Deu no Cavok:O que o Ministro de Defesa da Suíça esqueceu de dizer sobre o Gripen

O caça Gripen E/F foi escolhido pela Suíça para substituir os caças F-5E/F do país. (Foto: Saab Group)

Desde terça-feira, o Ministro da Defesa está tentando salvar a compra de 22 jatos suecos. Os argumentos de Maurer , no entanto, têm muitos pontos fracos. Rodeado por seus generais, Maurer foi ao contra-ataque. Depois que “Le Matin Dimanche” disponibilizou na internet um relatório confidencial da Força Aérea que apresenta sérias dúvidas sobre as capacidades militares do Gripen, o ministro da Defesa passa seus dias dando entrevistas. Mas sua argumentação não resiste à constatação dos fatos.

“RELATÓRIOS OBSOLETOS”: FALSO

Para o Conselheiro Federal Ueli Maurer, os documentos que nós publicamos no último domingo estão “completamente obsoletos”. Entre o relatório crítico de novembro de 2009 e a escolha da aeronave pelo Conselho Federal, em 30 de novembro de 2011, ele argumentou, nesta semana, que muitos novos relatórios foram escritos e a aeronave sueca evoluiu muito. O Conselheiro Federal omitiu que a organização da Força Aérea encarregada de avaliar a eficácia do novo avião militar, a Equipe Experimental Aérea (Equipe Expérimentale Aérienne – EEA), não procedeu a qualquer avaliação mais profunda desde o famoso relatório de 2009. Nem mesmo sobre o papel (evoluções propostas). Na época, o chefe da Força Aérea recomendou realizar, na Suíça, novos ensaios em voo para garantir que o novo Gripen seria capaz de cumprir com sucesso as missões de policiamento do espaço aéreo.

Por enquanto, sabemos apenas que oito voos de ensaio terão lugar, no início de maio, em Linköping, na Suécia, onde os peritos suíços vão tentar verificar o andamento do protótipo do Gripen E/F. Quanto aos ensaios na Suíça, eles devem ocorrer muito mais tarde.

“BOM PARA AS FORÇAS ARMADAS”: SOB UMA CONDIÇÃO

“Truppentauglich” ou “bom para as tropas”, em francês. Ueli Maurer se apega à palavra como um talismã para salvar a compra do Gripen pela Suíça. O que ele esquece de dizer é que esse atributo foi concedido à aeronave sueca, precipitadamente, em 23 de dezembro de 2009, ou seja, apenas um mês depois ter sido enviado o relatório assassino (?) da Força Aérea.

Como já publicamos há uma semana, o Gripen E/F (designado Gripen MS21 no relatório) falhou em todos os tipos de missões avaliados. Foi o brigadeiro Daniel Baumgartner, então chefe de Planejamento das Forças Armadas, que endossou a decisão de qualificar os três tipos de aeronave da competição. Sob quais bases? “Eu não me lembro se assinei esse resultado de “bom para as tropas”. “Eu tinha acabado de ser designado para aquele cargo e, em seguida, fui promovido a Chefe da Base Logística das Forças Armadas”. Segundo ele, em última análise, o responsável por supervisionar o projeto para substituir os F-5 Tiger (TTE), no Estado Maior das Forças Armadas, não era outro senão o Chefe das Forças Armadas Andre Blattman. Andreas Bölsterli, antecessor de Daniel Baumgartner como Chefe do Planejamento, também se refere ao Chefe das Forças Armadas.

Os pilotos suíços testarão o caça Gripen NG no mês de maio, na Suécia.

Mas há algo ainda mais curioso. A própria Força Aérea, que havia destacado as “deficiências que vão além dos limites de aceitabilidade” do Gripen E/F, em seu relatório de novembro, foi quem apresentou o pedido para classificar cada um dos três tipos de aeronaves como “bom para as tropas” em dezembro. “Nosso relatório era puramente numérico. Nós fizemos, de imediato, uma primeira síntese com dados da Armasuisse e outros componentes também foram adicionados”, justifica agora o Chefe da Força Aérea Markus Gygax, antes de jurar que não estava sob qualquer pressão, “de qualquer tipo que seja”.

Sugere que ele supostamente tentou opor-se à qualificação da aeronave sueca, que explicaria esta importante concessão, que Ueli Maurer não detalha: de acordo com várias fontes, este conceito “bom para as tropas” foi concedido ao Gripen sob uma condição: a condição expressa de ser submetido a uma nova avaliação. Apenas três meses após a decisão do Conselho Federal, essa condição ainda não foi cumprida. A EEA ainda não reavaliou o desempenho militar do Gripen E/F.

“MAIS BARATO”: A CONFIRMAR

De acordo com Maurer, o Gripen é de longe o mais barato quando comparado com o Eurofighter ou o Rafale. Complementa que isto considera tanto o preço de compra como os custos operacionais. No papel, em um mundo perfeito, ele provavelmente estaria certo. Mas o Conselheiro Federal se esquece de dizer é que, com as suas 98 melhorias propostas (contra 25 para o Eurofighter e 11 para o Rafale), o Gripen E/F poderia ver os seus custos de fabricação explodirem.

“Estou preocupado, pois o risco tecnológico é muito grande. Tenho medo que nos encontremos num impasse, com enormes aumentos de custos, o que levaria a um escândalo ainda maior”, disse um alto funcionário, sob condição de anonimato. Como outros, ele espera poder apresentar as suas preocupações perante o Subcomitê sobre Política de Segurança, que começará a sua investigação sobre o processo de avaliação do TTE nesta terça-feira.

Um documento em posse de “Matin Dimanche” confirma que os riscos associados com o desenvolvimento do Gripen E/F foram classificados como altos. Neste novo extrato do relatório da Força Aérea de 2009, que nós publicamos neste domingo na Internet, o Gripen MS 21 recebeu nota 2 (alto risco), enquanto o Eurofighter PE1 recebeu pontuação total de 6 (risco médio) e o Rafale Lote 4 foi avaliado como 8 (baixo risco).

O Conselheiro Federal Ueli Maurer e seus executivos acreditam que este risco é, de qualquer forma, “controlável”. Um pouco como o risco de adquirir um carro desconhecido. Mas são carros de 3,1 bilhões de francos.

Fonte: Le Matin – Tradução e Adaptação do texto: Justin Case via Cavok

15 Comentários

  1. Qualquer avião em desenvolvimento poderá ter seus custos aumentados, isso faz parte. Acho entretanto, que a força aérea suiça tem que escolher entre participar de um projeto como o Gripen NG (plano desenvolvimentista) ou comprar aeronaves prontas(plano estritamente militar). Tanto uma como outra escolha são boas, mas depende do plano que cada governo tem para seu país. Só não vale continuar de F-5.
    No caso do Brasil, eu defendo as 2 opções, pois sabemos que no caso do Rafale ganhar o FX2 dificilmente veremos a compra de um segundo lote. Sendo assim, seria interessantissimo participarmos do projeto Gripen NG, menor, mais barato e que nos oferece conhecimento técnico de projetos e construção de caças, ao passo que paralemente para garantir nossa soberania aérea poderíamos adquirir aeronaves mais capazes como Rafale, thypoon ou Su-35.

  2. ESTÃO VENDO? Isso é oq dá fazer cursinho de piloto (sic) pra entender sobre aviação de caça!
    .
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    .
    Vergonha alheia !!!!!!!!!!!

  3. Bom creio que a matéria postada anteriormente onde fizemos menção no quesito custo de aquisição e operação do Gripen E/F não estava fechado e não poderia ser mensurado para comparar aos outros finalistas do FX-2 estão corretos.
    Para lembrar aos amigos posto o link abaixo:
    http://planobrasil.com/2011/10/18/fx-2-algumas-possibilidades-futuras/

    Agora quanto a possibilidade de se usar um mix de Hi-low com o Gripen E/F e Rafale F-3++ BR, isto seria interessante no ponto de vista de ganho de capacidade numérica e desde que o próprio Gripen E/F seja equipado com o mesmo motor do Rafale F-3++ BR que no caso tudo tende para o ECO, com acréscimo de potencia e melhor relação custo-hora de vôo.

  4. Eu estou deixando de acreditar nas materias vinculadas a licitações de caças pois é evidente o parcialismo lobbysta…TA TUDO DOMINADO E ORQUESTRADO rsrs…Muita gente esta mamando nisso tudo pois quem trabalha de graça é relogio e se não der corda ele para rsrs rsrs O PEQUENO NOTAVEL GRIPEN NG sempre foi e é o melhor pacote as pretenções do Brasil “MAS” vem ai F18 de FX,F16 de tampão e participação no F35 e no final todos voces ainda vão dizerem que foi a mais sabia escolha rsrs rsrs e um NAezinho meia bomba Americano e belonaves sucatinhas da UK rsrs rsrs Esse Brasil capaxo jamais tera autosuficiencia tecno-industrial no quesito caças avançados e apenas seremos o que na verdade sempre fomos MEROS MONTADORES e felizinhos por podermos ter quem sabe uns 60% de nacionalização rsrs rsrs

  5. Se formos olhar caça baratinho, melhor comprar algum da China, porque o gripim é um grande blefe. Melhor opção para o Brasil é o Rafale.

  6. Com um relatório nada a favor, se não tiver um preço bem barato, soará muito estranho a compra desses aviões pelo governo suiço.

  7. Isso mesmo maluquinho. Sera que ninguem percebe que isso eh pura propaganda?
    A midia francesa tem exagerado em repeticoes de frases descontextualizadas, antigas e de pessoas insignificantes…
    Essa tatica de ficar citando nomes, datas e documentos pra sedmentar um argumento ja eh manjada pra mim.. Desconsidero qualquer analise feita pel midia francesa

  8. CQUEIROS atualize não é Gripen E/F o Gripen oferecido ao Brasil é o NG que o prototipo ja voa a alguns anos coisa que os entendidinhos da internet insistem em dizer e apregoar que não existe.Nossos pilotos voaram,testaram e aprovaram o NG.Ele é perfeito a nossa assimetria e perfeito ao conceito de padronização.Poderiamos escolhermos um caça de superioridade de pronta entrega ou consecionado para formarmos hi-low com ele.Su35,SU34,Rafale ou melhor ainda o SU50MKI construido aqui no Brasil como a India o faz em seu territorio.Eu que não entendo nada de aviação de caça e apenas dou minha opinião vejo o Gripen NG como o melhor pacote para o Brasil e o SU50MKI a melhor associação 5.0.O Sea-Gripen depende apenas de reforço em seu trem de aterrissagem e mais nada para pousar e decolar de qualquer NAe inclusive ate do Minas Gerais.

  9. O Gripen parece querer repetir a história de nossos AMX. Até hoje a aeronave não está completa. Serão gastos 2 bilhões para uma atualização que não deve nem chegar perto de qualquer caça novo de 4 geração e que são sem dúvidas muito superiores. Quem ganhará com isso? O Brasil?

  10. Amigos,

    Um “off topic”, mas nem tanto:

    O assunto é a visita do nosso Ministro da Defesa Celso Amorim à Índia. Este artigo foi publicado hoje pelo The Times of India:

    http://timesofindia.indiatimes.com/home/opinion/edit-page/India-and-Brazil-have-no-possibility-of-conflict-at-all/articleshow/11982936.cms

    ‘India and Brazil have no possibility of conflict at all’
    Feb 22, 2012, 12.00AM IST

    Talk of economic cooperation between the BRIC nations – Brazil, Russia, India and China – is frequent. But visiting India recently, Brazilian defence minister Celso Amorim spoke with Josy Joseph about the importance of strengthening bilateral defence ties, sharing valuable tips – and enjoying a relationship free of disputes:

    What’s the key agenda of your India visit?

    Looking at ways to strengthen defence ties. I met defence minister A K Antony and national security adviser Shivshankar Menon. Several senior officers from our military accompanied me… My trip was also part of preparations for the imminent visit of our president Dilma Rousseff to Delhi. We’re hoping to have bilateral meetings here on March 29, a day before the BRIC summit. We believe in India-Brazil strategic partnership and further reinforcing defence ties. The basic purpose of these meetings was to ensure that whatever we agree on could be fed into the president’s visit.

    India has bought some aircraft for military and civilian use from Brazil in recent years – aside from this, haven’t defence ties have been rather low?

    We’ve had good relations in aircraft manufacture. Your Early Warning project is mounted on Brazilian aircraft. In the past too, we sold executive planes to the Indian government. But when it’s a deep bilateral relationship, you don’t want to merely sell or buy but have joint projects. We’d like to collaborate in aircraft manufacturing, naval construction, cyber defence, etc. For example, you’re building six Scorpene submarines, we’re building five – it’s good to exchange notes on problems and experiences. We’d also like to increase training exchanges… we can cooperate in peacekeeping activities – both of us have centres studying the issue, they could cooperate. We have a very reputed jungle warfare school. We’ve offered invitations for your officers to train in our centres. We’ve discussed space cooperation. Additionally, we’ve discussed general strategic issues. We have different regional issues but we have common views on a multipolar world, UNSC expansion, etc.
    To further discuss, the Joint Defence Commission of the two countries should be meeting in the second half of the year… I have also invited minister Antony to Brazil for a visit.

    You mentioned India could be willing to share documentation of its ongoing fighter selection – could you elaborate?

    Wherever there’s a possibility, we should always look for sharing experience while respecting confidentiality. We made a pre-selection of three fighters – Rafale, F-18 and Gripen-NG. You selected two… at some point, we’d like to discuss fifth generation fightersa¦the fundamental fact in these discussions is that India and Brazil have no conflict – and there is no possibility of conflict at all.

    But alongside, can India and Brazil really have strong defence ties, given the distance between them and a lack of common strategic aims?

    I don’t think we are as distant as the US and you. We have cooperation with China in the civilian sphere, to build satellites, etc, so distance doesn’t matter. The world is fast shrinking. Sometimes, distance helps because we can never, ever have a conflict. I believe we have to take relations ultimately to joint development programmes – but these things don’t come like that, we need confidence…
    We’ve already agreed on sharing our catalogues of Nato military products we developed based on an exclusive software. We have a 17,000-km-long border – we can share something for improving border security. We’d like to discuss the development of a basic trainer for the air forcesa¦if you don’t explore several avenues, you don’t find a few to go forward with.

    Abraços,

    Justin

  11. Esse Gripinho e ruim demais gente.
    So leva pau em testes e nao faz nada.
    Cruz credo a Fab ter um trambolhinho desse que somente voa e nao sabe atacar, sem falar seu alto risco.
    Jamais vai ser barato pra operar.
    Melhor um Rafale que foi aprovado na India com muitos meritos e eficiencia.

  12. A SAAB tem é prometido mais do que o Gripen pode pois do contrario não ocorreriam tantos maus entendidos. E a Suiça não deve estar sabendo o que realmente precisa e quer por que os outros usuários Gripen estão bem.
    *****
    Carlos Augusto
    Apoiado completamente, pra mim é Rafale tamben.

  13. Me parece que o tom da matéria leva ao raciocínio de lobby contra o Gripen. Não que eu tenha alguma preferência, o que me descredenciaria como jornalista especializado. Cada aeronave tem seus prós e seus contras, e faltou ver isso no texto. INTERESSES, este é o mote de todas as matérias que tenho lido sobre concorrências de caças, seja no Brasil, na ìndia ou na Suíça. temos as matérias da viúva de americanos, da viúva de francês, do netinho de sueco, etc. Gentes, vamos fazer jornalismo sem bairrismo pago? Isso é possível sim, basta ver o exemplo de Tecnologia & Defesa… http://www.tecnodefesa.com.br

  14. 1maluquinho vc esta errado,o que existe e um GRipen CD com a eletronica embarcada que sera usada no GRipen NG<caso a Saab consiga um parceiro,perto do Rafale e o F18Sh,esse Gripen nao da nem pro inicio,pois nao existe,quanto ao GRipen EF<nada mais e que um gripen cd com melhorias e atualiZacao na eletronica

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