Defesa & Geopolítica

Belo Monte, desfigurada, será usina ineficiente

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Por Sérgio Barreto Motta

O Brasil é um dos raros países no mundo que pode se orgulhar de ter mais de 85% de sua energia provida por fontes renováveis – basicamente a água, como ocorre no Canadá. Na Europa – onde ficam as sedes de ONGs como Greenpeace e WWF – e também nos Estados Unidos e China, as fontes básicas são os sujos, poluentes e caros petróleo e carvão. Mas, no Brasil, não se tem tradição de encarar os problemas de frente. O Brasil gosta do “jeitinho”. Foi assim que, após protestos de diretores de cinema e cantores de rock – além das ONGs e do Ministério Público – o governo manteve a construção de Belo Monte, mas reduziu sua capacidade a um terço do projetado: apenas 4 mil megawatts de energia firme, a metade da energia segura de Itaipu.

Em épocas de seca, a vazão do Rio Xingu é bastante reduzida e, com reservatório de água inferior ao idealizado, a energia garantida será limitada. Com isso, possivelmente o Brasil terá de acionar usinas a carvão, gás e petróleo, ou ainda nucleares, todas – por contraditório que possa parecer – também criticadas pelas ONGs e pelos promotores de justiça. Belo Monte será uma usina “a fio d”água”, ou seja, para não inundar certas áreas, teve sua capacidade reduzida. Apesar disso, alguns especialistas salientam que as áreas inundadas poderiam até servir à ecologia, com proteção a espécies marinhas e ao contribuir para a pureza do ar.

Se produzirá menos energia, no entanto, o custo não será baixo: R$ 30 bilhões. Assim, em vez de encarar o problema de frente, o governo procurou uma conciliação que não agrada a ambientalistas nem atende aos princípios básicos exigidos pelos engenheiros da área de energia. A inauguração da obra está prevista para 2015. O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) de Belo Monte diz que quando a hidrelétrica estiver cheia “vai ser possível guardar água nos reservatórios das usinas em outras regiões do país. Com os reservatórios cheios, essas usinas vão gerar mais energia quando Belo Monte estiver gerando pouca energia (na seca)”.

Parece uma explicação simplória para justificar uma usina sem tanque de água compatível com seu potencial máximo. Há críticas de todo lado. O Ministério Público do Pará, com apoio do movimento Xingu Vivo Para Sempre, entrou com 12 ações contra o projeto. Na Organização dos Estados Americanos, quase que Belo Monte causa um enorme dissabor ao Brasil. Afirmam os ecologistas que o impacto ambiental, mesmo com o reservatório menor, será muito grande.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, revela que o Brasil só usou 1/3 de sua capacidade de geração hídrica, mas admite que dificilmente se conseguirá explorar mais de 60% do potencial restante, devido a pressões de entidades ambientais. Com menos energia da água, as opções são petróleo, gás, carvão e nuclear. Ventos e sol são politicamente corretos, mas, por enquanto, ainda são enquadrados como fontes alternativas e eventuais.

Fonte: Monitor Mercantil

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