“A Síria não pode ser uma nova Líbia ou um novo Iraque” – Vladimir Putin

Às vésperas de sua visita oficial à Alemanha, no domingo e na segunda-feira, 7 e 8 de abril, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu entrevista à maior rede de televisão alemã, a ARD, na qual falou dos temas que serão tratados durante a visita, tanto os relacionados à cooperação bilateral Rússia-Alemanha quanto os que dizem respeito à política internacional.

Putin

O Presidente Vladimir Putin e seu entrevistador, o jornalista Jorg Schonenborn, na residência de Novo-Ogaryovo.

Os melhores momentos da entrevista de Vladimir Putin à rede de TV ARD da Alemanha estão a seguir.

ARD – Presidente Vladimir Putin, como o senhor avalia o estágio atual das relações entre Rússia e Alemanha?

Vladimir Putin – Vamos ampliar o alcance da sua pergunta e dizer que a União Europeia responde por 50% da movimentação comercial da Rússia. Pois bem: entre os países membros da União Europeia, a Alemanha é a nossa principal parceira. A balança comercial Rússia-Alemanha registra 74 bilhões de dólares. Portanto, entre os países da União Europeia, a Alemanha mantém a liderança nas relações econômicas com a Rússia, além de ser o nosso maior investidor externo.

ARD – Quais as perspectivas de esta cooperação bilateral aumentar?

VP – Como disse, o intercâmbio comercial hoje entre Rússia e Alemanha é de 74 bilhões de dólares, e tende, de fato, a aumentar, apesar de alguns problemas pendentes. Por trás destes números estão os postos de trabalho e a troca de modernas tecnologias. A República Federal da Alemanha continua sendo um dos principais investidores da Federação Russa, com um montante de 25 bilhões de dólares em investimentos acumulados. Somente em 2012, os investimentos da Alemanha na Rússia aumentaram 2,2 bilhões de dólares.

ARD – Desde a eclosão da crise econômica em Chipre, esta será a primeira vez em que os governantes da Rússia e da Alemanha se encontrarão pessoalmente. O que o senhor pretende conversar com a Chanceler Angela Merkel?

VP – A Rússia entende que não há necessidade de impor confiscos de ativos aos depositantes dos bancos cipriotas e que as condições de empréstimo de capitais podem perfeitamente ser bem discutidas entre todas as partes. A Rússia já prestou socorro financeiro a Chipre e não impôs exigências draconianas.

ARD – Como o senhor vê as informações veiculadas pela mídia internacional de que Chipre foi transformado numa grande lavanderia financeira?

VP – As acusações de que Chipre se presta a lavar ou a clarear dinheiro precisam ser provadas. Será que os autores de tais acusações desconhecem as regras elementares da responsabilidade jurídica? Uma destas regras é a da presunção de inocência que deve ser atribuída a quem se vê alvo de acusações de atos ilícitos. Então, partindo-se deste princípio, como se pode dizer que todos os depositantes dos bancos cipriotas agem ilegalmente? É preciso ter provas para dizer isso. Provas bem consistentes, por sinal.

ARD – Vamos falar da Síria, país para o qual a Rússia exige soluções diplomáticas e veta qualquer possibilidade de intervenção externa. A seu ver, quais são as perspectivas para que a crise e a guerra civil na Síria cheguem ao fim?

VP – A Rússia não admite intervenção externa na Síria, nem que este país sofra interferências em seus assuntos soberanos. Nós não queremos que se repitam na Síria os fatos ocorridos na Líbia, no Iraque e no Iêmen. Estes países sofreram uma verdadeira desintegração após as mudanças de poder. A Rússia sustenta que a sociedade síria é a única parte legítima para obter a solução dos seus conflitos. Não há razões para quaisquer interferências externas no país.

ARD – Presidente Putin, vamos falar agora de uma situação interna do seu país que provocou e continua provocando intensa repercussão no exterior – o controle das ONGs, organizações não governamentais. No caso específico, o fato de as 654 ONGs financiadas por outros países merecerem atenções especiais do governo russo. O que o senhor nos diz a respeito?

VP – Não inventamos nada de novo a este respeito ao exigir que organizações não governamentais financiadas com recursos do exterior façam os seus registros, junto aos órgãos competentes russos, de acordo com o que realmente são: pessoas jurídicas de capital externo. Qual é a novidade que nós introduzimos? Diversos países agem assim, inclusive os Estados Unidos. O Kremlin não inventou nada. Para ter uma ideia do que se passa na Rússia com estas ONGs de capital externo, quatro meses após a entrada em vigor da lei que regula a atividade das ONGs de capital externo, foram transferidos para as suas contas bancárias 28,3 bilhões de rublos, o que equivale a quase um bilhão de dólares. Será que a sociedade russa não tem o direito de saber quem recebe este dinheiro e qual é a destinação do seu uso?

ARD – Para encerrar, Presidente Putin: quais são os seus planos pessoais para o futuro? Por futuro, entenda-se 2018, o ano em que terminará o seu mandato presidencial.

VP – Adoro Direito e Literatura, e espero poder me ocupar destas áreas sem manter ligações com quaisquer estruturas públicas. Admito, porém, manter ligações em outras áreas como as relacionadas à sociedade russa e ao mundo dos esportes na Rússia.

Estes foram os melhores momentos da entrevista concedida pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, à rede de televisão ARD, da Alemanha, às vésperas da sua visita oficial ao país, que acontecerá nos dias 7 e 8 de abril, domingo e segunda-feira.

Fonte: Diário da Rússia

2 Comentários

  1. essas sao respostas de um presidente que tem um exercito forte , principalmente quando ele fala das ongns internacionais que aqui estão atrapalhando nosso progresso e alem de tudo desarmando a populaçao civil ,fora outras tantas patifaria dessas ongs

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