Albert Chennouf criticou tentativa de presidente estereotipar diversidade dentro do Exército francês.
Albert Chennouf, pai de um dos três militares assassinados por Mohammed Merah, pediu nesta terça-feira para o presidente francês, Nicolas Sarkozy, controlar suas palavras ao falar sobre a diversidade do Exército francês.
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“Peço que modere um pouco seu discurso. Eu não sabia que havia muçulmanos, budistas e chineses no Exército. Para mim, meu filho era um soldado. Portanto por favor cale-se, presidente”, afirmou Chennouf em entrevista concedida ao canal Itélé.
O pai do militar assassinado se referiu às declarações feitas por Sarkozy ontem à emissora France Info, onde o chefe do Estado qualificou de “muçulmanos, em todo caso de aparência” dois dos três militares assassinados por Merah entre 11 e 15 de março em Toulouse e Montauban.
O discurso de Chennouf foi realizado pouco antes de o canal Al-Jazeera anunciar sua decisão de não transmitir os vídeos dos massacres. A decisão foi tomada em respeito às vítimas e também por considerarem que o conteúdo das gravações não apresenta nenhuma informação nova sobre os ocorridos. Chennouf chegou a solicitar ao presidente e ao resto das autoridades que fizessem “todo os esforços possíveis” para evitar que seu filho, com essa emissão, “morresse pela segunda vez”.
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Além de ter pedido para Sarkozy se calar, Chennouf também se dirigiu ao pai do assassino, que, aparentemente, teria manifestado intenção de abrir um processo contra o Estado pela morte de seu filho. “Em seu lugar, eu teria me calado. Esse senhor não tem nada mais o que fazer além de se calar”, concluiu Chennouf.
Antes de ser morto após tiroteio com forças de segurança francesas, Merah, de 23 anos, confessou ter matado a tiros três soldados, três crianças e um professor de uma escola judaica em Toulouse e Montauban.
Expulsões
O caso levou o governo francês a querer endurecer as medidas contra extremistas. Nesta terça-feira, Sarkozy anunciou a intenção de acelerar expulsões de extremistas presentes na França e garantiu que todas as pessoas autoras de “declarações infames” contra a França não serão autorizadas a entrar no território nacional.
Vamos acelerar os procedimentos de expulsão por motivo de ordem pública. Os extremistas aproveitam nosso formalismo administrativo, nosso dever é sermos mais eficazes”, declarou Sarkozy ao homenagear no Palácio do Eliseu as forças de segurança, incluindo os policiais da força de elite Raid, e de emergência envolvidos no cerco ao assassino confesso das sete vítimas no sul da França.
“É por esse motivo que atuei diretamente para que os pregadores que tomam nosso sistema de valores como alvo permanente fiquem em casa, não os queremos em nosso território da República Francesa”, recordou, em referência ao clérigo Yusef al-Qaradaui, que teve a entrada proibida na França para participar em uma reunião. “Todos aqueles que proferem declarações infamantes contra a França ou contra os valores da república não serão autorizados a entrar em nosso país. A França não tem vocação para acolher aqueles que infringem seus valores”, insistiu Sarkozy.
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O chefe de Estado também anunciou ter pedido à Direção Central de Inteligência Interna (DCRI) “a verificação de forma exaustiva da situação em nosso território de qualquer pessoa que pode representar um risco potencial para a segurança nacional”.
*Com EFE e AFP
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