O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira que o setor privado poderia “facilitar” a troca de urânio entre o Irã e um terceiro país, fazendo avançar um acordo proposto a Teerã no ano passado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo o chanceler, um dos desafios para se chegar a um acordo é resolver o problema da “falta de confiança” entre o Irã e alguns países.
“Isso você faz até numa transação privada. Acho que não é uma coisa impossível se houver vontade política”, disse o ministro, logo após encontro com o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, no Rio de Janeiro.
O diretor-geral da agência disse que a proposta apresentada ao Irã em outubro do ano passado “ainda está sobre a mesa”.
Nova gestão
Em fevereiro, a agência divulgou um relatório, o primeiro assinado por Amano desde que assumiu o posto, em dezembro, sugerindo de forma mais enfática que o Irã poderia estar desenvolvendo armas nucleares.
Muitos analistas viram o relatório como um “apoio” à proposta dos Estados Unidos de aplicar uma nova rodada de sanções comerciais ao Irã.
Amano rebateu essa interpretação, afirmando que “não disse que o Irã tinha ou tem um programa de armas nucleares”.
“Eu estava analisando informações concretas e sobre as quais tivemos consenso”, acrescentou o chefe da AIEA, referindo-se aos membros do conselho diretor da agência.
Ainda de acordo com Amano, o objetivo da agência é “conversar com o Irã para esclarecer a questão”.
“Esse é o ponto. Mas infelizmente não conseguimos fazer isso desde 2008”, disse.
Amano disse ainda que existe um convite “em aberto” para que ele visite o Irã, mas que o diretor da AIEA disse que fará essa viagem “no momento apropriado”.
“Não posso ir até lá apenas para dizer oi. É preciso alguma coisa para ser discutida”, disse.
Protocolo adicional
Amano aproveitou ainda a visita de dois dias ao Rio de Janeiro e o encontro com Amorim para defender o protocolo adicional ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que permite inspeções ainda mais detalhadas de programas nucleares dos países signatários.
“Expressei minha visão de que o protocolo adicional permitirá fortalecer a capacidade de verificação da agência. Quanto mais países aderirem, melhor”, disse o diretor-geral da agência. Segundo ele, 95 países já fazem parte desse grupo.
O governo brasileiro não aderiu ao protocolo adicional, com o argumento de que o país já se submete a mecanismos de inspeção “diversos”, entre eles um regional, no âmbito da Agência Brasil Argentina de Contabilidade e Controle (Abacc).
O assunto deverá ser discutido em maio, durante a conferência de revisão do tratado, em Nova York.
“Meu objetivo é entender melhor a posição desses países (que não aderiram ao protocolo adicional) e gostaria também que eles entendessem a minha”, disse Amano.
Protocolo adicional? Nem a pau Juvenal! até rima…
Prefiro o termo, ‘protocolo de segurança’ =P
Nessas horas bom humor sempre é legal. Valeu!