FUZILEIROS BLINDADOS

Sugestão: Jackson Almeida

Autor: Miguel Machado- Operacional

Fotos: Operacional

“Fuzileiros Blindados” da autoria de Mário Roberto Vaz Carneiro, director da revista brasileira “Segurança & Defesa“, é mais uma colaboração vinda do outro lado do Atlântico que o Operacional acolhe com orgulho. O seu trabalho fala por si e Mário Carneiro dá-nos aqui a conhecer em profundidade mais um tema do seu país, sendo interessante para Portugal a vários níveis, nomeadamente porque se aproxima a altura em que também o Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa irá voltar a usar veículos blindados.

Coluna blindada dos Fuzileiros Navais do Brasil: Kurassier, Piranha e M-113 no decurso de um exercicioColuna blindada dos Fuzileiros Navais do Brasil: Kurassier, Piranha e M-113 no decurso de um exercicio

(Nota prévia: No texto optamos por manter a ortografia original usada pelo autor)


BtlBldFuzNav: fuzileiros blindados
Mário Roberto Vaz Carneiro

O Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) foi criado em 2003, a atualmente emprega três dos quatro modelos de viaturas blindadas utilizada pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). O presente artigo descreve as várias facetas desta OM, além de mencionar também o quarto blindado do CFN, o CLAnf.
Visando a atender a constante busca do estado da arte e a atualização doutrinária, o CFN, desde os anos 70, tem adquirido modernos meios blindados. Em janeiro de 1976 chegaram ao então Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz) cinco viaturas blindadas Engesa EE-11 Urutu – na época, protótipos.
Em março do mesmo ano foram incorporadas ao acervo do CFN 30 viaturas da família M113, compondo a Companhia de Viaturas Anfíbias (CiaVtrAnf), subordinada ao BtlTrnpMtz. Em dezembro de 1977, a CiaVtrAnf passou a se denominar Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld). Em 29 de fevereiro de 1985, o BtlTrnpMtz passou a se chamar Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf).
Ainda na década de 70, o CFN realizou vários estudos buscando satisfazer as necessidades de emprego de carros de combate nas Operações Anfíbias, principalmente à tarefa de compor o conjugado Carro de Combate (CC)-Infantaria nos primeiros estágios de conquista de uma Cabeça de Praia (CP). Não obstante suas limitações em termos de trafegabilidade em certos tipos de terreno, de blindagem e de poder de fogo, concluiu-se que os CCL-SR (Carros de Combate Leves – Sobre Rodas) seriam capazes de cumprir as tarefas normalmente atribuídas aos CC.
Assim, em novembro de 1979, foi assinado um contrato com a Engesa para o fornecimento de seis veículos EE-9 Cascavel. Em 25 de maio de 1980, a Companhia de Carros de Combate (CiaCC) foi destacada para a Divisão Anfíbia, ficando subordinada ao respectivo Batalhão de Comando, sendo transferida definitivamente em 1º de outubro de 1980. Passados quase sete anos de subordinação da CiaCC ao Batalhão de Comando da Divisão Anfíbia, deu-se sua transferência para o Batalhão de Comando da Tropa de Reforço, em dezembro de 1987.
Em dezembro de 1993, como parte do processo de reestruturação da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), foi extinto o Batalhão de Comando da Tropa de Reforço, sendo criadas as seguintes Unidades: Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores (BFNIF), Companhia de Carros de Combate (CiaCC) e Companhia de Guerra Eletrônica (CiaGE), todas com sede no município de São Gonçalo (RJ) e subordinadas ao Comando da Tropa de Reforço (ComTrRef). A CiaCC foi criada com semi-autonomia administrativa e com o propósito de prover apoio de CC aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav).
Em setembro de 1995 foi alterada a subordinação da CiaCC, do ComTrRef para o Comando da Divisão Anfíbia (ComDivAnf), e sua sede transferida para a área da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
No final da década de 90, já com quase 20 anos de uso, os EE-9 Cascavel passaram a exigir manutenção mais intensa. Além disso, o avanço da doutrina de emprego de blindados não permitia ao Cascavel a execução, com eficiência, das tarefas que lhe eram atribuídas. Estava bem claro que o CFN precisava de novos meios. Um estudo sobre a possibilidade de aquisição de CC sobre lagartas foi realizado e, eventualmente, foi aberta uma concorrência para a aquisição desse tipo de viaturas.
Como não havia qualquer modelo feito no país que atendesse aos requisitos operativos identificados para o emprego deste meio em Operações Anfíbias, dentre outras tarefas normalmente atribuídas aos Fuzileiros Navais, apenas veículos estrangeiros participaram, sendo declarado vencedor o Sk105A2S Kürassier, produzido pela empresa austríaca Steyr. Os novos CC chegaram ao porto do Rio de Janeiro no primeiro semestre de 2001, sendo incorporados à então CiaCC. A 26 de março de 2003, a CiaCC e a CiaVtrBld, até então pertencentes ao Batalhão de Viaturas Anfíbias, passaram à subordinação do então criado BtlBldFuzNav. O mais recente modelo de viatura a ser incorporada ao Batalhão é a Viatura Blindada Especial Sobre Rodas (VtrBldEsp SR) 8×8 Piranha IIIC.
A criação do Batalhão teve como objetivo aprimorar a integração das guarnições dos Carros de Combate (CC) com as das Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP), possibilitando uma melhor preparação dos pelotões de Carros de Combate para atuar em conjunto com as frações de Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal.


Missão


O BtlBldFuzNav tem por missão integrar os Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) com carros de combate e viaturas blindadas, conferindo a estes maior poder de fogo, capacidade de manobra ampliada, proteção blindada, melhores condições de desenvolver a defesa anticarro e meios para realizar ações de reconhecimento e segurança. Para consecução do propósito de sua missão, cabem ao BtlBldFuzNav as seguintes tarefas:
– reforçar as ações da Infantaria com carros de combate;
– prover apoio de transporte blindado para movimentos táticos e/ou apoio logístico;
– integrar a defesa anticarro;
– suplementar os fogos das armas de apoio;
– quando reforçado por tropa de Infantaria, atuar como elemento de manobra dos GptOpFuzNav;
– constituir-se em elemento de manobra de valor unidade, particularmente para o desenvolvimento de ações que exijam as características dos blindados; e
– quando reforçado, realizar ações de reconhecimento, segurança, vigilância e de economia de forças.
Organização
Além do Estado-Maior (EM), tradicional nas Organizações Militares Operativas do Corpo de Fuzileiros Navais, o Batalhão possui: uma companhia de carros de combate (CiaCC), constituída por quatro pelotões a quatro CC Sk105A2S cada (mais um carro para o comandante); uma Companhia de Viaturas Blindadas sobre lagarta (CiaVtrBld), tendo uma seção de comando com duas VtrBld M577 (Comando), uma seção de apoio com duas VtrBld M125A1 (Morteiro) e dois pelotões a doze VtrBld M113A1 TP (Transporte de Pessoal) cada; uma Companhia de Comando e Serviço (CiaCSv), tendo uma seção de manutenção com duas viaturas blindadas Socorro e uma viatura blindada Oficina; e um Núcleo de Implantação da Companhia de Reconhecimento Blindado (NICiaRecBld) que conta com 12 VtrBldEsp SR Piranha IIIC, sendo cinco viaturas de transporte de pessoal na sede e sete unidades (seis tipo Transporte de Pessoal e uma tipo Socorro) no Haiti, em apoio às atividades do contingente de Fuzileiros Navais que integra a missão de paz da ONU naquele país. A organização do BtlBldFuzNav, que é subordinado ao Comando da Divisão Anfíbia, pode ser visualizada no Organograma nº 1.

Emprego


Os blindados do CFN são empregados de acordo com as peculiaridades das Operações Anfíbias (OpAnf). Fundamentalmente, os CC propiciam ação de choque a uma Força de Desembarque (ForDbq) e as VtrBld aumentam a mobilidade das Frações de Fuzileiros Navais, bem como sua proteção blindada. Nas OpAnf, o emprego dos blindados deve prever o seu desembarque o mais cedo possível. Assim, os blindados devem desembarcar logo após as vagas de assalto, para propiciar mobilidade e proteção, ao mesmo tempo em que conferem capacidade de Comando, Controle e Comunicações (C3) e poder de fogo ampliados, aumentando as possibilidades da conquista de uma cabeça de praia, com maior rapidez e segurança, diminuindo significativamente as perdas em pessoal e material.
O CC são primordialmente utilizados pelos FN como apoio ao combate conduzido pelas subunidades de infantaria, integrando os chamados Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, que são, normalmente, nucleados por unidade desse tipo, ampliando o poder de combate desses Grupamentos pelo emprego das potencialidades dos CC (o poder de fogo do seu armamento orgânico, a mobilidade, a proteção blindada e sua capacidade de C3). Contudo, em circunstâncias especiais, após criteriosa análise dos fatores da decisão, podem ser empregados como elementos de combate, normalmente atuando em conjunto com viaturas blindadas e elementos de infantaria. Nesses casos, os CC recebem tarefas de destruição de forças e alvos específicos, e ainda podem ser empregados para conquista de objetivos, cabendo a manutenção desses objetivos à infantaria embarcada nas VBTP.
As VtrBld podem ser empregadas no apoio ao combate ou no apoio de serviços ao combate. No apoio ao combate essas viaturas são usadas para transporte tático e para apoio ao assalto a posições inimigas, dependendo da tarefa que lhes for atribuída, contribuindo adicionalmente com a ampliação da capacidade de C3 da tropa apoiada. O apoio de serviços ao combate consiste no transporte logístico de pessoal e material, sendo fundamental na travessia de regiões batidas por fogos intensos de armas automáticas ou de tiro indireto ou passíveis de emboscadas, quando a proteção blindada é fundamental para integridade do pessoal e do material a ser transportado.
O Piranha IIIC vem sendo integrado ao Batalhão com o objetivo de desenvolver uma doutrina de emprego flexível, que propicie ao CFN meios para emprego em todo o espectro de operações, desde operações terrestres ofensivas e defensivas clássicas até o atendimento a necessidades de operações de paz, de garantia da lei e da ordem e, principalmente, no emprego em operações anfíbias. Essa flexibilidade de emprego visa, ainda, a dotar o CFN de meios adequados à realização de operações de reconhecimento, segurança, vigilância e de economia de forças com emprego de blindados.

M113 e variantes


O M113 é provavelmente o blindado mais difundido em todo o mundo. O BtlBldFuzNav conta com 24 VtrBldEsp SL M113A1 na variante de Transporte de Pessoal (VBTP), uma Viatura Socorro XM806E1, uma Viatura Oficina M113A1G, duas Viaturas Comando M577A1 e duas Viaturas Morteiro M125A1.
A variante VBTP é guarnecida por dois militares e pode transportar mais onze homens armados e equipados, sendo armada com uma metralhadora de 12,7mm. O XM806E1 e o M113A1G possuem dois homens na guarnição e transportam um mecânico. A viatura Socorro é empregada para realizar operações de salvamento de viaturas acidentadas ou impossibilitadas de manobrar, que possuam peso e características semelhantes ao de uma viatura M-113, por meio de reboque direto com cabo de aço ou barra de reboque ou com o auxílio do guincho (dotado de cabo de aço de 91,4m, capaz de sustentar até 11.340 kg). Essa versão é empregada, ainda, em apoio a reparos em campanha. Para realização desse tipo de apoio, a viatura conta com guindaste com capacidade de içar material com peso de até 1.360 kg.
O M577A1 é guarnecido por dois homens (comandante e motorista), e pode transportar cinco CN (especialistas em Comunicações Navais). A guarnição do M125A1 também é composta por comandante e motorista, e a viatura transporta um morteiro M29A1 de 81mm e os quatro militares que operam a arma.

O BtlBld dispõe de 24 M113A1 na versão transporte de pessoal, armados com metralhadora 12,2mm na torre. O BtlBld dispõe de 24 M113A1 na versão transporte de pessoal, armados com metralhadora 12,2mm na torre.

A modernização dos A1 já começou em Novembro de 2009 no Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais.A modernização dos A1 já começou em Novembro de 2009 no Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais.

Um dos dois M577A1 - viaturas de comando - do Batalhão de Blindados dos Fuzileiros NavaisUm dos dois M577A1 – viaturas de comando – do Batalhão de Blindados dos Fuzileiros Navais

O porta-morteiro 81mm, M125A1O porta-morteiro 81mm, M125A1

Além das viaturas oficina os Fuzileiros Navais do Brasil também dispõem desta versão "Viatura Socorro", o XM806E1.Além das viaturas oficina os Fuzileiros Navais do Brasil também dispõem desta versão “Viatura Socorro”, o XM806E1.

Sk105A2S


A CiaCC é equipada com CCL SL (Carro de Combate Leve Sobre Lagartas) Steyr Sk105A2S Kürassier, de procedência austríaca, adicionadas ao acervo do CFN no primeiro semestre de 2001. Na época, foram adquiridos para o Corpo de Fuzileiros Navais dezessete Sk105A2S e uma Viatura Blindada de Socorro (VtrBldSoc) ARRV 4KH7FA Greif. O Sk105A2S é primordialmente empregado no apoio ao combate, quando devem fazer uso de sua ação de choque em proveito da tropa de infantaria apoiada e atuar em coordenação com as demais armas de apoio.
Pronto para o combate o Sk105A2S pesa 17,5t, exercendo pressão de 0,68kg/cm2 sobre o solo. Dotado de um motor Steyr de seis cilindros e 320hp, é capaz de transportar 365 litros de combustível, tem autonomia de 430km em estrada, onde pode atingir velocidade máxima de 70km/h. Pode transpor fossos de 2,40m de largura, obstáculos verticais de 0,98m de altura, vaus de 1,00m e rampas de 75% de inclinação. Seu limite de operação em rampa é de 75%, e a inclinação lateral máxima é de 40%. Sua blindagem protege a guarnição contra estilhaços e tiros de até 20mm de calibre. O armamento principal é um canhão de 105mm, e transporta também, na torre, uma metralhadora de até 12,7mm. Sua guarnição é composta de três militares (comandante, atirador e motorista).
Em relação à primeira variante do Kürassier, o Sk105A2S possui transmissão automática, sistema eletrônico de direção de tiro e carregamento semi-automático do canhão. O carro do CFN pode operar e combater á noite, graças ao equipamento de visão noturna utilizado pelo motorista para navegação e ao sistema térmico de direção de tiro disponível para o atirador e o comandante. No Brasil, foi substituído o sistema de extinção de incêndio, que utilizava o gás halon, por outro que utiliza o gás FM 200, que não provoca danos à camada de ozônio. Forem introduzidas algumas modificações técnicas, das quais a principal foi uma mudança no acionamento do sistema de arrefecimento para evitar o superaquecimento.
Para o canhão, estão disponíveis seis tipos de munição:
– Granada APFSDS (Armor Piercing, Fin-Stabilized, Discarding Sabot) – com projétil perfurante de blindagem, com aleta estabilizadora e disco complementar descartável (sabot). Este projétil é formado por um núcleo de aço maciço que atua como haste de penetração; uma ponteira para prevenir o aquecimento aerodinâmico e a aleta estabilizadora já mencionada, instalada à retaguarda da haste de penetração. Essa munição deve ser utilizada contra blindagens pesadas e principalmente contra blindagens reativas.
– Granada HE (High Explosive) – feita em aço forjado e contendo aproximadamente 2,3kg de alto explosivo, possui espoleta na ponta da granada. É empregada contra alvos com proteção leve, tais como: concentrações de tropas, posição de tiro de armas pesadas e meios de transporte. Seu efeito deve-se ao extraordinário número de fragmentos resultantes da detonação.
– Granada HEAT (High Explosive Anti-Tank) – granada de parede dupla, feita de aço. A parede externa gera o formato da superfície externa da granada e segura a cinta de forçamento. É empregada do contra blindagem pesada.
– Granada HESH (High-Explosive Squat Head) – consiste principalmente de um culote e de um tubo forjado de aço com nariz de alumínio. É empregada contra alvos de blindagem pesada e casamatas.
– Granada Fumígena – possui as mesmas características balísticas da granada HE. Além de ser empregada para gerar cortina de fumaça, pode ser utilizada com granada incendiária.
– Granada de Exercício – feita de aço forjado e carregada com lastro inerte ao invés de alto explosivo, simulando a munição real. Possui as mesmas características balísticas da granada HE. É empregada para adestramento.
Como previsto no contrato, foi realizada a transferência de tecnologia para fabricação da munição e a concessão da licença de montagem por parte do fabricante (a empresa Hirtemberger), porém ainda não foi produzida no país.

Os Sk105A2S Kurassier da firma austríaca Steyr chegaram ao Corpo de Fuzileiros Navais em 2001Os Sk105A2S Kurassier da firma austríaca Steyr chegaram ao Corpo de Fuzileiros Navais em 2001

Estes carros de combate, dotados com uma peça de 105mm e metralhadora 12,7mm, conferem poder acrescido às forças desembarcadasEstes carros de combate, dotados com uma peça de 105mm e metralhadora 12,7mm, conferem poder acrescido às forças desembarcadas

4KH7FA


A VtrBldSoc 4KH7FA Greif é dotada de guindaste giratório e guincho de lança: o guindaste está montado num suporte localizado no lado direito da viatura e possui momento de içamento máximo de 98.100Nm. O guincho de lança está montado na lança do guindaste; seu cabo tem comprimento eficaz de 42m e diâmetro de 14 mm. O veículo transporte equipamento de solda: a está equipado com unidades de solda autógena e elétrica para reparo e manutenção de emergência. O motor, transmissão de força, lagartas e suspensão são iguais ao do Sk105A2S.
A lâmina de apoio (à frente da viatura) atua como âncora quando a viatura está puxando cargas pesadas, ou como apoio, quando ela está levantando cargas pesadas com o guindaste giratório. O guincho principal possui força de tração máxima de 200kN, sendo equipado com um cabo de aço de comprimento eficaz de 100m e diâmetro de 24 mm de diâmetro. Sua guarnição compõe-se de quatro militares (comandante, motorista e dois ajudantes de socorro – um dos quais atua como atirador).
O Greif tem um sistema de extinção de incêndio para os compartimentos do motor e do guincho. Além disso, possui um extintor de incêndio portátil adicional (H6) para combater incêndios fora dos compartimentos do motor e do guincho. Seu amamento consiste de uma metralhadora 12,7 mm Browning M2HB QCB Mk.2, montada num suporte do tipo anel. Além disso, possui um sistema lançador de fumígenos com quatro tubos de descarga. A dotação de munição é de 1.680 cartuchos de 12,7 mm e 12 granadas de fumaça.

O "Greif", versão "socorro" do "Kurassier"

O “Greif”, versão “socorro” do “Kurassier”


Segunda e última parte do artigo de Mário Roberto Vaz Carneiro, director da revista brasileira “Segurança & Defesa“, sobre os Blindados no Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil.

A "Piranha IIIC" foi adquirida à empresa suiça Mowag para emprego na missão de paz das Nações Unidas no Haiti A “Piranha IIIC” foi adquirida à empresa suiça Mowag para emprego na missão de paz das Nações Unidas no Haiti

(Nota prévia: No texto optamos por manter a ortografia original usada pelo autor)

Piranha III


A aquisição da Viatura Blindada Especial Sobre Rodas Piranha IIIC 8×8 está intimamente ligada à participação dos Fuzileiros Navais na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Para o melhor entendimento desse contexto, destacam-se dois aspectos centrais que merecem ser relembrados: 1) com o intuito de não degradar ainda mais a precária malha viária existente no país, foi decidido que não seriam levadas viaturas sobre lagartas para a Área de Operações; 2) não existiam, naquele momento, viaturas blindadas sobre rodas com sistema de tração 8×8 e dotadas de tecnologia atual, para que fossem comercializadas e fornecidas por qualquer fabricante nacional.
Como os engajamentos na missão ainda eram bastante frequentes, foi identificada a premente necessidade de aquisição de viaturas que proporcionassem segurança à integridade física de nossos combatentes. Dentro desse quadro, em novembro de 2005, teve início o de obtenção de uma Viatura Blindada Sobre Rodas para o CFN, que fosse moderna tecnologicamente, com disponibilidade de rápida entrega, cujo emprego fosse reconhecidamente aprovado por outros países e, principalmente, fosse capaz de atender àquela iminente demanda operacional. Destaca-se que uma obtenção desse porte envolve um minucioso detalhamento dos requisitos operacionais, a observância a dispositivos legais que regem as normas para realização de uma licitação internacional.
Um dos aspectos positivos do CFN poder contar com suas próprias viaturas reside no fato de se terem ampliadas as possibilidades de realização de adestramentos pré-operacionais ainda no Brasil – permitindo a familiarização dos procedimentos tanto da guarnição quanto da tropa embarcada. Anteriormente, recebia-se o apoio de blindados não pertencentes ao inventário do CFN, inclusive de outros países, existindo, muitas vezes, dificuldades para comunicação e adoção de procedimentos padronizados. Tal condição obrigava a freqüente realização de briefings para instruir a tropa como proceder com aquele determinado meio em apoio e também a respectiva guarnição, dispendendo precioso tempo para algumas ações.
Em 2006 foi adquirido à empresa suíça MOWAG, para o CFN, o primeiro lote de viaturas sobre rodas 8×8 Piranha IIIC (quatro VBTP, de transporte de pessoal, e uma de socorro, a um custo de US$8.512.240,00), objetivando seu emprego no Haiti, daí a razão de terem sido entregues com a pintura branca característica dos veículos da ONU. Os primeiros quatro Piranha IIIC foram incorporadas ao BtlBldFuzNav em 20 de agosto de 2007, passando à subordinação temporária da CiaVtrBld. No início do ano de 2008, chegou ao Brasil uma viatura Socorro. Em fevereiro de 2008, as cinco viaturas foram embarcadas para o Haiti, com a finalidade de apoiar o GptOpFuzNav-Haiti na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH).
No fechamento dessa matéria, as primeiras 12 viaturas já haviam sido recebidas. As dezoito restantes serão entregues a partir de 2010 (3 a 4 unidades por ano), até 2014. O total final será de 30, que eventualmente comporão a Companhia de Reconhecimento Blindado (CiaReconBld). Esse total será subdividido em 25 da versão TP, duas da versão Socorro, duas da versão Comando e uma da versão Ambulância.
A VtrBldEsp SR Piranha IIIC certamente tem muito mais a oferecer aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais perante o amplo espectro de operações em que podem ser empregadas e, possivelmente, quanto mais hostil for o ambiente, mais evidente será o reconhecimento da importância de podermos contar com esse importante meio para a guerra moderna.
Elevar a mobilidade de nossas forças, proporcionar proteção blindada às nossas tropas, ter capacidade para deslocar efetivos rapidamente no interior da Zona de Ação, ter capacidade de transpor cursos d’água, reduzindo as limitações de trafegabilidade, e realizar tarefas de reconhecimento, de segurança e com economia de forças, são valiosas capacidades que tanto contribuem com a aceleração dos ciclos de decisão dos GptOpFuzNav, quanto geram a incerteza nos oponentes, privilegiando vários fundamentos da Guerra de Manobra.
Ratificando a versatilidade das novas viaturas, é digno de destaque o registro de seu emprego também no cenário interno durante o ano de 2008, quando foram utilizadas na Operação Voto Livre, no Rio de Janeiro. As viaturas integraram um GptOpFuzNav que recebeu a tarefa de prover segurança nas áreas designadas pela Justiça Eleitoral (Vila do João, Comunidade do Salgueiro, São Gonçalo e Complexo do Alemão), para garantir a regularidade do processo eleitoral.
Além da guarnição de dois homens (comandante e motorista), a versão de transporte de pessoal pode carregar onze militares armados e equipados. O Piranha IIIC é uma viatura de conceito moderno, e os dos fuzileiros possuem capacidade de utilização noturna, graças ao sistema de visão noturna NAP5-11. Dispõe de recursos como detector de emissões laser (LIRD, Laser Irradiation Detector and Warner); possui um potente sistema de ar condicionado, proporcionando maior conforto à tropa; e seu motor de 400hp proporciona autonomia de 800km e velocidades de até 100km/h em terra e 10 km/h em travessia de pequenos cursos d’água; além de outras possibilidades operacionais. É também equipada com sistema de alerta laser e proteção NBQ (Nuclear, Biológica, Química).
O casco é resistente a tiros de até 12,7mm, desde que disparados a distâncias médias; o carro, entretanto, aceita a aplicação de blindagem adicional nas laterais. O armamento está instalado numa torre aberta, na parte superior da viatura, com escudo blindado contra munição de 7,62mm. Nessa torre é normalmente instalada uma metralhadora M2 de 12,7mm, embora outras armas possam também ser utilizadas. Os leitores podem encontrar informações adicionais nem S&D nº 90, págs. 8-11.
As dimensões, peso, armamento e equipamento de comunicações da variante de Socorro são iguais às da versão de Transporte de Pessoal (inclusive possui também o NAP5-11 e o LIRD). Ela é guarnecida por dois operadores e dois mecânicos. Seu guincho tem tração máxima de 8t, capacidade máxima à frente de 16t capacidade máxima à retaguarda de 7t. Seu guindaste tem capacidade máxima de 3,75t.

Chegadas ao Brasil em Agosto de 2007, logo em Fevereiro de 2008, as 5 viaturas disponiveis foram enviadas para o HaitiChegadas ao Brasil em Agosto de 2007, logo em Fevereiro de 2008, as 5 viaturas disponiveis foram enviadas para o Haiti

"Piranhas" brasileiras no Haiti. Por esta altura o Brasil já recebeu quase metade da encomenda feita em 2006. “Piranhas” brasileiras no Haiti. Por esta altura o Brasil já recebeu quase metade da encomenda feita em 2006.

Modernização dos M113


Nas Operações Anfíbias, os M113A1 imprimem impulsão ao ataque e, quando operando em conjunto com outras viaturas blindadas, facilitam o deslocamento da tropa no interior da Área de Operações, além de desempenharem importantes tarefas nas Operações de Assalto, Reconhecimento, Retardamento e Segurança.
Desde o início de seu uso, os M113 do CFN ainda não tinham sido submetidos a nenhum processo de modernização. Com o objetivo de melhor adequar a viatura ao cumprimento desses requisitos na guerra moderna, surgiu a motivação de modernizá-los através da substituição de seus sistemas por outros novos, no estado da arte, objetivando ampliar sua capacidade e melhorar seu desempenho.
Em janeiro de 2008, após aprovar os requisitos técnicos elaborados pelo Comando do Material de Fuzileiros Navais, o Comando Geral do CFN determinou que fosse elaborado o processo licitatório internacional de modernização, conduzido pela Comissão Naval Brasileira na Europa. O programa prevê a modernização das trinta VtrBldEsp SL M113.
A Israel Military Industries (IMI) sagrou-se vencedora do certame licitatório. O contrato previa o fornecimento de um pacote de Apoio Logístico Integrado (ALI) para assistir à operação e manutenção dos veículos após o processamento do programa. O ALI engloba as ferramentas especiais e as orgânicas das viaturas, o material de modernização (kits de modificação) para todos os sistemas, sobressalentes, óleos lubrificantes, material de pintura, equipamentos e acessórios, documentação técnica que inclua manuais de operação e de manutenção até 3º escalão e catálogos de sobressalentes.
Inclui, ainda, a substituição da estação de armamento original por outra semelhante à usada pelo Piranha IIIC (PLATT MR555 Mod2), a substituição do antigo gerador a gasolina da Viatura Comando por um novo gerador, a diesel, e a inclusão de um sistema de ar condicionado. A modernização será realizada ao longo de cinco anos a contar da assinatura do contrato, com previsão de término em dezembro de 2013.
Além dos kits e partes necessárias para a execução, a IMI fornecerá também how e a supervisão necessários à implementação do programa. A execução caberá à IMI, responsável tecnicamente pela modernização, e à MB, e será realizada no Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais (CRepSupEspCFN).
Até dezembro de 2010 deverão ser entregues as primeiras 12 viaturas (os trabalhos nas primeiras seis já foram iniciados em 3 de novembro de 2009, no CRepSupEspCFN), e seis a cada ano subseqüente, até 2013. O M113A1odernizado será designado M113B1, e deverá permanecer em serviço ativo no CFN por mais 20 anos.


Haiti


Os meios do BtlBld são empregados como parte integrante do GptOpFuzNav-Haiti, que atua em proveito da Missão da ONU para estabilização daquele país, realizando ações em prol da segurança da população e da ordem pública, propiciando condições para o restabelecimento das instituições do Estado Haitiano. Como já foi dito, o Batalhão tem naquele país um destacamento de viaturas Piranha IIIC, composto por sete unidades. Esse destacamento faz parte do Componente de Combate Terrestre (CCT), responsável pelas ações operativas do GptOpFN-Haiti. As viaturas são empregadas em patrulhas mecanizadas em regiões que requeiram proteção blindada à tropa e em apoio a outras ações em que a ação de presença e a dissuasão sejam essenciais para o êxito da missão, particularmente no apoio a ações de vasculhamento e no controle de distúrbios civis. A introdução das Vtr Piranha confere agilidade, capacidade de observação, conforto e a proteção à tropa responsável pela condução do patrulhamento das ruas no Haiti.
Durante as manifestações populares de abril de 2008, ocasião em houve uma série de distúrbios civis, o Piranha IIIC provou ser um meio de alta confiabilidade, capaz de propiciar à tropa condições de reagir com rapidez e segurança. A incorporação das novas viaturas blindadas ao GptOpFuzNav-Haiti aumentou significativamente a visibilidade de nossas forças na área de responsabilidade, que é um aspecto muito positivo em uma missão dessa natureza.
A estação de armamento PLATT conferiu a capacidade de substituir o armamento da viatura graças à presença de um reparo multifuncional, que permite a fixação de uma metralhadora de 5,56mm (Minimi), uma metralhadora de 7,62 mm (MAG), uma metralhadora de 12,7mm (Browning M2HB QCB Mk.2) ou de um lançador de granadas de 40mm (LAG-SB-40 mm), viabilizando o emprego gradual da força, fundamento básico das Regras de Engajamento em uma Missão de Paz.
Em áreas de maior adensamento de moradias, em bairros carentes e dominados por “gangues”, como Bel Air e Cité Soleil, é comum a colocação de obstáculos (portões, carcaças, escoras ou fossos) no perímetro, para dificultar a entrada de tropas da MINUSTAH, deixando-as em uma situação extremamente desfavorável para desencadear suas ações com rapidez. Já com a disponibilidade das novas viaturas blindadas, os GptOpFuzNav receberam importante contribuição para a aproximação da tropa com rapidez e segurança para assumir o dispositivo de isolamento (cerco) que antecede as ações de vasculhamento.
Cabe destacar aquela que, talvez, tenha sido a principal lição de todo esse processo. Houve um caso exemplar que ilustrou muito bem como o aprestamento das Forças Armadas não admite improviso e que a situação de estabilidade social e de paz não deve, de forma alguma, induzir a Nação à lassidão. Em menos de um mês após a chegada ao Haiti, as novas viaturas tiveram relevante participação para que o controle da situação tivesse um desfecho bem sucedido após os protestos de 8 de abril de 2008. A prontificação de uma Força, em todo o seu espectro – recrutamento, formação e treinamento dos recursos humanos; obtenção dos novos meios e ativação de estruturas necessárias à sua manutenção – demanda valioso tempo.
A maior lição aprendida foi quanto à potencialidade e à relevância do emprego de meios blindados em operações de paz, para o controle de distúrbios civis e para dissuasão das forças adversas. Para o aproveitamento desta potencialidade, faz-se necessário, entretanto, o emprego de armamento com munição não letal por parte dos militares que fazem a segurança da viatura e da tropa que está atuando apoiada pelos blindados. As tropas empregam espingarda militar com munição de borracha, cassetete elétrico, granada de luz e som, granada de lacrimogêneo e spray de pimenta.
Comentários
Observe-se que o CFN opera quatro tipos de blindados – um deles é um CC e os três outros são destinados basicamente a transporte de pessoal. Cabem, então, alguns comentários sobre os diferentes usos de cada um desses últimos.
Ao planejar o emprego de blindados em uma Operação Anfíbia, devem ser exploradas ao máximo as características de cada meio, assegurando uma aplicação eficiente em busca do cumprimento da missão. Os Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf), os M113 e os Piranha podem ser empregados no apoio ao combate ou no apoio de serviços ao combate, dependendo da tarefa que lhes for atribuída. Elas possuem algumas capacidades em comum: transportam pessoal/carga; ampliam a capacidade C3 da tropa apoiada; fornecem apoio de fogo; fornecem maior mobilidade e proteção blindada à tropa de infantaria apoiada; e transpõem cursos d’água.
Os CLAnf são essenciais para a capacidade anfíbia do CFN. Sua principal utilização acontece durante o Assalto Anfíbio, na execução do Movimento Navio para Terra (MNT), que consiste em desembarcar por superfície os elementos de assalto da Força de Desembarque e seus equipamentos, num único movimento, desde o navio até a conquista dos objetivos em terra que materializam a posse da Cabeça de Praia. Seu sistema de propulsão na água funciona por jatos d’água, proporcionando uma velocidade de até 13,1km/h.
O M113 é capaz de operar em qualquer terreno e em cursos d’água com velocidade de corrente moderada. O movimento das lagartas o propele e o dirige na terra e na água. Seu peso reduzido e seu tamanho permitem extrema versatilidade, podendo ser transportado por Embarcações de Desembarque (ED), aviões de carga e até ser lançado de paraquedas.
O Piranha IIIC, como já dito, foi adquirido devido à necessidade de viaturas que proporcionassem segurança a tropa brasileira que compõe a Força de Paz no Haiti. O M113 e o Piranha possuem destinação de emprego semelhante: ambos foram incorporados como VBTP. Os primeiros são viaturas mais leves e de dimensões reduzidas, e portanto se adaptam melhor às estradas e pontes existentes no território nacional. Além disto, por serem viaturas sobre lagartas apresentam maior mobilidade e maior capacidade de emprego em qualquer terreno (QT) ou fora de estrada que os Piranha. Essa flexibilidade de emprego confere ao M113 aptidão para emprego em um amplo espectro de operações militares; desde operações anfíbias – nas quais o seu desembarque é normalmente realizado por meio do emprego de embarcações de desembarque -, passando por operações terrestres convencionais, até o seu emprego em operações de garantia da lei e da ordem.
No período que se seguiu ao recente terremoto no Haiti, os Piranha foram basicamente utilizados para: patrulhas mecanizadas, principalmente no período noturno; apoio durante a ACISO (Ação Cívico-Social) realizada em frente ao palácio presidencial; segurança de instalação (galpão da WFP e entrada militar do aeroporto Toussant Louverture); e operação em conjunto com a UNPOL.
Os Piranha podem ser empregados de modo semelhante aos M113, também requerendo o apoio de embarcações de desembarque quando em Operações Anfíbias. Apesar de possuírem mobilidade QT inferior, conferem ao CFN grande flexibilidade, por serem viaturas sobre rodas, possuindo maior agilidade e desenvolvendo maior velocidade quando empregadas ao longo de eixos. Além disto, são viaturas aptas a serem empregadas em missões de reconhecimento mecanizado, proporcionando à FFE uma capacidade até então inexistente. Outro ponto fundamental é que estas viaturas conferem capacidade apropriada ao CFN, para emprego de blindados em áreas urbanas, tendo se revelado extremamente úteis às missões atribuídas ao GptOpFN-Haiti no desenvolvimento da MINUSTAH.

Adestramento


Além do adestramento normal de bordo (sede), o batalhão realiza adestramentos em várias regiões. O ciclo de adestramento inicia-se com o treinamento individual e das guarnições das viaturas, realizados nas instalações do Campo de Instrução da Ilha do Governador. Ao longo do primeiro semestre são enfatizados os procedimentos das guarnições, das seções e dos pelotões até o nível do emprego de uma subunidade, por meio de exercícios planejados e conduzidos pelos Batalhões de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) nas regiões de Valença-(RJ), Ilha da Marambaia (CADIM, RJ) e Resende-(RJ).
Como o BtlBldFuzNav normalmente opera integrando GptOpFuzNav em apoio à unidade de infantaria que o nucleia, participa ainda ao longo do segundo semestre de adestramentos conduzidos pelos BtlInfFuzNav e pelo Comando da Divisão Anfíbia. Esses adestramentos são voltados para realização de Operações Anfíbias ou para a preparação dos contingentes empregados no Haiti. Em todos os adestramentos são abordados aspectos técnicos e táticos. A ênfase é no conhecimento das possibilidades e limitações dos meios, da prática de navegação com carta e bússola (e em alguns casos com o emprego de equipamento GPS), técnicas de ação imediata contra diversas ameaças aéreas e terrestres, procedimentos em operações terrestres ofensivas e defensivas, deslocamentos em coluna de blindados, embarque e desembarque de navios anfíbios, transporte, embarque e desembarque das viaturas nas embarcações de desembarque, bem como procedimentos durante assalto a posições defensivas e em zonas de reunião. Os tiros com as armas orgânicas das viaturas são realizados na Marambaia, com ênfase na preparação dos atiradores e das guarnições; e em Formosa (GO), no segundo semestre (quando o enfoque é o emprego dos pelotões e das subunidades como um todo). O tiro real com o canhão de 105mm é realizado, em média, duas vezes por ano.

O Lança Granadas Automático SB 40mm, bem conhecido do Exército português também é usado pelos Fuzleiros Navais do Brasil


O Lança Granadas Automático SB 40mm, bem conhecido do Exército português também é usado pelos Fuzleiros Navais do Brasil

Uma das missões do BtlBld é reforçar as acções da infantaria com carros de combate.Uma das missões do BtlBld é reforçar as acções da infantaria com carros de combate.

Futuro


O BtlBld é atualmente a mais poderosa unidade blindada de Fuzileiros Navais da América do Sul. A Infantería de Marina da Argentina (IMARA) possui um Batallón de Vehículos Anfíbios equipado o CLAnf. São 19 LVTP-7 (designado local mente VAOP, ou Viatura Anfíbia de Orugas – Personal), uma LVTC-7 (VAOC, de Comando) e uma LVTR-7 (VAOR, de Socorro).Os CLAnf argentinos estão sendo modernizados e remotorizados pela empresa local Mecatrol. Além disso, a IMARA conta ainda com viaturas blindadas Panhard em seu inventário: 12 ERC90, 17 VRC-TT (Transporte de Tropa, sendo cinco artilhadas com canhão de 20mm e as restantes com metralhadora M2HB de 12,7mm), cinco VRC-PC (Comando) e duas VRC-AT (Socorro).
A Infantaria da Marinha da Venezuela dispõe de um Batallón de Vehículos Anfíbios, mobiliado com o CLAnf (AAV7): são onze viaturas, sendo uma AAVTC7, de Comando, um AAVTR7, de Socorro, e nove AAVTP7, de Transporte de Pessoal. A Venezuela está negociando sua modernização com a empresa Mecatrol. Os fuzileiros navais venezuelanos utilizam também 30 Engesa EE-11 Urutu, em diversas versões.
O Batalhão de Blindados completa sete anos de criação no próximo dia 26 de março de 2010. Nesse período, foi inconteste sua contribuição para consolidação da doutrina, bem como para elevar a capacidade operacional do CFN, ao dotar a FFE de meios modernos e compatíveis com as exigências das Operações Anfíbias e de emprego de força em cenários que impliquem na realização de operações convencionais de alta intensidade e em conflitos de baixa intensidade. Isso ampliou significativamente as potencialidades de emprego do CFN. Acrescente-se que o acervo de blindados atual do CFN lhe confere ainda a capacidade apropriada para atuar em operações de paz e de garantia da lei e da ordem.
Não é segredo que a Marinha tenciona formar uma segunda Divisão Anfíbia. Numa apresentação feita na ABIMDE em agosto de 2009, o Comando da Marinha revelou que, segundo previsto no Programa de Equipamento e Articulação da Marinha do Brasil (PEAMB), na moldura temporal de 2013-2019 está prevista a aquisição de 26 Carros de Combate, enquanto que em 2010-2022 devem ser adquiridas 72 VBTP SR e, em 2010-2029, 72 VBTP SL.


CLAnf


Embora o BtlBldFuz Navais não utilize o CLAnf (Carros Lagarta Anfíbios, que mobíliam o Batalhão de Viaturas Anfíbias, BtlVtrAnf), não se pode falar em blindados do CFN sem mencionar essa viatura.
Com o propósito de dotar o CFN tropa de um moderno vetor que permitisse o desembarque de forma rápida, com proteção blindada e razoável poder de fogo, foram adquiridos os CLAnf. Em julho de 1986, foram desembarcados no píer da Praça Mauá doze exemplares do CLAnf, conhecidos como de 1ª geração (LVTP7). Na época, foi conduzido um programa de cursos de operação e manutenção e, logo após sua conclusão, foi oficialmente montada a Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf).
Em junho de 1997, desembarcaram na Ilha das Flores, provenientes do NDCC Mattoso Maia, 14 CLAnf de 2ª geração (AAV7A1), que foram incorporados ao acervo da CiaCLAnf, no Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf). Os dois lotes diferem em alguns detalhes, como por exemplo a alteração da especificação de diversos parafusos de fixação de componentes.
O CFN possui três versões de CLAnf: 22 unidades do CLAnf-P (de Transporte de Pessoal); duas unidades do CLAnf-C (de Comando); e duas unidades do CLAnf-S (de Socorro).
Além do transporte de pessoal, o CLAnf-P também pode ser utilizado como viatura de apoio logístico, quando os meios alocados à tropa apoiada não forem adequados às tarefas atribuídas, em função do terreno a ser vencido. Para isso, tem a capacidade de transporte máximo de 25 militares (incluídos os três componentes da guarnição) equipados para combate, ou 4.536 Kg de carga geral, preferencialmente paletizada.
O CLAnf-S possui equipamentos específicos para manutenção e reparo de outras viaturas. Os equipamentos de recuperação são: fonte elétrica de energia, fonte hidráulica de energia, compressor de ar, fonte de energia para solda, guindaste hidráulico (lança com capacidade de carga de 2.721kg, ângulo de trabalho de 0º a 65º; guincho de reboque (cabo simples, capacidade de 2.721kg); guincho de carga (13.607kg de capacidade em baixa velocidade e com tambor vazio, 8.255kg em alta velocidade e tambor cheio).
Por meio do Comando do Material de Fuzileiros Navais (CMatFN), a MB tem acesso às propostas de mudança de projeto de engenharia (Engineering Change Proposal, ECP) utilizadas pelo United States Marine Corps (USMC). Dessa forma, a partir de uma análise da relação custo/benefício, implementa aquelas julgadas de interesse pela Administração Naval. As modificações de maior grau de complexidade, realizadas – total ou parcialmente – nos CLAnf foram:
– substituição da estação de armamento dos CLAnf adquiridos em 1985 pela estação aperfeiçoada dos CLAnf de 1997, que são as mesmas ainda utilizadas pelo USMC, cujos CLAnf encontram-se na configuração RAM/RS (Reliability, Availability, Maintainability/Rebuild-to-Standard, ou Reconstrução Padrão Baseada em Confiabilidade, Disponibilidade e Mantenabilidade);
– substituição do sistema manual de extinção de incêndio, que utilizava o gás halon, por outro de projeto nacional, que utiliza o gás FM 200, que não provoca danos à camada de ozônio; e
– duplicação, a partir de projeto nacional, do comprimento da tubulação rígida de 90º do resfriador de contato do casco dos CLAnf adquiridos em 1985, a fim de prevenir modo de falha que ocasionava o superaquecimento do motor.
A modernização dos CLAnf para a configuração RAM/RS (já implementada pelo USMC com o objetivo de obter redução de custos logísticos, entre outros benefícios) está aguardando a disponibilidade de recursos para ser implementada.
Os CLAnf estão alocados ao Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf), que por sua vez, diferentemente do BtlBldFuzNav, é subordinado à Tropa de Reforço.

Mais informações- Operacional

Fonte: Operacional

15 Comentários

  1. Sai daqui com esse M113
    O maior medo de quem entra neles, não é ser morto por balas, e sim por tétano.. coisa mais velha que minha avó.

  2. Ótima matéria, espero q levem a sério e reequipem logo n FAs, vide o rolo do FX 2 q até agr esse inconpetêntes ñ resolveram, e esse buraco em n FAB de um caça capaz de dar ajuda efetiva p n seguranças…Sds,

  3. Excelente artigo em que mostra a energia com que o Comando da MB leva a cabo seu intento de manter uma força pequena mas eficiente. Mesmo como membro do EB, sempre expressei minha admiração por esta força que para ser uma força à parte das demais de nossas armas.

    A razão está no fato de que seus comandantes jamais deixaram a presidência, ministros e parlamentares, dizer o que devem comprar e quando. A MB traça seus planos, vai fazer as avaliações e depois simplesmente senta com quem é devido e apresenta a conta mais a data de assinatura do contrato. Por acaso já viram alguma novela estilo F-X2 na MB?

    Pois é…lamentável que a FAB se tenha vendido aos políticos desde 1985! Agora tem que pagar o preço…é pouco para aquela força auxiliar!

  4. Ainda dentro do tópico MB, vale a pena ressaltar que os acordos entre a MB e a Marinha da Namíbia estão sendo cumpridos e vão bem obrigado. Me recordo que não faz muito tempo, eu e o Marcelo “Ostra” do PN (abraços meu amigo como anda o pé?) tivemos uma discussão acalorada pois ele entendia como sendo uma perda de tempo tal acordo.

    E.M. Pinto segue abaixo link do E.Bastos da UFJF com matéria show de bola sobre nossos avanços de cooperação na Namíbia e mostrando que em acordo com meu comentário que fiz ontem, sobre deixar o OM para aquele povo que adora se matar, melhor é continuarmos a fincar o pé no continente africano que é virgem e carente de parcerias que não os explore. O Brasil através da MB está mostrando ao povo africano que não somos imperialistas, queremos como eles crescer e crescer com eles, para sermos todos nós fortes contra todos os opositores. (eita falei bonito agora!!! CM para presidente da ABORE-SP)

    Segue o link:

    http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MBCA.pdf

    Se quiser o telefone do Expedito eu tenho, quem sabe não trocam uma idéia e fecham uma parceria. NOTA: O site dele não pode ter vinculo comercial pois é governamental.

  5. A blindagem deve acompanhar o calibre das munições:
    .50, 30 mm …

    ??????????????????????????????????????????????????????????

    Gostaria de fabricar um fuzil de 30 mm para as Forças Armadas,e não vai ter recuo.

  6. Nos EUA os Mariners se transformaram em Exército.
    Qual o motivo ? Propaganda e Marketing.
    O povo americano gosta dos Mariners.
    Bom para o Exército, pois perde menos infantes.
    Fuzileiro Naval foi feito para conquistar uma Cabeça de Praia, podendo perder 70% do efetivo.Agora, se quiserem se transformar em Exército,tudo bem.

  7. O consórcio italiano Fincantieri Cantieri Navali não aceita ser colocado para escanteio na renovação da frota da Marinha do Brasil.

    Os italianos reafirmam que está valendo o acordo bilateral de cooperação em Defesa assinado por Nelson Jobim e seu colega de Roma, Ignazio de La Russa.

    Portanto, os italianos nem querem ouvir falar da versão de o negócio corre perigo apenas porque a deputada Fiamma Nirenstein, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento da Itália, propôs o congelamento do acordo bilateral, em função do comportamento brasileiro em relação ao caso Cesare Battisti.

    Edição do Alerta Total – http://www.alertatotal.net/

  8. Esses pré-historicos M113 são muito empregados mundo afora e ainda muito prestativos.Se revitalizados então caem como uma luva a muitos exercitos.Brinquei muito com eles enquanto Fzo do EB

  9. Nunca vi um M-113 recebendo tiros de .50. Se perfurar, vamos ter que colocar uma sobre-blindagem. E o estado geral desses carros ? Há peças de reposição ? Qual o custo-benefício da recuperação. Tudo isso tem que ser bem avaliado. Esse carro blindado não enferruja, pois é de duro-alumínio, além de ser anfíbio.
    O X da questão é a blindagem desse carro, pois na guerra o inimigo dará muitas rajadas de .50 nos nossos blindados, e quiçá de 30 mm. Eu coloco uma sobre-blindagem nesse carro que segura impacto de 30 mm.
    Vamos fazer a experiência ?

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