As Formigas

POR REINALDO JOSÉ LOPES, EDITOR DE “CIÊNCIA E SAÚDE”

Formigas em combate tomam decisões democraticamente

Não é raro achar elogios à sociedade das formigas nos textos de ideólogos humanos que simpatizam com o autoritarismo. Esses sujeitos não poderiam estar mais enganados, diz Mark Moffett.

“De fato, as formigas mostram devoção inquestionável à sua sociedade, mas isso é muito diferente da devoção a um líder político ou a uma hierarquia”, explica o pesquisador americano.

“Não existe ninguém controlando as vidas delas”, diz Moffett. Nos combates, não há “oficiais” dando ordens. Cada formiga que encontra um inimigo deixa um rastro de feromônios (odores especiais que funcionam como sinalizadores químicos).

VOTANDO COM O CHEIRO

O aroma recruta outras “soldadas” para a pancadaria, as quais também liberam seus próprios feromônios.

Quanto mais formigas reforçarem o rastro, mais forte será o sinal de alarme enviado para o formigueiro.

Da mesma forma, assim como entre os britânicos, a rainha reina, mas não governa, lembra Moffett. Ela é apenas a reprodutora oficial (as operárias, de todos os tipos, costumam ser estéreis).

Moffett diz que andou por todos os países da América do Sul (além dos demais continentes) em busca dos insetos. Ele não tem uma formiga brasileira favorita.

“Seria impossível escolher uma só. A melhor coisa no Brasil é a diversidade de formigas, que é maior do que em qualquer outro lugar do mundo”, diz.

A próxima parada do pesquisador, na semana que vem, é a Etiópia. “Vou escalar árvores nos últimos fragmentos de floresta que restam por lá, localizados em torno de igrejas”, conta

Formigas usam estratégia militar para acabar com inimigos


O chinês Sun Tzu (544 a.C.-496 a.C.) pode ter levado a fama de pai da estratégia militar com seu livro “A Arte da Guerra”. Para o americano Mark Moffett, contudo, seria bem mais justo que o título ficasse com as formigas.

Pesquisador do Museu Nacional de História Natural dos EUA e fotógrafo de mão cheia, Moffett roda o mundo há décadas documentando o comportamento das criaturas.

Em seu livro “Adventures Among Ants” (“Aventuras Entre Formigas”, ainda sem tradução para o português) e em artigo na revista “Scientific American” deste mês, ele defende que esses insetos sociais são o único tipo de animal que guerreia de forma semelhante aos Estados organizados por seres humanos.

Ou seja: milhares de indivíduos em formação cerrada, apostando tudo num confronto que pode significar a vitória ou a aniquilação.

QUESTÃO DE ESCALA

Muitos outros animais, como chimpanzés e lobos, envolvem-se em escaramuças “de fronteira” ou tocaias, mas nem chegam perto da escala homérica que caracteriza humanos e certas formigas, diz.

Entre as mais belicosas estão as asiáticas Pheidologeton diversus, ou formigas-saqueadoras, e as espécies de formiga-correição, como a Dorylus nigricans, da África.

As colônias desses bichos são a versão invertebrada dos hunos ou do exército de Gêngis Khan: hordas numerosíssimas (com até milhões de indivíduos), extremamente móveis, que não deixam pedra sobre pedra em seu caminho.

Mas elas não são devastadoras por mera força bruta. Sua primeira vantagem estratégica é a formação cerrada, ou seja, a capacidade de empacotar muitas formigas na frente de batalha, criando uma muralha impenetrável de soldados. É o que faziam os antigos gregos e macedônios, por exemplo.

As formigas-saqueadoras, além disso, desenvolveram seu próprio batalhão de operações especiais.

Enquanto o grosso do ataque depende de operárias diminutas, que existem em grande número e são relativamente descartáveis para o formigueiro, os golpes de misericórdia nos inimigos mais parrudos são dados por “capitãs” enormes, que chegam a ser 500 vezes mais pesadas que as “soldadas rasas”.

De quebra, elas ainda servem de “tanque”, carregando as operárias menores para a frente de batalha.

ALMA DO NEGÓCIO

Guerra psicológica? Formigas que escravizam outras espécies a praticam também, “bombardeando” o formigueiro alheio com substâncias que deixam suas inimigas em pânico.

Para Moffett, os motivos que levaram algumas espécies de formigas a adotar a guerra total são muito parecidos com os que operaram nos Estados humanos.

“As sociedades menores são mais flexíveis e acabam se mudando quando o conflito aparece”, disse o pesquisador à Folha. “Já as maiores conseguem armazenar mais comida, força de trabalho e tropas de reserva, criando estradas, infraestrutura complexa e exércitos para conquistar suas rivais”, explica.

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Fonte: Folha de S.Paulo

10 Comentários

  1. Temos muito o que aprender com o funcionamento da natureza….Pra um país com uma fauna e flora incrível como o Brasil deveríamos dar importância a isso.

  2. Querem nos transformar em formigas… rsrsrsrs… é a engenharia social em ação… não é mole não, meu irmão… quem sabe seremos invadidos por aliens e precisemos nos organizar para a batalha… pra isso é necessario uma sociedade como das formigas… rsrsrsrs… organizada para a vitoria ou o exterminio… ficção cientifica pura… rrsrsrsr… saudações…

  3. bem marxista esse pensamento né meu colega? isso concerteza isso incomoda muita gente…
    mas relaxe ninguem quer te transformar em uma mera formiga no meio do pelotão…
    .
    Obs: ficção científicia quem faz é holywood e sua pregação do “status quo” materialista, individualista bem sucedido…
    .
    Mas o mundo vai acabar, nossa raça pode ser extinta, mas elas sempre continuarão existindo e se alguem acha besteira esse modelo tão bem sucedido de sobrevivência… só lamento. Ninguem gostaria de se sentir um inseto, é muito mais confortante vivermos dentro de nossas camionetes de luxo e nossa roupa de marca, blindada contra o fracasso social. A evolução das espécies é sábia mas muitas vezes mal compreendida e mutas vezes desprezada

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