Rússia muda de tática, não de política na Síria

A Rússia pode ter mudado de tática ao propor sua própria resolução à ONU sobre a Síria, mas ainda mantém desafiadoramente a mesma política sobre a crise que tem irritado o Ocidente nos últimos meses.

Moscou surpreendeu os membros do Conselho de Segurança da ONU ao propor uma resolução, nesta quinta-feira, condenando a violência na Síria, depois de meses de divergências com outras potências mundiais sobre como responder à crise.

Mas enquanto a ação da Rússia pode indicar que está sentido a pressão sobre sua desafiadora recusa de abandonar o apoio ao regime de Bashar al-Assad, a resolução reitera a mesma posição política russa que preocupa o Ocidente.

“A posição da Rússia sobre a Síria – de que não é necessário derrubar Assad já que, sem ele, as coisas ficariam bem piores – não mudou”, disse Alexei Malashenko, um analista político do Carnegie Moscow Centre.

“A resolução foi apresentada para mostrar boa vontade. A reação positiva do Ocidente para mostrar sua diplomacia mais do que qualquer coisa”, acrescentou.

Viktor Kremenyuk, o diretor substituto do Instituto USA-Canada acrescentou: “Não é exatamente uma mudança de posição, mas um sinal de grande senso de responsabilidade da parte da Rússia”.

O embaixador da França na ONU, Gérard Araud, qualificou a resolução de “desequilibrada” e “oca”, em uma conversa pela internet com leitores do jornal Le Monde.

“Também é uma manobra porque (a Rússia) parece tomar uma iniciativa, mas apresenta um texto que é totalmente desequilibrado e oco”, declarou.

A resolução condena significativamente tanto o governo de Assad quanto os grupos de oposição, uma divisão da culpa pelo banho de sangue, em desacordo com a posição ocidental de acusar diretamente o regime.

“Infelizmente, há uma aparente paridade (na resolução) entre o governo e os manifestantes pacíficos”, observou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.

Além disso, também não contém nenhuma ameaça de sanções, uma crítica que as potências ocidentais querem incluir em qualquer resolução, mas que Moscou insiste que pode ser contra-produtivo.

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou sem rodeios, esta semana, que as sanções “com raras exceções, nunca funcionam” e alertou que condenar apenas um lado pela violência síria levaria a uma “repetição do cenário líbio”.

O porta-voz do Ministro das Relações Exteriores, Alexander Lukashevich, também disse, nesta sexta-feira que o projeto não deve ser, de forma alguma, considerado como um sinal para a “interferência externa nas questões domésticas da Síria”, uma perspectiva vista com horror em Moscou.

Moscou ainda está furiosa com o Ocidente, já que a campanha aérea na Líbia – que a Rússia essencialmente permitiu prosseguir, ao se abster em uma votação da ONU – terminou com a derrubada e posterior morte de seu aliado, Muamar Kadhafi.

Com a influência no cenário mundial decadente, 20 anos depois do colapso da União Soviética, a Rússia está interessada em mostrar ao Ocidente que é o ator mais importante na crise síria.

De acordo com a agência de notícias ITAR-TASS, o vice-presidente da Síria Farrouk al-Sharaa deve conversar com Moscou, mas isso ainda não foi oficialmente confirmado. Kremenyuk disse que, enquanto há sinais de um estreitamento entre as posições de Moscou e do 0cidente sobre a Síria, ambos os lados ainda mantêm estratégias muito diferentes sobre a crise.

“Para a Rússia, a Síria é um importante mercado de armas e nós não queremos perdê-lo ou entregá-lo enquanto outros países querem que Assad seja derrubado do poder”, disse ele.

Moscou ainda mantém seus laços da era soviética com o regime secular em Damasco, que foram cultivados com o pai de Bashar al-Assad, o ditador Hafez al-Assad.

Para contrariedade dos Estados Unidos e de Israel, a Rússia fez um contrato avaliado em pelo menos US$ 300 milhões para entregar mísseis de cruzeiro supersônicos anti-navios para a Síria.

A Rússia mantém uma base naval na Síria no porto de Tarturs que seu único porta-aviões, The Admiral Kuznetsov, deve visitar à frente de uma flotilha no final do ano.

Analistas dizem também que a Rússia está feliz em alfinetar o Ocidente em uma época em que os Estados Unidos criticaram a conduta das eleições parlamentares e que Vladimir Putin, que se prepara para voltar ao Kremlin.

Fonte: AFP

10 Comentários

  1. Muito bom a russia se mostrou muito superior do que os EUA e seus aliado Europeus Esta tentando resolver as coisas pela diplomacia diferente do TIO SAN q Invadio a Libya e praticamente a colonizou ela.

  2. KM
    Concordo tamben, essa farra de bombardeio da OTAN tem de ter freio senão essa moda pega e vão fazer aqui de alvo da moda tamben. Principalmente que isto mata e destroi mais que ajuda em qualquer lugar.
    Se a Russia e a China não existisse o mundo estava todo fufu… Pois a OTAN só respeita esses dois.

  3. “A posição da Rússia sobre a Síria – de que não é necessário derrubar Assad já que, sem ele, as coisas ficariam bem piores
    .
    IRAQ EO GRANDE EXEMPLO QUE PODE SE DA NISSO TUDO,
    .
    POVO TA SAINDO DE LA COM BANDEIRA NATIVA QUEIMADA,
    .
    CONTRARIO DE FLORES
    .
    COMO SONHAVAO
    .
    UMA GUERRA FRACASADA,
    .
    URSO FOI SENSATO
    .

  4. Reportagens russas antes da primavera árabe diziam que a Síria seria um pais que compraria o Pak-fA ,ta aí a Rússia não quer perder um freguês

    Ps: pq os fregueses da Rússia só são ditadores sanguinários?

  5. Outro erro dos Russos. eles tentam defender seus interesses preucupando-se com sua reputação, o que é inutil porque EUA, Ingaterra e israel dominao a midia mundial e poderima fazer o Principado de Monaco, com seus cassinos, uma ameaça mundial. Eles tem é que fazer o necessario para vencer e deixar que a historia faça o julgamento.

  6. Como se os dos EUA fossem diferente, se esqueceu do Bahrein e da Arabia Saldita, reprimiram duramente o povo, mas ninguem falou nada afinal, queridinhos americanos. O Egito era aliado estrategico dos EUA, também com um ditador sanguinario, matou bem menos que o Assad, mas matou. Libia, kadafi ja foi amiguinho americano da mesma forma que saddan. Comercio é comercio, etica é aparte, infelizmente é assim que o mundo funciona e não vai mudar tão cedo. Certamente o mundo ta melhor sem Saddan, Kadafi, e vai ser melhor sem Assad, o problema é a intervenção internacional, democracia e liberdade não se ganha, se conquista, se esses povos não lutarem por ela não vai haver governo que se sustente, no final vai trocar um ditador por outro. Na hora que o povo quer não ha governante que fique, mas pra isso é preciso luta, e muitas vezes sangue. Mas ai a OTAN e os EUA so de ouvir ja ficam todos ouriçados porque sabem que se trata de uma oportunidade unica de botar um fantoche no poder e o povo que exploda.

  7. Está acontecendo mais uma grande farsa na síria como ocorreu na líbia,em que os “rebeldes” nada mais eram do que a al’qaeda a serviço do pentágono aliado a otan.

    Essa farsa de que o Assad está matando os manifestantes é uma grande mentira propagada pela mídia,quem está causando a violência no país são grupos armados a mando do ocidente,comofizeram na líbia de kadhafi,querem fazer o mesmo na síria.

    A lista de 3500 pessoas que foram mortas pelo “governo” é falsa, foi baseada em nomes da lista telefônica e depois divulgado na mídia.Muitas pessoas citadas ali estão vivas,se não todas.

    Pesquisem sobre a farsa na líbia ! Não veem que estão com a mesma desculpa de implantar a democracia nos países? Uma boa fonte de informação é o jornal Russian today.

    Tudo uma farsa inacreditável promovida por israel e Eua mais os países do ocidente.

    O presidente sírio já disse: É UMA CONSPIRAÇÃO.

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