Separatistas impõem novas condições para libertar inspetores da OSCE

Vyacheslav Ponomaryov, líder dos pró-russos em Slaviansk

Negociações dependem do fim das sanções da UE, declara Vyacheslav Ponomaryov, “prefeito” do bastião pró-russo Slaviansk, no leste da Ucrânia. Otan coloca em dúvida alegações de ministro russo sobre retirada de tropas.

O líder separatista ucraniano Vyacheslav Ponomaryov rejeita negociações sobre a libertação dos sete inspetores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), enquanto vigorarem as sanções da União Europeia contra personalidades públicas russas e ucranianas.

Falando a órgãos internacionais de imprensa nesta terça-feira (29/04), o autoproclamado prefeito da cidade rebelde de Slaviansk, no leste da Ucrânia, declarou “adiadas” as negociações.

“Só retomaremos o diálogo quando a UE retirar essas medidas coercivas”, sublinhou. Ponomaryov se referiu aos observadores militares primeiramente como “prisioneiros”, classificando-os depois como “hóspedes”, para os quais foram criadas “as melhores condições”.

O secretário-geral da OSCE, Lamberto Zannier, chegou à capital ucraniana, Kiev, para conversações sobre o destino dos reféns. Está previsto seu encontro com o ministro do Exterior da Ucrânia, Andriy Deshchytsia. Segundo o vice-ministro Daniel Lubkivsky, o governo da ex-república soviética tem um “plano concreto” para a libertação dos inspetores.

Desde a última sexta-feira se encontram em poder da milícia separatista de Slaviansk quatro observadores alemães e três de Dinamarca, Polônia e República Tcheca, respectivamente, assim como diversos soldados ucranianos. Outro inspetor sueco da OSCE foi libertado pelos ativistas pró-russos no domingo, por motivos de saúde. O governo alemão também vem se empenhando pela libertação dos funcionários.

Avanço de ativistas pró-russos em Lugansk

Incerteza sobre presença russa na fronteira

Na Ucrânia Oriental, as milícias separatistas prosseguem seu avanço. Na cidade de Lugansk, capital da região homônima, em seguida à ocupação da sede da administração regional por 3 mil homens, cerca de cem insurgentes, 50 dos quais fortemente armados e com uniformes militares, invadiram a central de polícia.

Os agentes de segurança reagiram com gás lacrimogêneo e granadas não letais. Fontes de Kiev informaram que os pró-russos pretendiam também assumir o controle da emissora de TV local. Segundo a imprensa ucraniana, foi também tomada a prefeitura da cidade vizinha Pervomaysk.

O presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turtchinov, condenou a atuação dos policiais, tachando-os de “traidores”, incapazes de “cumprir seu dever e defender os cidadãos”. Em seguida, exortou os “patriotas ucranianos” das regiões de Donetsk e Lugansk a se apresentarem à polícia como voluntários.

Na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, permanece incerto se os soldados russos destacados em meados de abril para a área se retiraram de fato, como afirmou o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, na noite de segunda-feira.

Em conversa telefônica com seu homólogo americano, Chuck Hagel, ele disse ter sido dada ordem para os militares retornarem às casernas. De acordo com fontes ucranianas, na última semana as tropas russas chegaram a até um quilômetro da fronteira comum, durante manobras.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou não ter informações sobre um recuo dos soldados, e voltou a instar o Kremlin a “retirar todas as tropas ao longo da fronteira ucraniana”, como prevê o acordo de Genebra. Segundo a Otan, a Rússia já chegou a manter um total de até 40 mil homens na área fronteiriça, desde o início da crise na Ucrânia.

AV/dpa/rtr/afp

Fonte: DW.DE

4 Comentários

  1. Vyacheslav Ponomaryov é “o autoproclamado prefeito da cidade rebelde de Slaviansk”, como se tivesse usurpado um cargo público.

    Olexandr Turtchinov é “presidente interino da Ucrânia”, como se fosse escolhido legitimamente para um cargo público temporariamente.

    Essa imprensa internacional é qualquer coisa mesmo.

    E o Olex agora assume de vez a incapacidade de “seu” governo intervir no leste do país, incitando os “ ‘patriotas ucranianos’ das regiões de Donetsk e Lugansk a se apresentarem à polícia como voluntários”.

    Se ele não resolve, então que os civis do local que se matem.

    Isso é que é liderança.

    • A Russia passou a ser culpada por ter a Ucrania grande parte de cidadãos de origem russa, e que sendo vizinhos guardam grande respeito pela nação mãe.
      Interessante essa visão do “ocidente” altista, tão desprovida de profundidade para entender o problema que estimularam, não entenderam que a Ucrânia e meio Russia. E, avaliando o tabuleiro, como não tem ingenuo neste jogo, talvez o interesse seja mesmo o de dividir ao País para aumentar a pressão sobre a Russia instalando no lado pro ocidente uma linha de misseis que possam neutralizar ou engessar os esforços Russos de retaliação se forem atacados num futuro por eles previsivel.

      • Olá Julio Brasileiro

        O negócio é que as coisas não se limitam a Ucrãnia ser “meio” russa.

        Saindo da Lituãnia, passando por parte da Polônia, cruzando Ucrânia, Romênia e a região das antigas Iugoslávia e Tchecoeslovákia, as populações possuem identidades que vão além do conceito de Estado-Nação, transcendendo as fronteiras geeográficas. E é com isso que as potências econômicas e militares jogam quando querem defender seus interesses. Os exemplos do Kosovo ilustram bem tudo isso. Dizer que Iugoslávia e Tchecoeslovákia se dissolveram por causa do fim do controle soviético é contar menos do que a metade da História.

        Abs

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