"Uma colher é desejada quando o horário do almoço está próximo".

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Titânio russo para a indústria aeroespacial estadunidense

Por André M. Mileski

Sergey Viktorovich Chemezov, diretor-geral da Russian Technologies comentou em entrevista distribuída pela Russian Technologies, e traduzida para o português pela reportagem de Tecnologia & Defesa, os planos e atividades desta nova joint-venture

Todos conhecem sua biografia perfeitamente bem. Mas, para, em segredo, construir sobre os Urais em tempos de crise um das empresas mais modernas do mundo, e juntamente com os americanos – isto é o que eu chamo de façanha! Como você gerenciou isto?

Na Rússia, temos um dizer a esta respeito: “Uma colher é desejada quando o horário do almoço está próximo”.

É verdade que nós, digo a VSMPO-AVISMA e a Boeing, não tornamos pública, de modo geral, a construção. Nós planejamos o tempo para a inauguração destas instalações, usando suas palavras, uma das mais modernas empresas do mundo, ou segundo alguns analistas, a mais moderna empresa do mundo, para coincidir com a visita do presidente dos Estados Unidos à Rússia. Eu acredito que os motivos por trás de nossas ações são óbvios e claros para todos.

Com a ideia de criar nossa joint-venture Ural Boeing Manufacturing – este é o seu nome exato, nós acordamos com a Boeing de constituir a joint-venture em 2006, e em 2007 assinamos um acordo com este objetivo. A construção da nova planta, sua montagem, treinamento de pessoal e equipagem com máquinas de cinco eixos levaram dois anos. Nós estamos muito satisfeitos de termos feito tudo em tempo para a sua inauguração durante a visita do novo presidente dos Estados Unidos à Rússia.


A joint-venture é de fato uma união de líderes em seus ramos de atuação na Rússia e Estados Unidos – Russian Technologies State Corporation, representada pelo maior fabricante mundial de titânio, a VSMPO-AVISMA, e a Boeing, líder mundial na indústria aeronáutica.

Como um industrial, eu acredito que os laços econômicos não são menos instrumentais em desenvolver relações entre duas grandes potências do que contatos políticos. E em certos casos, tais laços mesmo predeterminam estes contatos políticos. Nós estamos orgulhosos de estarmos contribuindo para o desenvolvimento de laços econômicos mutuamente benéficos para os dois países.

E qual é o interesse da VSMPO-AVISMA, a maior fabricante de titânio do mundo, em constituir uma joint-venture com a Boeing?

O fato é que a mais moderna aeronave, o Boeing 787 Dreamliner, nunca decolará sem o titânio russo, que é o mais leve e forte metal existente. O titânio russo voa também com todas as outras aeronaves fabricadas pela Boeing: 737, 747, 767 e 777. E, é claro, é também usado em modelos avançados de aeronaves russas.

Nós fechamos com a Boeing um portfólio de encomendas e garantimos contratos de longa-duração até 2015. Contratos nos valores de bilhões de dólares já foram implementados. Nós nunca deixamos a Boeing, e a companhia americana também não nos deixou. Eu espero que esta situação permaneça no futuro! A Boeing, a VSMPO-AVISMA e a Russian Technologies se dedicaram a criar uma potente aliança mutuamente benéfica. Ela é capaz de lidar com as mais desafiantes tarefas industriais do século 21 com padrões mundiais de qualidade usando tecnologias do estado-da-arte.

Vender barras de titânio é muito fácil, mas é atividade menos lucrativa. Por isto é que desde o início da cooperação com a Boeing, a VSMPO-AVISMA Corporation foi gradualmente se movendo em direção à produção e venda de produtos com valor-adicionado. A criação do complexo de fabricação é um lógico elemento desta política.

E por que exatamente a joint-venture?


O ponto é que até agora nós tínhamos falta de experiência na fabricação que nós precisamos, e outra razão é que sem a joint-venture nós teríamos dificuldades em obter todo o maquinário e outros equipamentos.
Ontem, nós lançamos o complexo de máquinas mais avançado do mundo. Ele tem equipamentos únicos em termos de modernidade. Entre outras coisas, a tecnologia empregada na UBM permite à empresa valiosos conhecimentos na produção de titânio e num futuro próximo possibilitará a ela que inicie a produção de placas finalizadas. De qualquer modo, este é nosso objetivo imediato.

O que são esses equipamentos únicos?

Eles são as mais avançadas máquinas de cinco eixos da MAG Cincinnati para aplicações robustas, no caso, o processamento de titânio. Eu não quero incomodá-lo com termos técnicos. Eu apenas digo que as máquinas podem cortar uma esfera numa placa de titânio com uma precisão do tamanho de um terço de um fio de cabelo humano. Acredito que esta comparação é suficiente para indicar o potencial dessas máquinas.

Mas o que é também importante é que a administração anterior do governo dos Estados Unidos, referindo-se a medidas de proibição aplicáveis, muitas vezes impediu a exportação de modernos equipamentos para a Rússia. O presidente Obama aboliu esta discriminação, e somos gratos a ele por esta decisão.

Estou certo de que você ouviu diversas opiniões de que o fato de fornecedores russos responderem por 40% da demanda da Boeing por titânio, a estadunidense Boeing supostamente acaba se apoderando do titânio russo. Qual é a sua opinião a respeito?

Isto não é verdade. Deve ser lembrado que a Rússia não é somente uma fornecedora de titânio, mas também é uma fonte de conhecimento, know-how e ideias necessárias para a fabricação de equipamentos aeronáuticos americanos modernos. Por exemplo, os escritórios da Boeing nos EUA e em Moscou estão cheios de empregados de alto-nível que tomarão parte da fabricação do Dreamliner. Isto não é uma surpresa. Hoje, um produtivo competitivo de alta-tecnologia criado sem cooperação internacional é difícil de imaginar.

A aeronave russa Sukhoi Superjet 100, que foi apresentada internacionalmente no recente salão de Le Bourget, foi desenvolvida em cooperação com a companhia italiana Alenia Aeronautica e com a Boeing. Os fornecedores dos principais sistemas do Superjet incluem nomes como as francesas Snecma e Thales, a alemã Liebherr, a estadunidense Honeywell, e outras companhias líderes do Ocidente.

Quais serão as tarefas com as quais a joint-venture terá que lidar e como ela irá se integrar com a cadeia de produção da VSMPO?


A UBM executará atividades de manufatura primária sobre placas de titânio produzidas pela VSMPO-AVISMA. A manufatura final sobre as estruturas de titânio devem ser realizadas na planta da Boeing em Portland, nos Estados Unidos, e em outras empresas de processamento ou subcontratadas. Além do mais, os restos do titânio trabalhado serão imediatamente enviados para a VSMPO-AVISMA para reciclagem. Isto tornará possível criar uma cadeia cíclica próxima única para apoiar a fabricação de produtos de titânio semi-acabados, placas e outros tipos de produtos.

Então, eu gostaria de desejar a este novo negócio um trabalho muito bem coordenado e novos contratos. Eu desejo a nós, quero dizer, às partes russas e estadunidenses, novos modelos de aeronaves e equipamentos espaciais, naturalmente com titânio russo, e também modernas tecnologias russas e estadunidenses.

21 Comentários



  1. normal… se nao pode vencer … alie-se ou mantenha por perto…

    A arte da guerra, “um soberano(país) rodeado de pessoas certas prospera. Aquele que não conseguir essa condição cairá em ruína”. – Sun Tzu.

  2. O mundo tá pra lá de estranho, mas seria muito bom que tudo se resumisse as questões comerciais sem guerras neocoloniais, tomo esta reportagem do titanio como exemplo.

  3. É bom que os vermelhuscos de plantão leiam bem a noticia…
    O comunismo ACABOU…
    O único país que ainda tem esses dinossautos “progresssistas” é o Brasil…
    Para aqueles que acham que tem que ser tudo estatal, pra segurança nacional, está aí em cima…
    Quarenta por cento do titânio usado pela Boeing é vendido pelos russos….
    Ainda há tempo dos vermelhistas e americanistas militantes se reciclarem..
    Nao dá pra conviver mais com dinossauros de uma época que já passou…

  4. De novo frases dirigidas a outros de forma chocosa, com sentido de denegrir o outro, com sentido ideológico partidário, Srs. existem sites especializados de vários partidos – a gosto do fregues na internet, existem sites que pregam esclusivamente a ideológia especifica e somente daquilo que os senhores gostam – da potencia Azul ou da potencia Vermelha ou da potencia Amarela.
    SDS.

  5. Harry, estamos em um site de GEOESTRATEGIA… sem mais delongas… a proposito, vc esta querendo dizer “forma jocosa”, correto?… saudações…

  6. Bom, difícil de comentar, porque eu nunca tinha visto alguém comer o próprio rabo; mas eu acho que não, deve ser cobra comendo cobra. rsrsrs.

  7. E ja começaram as babaquices entre vermelhinhos e azulzinhos né e quando deixarão de habitarem um mundo bicolor miope de visão canina e passaram a ver as coisas claramente?Não confundam iniciativas comerciais com afinidades e posicionamentos politicos.Cresçam INTELECTUALMENTE.

  8. Estou pouco me lixando para potencias vermelhas, azuis ou amarelas…
    Eu quero saber da potencia verde e amarela que nao decola por causa de ideologia sim…
    Enquanto americanos e russos que foram ferrenhos inimigos no tempo da guerra fria, se associam até mesmo para produzir armamentos, aqui saudosistas nao compram bons equipamentos russos como o SU-35 ou o Ka52, por que um dia foram comunistas ou por outro lado, nao compram dos americanos por que são “imperialistas”, como se os outros nao o fossem…
    Temos de comprar de quem vende o melhor e que atenda as nossas necessidades, como faz a India…

  9. HARRY existem sites tambem onde apenas se tem materias e pessoas com os mesmos gostos ou seja clubinhos de confrades.Tem ate muitos que esses frequentam e que as vezes dão as caras por aqui e logo criticam a diversidade aqui encontrada.Bem para entendermos estas coisas devemos entender qual seja realmente a intenção do espaço.A de aficcionados reverenciando identicos gostos ou simplesmente a informação direcionada aos simples.Bem neste aspecto este espaço aqui sai na frente pois o mesmo não é frequentado unicamente pela dezena de postantes que assiduamente aqui estão para postarem suas abobrinhas,quibos,gilós,mas por uma infinidade de pessoas que aqui visitam todos os dias somente para lerem as materias e os comentarios.Esta grande maioria muitas vezes jamais postou um comentario ou se fez presente.Embora eu não seja o dono deste espaço e nem um de seus mantenedores apenas me aturam ate quando não sei rsrs tenho a certesa que os mesmo tem a intenção de justamente com esta disponibilidade atingirem essa multidão de milares e milhões de pesoas ate fora de nosso pais que não encontarm esses assuntos disponibilizado nos meios comuns.

  10. Blue, sobre a correção ortográfica: consideração aceita.

    Quanto ao outro assunto.
    Reforço um pedido no qual me incluo: atenhamos ao artigo. A adversidade de opiniões enriquece o debate e são bem vindas em nosso espaço.
    Saudações

  11. Quando não são vermelhuscos e azulinos, são faristeus e cruzados, sei lá o quê mais. Estou tentando abstrair essas coisas, isso mesmo, COISAS.
    O ponto é o seguinte: votei na Dilma, mas aqui gostaria de não ter que ficar defendendo-a e nem acusando ninguém. Por exemplo: se a Dilma não comprar os caças, ponto negativo para ela, se um demo-tucano comprar, ponto positivo para ele. Me preocupo com a defesa do meu país. Quero caças, submarinos, mísseis, até porque não saberia rezar para pedir ajuda a papai do céu.

  12. Eu quero comprar o melhor e o + barato p mim, logo p o mei BRASIL…compro até do vermelhuço MOR O Trambulhão, a Estela da Alva, O Querubim Sagrado ,o Dibuko grande Samael …P Ontem.

  13. Pela primeira vez eu vejo os americanos respeitarem os russos, e o início da união desses dois povos.
    Só tem um ponto negativo: Os dois juntos poderão querer dominar o mundo.

  14. O Brasil só vai ter soberania, se fabricar armas nucleares. Como não queremos, vamos voltar a ser vassalos dos países que possuem armas nucleares.

  15. “Embora eu não seja o dono deste espaço e nem um de seus mantenedores apenas me aturam ate quando não sei rsrs”… não estique muito a corda, caro colega… rsrsrsr… Jabá, gostei da sinceridade… não concordo, mas respeito… antes um comuna ateu sincero que um burgues falacioso… rsrsrsr… Carlos Argus, “Eu quero comprar o melhor e o + barato”… essa concepção fere os principios capitalistas de negocios… o melhor sempre custara mais… certo “brimo”…rsrsrs… Dandolo, novamente, armas nucleares, na estrategia usada pelo Brasil, soft power, não seria de grande valia… até porque, mudaria toda nossa concepção estrategica de geopolitica… não considero condição “sine qua non” para nossa defesa… saudações…

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