Texto elaborado pelo Capitão HB* (pseudônimo).
O momento atual em que o Brasil é escolhido para sediar diversos eventos de vulto internacional, particularmente desde 2007, sediando os Jogos Pan-Americanos, pelos V Jogos Mundiais Militares, Rio+20, Copa das Confederações 2013, Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo da FIFA 2014 e Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, exige um intenso e detalhado preparo das Forças de Operações Especiais para se anteverem às ameaças terroristas contemporâneas. Outrossim o recrudescimento da violência urbana no Brasil, fazendo da sociedade refém de organizações criminosas muito bem estruturadas, dotadas de eficiente comando e controle e que com ações de violência extremista nos grandes centros do país, constitui um chamamento à comunidade brasileira de Operações Especiais para o desenvolvimento de ações efetivas e enérgicas, pautadas pela eficiência, eficácia, legalidade e acima de tudo legitimidade por parte do povo brasileiro.
O Comando de Operações Especiais (COpEsp) do Exército Brasileiro (EB) tem sido amplamente empregado pela Força Terrestre, atuando de maneira proativa e reativa em diversos cenários do território nacional, seja nas ações de contraterrorismo, seja nas ações de reconhecimento especial atuando de maneira intensiva nas fronteiras inóspitas do país, seja nas ações de apoio aos órgãos governamentais para debelar os altos índices de violência em locais especificamente conflagrados. Em todos os casos citados o emprego das Equipes de Caçadores de Operações Especiais (EqpCçdOpEsp) se torna relevante e preponderante para o sucesso e para obtenção da superioridade relativa, tão necessária para as ações das Forças de Operações Especiais.
Dentro desse contexto, o Destacamento de Reconhecimento e Caçadores (DRC) e o 5º DOFEsp utilizam as mais diversas táticas, técnicas e procedimentos de Caçadores de Operações Especiais para consecução dos objetivos do Comando de Operações Especiais. Para tanto, o adestramento, similar e por vezes realizado de maneira conjunta entre os dois destacamentos, é composto de uma vasta gama de conhecimentos, passando pelas operações de reconhecimento especial até peculiaridades do estudo da meteorologia e balística aérea. Por se tratar de uma tropa especialmente adestrada para dupla capacidade (produção de informação e tiro seletivo), as frações de Caçadores de Operações Especiais do COpEsp se preparam anualmente por meio de um plano de capacitação específico. A célula de operações do batalhão juntamente com a célula de inteligência e assessoradas pelos comandantes de Destacamento, conduzem esse planejamento baseando-se nas atualizações do cenário mundial, nas possíveis e prováveis hipóteses de emprego e das análises das ameaças.
O adestramento desses dois destacamentos muito peculiares tem sido atualizado e revisado constantemente de acordo com as exigências e mutações dos cenários de crise, sendo cada dia mais aparente a utilidade das EqpCçdOpEsp e a importância da necessidade de flexibilidade no seu emprego. As lições aprendidas não se encontram somente nos relatórios pós-ação de adestramentos, elas se originam principalmente dos relatórios pós-ação do pessoal ativamente envolvido. Não raro os Caçadores de Operações Especiais constituem maciçamente esse efetivo, pois são empregados a partir da preparação da Área de Operações, realizando desde o monitoramento de alvos estratégicos até o adestramento das Forças de Segurança Pública local. De maneira geral, a capacitação se divide em Emprego do Caçador e Operações de Reconhecimento Especial. No tocante ao tiro de precisão, diversas Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) são praticadas, e ainda assim, algumas são desenvolvidas para a realidade vivida no cenário nacional. Conhecimentos de balística de diversos armamentos e munições e balística terminal, recarga de munição, tiro em posições alternativas, tiro em movimento e em alvos móveis, tiro embarcado em aeronaves de asa rotativa, capacidade multicalibre das Equipes, capacidade de engajamento de alvos em distâncias superiores a 1500 m, tiro através buraco, tiro noturno empregando diferentes meios optrônicos e condições de iluminação, tiro antimaterial, técnicas de tiro rápido e de compensação de pontaria, tiro através vidro, fotografia profissional, técnicas de observação, memorização e descrição de alvos, uso diferenciado da força, aspectos legais ao emprego do caçador, entre outros proficiências já consagradas mundo afora, conferem ao DRC possibilidades ímpares que o caracterizam como uma tropa essencial antes, durante e depois do emprego dos elementos operativos da Força Terrestre.
Continua…
* O capitão HB é oficial do Exército Brasileiro, possui Curso de Caçador de Operações Especiais e de diversos outros cursos e estágios na habilitação do tiro de precisão de longa distância. Foi instrutor do Curso de Caçador de Operações Especiais e integrante do DRC durante a metade da sua vida profissional após sua formação acadêmica. Executou todas as funções possíveis para um oficial Comandos e Forças Especiais com habilitação de Caçador de Operações Especiais. Teve oportunidade participar de diversas missões de vulto no Brasil e no Haiti, todas elas integrando EqpCçdOpEsp.
O Artigo é muito bom e nos mostra que somos capazes (apesar de muitos insistirem no contrario mesmo vendo bons exemplos), mas infelizmente em uma época em que se vive de mídias&games SEALs e Spetsnaz imperam.
Sds