Após 16 anos sem Exército, Haiti quer restaurar as Forças Armadas

O presidente do Haiti, Michel Martelly, está espalhando controvérsia dentro e fora do país com sua proposta de restaurar o Exército haitiano, desmantelado em 1995.

Martelly diz que o Haiti precisa defender suas fronteiras e argumenta ainda que um Exército serviria para criar emprego a milhares de jovens haitianos.

Críticos veem com reservas a proposta, já que as Forças Armadas estiveram sempre associadas à violência política que marca a história haitiana.

Os críticos também questionam se a restauração do Exército é prioridade, quando o país tenta se reconstruir após o trágico terremoto que espalhou destruição em 2010.

Enquanto a proposta é discutida, um terreno na periferia de Porto Príncipe serve como campo de treinamento para cerca de 200 jovens, que sonham integrar as Forças Armadas do Haiti.

Vestidos com camuflagem, ele improvisam treinamento esperando a hora que o Exército seja restaurado. O local ostenta, inclusive, uma insígnia não oficial do “Exército do Haiti”.

O recrutamento dos jovens é feito por um ex-militar, o comandante Jeudi Yves. Os voluntários precisam comprar os próprios uniformes e custear o treinamento.

Yves defende a proposta de Martelly e diz que a restauração é necessária.

“Nós poderemos proteger nossas próprias fronteiras, nosso aeroporto e nossas águas. Os haitianos deveriam estar fazendo isso, não estrangeiros. Os soldados da ONU são estrangeiros e eles não nos conhecem”, diz.

O ressentimento contra a presença da ONU aumentou após o estouro da epidemia de cólera no país, em 2010.

Soldados nepaleses são suspeitos de ter disseminado a doença.

Memória ruim

Em entrevista à BBC, o presidente Martelly disse que a proposta não deveria ser vista com reservas.

“Nós hoje temos um Exército aqui que não é nosso. Por que ter um Exército estrangeiro e não ter o nosso próprio? Eles poderiam ser todos haitianos”, argumentou.

“Precisamos de trabalho para os nossos jovens. Por que oferecer tantos empregos aos estrangeiros e não aos haitianos? Não faz sentido”, disse.

A restauração do Exército tem provocado polêmcia no país sobretudo por causa do passado controverso dos militares.

O Exército foi desmantelado em 1995, pelo então presidente Jean-Bertrand Aristide, após os militares tomarem parte em uma série de tentativas e de golpes de Estado.

Direitos Humanos

Durante a ditadura da família Duvalier, dos presidentes Papa Doc e Baby Doc, as milícias conhecidas como Tontons Macoutes também espalharam terror pelo país.

Pierre Esperance, diretor da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos do Haiti é contra a proposta.

“O Exército que tínhamos aqui sempre esteve envolvido em uma série de crimes, tráfico de drogas e violação dos direitos humanos”, disse.

Voluntários para o Exército do Haiti. BBCVoluntários pagam os custos do treinamento à espera da formação de um novo Exército no Haiti

“Se criarmos uma nova força, ela tem de estar a serviço do movimento democrático no Haiti”, argumenta.

A grande preocupação de Esperance e de outros ativistas é manter as Forças Armadas independentes dos interesses políticos, a fim de que não se tornem uma força opressora a serviço de determinados grupos.

Martelly, um ex-cantor, responde que os tempos são outros no país.

“Estamos falando de um Exército moderno, que possa intervir em caso de emergência, como foi no terremoto, com unidades médicas e de engenharia”, disse.

Martelly reconhece que o Exército traz memórias ruins para boa parte dos haitianos, mas diz que é preciso investir em uma nova doutrina para as Forças Armadas.

“A questão é ter a formação certa. Por isso queremos que nossos aliados e parceiros nos ajudem a formar o Exército correto para a missão correta”.

Polícia

Até o momento, os países ocidentais que têm atuado na reconstrução do Haiti têm se mostrado relutantes a financiar a restauração do Exécito, questionando se essa seria a prioridade de um país com tantos desafios.

O embaixador dos Estados Unidos no Haiti, Ken Merten, disse à BBC que a prioridade é outra.

“Em termos de prover a segurança para o povo haitiano, estamos comprometidos a ajudar na materialização e no crescimento da polícia nacional do Haiti”, disse.

Fonte: BBC Brasil

15 Comentários

  1. Os EUA não gosta que os outros tenham exercito, pois fica mais destruir uma policia mal armada, do que um exercito por pequeno que seja, mesmo que este seja formado apenas para guerrilha.

  2. Se for para mantar a lei e ordem para isso existe polícia agora se querem manter a soberania e se defender ai sim é as FAs. De fato eles têm muito com o que se preocupar e dinheiro lá ta em falta, porém a criação de pelo menos o exército(sem força aérea e marinha que são caras) já criaria vários empregos. Seria a questão de criar bases, dar equipamento e treina-los a servir a nação e não se usar dela. E com o tempo a confiança volta. E ai sim partir para uma marinha e força aérea.

  3. em 94 chegou um buchicho na tropa dizendo que aquele presidente dos privataria ensinuou que o brasil nao precisava de forças armadas e citou o caso do haiti que nao iria mais ter as forças armadas deles e nos poderiamos seguir o exemplo do haiti .falo presidente privataria alem de fazer os guerreiros passar fome ensinuou de astiar a bandeira branca ,o maior verme !

  4. Ferreira Junior, “Os EUA nao gostam que os outros tenham exercito.” Engano. Os EUA gostam muito que os outros tenham exercito, desde que esses trabalham para os interesses ianques, nao so controlando governos nacionalistas dentro de seus paises, mas tambem, e isto e muito importante, comprando armamento ianque. Os EUA adoram os gastos militares da Arabia Saudita e dos paises do golfo. Os EUA adoram os gastos militares do Japao, da Polonia. Esses paises compram armamento produzido pelo complexo industrial norte americaNO. Agora, essa em uma boa questao. Exercito para manter a soberania do Haiti? Nao. Com excessao das forcas armadas haitiana que lutou contra a franca e Inglaterra para conseguiir a independencia do Haiti, no final do seculo XVIII, o exercito haitiano, sempre foi corrupto, sempre se vendeu fazendo a repressao militar do povo haitiano, para que primeiros os franceses e depois os norte americanos pudesse explorar livremente a economia do pais. Ultimamente, ate ser desmembrado, esse exercito, estava trabalhando para a CIA e para Mafia, fazendo trafico de cocaina da America Latina para os Estados Unidos. Considerando que o Haiti e um pais pobre, exercito ali e a ultima coisa que o pais necessita. O pais nao tem condicao de ser soberano. Eu diria que em nenhum pais da America Central faz sentido manter um exercito.

  5. Esta aí um bom termo para o Brasil não precisar se eternizar no Haiti, ajudando-os a criarem forças armardas com os preceitos democráticos republicanos no Haiti.
    FAs não é só para defesa pois ajuda em várias carencias de seus países tamben.
    Mas com certeza iremos ver o Amorim caminhando por lá tamben como fez na Guiana e Venezuela recentemente.
    Se trabalharmos direito agora eles serão os nossos grandes aliados democráticos na América Central.

  6. Se quiserem que o exército haitiano não volte mais e só deixa a cargo do governo brasileiro,no início irão projetar algo moderno,com equipamentos de última geração,bases futuristas,SudNuc,teletransportes e etc.mas tudo começara a ser feito em 2999 !

  7. Jojo
    Discordo de ti quase que em tudo.
    Se um país existe este deve ter uma força armada que complete as suas instituições com toda certeza.
    Já estou vendo o Haiti com aviões Tucanos, radades Saber, navios Macaé 500t, lanchas brasileiras, os Fuzis que estaremos aposentando pelo novo fuzil IA2, viaturas Agrales de vários tipos, ambulancias e equipamentos que com certeza conversado com a França tamben financiariam.
    Em 5 anos podemos deixa-los com uma força totalmente operacional para a missão que eles se propoem.
    Que é ter o direito soberano de si mesmo.

  8. Concordo que o Haiti deve ter suas próprias forças armadas, pois não servem só para pegar em armas mas para ajudar em tudo no que se refere a reconstrução do país inclusive gerando empregos aos milhares de jovens desempregados. O modelo a ser seguido seria o japonês que se baseia em uma força de autodefesa, e não um exército regular. Claro que dependeriam da doação de materiais e ajuda externa para o treinamento e formação de toda a estrutura militar. ( que o Brasil também poderia ajudar). O fato de o exercito ter tido um passado “negro” não vem ao caso pois se fosse assim os antigos “países do eixo” não teriam seus exércitos hoje (além de serem países desenvolvidos e estáveis). Claro que precisamos antes de mais nada estabilidade política para evitar um mau uso das armas.

  9. Adriano, seu criterio e o Haiti pode ter um exercito desde que compre armas fabricadas no Brasil, principalmente aquelas obsolentes que estsao encaixotadas nos almoxarifados do exercito. Meu criterio e as necessidades basicas do povo haitiano. Haiti, nao tem tem necessidade nem condicao de ter Forcas Armadas propria. E um pais inteiramente dominado pelos Estados Unidos. O exercito norte americano la ja basta.

  10. Jojo
    Acho que me expliquei mal pois eu disse de doações mesmo e apois certa recuperação financiar tecnologias.
    Exército estadunidense meu caro tem de ficar lá no EUA mesmo, ou no máximo nos puxa-sacos deles. Eu não sou anti-americano mas Haiti é Haiti desde que eles venceram a escravidão, nóis temos de respeitar e ajuda-los a erguerem-se sim, mesmo depois de sairmos de lá.
    A causa deles estarem assim é totalmente culpa dos EUA e da França.

  11. R22
    É isso mesmo.
    Esses países pequenos e que estão em desenvolvimento precisam mais do que tudo de uma instituição que unem seus jovens em disciplina e amor por seu povo, e isto é as Forças Armardas.
    Deve-se incurtir em países como Haiti, Suriname, Guiana, Guiné etc. Orgulho e respeito pelo lugar em que vive pois são lugares pequenos que nunca vão ter representatividade internacional para terem orgulho de serem cidadães de seus respectivos países como grandes Impérios e ou Civilizações.
    Aqueles velhos sentimentos de “Poder e Glória” nóis como um país continental naturalmente podemos almejar, agora eles por serem pequenos não. Assim o sentimento de coesão amor e disciplina é algo que neles deve ser trabalhado em dobro para terem estabilidade.

  12. Ao meu ver o haiti poderia ter uma instituição como uma policia militar nos modes do brasil ou uma força nacional de segurança ou ate uma guarda nacional para as dimensoês de seu pais e seu orçamento seria o ideal

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