Fábrica de insetos é destaque em inovação

A Bug Agentes Biológicos, de Piracicaba (SP), foi eleita pela revista americana de empreendedorismo “Fast Company” a 33ª empresa mais inovadora do planeta, ao lado de gigantes do mundo tecnológico como a Apple. Pelo mesmo ranking, foi considerada a companhia mais inovadora do Brasil.

 De uma forma simples, pode-se definir a Bug como uma “fábrica de insetos”. Ela multiplica vespas existentes na natureza (parasitas de pragas) para que sejam inseridas em um ambiente infestado. Esse método de combate às pragas, sem uso de agroquímicos, é conhecido como controle biológico.

 O conceito não é novo. O controle biológico é adotado no campo bem antes da criação da Bug, em 2001. Os primeiros estudos são da década de 1930. Em 1986, segundo Enrico Arragoni, do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), chegou-se à primeira técnica para liberação de vespas nas lavouras contra a praga da broca da cana.

 O diferencial da Bug está na produção em escala de um novo parasita usado para controlar a mesma praga: uma vespa milimétrica que parasita os ovos da broca. A eficácia dessa vespa no combate à praga já era conhecida na universidade. A inovação da Bug foi tornar a prática viável comercialmente. “A Bug transformou um produto que estava em laboratório em escala industrial”, diz Heraldo Negri, diretor de produção da empresa.

 Além da rápida multiplicação da vespa, a Bug inovou no modelo de venda dos insetos. Apesar de o controle biológico ser utilizado há décadas, a vespa produzida pela Bug é a primeira a parasitar os ovos da praga e, assim, impedir o nascimento da broca da cana. Dessa forma, a eficácia do combate à praga aumentou e levou a empresa ao reconhecimento internacional. Segundo Negri, o índice de sucesso chega a 90%.

Custo

Para o agricultor, hoje o controle biológico da broca da cana é cerca de 40% mais barato do que os tradicionais defensivos agrícolas. “Mas não é sempre assim”, ressalta Negri, lembrando que o preço dos agroquímicos varia de acordo com a política comercial adotada pelas multinacionais do setor.

Operando em plena capacidade em cinco unidades, hoje a Bug atende a 550 mil hectares no País. Está construindo uma nova “fábrica” no município de Charqueada (SP) para, segundo Negri, multiplicar por dez a sua capacidade de produção. O investimento total no projeto deve somar R$ 4 milhões.

A expectativa é que o controle biológico ganhe mais espaço com a maior preocupação dos consumidores com a qualidade dos alimentos. “A exigência de menor resíduo possível de agroquímicos, principalmente nos produtos exportados à Europa, é crescente”, afirma Luiz Alexandre de Sá, da Embrapa.

Segundo Negri, que é biólogo, cerca de 50% das lavouras de cana combatem a broca apenas por meio do controle biológico. Para ele, é possível atingir índices semelhantes em outras culturas, como a soja.

Editoria de arte/Folhapress

Fonte: Folha de São Paulo via Jornal da Ciência

6 Comentários

  1. Ótimo! No Brasil o uso de agrotóxicos é muito grande , um dos países que mais usa venenos na lavoura, quanto mais biológico o controle de pragas for , melhor para a nossa saúde…

    E além de prejudicar a saúde, os vegetais perdem em sabor, no Brasil de hoje os alimentos são de péssima qualidade por conta dos métodos de produção, que exageram nos defensivos e insumos químicos, até nas lavouras familares, que são as que servem a mesa do brasileiro de fruras, verduras e legumes.

  2. Parabéns à empresa Bug pelo desenvolvimento da tecnologia que permite atacar as pragas com maior eficácia,o Brasil precisa cada vez mais de industrias assim!

  3. Se foi possível chegar a esse nível com todos os entraves que temos nesse país criados por uma classe política imprestável eu imagino o que seria possível fazer sem eles. Por enquanto só imagino.

  4. Vamos ver até onde vai, afinal de contas estão mexendo com o bolso de multinacionais, ou seja, com os bolsos de gringos e todos nós sabemos que eles não gostam nada disso.
    []´s

  5. Como isso seria aplicado em larga escala, como em plantações de soja por ex???
    Aqui no mato grosso, já houve varias iniciativas nesse sentido, mas as multi-nacionais de agrotóxicos sempre davam um jeito de “comprar” a empresa que faz a pesquisa ou então entravam com uma verba ou davam outro jeito de inviabilizar o negócio…
    .
    Mas é um avanço e tanto, principalmente para a agricultura familiar.. hortas e pomares agradecerão… Sem contar o fato de que teremos menos crianças HIPERATIVAS e com dificuldades de concentração…
    Pois aqui do lado de minha cidade foi encontrado traços de chumbo e agrotoxicos até no leite materno…

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