90% das plataformas de petróleo são compradas no exterior

Por Leila Coimbra

A revitalização da indústria naval brasileira e o anúncio da entrada em operação de pelo menos 13 novos estaleiros no Brasil ainda não são suficientes para que as plataformas de petróleo sejam inteiramente fabricadas aqui.

Nos últimos quatro anos foram encomendadas 22 plataformas de produção de petróleo, em sua grande maioria pela Petrobras. Dessas, só 3 estão sendo integralmente construídas no Brasil, segundo o Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval): a P-51, a P-55 e a P-56.

Dentre os gargalos enfrentados pela indústria local estão a falta de componentes nacionais e a sobrevalorização do real, que torna o produto importado mais barato.

As plataformas que atuam em grandes profundidades são na maioria navios petroleiros adaptados para produzir petróleo. E é mais fácil, rápido e barato encontrar no exterior esse tipo de embarcação, em sua maioria navios desativados, sem a necessidade de grande espera.

Um empresário da área que atua no Brasil diz que a indústria brasileira ainda é pequena e não existe um plano de governo para desenvolvê-la, apesar das grandes descobertas de petróleo. Ele diz que existem boas notícias no setor, como a projeção de demanda por sondas e plataformas nos próximos dez anos, pelo menos, o que não existia no Brasil há pouco tempo. Mas falta uma política de financiamento. Hoje, o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são repassadores do Fundo da Marinha Mercante, mas não há recursos suficientes e há excesso de burocracia. PETROBRAS Outro executivo do setor diz que esse processo de revitalização se deve em grande parte à Petrobras, cujo plano de investimentos para os próximos quatro anos prevê US$ 224 bilhões -média de US$ 44,8 bilhões por ano. Mesmo assim, a maioria das plataformas encomendadas pela estatal será total ou parcialmente fabricada e montada no exterior.

A OGX, braço do setor de óleo e gás do grupo EBX, controlado pelo empresário Eike Batista, está contratando quatro plataformas no exterior, mesmo contando com uma empresa do setor naval dentro do grupo, a OSX. Como a OSX ainda não tem um estaleiro funcionando, as plataformas serão construídas em Cingapura. Mas, segundo a empresa, apenas as primeiras unidades serão contratadas fora do país. A demanda total da OGX será de 48 plataformas até 2019, das quais 90% serão produzidas em território nacional, no estaleiro que está sendo construído pela OSX, segundo a empresa.


Nas duas últimas décadas, enquanto a indústria brasileira ficou paralisada, países como Coreia do Sul, China e Cingapura desenvolveram suas indústrias navais investindo em tecnologia e dando subsídios estatais ao setor.

Fonte: Folha de S.Paulo

13 Comentários

  1. O “nacionalismo” naval da Folha está furado
    Por Brizola Neto

    Quando a gente fala que a mídia manipula a informação, não está dizendo que ela mente.
    Está dizendo que distorce, aumentando um lado, reduzindo o outro.
    Vejam o caso da manchete – e mais quase toda uma página interna da edição de hoje da Folha de S. Paulo: “90% das plataformas de petróleo são compradas no exterior”

    http://www.tijolaco.com/o-nacionalismo-naval-da-folha-esta-furado/

  2. Caro Ronin
    Um empresário DIZ SOBRE…..indústria brasileira …. não existe um plano de governo para desenvolvê-la, apesar das grandes descobertas de petróleo……
    O proprio texto e gráfico denúncia a distorção dos fatos
    Abs

  3. Portal Fator 07/06/2011
    A Diretoria da Petrobras aprovou o início do processo de licitação para a contratação de até 21 sondas de perfuração marítimas.
    A licitação faz parte da estratégia para contratação de até 28 novas sondas de perfuração a serem construídas no Brasil.
    ==================================
    A própria Folha em 13/11/2010
    Contrato pela Petrobras e a empresa Engevix Engenharia, encarregada das plataformas flutuantes, tipo FPSO, montadas em cascos de navios.
    O porte da encomenda vai envolver nada menos do que 100 empresas subcontratadas, segundo o executivo da Engevix. O edital publicado pela Petrobras prevê um mínimo de 65% de conteúdo local, mas, segundo Almada, o objetivo é ir além, chegando a 70% das peças e equipamentos fabricados no Brasil.
    O executivo da Engevix previu que, mantidas as encomendas ao setor naval, o Brasil se tornará um exportador futuro de navios e plataformas, invertendo a tendência verificada em décadas passadas, quando a maior parte dos equipamentos era construída no exterior. “Este é o nosso objetivo. Acreditamos que não só atenderemos ao mercado nacional, mas também ao internacional. Para isso contamos com o apoio do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que é muito ativo no apoio financeiro.
    Sem falar os contratos de produção de navios para transporte a serem produzidos aqui.
    =================================

    ….Nas duas últimas décadas, enquanto a indústria brasileira ficou paralisada, países….
    Qual Decada???
    e em que governo?????

  4. Enquanto existir pessoas defendendo politicos enganadores nao importam de qual sigla jamais sairemos do atoleiro em que estamos , essa conversa que o petroleo vai nos levar ao primeiro mundo esta sendo a maior mentira que ja existiu , primeiro mundo vai ser quando investirmos em educacao .
    Tivemos varios siglos de riqueza e muito pouco mudou exemplo ciclo da borracha , ciclo do cafe , do ouro , etc com o petroleo nao vai ser diferente.

  5. Não tem mistério; infelizmente enquanto os impostos e os juros forem os mais altos do mundo no Brasil. Toda empresa séria irá comprar maquinário no exterior. Afinal empresa tem que ter lucro para gerar empregos, e não fazer caridade para partido político..

  6. OS economistas BRASILEIROS devem ir a inglaterra,comonidade europeis eua faser um curso de economia,pois sendo assim como é que a inglaterra exporta?EUA,EURO EUROPA,ONDE A MOÉDA VALE MUITO MAIS QUE A NOSSA,sempre ésta conversa,e o povo tomando,TUDO É CULPA DA MOÉDA,isto é coisa de ESPECULADOR,O K ACONTECE NESTE PAIS?é falta de vontade e os urubus querendo baixar querendo levantar PARA EXPLORAR E GANHAR DINHEIRO FACIL.

  7. ENTRA SAFADO SAI SAFADO,E A REFORMA TRIBUTARIA?~~~~~~~~~~~~ONDE? ESTA?SERA QUE TEM QUE SURGIR UM GRUPO ARMADO NESTE PAIS PARA IMPOR VONTADE A ESTES POLITICOS SAFADOS SEM VONTADE?tomara que não seje nessesario que eles tomem vergonha,esperamos que surja politicos onestos e trabalhadores QUE O POVO APRENDA A VOTAR.

  8. Como leitor deste blog, e tendo contato constante , não só com técnicos e engenheiros da área naval e, outras de técnologia, não posso me furtar em refutar o tendencionismo absurdo do Jornal ,do qual a matéria acima foi extraída.
    Abaixo coloco posição daqueles que efetivamente trabalham nesta área, e conhecem bem o assunto.

    O “nacionalismo” naval da Folha está furado

    Quando a gente fala que a mídia manipula a informação, não está dizendo que ela mente.

    Está dizendo que distorce, aumentando um lado, reduzindo o outro.

    Vejam o caso da manchete – e mais quase toda uma página interna da edição de hoje da Folha de S. Paulo.

    “90% das plataformas de petróleo são compradas no exterior”

    Aí vem a conta marota.

    Como foram compradas 22 plataformas e, destas, só três foram integralmente construídas aqui, tem-se que 3/22 é igual a 13,6%. E então, 87% dão estrangeiras. Arredondando, 90%, não é?

    Aí você, pacientemente, lê toda a matéria. A repórter Leila Coimbra jamais escreve a expressão 90%, senão uma vez, para dizer que das 48 plataformas da petroleira privada OSX, 90% serão construídas no Brasil, no estaleiro que o grupo empresarial de Eike Batista está começando a construir no Porto do Açu, em sociedade com a sul-coreana Hyundai Heavy Industries, e que será, segundo os planos, o maior estaleiro das Américas.

    Como a empresa já achou e extrai petróleo, é óbvio que ela não iria esperar ficar pronto o estaleiro e que o estaleiro produzisse as plataformas, não é? Até porque, é evidente, um estaleiro não é simples como “fazer um puxadinho” e construir uma plataforma não é fazer um toldo de varanda. Portanto, nada mais natural que, na fase inicial, ela comprasse quatro plataformas em estaleiros que fazem uma atrás da outra.

    Mas vá lá, é uma empresa privada e, se a Folha não se incomoda em que a Vale – segundo ela, empresa privada também, embora o estado tenha a maioria das ações do consórcio controlador – faça navios lá fora, é estranho que se incomode com o fato de a OSX fazê-lo. E, como se viu, nem é o caso.

    Bom, sobram então, dos 15 equipamentos utilizados no gráfico que ilustra a matéria, 11 equipamentos pertencentes à Petrobras, e só três deles feitos no exterior: a TLP-61 e os navios-plataforma (FPSO) Santos e Angra dos Reis.

    E por que? Os dois FPSO foram comprados porque se destinam aos sistemas definitivos de exploração dos campos de Tupi e Lula, os primeiros do pré-sal. Eles substituem outros, afretados no exterior, que fizeram os testes de longa duração, mas que não têm capacidade de suportar o megavolume – 100 mil barris/dia – que os poços terão na sua operação comercial. Foi, portanto, uma opção de velocidade na entrada de operação do pré-sal.

    Opção que, de forma alguma, substitui ou reduz o empenho da Petrobras em desenvolver a indústria naval e petrolífera nacionais. Tanto que os FPSO apontados como tendo “parte nacional, parte estrangeira” são, na sua maioria, cascos comprados e reformados estruturalmente no exterior – eles têm previsão de ficarem ancorados no poço por 20 anos, não podem vir á terra para pequenos reparos – e convertidos aqui em navios-plataforma. O P-58 está no Estaleiro Estaleiro Rio Grande – que vai fazer oito outros FPSO, chamados “replicantes” – e o P-52 no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Lá, também, será sendo feito o “Cidade de São Paulo”, que tem apenas o casco importado da China.

    Aliás, uma das características comuns a muitos navios-plataforma do tipo FPSO é serem construídos, por opção econômica, a partir de cascos de antigos navios petroleiros de grande capacidade – os chamados VLCC, Very Large Crude Carriers – que não são mais competitivos como navios de longo curso mas que se prestam perfeitamente – por sua enorme capacidade de tanques – à operação quase estacionária de um navio-plataforma. Daí a necessidade de reforma do casco, em geral em dique seco, para reforçar suas características estruturais. O complexo não é o casco, mas a construção de uma plataforma de petróleo sobre ele.

    E a TLP-61? É simples, é uma plataforma de um tipo diferente, pioneira no Brasil. E não está sendo feita no exterior, não. Está sendo feita no Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis.

    Mas, como é uma plataforma de outro tipo, diferente de todas já utilizadas pela Petrobras, a execução do projeto implicará a utilização de uma balsa especial para a etapa de mating (acoplamento do casco ao convés). A balsa existente no Brasfels, utilizada na construção de P-52, P-51 e P-56, não se encaixa à P-61, por que a distância entre suas colunas é menor do que em plataformas semissubmersíveis, como as que usa a Petrobras. Assim, a nova balsa será construída no estaleiro da Keppel Fels em Singapura, junto com uma parte do convés e dos topsides da plataforma, que chegam ao estaleiro brasileiro no fim deste ano.

    Agora, se a Folha se preocupa tanto com a questão da nossa capacidade de construir aqui plataformas para a exploração de petróleo, ao ponto de dedicar uma capa do caderno de economia à nossa “incapacidade” de fazê-las, porque dedicou, no dia da inauguração da P-52, no início deste mês, a plataforma com maior índice de nacionalização já alcançado (73%), apenas dois parágrafos de uma pequena matéria, como voc~e pode ver na reprodução publicada aí ao lado?

    Seria isso o que o neoacadêmico Merval Pereira disse outro dia, desqualificando os blogs, a “capacidade de hierarquizar a notícia” da grande mídia?

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