Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas denuncia 3.960 mortes por gangues no Haiti em 2023.

Um relatório publicado em 26 de novembro pelo Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas denuncia que a violência desencadeada por gangues no Haiti deixou mais de 3.000 pessoas assassinadas e milhares de outras feridas e vítimas de sequestro, para o que pediu a aceleração do envio de uma força multinacional para a ilha.

“A situação no Haiti é catastrófica. Continuamos a receber relatos de assassinatos, violência sexual, deslocamentos e outros tipos de violência, inclusive em hospitais”, afirmou Volker Türk, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O alto diplomata citou o relatório, que abrange o período de janeiro a outubro de 2023, mostrando que os assassinatos cometidos por grupos de gangues deixaram 3.960 pessoas mortas, 1.432 feridas e outras 2.951 que foram “sequestradas em atos de violência relacionados a gangues”.

O órgão da ONU afirmou que as gangues queimam corpos em público e compartilham as fotos nas redes sociais. As mulheres também são alvo frequentes. As haitianas têm sido expostas a violências sexuais, como o estupro coletivo. Além disso, as crianças do país passaram a ser recrutadas para agirem como mensageiras das quadrilhas. O comunicado da Organização insistiu que a Polícia Nacional do Haiti aceite receber ajuda de outros países para conseguir combater o crime organizado e o tráfico internacional de armas, drogas e pessoas.

Em outubro passado, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o uso de uma força multinacional, liderada pelo Quênia – sem a participação das Nações Unidas –, para ajudar as forças policiais haitianas a lidar com as gangues.
Pouco tempo depois, o parlamento do país africano congelou a missão, pedindo que as condições de treinamento e financiamento estabelecidas na época do anúncio fossem cumpridas primeiro.

O relatório de 26 de novembro se concentra particularmente no distrito de Bas-Artibonite, localizado no centro da nação caribenha, a cerca de 100 quilômetros de Porto Príncipe, a capital. Em Bas-Artibonite, segundo o relatório, 1.694 pessoas foram assassinadas até o mês de outubro deste ano.

Dois anos atrás, em julho de 2021, o então presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado em casa por um grupo de mercenários formado por ex-soldados colombianos. Desde então, o país enfrenta um aumento da violência urbana por parte de gangues, que disputam territórios. Dados da ONU mostram que esses grupos controlam de 50% a 80% de toda a capital do país, Porto Príncipe. Esse cenário de caos dificulta o fornecimento de serviços básicos à população, como saúde e educação, assim como a realização de eleições.

Segundo dados da ONU, mais de 73 mil pessoas já deixaram o Haiti por conta do aumento da violência e mais da metade da população que permanece no país precisa de ajuda humanitária. A taxa de homicídios cresceu 30% desde o ano passado e os sequestros mais que duplicaram.

Com informações de Reuters e CNN  e Voz da América