Downloads em órbita

Por Sergio da Motta e Albuquerque – mestre em Planejamento urbano, consultor e tradutor

O anúncio, por parte do Pirate Bay (18/03), de que vai colocar seus servidores em pequenos aviões não tripulados (drones) para evitar qualquer tipo de interrupção nos serviços de download, abriu caminho para uma verdadeira guerra em defesa dos direitos autorais: só um avião militar poderá abater as aeronaves dos piratas, comentou um site sueco, através de alguém que se identificou como Mr. Spock, informou a Exame (20/03). Não tenho dúvidas de que se os piratas suecos lograrem o feito de mandar seus servidores para uma altitude de baixa órbita, tanto a Força Aérea sueca quanto a norte-americana derrubarão os veículos voadores assim que tomarem conhecimento de sua localização.

Com o uso dos pequenos artefatos aéreos, o Pirate Bay, o mais notório, resistente e desafiador site de downloads da web, promete reverter os rudes golpes que levou da justiça e da polícia suecas entre a metade do ano passado e o final de março deste ano. Seus principais líderes, Carl Lundström (o milionário que suporta a infraestrutura do site), Fredrik Neij, Peter Sunde (o ex-porta-voz) e Gottfrid Svartholm (o especialista em blindagem, privacidade e proteção do site) foram condenados na Suécia ejá estão cumprindo suas penas, publicou o Torrent Freak (20/3). Além de prisão, os membros do Pirate Bay estão sujeitos a multas de 6,7 milhões de dólares por perdas e danos, mais custas processuais.

Mas os piratas suecos não se curvaram. Mesmo depois das condenações e das operações da polícia contra o Pirate Bay, o site continua ativo e os downloads prosseguem. Agora, utilizando o “sistema magnet”, que “permite encontrar pares sem necessitar de um servidor bit-torrent”, explicou a Exame (pares são outras pessoas na web interessadas em downloads e que querem compartilhar o que têm em suas máquinas).

O grupo manteve a palavra

A revista ainda informou sobre a função dos miniaviões servidores:

“Com essas Estações Servidoras de Baixa Órbita (Low Orbit Server Stations – Loss), será possível trocar via rádio volumes com velocidade acima de 100 Mbps por módulo, em um raio de 50 quilômetros. Para o sistema de proxy que o TPB está construindo, isso seria mais do que suficiente.”

O site de downloads mais resistente, notório e famoso do mundo mostrou que não vai cair sem uma boa luta. Tudo está bem e funcionando agora. O choque foi duro, mas o moral do grupo ainda é alto. O Torrent Freak informou que seus fundadores mantêm uma promessa: não importa o que possa acontecer com eles, duas coisas acontecerão independentes de todo o resto. Primeiro, Hollywood e a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica, na sigla em inglês) não receberão um centavo; e segundo, o Pirate Bay seguirá em frente apesar de tudo.

Na segunda-feira (26/3) eu mesmo fiz o teste e verifiquei que os downloads continuam. Os torrents permanecem, os filmes, as músicas e os shows ainda estão lá para serem baixados. O sistema mudou, mas muitos arquivos ainda estão disponíveis em torrents, num desafio eterno aos defensores dos direitos autorais e suas ofensivas contra a liberdade na web. A notícia do fim dos downloads via torrents foi mentirosa. Eles não acabaram totalmente. Agora dividem espaço com o sistema magnet. O site, entretanto, não vai dar mais continuidade ao sistema no futuro, um inequívoco sinal da derrota sofrida. Eles não estão a abandonar os torrents por segurança ou economia de banda, mas para garantir maior segurança jurídica e margem de manobra legal.

Este sistema, inventado em 2001, é um protocolo de rede que permite ao utente realizar downloads de arquivos em ordem aleatória e divididos em pequenos pedaços de 256kb. É um sistema engenhoso que aumenta a largura da banda e a velocidade do download à medida que mais e mais pessoas participam da rede bit-Torrent de downloads. O anúncio de seu fim próximo significa o fim de uma época.

O golpe foi rude, mas não liquidou o grupo. Seu principal mentor intelectual, Per Gottfrid Svartholm, está desaparecido. Alguém está a operar o Pirate Bay, neste exato momento. Não sabemos exatamente quem é, mas uma coisa é certa: o grupo manteve a palavra, cumpriu o acordo e o site está no ar.

Fonte: observatoriodaimprensa

3 Comentários

  1. Com o preço exorbitantes praticados nos programas de computador,jogos,música e shows em DVD e Blu-Ray no mundo e principalmente no Brasil onde mais da metade de tudo é imposto é difiçil não sentir simpatia pelo “The Pirate bay” e Megaupload entre outros!

  2. Carlos Argus claro que é roubar. É como o Brasil desenvolver o tucano e depois os USA fazerem uma cópia dos planos e monta-lo. É um roubo com consequências indirectas, razão pela qual muita gente tenta enganar-se a sí próprio dizendo que não é roubo nenhum. Querem coisas gratis usem Open Source software!

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