Blog do Editor(BBC Brasil) homepage Israel, um país sozinho

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Rogério Simões

A situação em que vivem os palestinos é insustentável. O mundo todo, inclusive os Estados Unidos, sabe disso há muito tempo. Há pouco a acrescentar sobre sua penosa rotina, de falta de água, falta de comida, destruição de casas ou bombas sobre suas cabeças. Até mesmo Israel está ciente, melhor do que ninguém, das consequências danosas da sua ocupação das terras palestinas, que já dura 43 anos. Portanto não é o estado atual dos palestinos que pode definir o futuro do Oriente Médio. A chave de um futuro de paz para a região é o estado em que se encontra Israel. O que pode colocar um fim nesse conflito é Israel se convencer que sua situação atual é, assim como a dos palestinos, insustentável.

A desastrosa operação contra a frota de embarcações carregando ativistas em direção a Gaza, em que as forças de Israel mataram nove dos passageiros, isolou ainda mais o Estado judeu. Israel praticamente acabou com a amizade de décadas que desfrutava com a Turquia, uma democracia muçulmana integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os efeitos do abalo dessa relação, que já vinha se deteriorando, ficaram claros um dia após o ataque à frota. Israel mantinha as centenas de ativistas detidos, ameaçando inclusive indiciar boa parte deles criminalmente, quando o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, exigiu a libertação de todos. Dentro da aliança militar ocidental, um ataque a um de seus membros é visto como um ataque a todo o bloco. A Turquia, de onde vieram todos os nove mortos, declarou a ação israelense como criminosa e pediu uma atitude da Otan. Israel não teve escolha: em poucas horas, acatou o pedido de Rasmussen e libertou os detidos.

Os danos à imagem de Israel não pararam por aí. A União Europeia condenou o ataque, e a Grã-Bretanha, que nos tempos de Tony Blair portava-se quase como um aliado incondicional de Israel, não mediu suas palavras. O ministro do Exterior, o conservador William Hague, exigiu uma investigação sobre o incidente e disse que o episódio mostrava que o bloqueio da Faixa de Gaza deveria acabar. Segundo Hague, a medida, imposta em 2007, depois que o grupo Hamas tomou o controle do território, tem efeito “sobre uma geração de jovens palestinos”. Em outras palavras, Israel pode estar gerando novos militantes prontos para atacar o Estado judeu no futuro. Além de injusto com a população civil, o bloqueio estaria sendo, na visão britânica, prejudicial à própria segurança de Israel. O país parece também ter perdido parte de sua amizade com o Egito. O vizinho, primeiro país árabe com quem Israel assinou um acordo de paz, decidiu abrir indefinidamente o posto de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, como protesto contra o ataque em águas internacionais do Mediterrâneo. Com a medida, o bloqueio a Gaza passa a ser apenas israelense, e não uma ação conjunta com o governo egípcio. Para completar, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, também exigiu a suspensão do bloqueio a Gaza, alertando que o sofrimento dos seus 1,5 milhão de habitantes não pode continuar.

Mas Israel sempre pareceu ignorar a falta de aliados, desde que os Estados Unidos continuem do seu lado. Tal relação, entretanto, vem sendo abalada há meses, primeiro pela recusa israelense em atender o pedido do presidente Barack Obama para que interrompesse a construção de casas em territórios palestinos (Jerusalém Oriental inclusive). Washington estendeu a mão a Israel após o ataque no Mediterrâneo, garantindo que o pronunciamento do Conselho de Segurança da ONU fosse mais brando do que queriam outros membros. Mas a secretária de Estado Hillary Clinton foi clara ao falar da Faixa de Gaza: “A situação em Gaza é insustentável e inaceitável”, disse Clinton, que nos últimos meses já vinha pressionando Israel a voltar à mesa de negociações com a Autoridade Palestina. Os Estados Unidos continarão sendo o melhor amigo de Israel no mundo, mas tal amizade não é mais incondicional, como nos tempos de George W. Bush. Além disso, o poder da maior potência do planeta é hoje relativamente menor, portanto Washington sabe que não pode manter o status quo no Oriente Médio por muito mais tempo.

Após transformar a aliada Turquia em um quase inimigo, perder a parceria do Egito no bloqueio a Gaza, provocar uma resposta indignada da Grã-Bretanha, testar a paciência dos Estados Unidos e causar um estado geral de ira no mundo, será que Israel ainda acredita ser possível viver sozinho, sem amigos? É verdade que, como bem lembrou a revista The Economist, o premiê conservador Stephen Harper fez do Canadá o mais novo e entusiasmado amigo de Israel. Mas o Canadá não tem influência nem relevância suficientes para melhorar a difícil situação do Estado judeu. Alguns países no mundo optaram pelo isolamento político e econômico, como Coréia do Norte e Eritreia. Israel sempre se orgulhou de ser uma democracia moderna, com fronteiras e economia abertas para o mundo, mas parece não ter percebido que sua situação atual é cada vez mais insustentável. Sem fronteiras oficialmente definidas, com um provável arsenal nuclear escondido da comunidade internacional, sem aliados entre seus vizinhos, cada vez mais distante de seus antigos amigos e com uma imagem negativa ao redor do mundo, Israel segue o caminho do isolamento. A paz, como todos sabem, fica na direção oposta.

Fonte: BBC Brasil

16 Comentários

  1. É isso aê, td passa pela decisão sionista, de sairem das terras invadidas, ocupadas pelos mesmos, é com a cúmplicidade dos ianks , o outro lada desta moeda de sangue.

  2. Discurso histórico de Erdogan:

    O premiê turco, Recep Erdogan, discursou sobre o recente episódio em Iskenderun e no Mediterrâneo. Ele condenou Israel de forma extraordinariamente contundente e conclamou a população daquele país a se defender de seus falsos governantes.

    “Eles desmentem. Eles afirmam que teriam sido vítimas de disparos. Nós estamos fartos de suas mentiras! Sejam finalmente honestos! […] Eu disse que eles podem matar muito bem […] Hoje é um novo dia, uma mudança de época. Está claro que não será mais como tem sido até agora.”

    http://www.inacreditavel.com.br/novo/mostrar_artigo.asp?id=718

    Os americanos continuam reféns – atuando como satélite de Israel. Parte da consciência alemã já não aceita mais as chantagens sionistas e publicam de imediato todos os fatos.

    Original:
    http://mideastcenter.blogspot.com/2010/06/erdogan-mit-historischer-rede.html

  3. “quando o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, exigiu a libertação de todos. Israel não teve escolha: em poucas horas, acatou o pedido de Rasmussen e libertou os detidos.”

    Que dúvida cabe de que não passa de um peão dos States?
    Deram a ordem e os israelenses acataram, é só dar a ordem, os americanos são os que controlam Israel, não podem fugir da responsabilidade dos atos de seu peão no oriente médio.

    A Onu faz declarações, Obama faz declarações, Ban Ki-Moon exigiu, mas o Rasmussen deu uma orden, e as ordens são para ser cumpridas. kkkkk

  4. Israel entregou Gaza aos palestinos, uma medida unilateral, dando oportunidade aos palestinos construirem seu futuro e um grupo terrorista dominou o territorio e começou a enxurrada de misseis sobre o sul do de Israel. É dificil, mas liberar tudo envolve riscos muito grandes. Os palestinos respondem a gestos de boa vontade israelense com mais terrorismo, e mesmo assim chamam Israel de intransigente. Nenhuma naçao em sã consciencia pode ceder ao terror, sob risco de ser engolido por ele.

  5. Tem muitos amigos do blog que estão defendendo a atitude tomada por ISRAEL, não estou defendendo os palestinos, mais ISRAEL cometeu um erro gravissímo, matou pessoas que não tinham a menor condição se defender, ou ameaçar os soldados israelenses!

    Tudo bem ISRAEL tem preocupações legítimas de segurança, mais tem um porém, ataque a embarcações em águas internacionais não são legítimas, atirar com fuzis M-16 em pessoas armadas com paus, barras de ferro e estilingues com bolinhas de gude é brincadeira, esses soldados das forças especiais esraelenses são muito bem treinados, eles estavam equipados com armas letais e não letais, eles poderiam sem nenhuma dúvida controlar a situação sem fazer um único disparo de armas letais, mais tenho 100% de certeza que a ordem que foi passada a esses soldados foi, se acontecer qualquer tipo de reação, os soldados terão permissão para usar de métodos letais, essa ordem foi dado aos soldaos, e eles cumprirão a missão a com 100% de êxito, o erro não foi dos soldados israelenses, o erro foi do oficial que deu a ordem para atacar as embarcações podendo utilizar de métodos letais, os soldados apenas cumprirão a missão passada por um superior e com 100% de êxito!

    O que me parece o governo e oficiais israelenses, estão querendo demostrar a todos os países dequela região que tem poder militar para atuar não só em território israelense, como fora dele se achar que a segurança do país está em jogo, independente da opinião mundial!

    Antes que alguém venha comentar que as embarcações tinham apenas finalidade política, isso não faz a menor diferença, ISRAEL atacou embarcações em águas internacionais, e utilizou de métodos letais sem precisão, métodos letais só devem ser utilizados ser for extremamente nescessário, e neste caso teria como parar as embarcações e controlar a situação sem ter utilizado métodos letais!

    Então se assim aconteceu, ISRAEL deve ser púnido sem dúvida nenhuma!

    Eu não estou querendo dizer que países do oriente médio entre em guerra com ISRAEL por causa desse erro, o que seria um erro maior do que ISRAEL cometeu, o que estou querendo dizer é que o mundo deve repudiar essa atitude tomada por ISRAEL, para que não aconteça novamente, porque se ninguém repudiar esse erro cometido por ISRAEL, eles cometeram erros como esse novamente, e isso acarretará sem dúvidas em
    uma guerra no oriente médio, e não é isso que queremos!

    Então o mundo deve repudiar ISRAEL pelo erro cometido, para que não aconteça novamente, essa deve ser punição a ISRAEL!

  6. É preciso abandonar a idéia estapafúrdia, nascida de mentes ossificadas por um fundamentalismo ignorante, de um país com os mesmos contornos do mítico “Reino do Rei Davi”
    e voltar a legalidade das fronteiras reconhecidas pela ONU, de antes de 1967.

  7. LONDRES (Reuters) – Os nove ativistas turcos mortos no incidente naval de segunda-feira na costa da Faixa de Gaza levaram juntos 30 tiros, e cinco deles foram alvejados na cabeça, disse o jornal britânico Guardian nesta sexta-feira.

    As autópsias mostraram que quase todos os tiros foram de armas de 9 milímetros, disparados à queima-roupa, disse ao jornal Yalcin Buyuk, vice-presidente do Conselho Turco de Medicina Forense, responsável pelas autópsias.

    Os ativistas participavam de uma frota naval que tentava levar mantimentos à Faixa de Gaza, furando assim o bloqueio imposto por Israel ao território palestino governado pelo grupo islâmico Hamas. Israel diz que seus soldados atiraram em defesa própria, depois de serem agredidos ao descerem de helicópteros, por cordas, no convés do navio Mavi Marmara.

    De acordo com o Guardian, a autópsia revelou que um homem de 60 anos, Ibrahim Bilgen, levou quatro tiros –na têmpora, no peito, no quadril e nas costas.

    Fulkan Dogan, de 19 anos, que tinha também cidadania norte-americana, recebeu cinco tiros a menos de 45 centímetros de distância: no rosto, na nunca, nas costas e dois na perna, relatou o jornal.

    Dois outros homens levaram quatro tiros. Cinco dos mortos tinham perfurações na nuca ou nas costas, de acordo com Buyuk. Além dos nove mortos, 48 ativistas foram baleados, e seis continuam desaparecidos, relatou o legista ao jornal.

    Israel diz que os múltiplos ferimentos não desmentem a tese da defesa própria.

    “A única situação em que um soldado atirou foi quando estava claramente em uma situação de ameaça à sua vida”, disse ao Guardian um porta-voz da embaixada israelense em Londres. “Puxar o gatilho rapidamente pode resultar em alguns projéteis ficando no mesmo corpo, mas não muda o fato de que eles (soldados) estavam em uma situação de ameaça à vida.”

    O presidente do Conselho de Medicina Forense em Istambul, Haluk Ince, disse ao jornal que havia só um caso de uma vítima com um único ferimento de bala, na testa e disparado de longe. Nos outros casos, havia pelo menos duas perfurações em cada corpo.

    Também segundo Ince, só uma bala recuperada não era calibre 9 milímetros. Sobre esta, ele disse: “Foi a primeira vez que vimos esse tipo de material usado em armas de fogo. Era só um invólucro incluindo muitos tipos de projéteis normalmente usados em espingardas. Ela penetrou na região da cabeça, na têmpora, e a achamos intacta no cérebro.”

    A Turquia costumava ser o principal aliado de Israel no mundo islâmico, mas Ancara reagiu com indignação ao incidente de segunda-feira, e nesta sexta-feira elevou o tom da sua retórica ao acusar o Estado judeu de estar traindo sua própria lei bíblica.

    Reuters

  8. Se nesse barco tivesse pelo menos um homem armado a coisa teria sido bem diferente,como eu queria que tivesse pelo menos uns 5 homens com uma boa e légitima AK-47 russa,bem carregada e 2 homens bomba.

  9. Os ingleses deveria se urgulhar muito da Reuters,enquanto existir órgãos de imprensa como eles,a democria será forte!

  10. Sabem porque Israel recusa uma investigação internacional,pra esconder que em muitos casoas houve execução sumaria,e que vários corpos foram jogados ao mar.
    Dizem que houve 19 mortos!

  11. Barca :
    Sabem porque Israel recusa uma investigação internacional,pra esconder que em muitos casoas houve execução sumaria,e que vários corpos foram jogados ao mar.
    Dizem que houve 19 mortos!

    Está correndo esse boato, + eu ñ acredito nisso ñ , estão querendo estragar a pintura + já está..quem tem , tem medo. É isso seria o ponto alto dos assassinatos.Até os ianks, lhes virrião as costas, no bom sentido.

  12. caro JOSE VANILDES LUIZ, O pior cego é aquele que não quer ver. dizer que israel entregou de forma unilateral os territórios ocupados, você só pode está brincando né? uma vez que israel não tinha que entregar ou deixar de entregar nada, pois as terras são palestinas e estão sob ocupação ilegal de um exercito invasor. qual outra forma os palestinos tem de se defender da ocupação a não ser com homens bombas e foguetes caseiros? por acaso têm eles exercitos, marinha, força aerea ou carros de combate, navios, aviões e helicopteros? israel deveria ser isolado pela comunidade internacional, este país sim deveria ser alvo de sanções internacionais, por seus atos criminosos, até que devolvessem as terras palestinas e os milhares de cidadãos palestinos presos ilegalmente em israe. tudo que os isrealenses dizem que sofreram dos nazistas fazem dez vezes mais aos palestinos.

  13. “Nenhuma naçao em sã consciencia pode ceder ao terror”
    Olha Vanildes, Israel não é uma nação, é uma base americana fantasiada de democracia, que envergonha a todos nós, ocidentais.
    Envergonha as verdadeiras democracias, e as torna ainda mais vulneráveis perante o fundamentalismo muçulmano.
    Israel, o carrasco do oriente médio, é a vergonha do ocidente.

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