Defesa & Geopolítica

Aviões sem piloto invadem o céu

Posted by

Aviões-robôs, que dispensam o piloto, estão se tornando cada vez mais numerosos no cèu

Rio Madeira, em Rondônia. A cada mês, um pequeno avião monitora uma área de 60 quilômetros quadrados no reservatório da usina hidrelétrica de Jirau, em construção desde 2009 na Amazônia. Dentro da aeronave Apoena 1000 não há ninguém. Uma máquina fotográfica digital registra as imagens da região, enquanto cinco câmeras de vídeo, que transmitem em tempo real, permitem o acompanhamento do trabalho a distância por uma central, no solo. O avião precisa de assistência humana só na decolagem e no pouso, feitos por controle remoto. Ao atingir 200 metros de altitude, o piloto automático assume o comando, eleva o equipamento a 1 500 metros e cumpre a rota programada.

Aparelhos que misturam as características de um avião com sistemas inteligentes e automatizados de controle estão mudando a face da aeronáutica. Verdadeiros robôs capazes de voar, eles deram início a uma era em que os seres humanos têm papel coadjuvante no céu. Com tamanhos que podem variar das dimensões de um aeromodelo às de uma aeronave tradicional, os veículos aéreos não tripulados, ou Vants, começam a se popularizar. Muitos modelos podem voar por dezenas de horas seguidas — um stress impensável para um piloto — e trazem modernos sensores de captação de imagem. Seu uso é muito mais barato que o de um satélite.

O Apoena 1000, foi desenvolvido pela XMobots, de São Paulo.

Vigilância no campo

Uma das saídas encontradas pelas empresas brasileiras para disputar esse mercado está em produzir modelos mais baratos, com tecnologia nacional. Fabricado pela AGX, de São Carlos, no interior de São Paulo, em parceria com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC), o Tiriba custa entre 30 mil e 60 mil reais. “Alguns componentes eletrônicos não são feitos aqui, mas o software e o design são 100% nacionais”, diz Adriano Kancelkis, diretor da AGX. O sistema de operação e controle do aparelho foi criado por pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP).

No lugar de priorizar o mercado militar, a AGX aposta em aplicações civis ou de segurança para o Tiriba. O aparelho pode ser usado, por exemplo, no agronegócio, uma vez que consegue fotografar plantações. As imagens permitem medir desde a quantidade de plantas e ervas daninhas até o volume de solo desocupado. É possível ainda monitorar áreas de risco, verificar as condições de linhas de transmissão de energia elétrica ou detectar crimes ambientais. A Polícia Militar Ambiental do estado de São Paulo estuda o uso da aeronave como apoio na fiscalização, por meio de um programa experimental previsto para durar dois anos.

Embora se pareça com um aeromodelo, o Tiriba tem piloto automático e só precisa de ajuda para decolagem e pouso. O aparelho consegue tirar fotos com altitude nivelada a partir de uma rota programada, sem que a câmera provoque interferência nos sistemas de bordo e faça o modelo cair. “Ao apertar um botão, você gera 30 mil linhas de código”, afirma o professor Onofre Trindade Junior, da USP, um dos pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento da aeronave. Outro modelo, criado por ele em conjunto com Embrapa e AGX, o Arara, é lançado do alto de um carro.

Nos próximos meses, a AGX vai se fundir com a XMobots, que foi criada por ex-alunos da Escola Politécnica da USP. “Temos trabalhado em projetos confidenciais nas áreas de energia e monitoramento ambiental”, diz Giovani Amianti, sócio da companhia. A empresa trabalha ainda para fazer o Apoena 1000 voar na Amazônia a uma distância de até 60 quilômetros da central de controle, sem perder a comunicação.

Fonte: Exame

11 Comments

shared on wplocker.com