inclui também a linha Xingu-Jurupari, na margem esquerda do Rio Amazonas, 257 quilômetros, mais as subestações Xingu e Jurupari.

O primeiro trecho, de 264 km, do Linhão parte de Tucuruí diretamente para a Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, o que permitirá a interligação deste Complexo Energético, quando entrar em operação, ao SIN. Este trecho, logicamente, foi o único ponto em comum de todas as seis propostas iniciais tendo em vista a necessidade da interligação de Belo Monte ao SIN. Aqueles que eram contrários à construção da hidrelétrica do Xingu apontavam o alto custo do sistema de transmissão de energia que, segundo eles, ultrapassaria o orçamento da construção do próprio Complexo Energético.

O segundo trecho, de 257 km, sai de Belo Monte em direção à Almeirim cruzando o Rio Amazonas pela Ilha de Jurupari, localizada nas proximidades de Almeirim, PA. O “Linhão” vai atravessar o Rio Amazonas em duas etapas na ilha de Jurupari, próxima à foz do Rio Xingu, a primeira em um vão de 1,6 km da margem direita do Amazonas até a torre 238 na Ilha e o outro dela até a torre 241, construída no leito do Rio Amazonas, com 2,2 km de largura. As duas torres de transmissão terão trezentos e vinte metros, cada uma pesando aproximadamente 2.400 toneladas. As torres 238 e 241 terão a altura da Torre Eiffel, em Paris, atualmente com 325 metros (considerando a altura das antenas de rádio), onde, na época de sua construção, foram usadas 7.300 toneladas de ferro e hoje em dia tem aproximadamente 10.000 toneladas.

Sobre o platô que sustenta a torre 238 está sendo construído um muro de contenção de concreto com dezessete metros de altura. A plataforma de sustentação da torre 241 está sendo construída no leito do Rio Amazonas a trinta metros de profundidade e suas fundações possuem trezentos e noventa estacas e pilares construídos com tubulação em metal, concreto e ferro.


–  2° Lote – Jurupari/Oriximiná

O segundo lote é formado pela linha Jurupari-Oriximiná, no Estado do Amazonas, com 370 quilômetros de extensão em 500 kV. Este lote também contempla os trechos Jurupari-Laranjal, no Amapá, com 95 quilômetros em 230 kV e Laranjal-Macapá, com 244 quilômetros além das subestações Oriximiná, Laranjal e Macapá. Esses trechos têm conclusão prevista para junho de 2013 e dezembro de 2012, respectivamente.

–  3° Lote – Oriximiná/Manaus

O terceiro lote contempla as linhas Oriximiná-Itacoatiara, com 370 quilômetros em tensão de 500 kV, e Itacoatiara – Cariri, em Manaus, com 211 quilômetros mais as subestações associadas Itacoatiara e Cariri.

Em abril de 2011, foi concluída a montagem da primeira torre do “Linhão” em Manaus, com 62 metros de altura, pesando 24 toneladas. Verificamos, durante nossa visita, que no primeiro trecho, no Rio Trombetas, a travessia está sendo feita por meio de uma ilha com dois vãos de 950 metros e 1,2 mil metros, as torres em terra, que partem de Oriximiná estão concluídas, assim como a da margem direita do Rio Trombetas. Este lote não pode deixar de se considerar, no futuro, o fornecimento de energia para o Município de Parintins, localizado na margem direita do Amazonas e uma Linha de Transmissão de 500 kV para Porto Trombetas o que permitiria que ali se instalasse uma refinaria de alumínio para atender a produção local e das minas de Juruti.

–  UTE Mauá 3

A Megausina Termoelétrica de gás natural de ciclo combinado (que utiliza gás e vapor para acionar as turbinas) será construída ao lado da usina Mauá, no bairro Mauazinho, zona Leste de Manaus. O empreendimento, que vai utilizar 2 mil metros cúbicos por dia de gás natural proveniente da Bacia de Urucu, vai produzir entre 400 e 650 megawatts (MW), quase a metade do atual Parque Energético de Manaus. A usina deverá estar concluída até 2014, antes da realização da Copa do Mundo.

A pergunta é porque usinas similares ou maiores que essa não foram construídas em Urucu ou Coari e sua energia levada até Manaus por linhas de transmissão, principalmente porque além do gás de Urucu já se tinha conhecimento de jazidas importantes de gás natural no Juruá? Além disso o gasoduto de 660 km de extensão, praticamente um terço do “Linhão”, custou quase o dobro do mesmo e provocou um impacto ambiental muitíssimo maior.

–  Roraima no SIN

No dia 25 de janeiro deste ano, foi assinado o contrato de concessão para a construção da Linha de Transmissão Manaus/Boa Vista, que terá 715 km de extensão, nos Estados do Amazonas e Roraima, mais as Subestações Equador 500 kV e Boa Vista 500/230 kV. A linha conectará Boa Vista ao SIN, contribuindo ainda mais para a redução do consumo de Combustíveis Fósseis, além de possibilitar a exportação de energia do SIN para a Venezuela.

–  Livro

O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Solicito publicação:

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br

Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com

12 Comentários

  1. Eu só acredito em obras feitas pelo Exército.A parte que coube ao EB na integração do Rio São Francisco já está concluída.quanto à iniciativa privada………

  2. Marco Aurelio Tem razao…. A Iniciativa privada e horrivel e se depender do governo nosso dinheiro some… O EB tem Engenheiros formados no IME… Facilmente seria construida … Se bem que isso nao e pro EB fazer… e sim o GOV, mas…. Fazer o que?

  3. quando isso tiver interligado e operando vamos poder ligar a parte norte do pais que vive no escuro ae sim ninguem segura mais brasil.

  4. O Cel Hiram é um embaixador da amazonia no Rio Grande o seu livro é excelente conta a historia descreve as paisagens humanas e geograficas da regiao emquanto conta sua viagem de caiaque pelo solimoes da Blivia a Manaus.mas o mais importante sao suas denuncias claras e bem embasadas contra os vendilhoes da Amazonia ONGs FUNAI CIMI e outros pelegos de gravata

  5. é bom que o setor de engenharia do exército se envolva em projetos do governo, aliás sou totalmente a favor de que todas as obras públicas sejam feitas pelos setores de engenharia das forças armadas!
    elas ganham experiência, treinamento, recursos e o melhor o governo federal economiza muito uma vez que as obras podem sair a preços mais, mas muuuuuuuuuuuiiiiiiitooooo mais baixos do que a iniciativa privada!
    ENGENHARIA DO EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA é para isso mesmo gente!
    aprender a construir qualquer coisa em qualquer lugar sob quaisquer condições climáticas e em um período de tempo hábil!
    caso não saibam, em uma GUERRA os setores de engenharia precisam estar SUPER PREPARADAS para resolverem questões sérias em tempo recorde!
    portanto É SIM PRECISO E NECESSÁRIO QUE:

    o exército domine TODAS as técnicas, convencionais ou não de se construir qualquer obra terrestre!
    a marinha domine IDEM ao exército sobre toda a engenharia que envolva lagoas, lagos, oceanos, mares, rios, ribeirões, lençóis freáticos, leitos submarinos, açudes, represas, etc….
    a aeronáutica IDEM ao exército e a marinha sobre toda a engenharia que envolva aeroportos, pavimentação para pistas de pouso, pontes para passagem de aviões se necessário, pistas asfaltadas ou não, iluminação de aeroportos ou pistas grandes ou pequenas pavimentadas ou não, construção de bases aéreas, helipontos ou heliportos, capacidade de recuperação de aeroportos ou pistas comuns em tempo hábil, desenvolvimento e pesquisa de novos materiais que sejam super resistentes às intempéries climáticas e que danificam pistas pavimentadas ou não, etc..

    mas……….

    para isso eles precisam construir, construir e construir para assim ganharem mais recursos e experiência para que um dia se na guerra, o Brasil precisar, a marinha, o exército e a aeronáutica possam mostrar suas armas em qualquer lugar do Brasil seja em terra, ar ou água!

    á eu me esqueci….

    a engenharia das forças armadas precisam dominar bem o seu campo para poder orientar aos combatentes como destruir definitivamente os alvos estratégicos de seu oponente como:

    pontes;
    túneis;
    usinas hidrelétricas, termoelétricas, nucleares, eólicas;
    estradas;
    aeroportos;
    prédios….

    pois certamente o corpo de engenharia de nossas forças armadas irão demonstrar aos nossos pilotos, soldados e marinheiros os pontos fracos de cada infraestrutura, ou seja, mostrarão o alvo como ele é e como o derrubar inteirinho acertando os “pontos certos”!!!!!

    que o nosso Brasil continue crescendo mais e mais!!!
    e que o corpo de engenheiros das forças armadas continuem construindo pontes, estradas, túneis, usinas,,,,
    e quem dera se toda obra pública fosse executada pelas forças armadas!!

    pois assim o Brasil se tornaria independente na construção de qualquer tipo de armamento para por ao chão qualquer tipo de obra edificada pelo homem!!!

  6. não confudam:
    ENGENHARIA MILITAR CIVIL: que é o tipo de engenharia usada principalmente para uso de civis, mas também para os militares uma vez que representam uma estratégia importante dentro das forças armadas, pois elas passam a dominar todo o processo de construção de qualquer tipo de infraestrutura, ou seja, elas aprendem o que sustenta as edificações, tipo de material empregado, etc.. e isso significa como eliminá-lo em caso de conflito, já que a engenharia civil é praticamente universal isto é, as técnicas de construção de qualquer edificação, materiais utilizados são os mesmos ou similares em qualquer parte do mundo!!!
    ENGENHARIA MILITAR: tem caráter exclusivamente bélico, ou seja, é a engenharia que desenvolve as armas de guerra e demais componentes eletrônicos ou mecânicos como:
    navios de guerra ou de apoio;
    aviões de caça, bombardeiro, reconhecimento, etc;
    armas leves, médias e pesadas;
    programas computadorizados para vigilãncia, reconhecimento e ataque (este já faz parte da ENGENHARIA MILITAR ELETRÔNICA) e etc….

  7. É Dandolo o Ademar Vila Nova tem razão,como vc pode querer humidificar uma região que já é super húmida,assim vc me faz acreditar que todas as soluções que vc diz ter não passam de idéias mirabolantes da sua cabeça!

  8. Ademar, na verdade o que ele disse é fato, pois haverá um lago imenso na região que antes não havia, ou seja uma superfície de água maior para ser evaporada e por tanto aumentando a umidade. O fato de ser a regão mais úmida do planeta não significa que não de para ficar mais úmido.

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