Precisa-se de engenheiros espaciais

E também de especialistas e técnicos em diversas áreas das atividades espaciais.O Programa Espacial Brasileiro – como parte essencial de sua anunciada reestruturação e da nova etapa de dinamismo e eficiência propostas pela Agência Espacial Brasileira (AEB) – terá necessariamente que mobilizar um quadro bem maior de recursos humanos qualificados.

Atender com rapidez e competência à demanda por gente bem preparada é crucial para nós. Menos de três mil profissionais trabalham nas instituições e empresas que integram hoje o Programa Espacial Brasileiro. Impossível ir muito longe com tão poucos especialistas. A sobrecarga de trabalho já é um problema. Só para comparar, em 2009, toda a Europa tinha 31 mil profissionais do espaço, a NASA, 15.800, e o Japão, 6.300.

Pior ainda, o bravo contingente vem diminuindo incessantemente, nos últimos 20 anos. Agora ele precisa voltar a crescer para dar conta das mudanças imperiosas que precisam ser concretizadas com toda a pressa. Para tanto, há também que ampliar, e muito, a colaboração espacial entre nossas universidades, bem como entre as universidades brasileiras e de outros países.

Estudos da AEB, ainda não divulgados, dizem que o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Ministério da Defesa, precisaria contratar de imediato – pelo menos – 600 especialistas, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 400, e a própria AEB, 40.

O Presidente da AEB, Marco Antônio Raupp, já negocia com o Presidente do CNPq, Glaucius Oliva, a destinação de, pelo menos, 300 bolsas de graduação e pós-graduação – vindas do programa Ciência sem Fronteiras – para um grande esforço de formação de engenheiros e técnicos indispensáveis à nova fase de avanço e expansão do Programa Espacial Brasileiro.

A Presidente Dilma Rousseff  reiterou que o Programa Ciência sem Fronteiras movimentará 75 mil bolsas do governo federal e, muito provavelmente, outras 25 mil custeadas pelo setor empresarial. Sabe-se que acelerar o desenvolvimento da competência do país na área espacial, em vista de sua relevância estratégica e de seu impacto econômico, está entre as maiores prioridades do Governo. Jovens brasileiros serão enviados para se prepararem em 30 Universidades e Centros de Pesquisa Científica e Tecnológica de reconhecida excelência em vários países. Por outro lado, especialistas que estão sendo dispensados pela NASA, em virtude do fim de Programa como o dos Ônibus Espaciais e outros também seriam muito bem-vindos no Brasil.

Rússia e Ucrânia já se oferecem para receber nossos estudantes nos campos da engenharia espacial e de outras especializações que atendem diretamente às nossas necessidades.

A empresa ucraniana Youzhnoye, sediada no grande centro industrial de Dnepropetrovsk, está abrindo suas portas para formar brasileiros na tecnologia estratégica de propulsão líquida. Para tratar desse e de outros assuntos de interesse mútuo, o dublé de Projetista Chefe e Diretor Geral da Youznoye, Alexander Degtyarev, deve vir ao Brasil em setembro próximo.

No Brasil, em 2009, as Universidades federais do ABC (UFABC, em SP) e de Minas Gerais (UFMG) criaram cursos de Engenharia Aeroespacial. A Universidade de Brasília (UnB), em boa hora, desenvolve programa semelhante.

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por sua vez, está sendo instada a seguir o mesmo rumo, dada sua proximidade do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), inclusive instalando um campus avançado no próprio CLA. Outras universidades do Nordeste e do Norte, federais, estaduais ou privadas, poderiam assumir um projeto similar, a fim de se pôr em dia com as ciências e tecnologias espaciais, hoje fundamentais. Quem sabe através da criação de um consórcio?

Esse esforço se deve a que, “sendo a formação em nível de pós-graduação insuficiente para gerar a massa crítica requerida de profissionais, torna-se necessário investir em estratégias que privilegiem a formação em nível de graduação (tecnólogos e engenheiros) e que, em complemento, estimulem a retenção de talentos nas atividades previstas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE)”, como bem observou o Brigadeiro Maurício Pazini Brandão, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Em 2010, outro curso de Engenharia Aeroespacial nasceu no ITA, por iniciativa da AEB, INPE e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA). O curso do ITA formará especialistas em navegação e guiamento, propulsão e aerodinâmica, e eletrônica para aplicações espaciais. E em 2012, terá sua primeira turma de dez graduandos. Esse número poderá ser duplicado em breve.

Gilberto Câmara, diretor do Inpe, notou que “o esforço de formar recursos humanos e produzir pesquisas de qualidade não é suficiente para, por si só, gerar riqueza”, pois é preciso “transformar o conhecimento em benefícios sociais e econômicos de forma sistemática e eficiente”.

Certo, formar recursos humanos não é suficiente, mas é imprescindível. Vale o que frisa o Brigadeiro Reginaldo dos Santos, reitor do ITA: “Recursos humanos bem formados, a existência de laboratórios atualizados e um programa espacial coerente com a participação plena do setor empresarial são os principais ingredientes para que o Brasil chegue, no início da próxima década [2020], a uma situação semelhante à de países emergentes, como Índia, Coreia do Sul e China”.

Tudo isso se insere hoje num quadro em que já não resta a menor dúvida sobre a importância estratégica das atividades espaciais e sobre a necessidade de subordiná-las diretamente à Presidência da República. No dizer de Samuel Pinheiro Guimarães, é a “retomada do Programa Espacial Brasileiro em bases mais estáveis, com visão de longo prazo e dotação orçamentária compatível com sua prioridade”.¹¹ É o novo tempo do “Brasil Espacial Urgente”, conforme salientou Raupp na audiência pública sobre o Programa Espacial Brasileiro, promovida pela Câmara dos Deputados, em 14 de junho de 20011.

Fonte: AEB

13 Comentários

  1. É agora.
    Inimigo em nocaute parcial, vamos encontrar espaço vazio
    e aproveitar a pequena chance com inteligencia e sabedoria
    nada de arrogancia para não levar um cruzado e cair de vez. farofa na festa de pobre não pode faltar, com tanto que não exista vento soprando ao contrario, tudo vai dar certo; Acredito no novo DIRETOR!

  2. Precisa além do engenheiros, uma política de longo prazo para este setor, que contemple salários, benefícios, investimentos em equipamentos, instalações, e integração com a área privada. Além de uma reformulação da política de desenvolvimento de produtos.

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    Somente trazer os técnicos da NASA desempregados não basta, eles não vão entregar todo o ouro pois exitem obviamente clausulas de reserva no contrato deles em caso de demissão… mandar os meninos para o exterior é uma boa, se tivermos uns 3-4mil destas 75 mil vagas ai pra Tecnologia Aero-Espacial já é um enorme passo avante!
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    Sem duvida Ucrânia e Russia são o canal mesmo para os foguetes e sobrevivência humana no espaço, mas e para as outras tecnologias, pra onde mandar a garotada??
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  4. CONCORDO COM O FRANCOORP ;SOMENTE TRAZER TECNICOS E CIÊNTISTAS AMERICANOS PARA O BRASIL NÃO É A SALVAÇÃO DA LAVOURA PARA NOSSO PROGRAMA ESPACIAL.ALGUEN ACREDITA QUE NAO EXISTEN CLAUSULAS DE BARREIRA NO REPASSE DE CERTAS TECNOLOGIAS POR PARTE DELES AOS NOSSOS CIÊNTISTAS??? SERIA DE UMA INGENUIDADE TREMENDA ACREDITAR QUE NÃO.O QUE TEM QUE SER FEITO É AQUILO QUE DEVERIA SER FEITO A MUITO TEMPO:POLITICA DE LONGO PRAZO COM FORMAÇAO DE NOVOS PROFISSIONAIS;PARCERIAS ESTRATEGICAS COM PARCEIROS COMPROMETIDOS A TRANSFERIR TECNOLOGIA MEDIANTE ACORDOS,OU SERA PESSOAL QUE NAO TEMOS NADA A OFERECER PRA NINGUEN EM TERMOS DE RIQUEZAS POTENCIAIS OU TECNOLOGIA NACIONAL?,E PRINCIPALMENTE O FIM DOS CONTINGENCIAMENTOS DE VERBAS E SUBSIDIOS PARA O PROGRAMA ESPACIAL.TEMOS RESERVAS CAMBIAIS GIGANTESCAS E UMA ARRECADAÇÃO TRIBUTARIA DE FAZER INVEJA A MUITOS PAISES DO MUNDO,MAS MENOS DE 0,5% DO PIB É INVESTIDO NO PROGRAMA ESPACIAL,ENQUANTO A BANCA PRIVADA DO MERCADO FINANCEIRO SE ENRIQUECE COM BILHOES EM JUROS E VANTAGENS OFERECIDAS PELO GOVERNO.ADMIRO MUITO O MARCO ANTONIO RAUPP E A SUA COMPETÊNCIA COMO FISICO,DAR PRA VER QUE ELE ESTA NO LUGAR CERTO,CONTUDO TÊM QUE APROVEITAR O MOMENTO CERTO PARA DAR UMA GUINADA NO PROGRAMA ESPACIAL DO BRASILEIRO,E O MOMENTO CERTO É ESSE.SE OS ATORES ENVOLVIDOS CONSEGUIREN ESSE FEITO CONSEGUIREMOS PRODUZIR UMA TECNOLOGIA GENUINAMENTE BRASILEIRA E COMPATIVEL COM AS GRANDES NAÇÔES.COMO DISSE NEW ARMISTRONG EM 1969 QUANDO POUSOU NA LUA: ” É UM PEQUENO PASSO PARA O HOMEN,MAS UM GRANDE PASSO PARA A HUMANIDADE”,QUE SEJA UM PEQUENO PASSO PARA O BRASIL AGORA,MAS UM GRANDE PASSO PARA O PAÍS NO FUTURO!!! ABRAÇO A TODOS!!!!!!!!!!!!!!

  5. eu era p estar nessa área :Engenharia Eletrônica voltado p o espaço…esse lerdas q ñ investem em n educação em td os níveis ; por isso estamos nessa situação em q nos encontramos..se acham os tais e colocam-se e a nós todos sem cérebros p nos levar adiante , p crescer-mos economicamente e miltarmente. Sds.

  6. Depois de tantos anos, parece que o governo acordou e vão copiar o que a china fez! Como já citei aqui a estratégia dos chinas, espalhados pelas melhores universidades do mundo. Já é um começo.

  7. sinceramente, posso estar enganado, mas a unica coisa q nao gostei foi da citação da ucrania. acho q ja perdemos tempo de mais com nossos amigos ucranianos. o canal realmente é a russia. sem duvida alguma. abraços.

  8. juliocedro disse:
    26/07/2011 às 17:58
    Esses caras têm que contratar o Dandolo…

    Sim, e eu trabalho de graça. Só teria que indenizar a moradia e custas passagem e estadia.

    Só faço uma exigência: Eu sou o chefe dos meus projetos. Carta branca. Não dá para receber ordens de quem não sabe nada.

  9. Eu acredito nessa presidenta. Agora o carro anda, quer dizer, o foguete decola. Alô alô Mestre Dandolo! Chegou a sua vez!

  10. Quer ter + engenheiros ? Faculdade de graça p todos em td e em tdf os segmentos.Vamos cópiar modelos exitosos como da C do sul e de singapura…e tudo isso p ontem, ou ficaremos patinando na midiocridade de sempre. sds,

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