Defesa da Amazônia: Prioridade de segurança nacional

Por Isabel M. Estrada

O Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) já faz parte da estrutura do Ministério da Defesa — um forte indício de que o Brasil considera a defesa de sua vasta região florestal uma questão de segurança nacional.

Em outubro, o ministro da Defesa, Celso Amorim, visitou o centro operacional do SIPAM em Brasília para familiarizar-se em primeira mão com os vários projetos do parque tecnológico. Ari Matos, chefe da organização e coordenação institucional, e seu assessor especial, José Genoino, acompanharam Amorim em sua turnê.

O SIPAM trabalha em conjunto com estados e municípios que participam de políticas na região, conhecida como Amazônia Legal. Seus parceiros também incluem as Forças Armadas e a Polícia Federal, segundo Rogério Guedes, diretor geral do SIPAM.

A Amazônia Legal, uma divisão administrativa estabelecida pelo governo brasileiro para melhor promover o desenvolvimento da região, cobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, assim como o estado do Maranhão, a oeste do paralelo 44.

Essa vasta região, embora escassamente povoada, é lar de cerca de 21 milhões de habitantes. Sua densidade populacional é de apenas 3,67 habitantes por quilômetro quadrado, mas apresenta o mais rápido crescimento populacional do Brasil.

O SIPAM faz parte de vários fóruns políticos, como o Conselho Brasileiro de Inteligência, a Comissão Nacional de Cartografia e o Comitê Gestor Nacional da Operação Arco Verde, ainda segundo Guedes.

O objetivo da Arco Verde — liderada pelo Comando Militar do Oeste e com sede na cidade de Sinop — é combater o desmatamento e outras atividades ambientais ilegais no norte de Mato Grosso.

Lançada pelo governo federal, envolve os Ministérios da Defesa, da Justiça e do Meio Ambiente, que relatou que o desmatamento no estado caiu 74% entre 2004 e 2010.

SIPAM em ação

Entre as especialidades do SIPAM estão detecção de desmatamento e radiação, e meteorologia. Com suporte logístico local, também aplica técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto para poder definir os efeitos da atividade humana, assim como medidas mitigadoras colocadas em prática.

O SIPAM modernizou significativamente o parque tecnológico. Entre outras coisas, comprou uma câmera de alta resolução, a ADS80, que gera imagens digitais contínuas durante o voo.

Esse tipo de câmera produz imagens com uma resolução de até 5 cm de terreno, com uma qualidade mais alta do que imagens de satélite geradas pelos sensores orbitais comerciais atualmente no mercado.

Guedes disse ainda que a ADS80 atenderá às missões aéreas de sensoriamento remoto dos órgãos parceiros.

O SIPAM também fez parceria com o Ministério do Meio Ambiente no projeto Bolsa Verde, que oferece incentivos financeiros para pequenos fazendeiros e produtores rurais que tomarem medidas para preservar o meio ambiente.

“Nós faremos o monitoramento remoto, com radares ou satélites, para garantir que as famílias beneficiadas pelo programa estejam respeitando o compromisso e não estejam contribuindo com o desmatamento”, explicou Guedes durante a visita de Amorim.

A técnica é usada pelo Programa Terra Legal e o SIPAM vem monitorando áreas auxiliadas por este programa, no qual proprietários possuem metas específicas para a preservação de áreas verdes.

Em uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social em apoio ao programa Brasil Sem Miséria, o SIPAM instalará 166 antenas para comunicação via satélite que levarão serviços de Internet para municípios remotos da Amazônia nos estados do Acre, Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Roraima e Amazonas.

Com este equipamento, as autoridades municipais registrarão famílias pobres no Cadastro do Governo Federal para Programas Sociais. “É a infraestrutura tecnológica do SIPAM contribuindo para ampliar o acesso a programas do governo na região”, conta Guedes.

O SIPAM está trabalhando com o Exército, a Marinha e o Serviço Geológico do Brasil no esforço para desenvolver a cartografia da região. É um projeto de R$ 350 milhões para desenvolver mapas topográficos, náuticos e geológicos do chamado “vazio cartográfico” da Amazônia.

SIPAM se aventura na telemedicina

Proteger a Amazônia não é apenas salvar as árvores, mas também inclui cuidar das pessoas e conectá-las ao mundo. É por isso que o SIPAM está entrando na telemedicina com o anúncio em outubro de um acordo cooperativo com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM) e a Secretaria de Estado de Saúde (SUSAM).

Telemedicina é o uso de comunicações eletrônicas para a troca de informações médicas para melhorar o cuidado, o diagnóstico e o tratamento do paciente. Em locais remotos do Brasil, cuidados especializados, segundas opiniões e cuidados estendidos são quase um luxo.

Entre outras coisas, o SIPAM instalará antenas de satélite para uso de teleconsultas nos municípios de Coari, Humaitá, Itacoatiara e Benjamin Constant.

“Esta parceria com o SIPAM, além de permitir teleconsultas, nos ajudará com educação à distância”, comemora Pedro Elias de Souza, diretor-geral do Hospital Francisca Mendes. “Nós já temos 12 tópicos de estudo, junto com aulas de cardiologia que serão possíveis de realizar.”

O Amazonas é o primeiro estado brasileiro a integrar todos os seus municípios ao Programa Estadual de Telessaúde, que permite testes e consultas especializadas via satélite.

Clínicos gerais locais realizam os procedimentos e, em seguida, compartilham os dados, sons e imagens em tempo real com equipes de especialistas em Manaus, assim como outros médicos que possam responder a chamadas telefônicas de emergência a qualquer hora através de um smartphone.

As antenas VSAT que o SIPAM usa são de fácil transporte e também são utilizadas no suporte a muitos dos projetos de seus parceiros. Sete antenas de comunicação via satélite apoiam as operações da 17ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército, assim como o Tribunal Regional Eleitoral nos estados remotos de Rondônia e Acre.

“Promover o acesso a comunicações na região amazônica é uma das premissas do SIPAM”, garante José Neumar da Silveira, gerente do Centro Regional do SIPAM em Porto Velho. “É por isso que nós sempre estamos dispostos a ajudar nossos parceiros em operações ou em suas bases permanentes.”

Outro projeto do SIPAM tem como objetivo concluir o registro biométrico de eleitores em Porto Velho, enviando impressões digitais e documentos pela Internet em áreas onde não haveria outro acesso à rede, o que é crucial, uma vez que as pessoas que não estão registradas não poderão votar nas eleições municipais de 2012.

Os equipamentos do SIPAM também são usados pela 17ª Brigada na Operação Curare III, que teve início em setembro e busca intensificar a vigilância nos estados de Rondônia e Acre, que fazem fronteira com Bolívia e Peru.

Fonte: Diálogo

13 Comentários

  1. ministro para se fazer uma cobertura indempentente por satelites, primeiro e preciso LANÇAR UM SATELITE,senão na realidade vão “vigiar para nos”, mãos a abra

  2. obvio que a amazonia e muito importante para soberania, mas não e a unica, pois se formos atacados por que quer que seja, com certeza vão querer quebrar nossa logistica e infraestrutura, o que defende ITAIPU ??, precisamos de caças, blindados,umas artilharia anti-aerea decente entre outros !

  3. A solução é criar cidadelas ou núcleos populacionais, distanciados um dos outros em 100 km, em toda a faixa de fronteira.

  4. A coisa boa e que teremos uma melhora significativa da infraestrutura e qualidade de vida da população na região amazônica, juntamente com o aumento da segurança de nossas fronteiras. A melhor maneira de combater os crimes, trafico e melhorar as condições humanitárias dessas pessoas para que também possam contribuir e apoiar o trabalho de nossas FA.

  5. E ai estamos vendo o inimigo estrar em nosso teritorio meio mal mas estamos vendo,isto se ele quiser mandar as imagens,e ai vamos com pau e picareta ou arco e flecha,do jeito que vai,bom o chile mais 18 f-16 eles se preocupam muito mais com segurança pois gastam 3% do pib e o brasil um e poquinho e pope,acorda senhor ministro da defesa ve se conversa menos e faz mais.

  6. Ta ruim pro Brasil defender a amazonas
    e qual quer outro estado.
    Pra termos chances de nos defender nos temos que ter
    caças de 4 geração ou melhor de 5 geração
    Misseis de longo alcance..
    E claro lançar nosso próprio satélite.

  7. Há um mesclado de dúvida, raiva, incredulidade e até mesmo de abandono, essa é a cara do projeto FX-2 para a FAB, licitação essa, que se arrasta há anos. Falar dessa disritmia, inquestionavelmente estaremos encostando na política e seus políticos. Por melhor que se faça na era Dilma, haverá sempre a sombra do PT, acompanhada de seu protagonista Lula, que emitiu seu parecer prematuramente a favor do Dassault Rafale F3. O mais certo nessa estória toda é ouvir e principalmente quem está se armando nessa era. Um dos países que mantém licitação para compra de caças é a Índia e não custa nada avaliar seus passos. A parceria Rússia x Índia é promissora e existe nesse caminho o projeto PAK/FA e outros mais que poderiam ser implantados no Brasil. Todos esses segmentos que se encontram na licitação FX-2, não são de ultima geração e isso é preocupante. Hoje fala-se em 5ª geração de caças, enquanto o Brasil analisa caças de no máximo 3ª geração. Pode-se acreditar que há seriedade em tudo isso? O Eurofigther Thyphoon modelo 2020 é o pulo do gato europeu e que tem sido visto com bons olhos pelo Índia e outros mais. Acho que há muita comida e poucos pratos na mesa.

  8. JEAN deixa de ser chorão pois o FX2 não é apenas uma simples escolha desse ou daquele vetor e envolve muitas coisas e a principal transferencia total de tecnologia.Melhor que ainda não escolheram pois temos tempo para escolhermos bem e jogarmos com isso do que se tivesse escolhido o Rafale que voces tanto vivem classificando como a melhor escolha e quando o termos discobrirmos que não poderemos avançar porque não nos foraõ repassados os sensiveis que queremos ou ainda os vermos em hangares estacionados por economia de combustivel,manutenção,repossição e serviços e por ter hora voo carissima fora do orçamento da FAB.Então quem são os burros os que ainda não escolheram ou os precipitados aficcionados? rsrs rsrs O Governo esta certo não contigenciou por imposição Americana como fez o governo covarde de FHC e sim por estrategia usando da contenção por causa da crise coringa para jogar o jogo.Sejam pacientes temos um monte de contratos e parceirias sendo firmadas tanto em defesa quanto segurança e tambem nos eventos voces acham que se nós optassemos agora por algum vetor fora da short list do FX2 sendo Russo ou Chines não afetaria todas essas negociações que estamos concluindo.Pensem mais um pouquinho a frente ao invez de por impulsos agirem por momentos.A prioridade agora é monitoramento,satelites,helicopteros de ataque e defesas antiaereas.Voces não tem ideia da tecnologia adiquirida com o SIPAM-SIVAM e de todos os frutos que vem nos dando e de todas as aplicações possiveis que podemos ter e desenvolver mais ainda encima disso e por falara nela que é o embrião de nosso avanço em monitoração e sensoramento ela é tão vasta que em parte é mantida em segredo então todos aqueles que ficaram por decadas malhando essa negociação agora são é uns otarios rsrs rsrs

  9. E Capa vc está certo, estaremos colocando a raposa dentro do galinheiro..tem de ser o n satélite,”nosso”; e se e p defender à amazônia q implemtemos isso em ritmo de guerra. E p ontem falou dona e seu ministros, p ontem,Sds.

  10. O segredo é tão grande que até vc esta sabendo! com o contingenciamento,poderemos comprar?por todo nosso atrazo tanto em tecnologia militar, como sucateamento por todos estes anos sem um investimento razoavel, compativel com as dimenções deste pais,cinquenta milhões já éra uma mereca,não seria totalmente uma mereca, se estivesemos pelo menos medianamente equipados, mas estamos atrasados,e para recuperar precisa de grandes investimentos e não uma mereca e ainda contigenciada.

  11. Prestem atenção. Lá distante, no meio da floresta não tem comunicação. Aqui no sul, sudeste um dia no passado foi assim. Mas o Estado investiu em comunicação telefonia na época tecnologia promissora, depois quando foi para colher o lucro privatizaram as comunicações. Vamos assistir o mesmo filme no norte? Porque a iniciativa privata, principalmente estrangeira, que explora economicamente o que foi privatizado, não é obrigada a fazer a cobertura da região? Tá já sei, alguém ta ganhando e o povo paga a conta duas vezes, melhor quatro:
    quando e Estado investe, depois quando privativa (ele mesmo financia a venda-BNDES), depois quando paga por merda de um serviço e tarifa absurda e mais os impostos imbutidos. Assim sim, isso que é país bom: mudou o nome escravidão para democracia neoliberal.

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