De pacto em pacto

http://3.bp.blogspot.com/_U4PF0v8Bi90/TImzEmfR1wI/AAAAAAAAGRE/lyCBjbTZWgE/s320/FlorestaAmazonica1-300x223.jpgO crime se infiltra na Amazônia, mesmo nas instituições criadas pra combatê-lo. Os elos se misturam e fortalecem a corrente que abate diariamente a floresta. A cada reportagem, um flagrante; a cada estudo, uma nova prova do velho problema: a mistura do legal com o ilegal na cadeia produtiva vai lavando os crimes. O Brasil avança no combate, mas é mais lento que o crime.

O Observatório Social divulgou esta semana outro estudo que começou num local emblemático: Nova Ipixuna, Pará. Lá, desembarcaram em março dois repórteres, Marques Casara e Sergio Vignes. Lá, em maio, foram assassinados dois ambientalistas, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo. Os jornalistas investigavam o crime de uso de carvão vegetal ilegal na cadeia produtiva do aço, encontraram fornos ilegais e constataram, pelo cruzamento de dados, que as siderúrgicas do Pólo de Carajás estão usando carvão ilegal. José Cláudio e Maria denunciavam o desmatamento ilegal e foram mortos depois de avisarem que estavam marcados para morrer.

O país avança; aos poucos. O progresso usa a estratégia de construir redes de constrangimento e pressão sobre os criminosos. Mas os elos da cadeia do crime têm sido persistentes e há momentos em que se pensa que eles vencerão no final.

No documento do Observatório Social, como em outros que já foram divulgados com o mesmo objetivo, há motivos para desânimo e alívio. A boa notícia é que outras investigações que mostravam a conexão entre grandes empresas e os crimes trabalhistas e ambientais acabaram provocando pactos que permitiram avanços no combate ao trabalho escravo e degradante e ao desmatamento ilegal. Foi com movimentos assim que empresários, ONGs, governos, OIT, Ministério Público assinaram o pacto contra o trabalho escravo em 2004. Ele diminuiu o número de casos; mas não acabou com o absurdo. Houve denúncia contra a soja brasileira; compradores internacionais pressionaram, foi assinada a moratória da soja. Através dela as grandes empresas do setor se comprometeram a não comprar soja de área de desmatamento recente. Houve denúncias de que os grandes frigoríficos compram rebanhos que pastam em áreas desmatadas ilegalmente. Os supermercados foram cobrados pelos consumidores. Alguns aderiram ao compromisso contra a carne de desmatamento; outros, não. O Ministério Público iniciou então a campanha da Carne Legal. Impactantes anúncios mostravam a ligação entre o prato do consumidor e a prática ilegal. Tudo isso vai empurrando o país para a legalidade, apesar de todas as forças que se unem para manter o atraso.

Há casos revoltantes de políticos impunes ou cúmplices; de atrasos inaceitáveis em julgamentos; de perseguição a funcionários do Ministério do Trabalho ou do Ibama que apenas querem que a lei seja cumprida; de denúncias do Ministério Público não levadas em conta; de empresas que fazem vista grossa porque assim reduzem o preço dos seus insumos. De vez em quando o Brasil avança.

Um desses passos à frente foi dado quando houve a primeira denúncia contra trabalho escravo e desmatamento ilegal na indústria siderúrgica brasileira. O centro do problema era em Carajás. Ainda é. Foi criado depois da denúncia sobre os “Escravos do Aço” o Instituto Carvão Cidadão. O objetivo do ICC é exigir que todas as siderúrgicas de Carajás se comprometam a não comprar carvão ilegal, e a verificar se seus fornecedores respeitam as leis trabalhistas, garantem equipamentos de proteção aos operários e usam madeira de extração legal. Houve avanços.

O Observatório Social voltou lá em março e constatou que o crime continua. Marques Casara me disse no programa Espaço Aberto, da Globonews, que algumas das siderúrgicas locais não cumprem o que elas mesmas prometeram e lavam o crime na sua produção. Como? Misturando carvão legal, cascas de babaçu e carvão produzido em fornos ilegais. Tudo misturado faz a liga do ferrogusa que depois é exportado: 90% dos produtos de siderúrgicas como a Sidepar e Cosipar são comprados por grandes consumidoras e traders de aço como a ThyssenKrupp, NMT e Nucor Corporation. Empresas que fornecem para as grandes montadoras de automóveis americanas.

A diretora de sustentabilidade do Instituto Aço Brasil, Cristina Yuan, me disse que as produtoras de ferro-gusa do Pólo de Carajás não fazem parte da associação, que reúne apenas as grandes indústrias siderúrgicas do país. Ela garante que todo o carvão usado pelas empresas do Instituto Aço Brasil vem de florestas plantadas ou de manejo. E de fato não são elas as acusadas neste estudo. Para se separar das empresas desse grupo é que o antigo Instituto Brasileiro de Siderurgia trocou o nome para Instituto Aço Brasil.

Segundo Casara, a Vale foi procurada antes da divulgação do estudo. Ela é a única fornecedora de minério de ferro para as guseiras do Pará. A empresa disse que vai investigar a denúncia. Em outros momentos a Vale assinou pactos e assumiu compromissos de só fornecer a guseiras que não usam carvão ilegal. Tomara que a Vale investigue logo. Pelos dados do relatório, como se viu na imprensa, se forem cruzados os montantes de ferro-gusa produzido com o total de carvão legal registrado fica claro que grande parte do carvão é ilegal. Só em Nova Ipixuna os dois repórteres encontraram 500 fornos ilegais.

Toda vez que uma investigação ilumina a cadeia produtiva lá encontra os elos da cadeia do crime trabalhista e ambiental. A cada empurrão o Brasil avança um pouco. Essa é a esperança.

Fonte: O Globo

9 Comentários

  1. Admito que não li toda a matéria, fiqueis sem paciência… ou de saco-cheio, sei-lá!!!
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    Cada dia que passa penso que a unica solução é botar fogo em tudo e pronto… acaba o problema…

  2. Rafael vc está até certo, assim acaba essa invasão silênciosa, danosa,e de quebra acaba a ambições de gregos e tropianos pela mesma..Até pq n GF e incapaz de manter domínio de fato da mesma, se ñ fossem os miseraveis do meus irmãos ribeirinhos, famintos e comedores de peixes, doentes…seria terra de ninguém, 30mil soldados mal alimentados, mal armados, c equipamentos velhos , caças de útima geração c + de 30 anos, poucoa navios de patrulha fluvial…sei ñ, parecem q convidam o país ao abismo,iangleses am apíay ,a 100km de Mato Grosso, e a IV frota em n mares……O ex-Gen, Heleno está mt certo…sds.

  3. Trabalho escravo é uma indignidade, tem que ser combatido sem tréguas.
    Agora , se ao menos fossem, realmente, os “Escravos do Aço”, estaríamos exportando matéria prima com algum valor agregado.
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    Más sequer são escravos do aço, são “escravos do ferro gusa”, que depois de consumir nossas reservas de minério de ferro, florestas e o trabalho escravo de brasileiros é vendido por baixo valor para o exterior.
    Para depois do ferro gusa ser processado lá fora, retornar ao Brasil com alto valor agregado, na forma de maquinários, veículos, navios, chapas de aço especiais, etc…
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    Precisamos superar, ou ao menos diminuir drasticamente, o secular extrativismo da economia brasileira.

  4. Precisamos nos assenhorar da Amazônia, dominar a floresta e torna-la produtiva ao mesmo tempo, este é o desafio!
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    Integrar a floresta amazônica ao Brasil!! E não acabar burramente com ela, que é um patrimônio inestimável da nação brasileira…

  5. Pacto de que ? De paz, de guerra, de aliança para guerra, de retirada estratégica, de mudança de tática, de mudança de inimigo, eu já falei isso.
    Quem tem muito à provar são as ” potências ” armadas , o Brasil prova dia após dia que quer paz e prosperidade, auxência de fome e miséria, a Dilma anunciou em Ribeiro Preto SP que vai investir mais de 100 bilhões na agricultura, a petrobrás está investindo em energia, tudo isso é causa de estabilização mundial e não de tribulação.
    Estabamos trabalhando para estabilizar e não o contrário.
    Chefes de potências chegam no Brasil e no primeiro dia parecem ovelhas e santinhos com um discurso elogiador, no segundo dia, eu disse no segundo dia, a verdade de seus corações vem a tona e dizem sonhar com o SECULO 19.
    Por isso que eu digo que eles tem que provar , nós não.
    Aliás em vez de investirem em máquinas de guerra que não tá adiantando muito, investe em máquina do tempo e boa viagem.
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    http://www.youtube.com/watch?v=yP2TEdOAldQ&NR=1

  6. Concordo com os 2,esta peleja nao tem fim,quem acusa o brasil de desmatar ,acaba sendo o maior comprador da smaneiras fora da lei,que se criem parques nacionais e que metao fogo no resto e aguardemos pra ver como e´que o clima vai se comportar,se faltar chuvas no sudeste e centro oeste,fodas fodas,comprem agua mineral dos chineses!

  7. Falando em Amazônia, tem alguém de Parintins por aqui?
    Estou vendo na Band, está se apresentando o Boi Garantido, com o tema “Miscigenação”…

  8. Alás Paritinse seu festival é melhor q alguns carnavais de certas cidades,quem nos acusa de desmatar , são os mesmso q compram a madeiras destes crimes e mt outras coisas ilegais…são cínicos.E WI, só teremos gente por lá e sem desmatar se as mesmas ganharem p o seu sustento, em caso contrario serão usados p td os fins ilegais por questão de pura sobrevivência, homens o narcotrafico,garotas a prostituição…disto eu entendo, sou um sobrevivente. sds.

  9. E ainda tem quem pregue que a Amazonia deveria ser populacionada para assim melhor marca nossa presença rsrs rsrs seria como boatar o ganfanhoto na caixa de alface.A Amazonia deveria ser condicionada a não se ter mais expansão populacional e somente la permanecendo nativos e ribeirinhos.Um gigantesco investimento em defesa e segurança com infraestrutura,tecnologia e um contigente de 150 mil homens das Forças Armadas e grande efetivo da Policia Federal e demais orgãos Federais de suporte.So se combate a devastação,o crime e as infiltraçãoes extrangeiras com superioridade de armamentos,tecnologias e sistematico patrulhament.Esse é o preço que o Brasil tem de pagar por seu gigantismo e seu potencial a extrair e a preservar.Não existe defesa e nem segurança barata,se ela existe é ineficiente.

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