EUA se dizem ‘decepcionados’ com retaliação do Brasil

Alessandra Corrêa

Da BBC Brasil em Washington

O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) afirmou, nesta segunda-feira, que o país ficou ‘decepcionado’ com a decisão do governo brasileiro sobre a retaliação comercial contra os EUA.

“Ficamos decepcionados ao saber que as autoridades brasileiras decidiram prosseguir com a retaliação”, disse a porta-voz Nefeterius McPherson.

As declarações foram feitas após a divulgação da lista de 102 produtos americanos que deverão pagar sobretaxa para entrar no Brasil, no valor total de US$ 591 milhões.Segundo o USTR, o governo continua trabalhando na busca uma solução para a disputa e espera chegar a um acordo com o Brasil nos próximos 30 dias para evitar que seus produtos sejam alvo de retaliação comercial.

“O USTR está trabalhando para chegar a uma solução para as questões nessa disputa sem que o Brasil recorra a retaliações e nós continuamos a preferir uma solução negociada”, disse McPherson.

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Secretário de Comércio

Nesta terça-feira, em visita ao Brasil, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, deverá discutir o assunto com autoridades brasileiras.

Um funcionário do Departamento de Comércio disse à BBC Brasil que Locke não deverá apresentar uma contraproposta para resolver o impasse, mas deverá aproveitar a visita ao Brasil (que já estava agendada) “para tratar de vários assuntos, incluindo a retaliação aos produtos americanos”.

A agenda do secretário americano em Brasília inclui reuniões com os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Fazenda, Guido Mantega.

Locke também vai participar de encontros com dirigentes de empresas americanas e membros do setores público e privado do Fórum de CEOs Brasil-EUA.

Indústria

A sobretaxa imposta aos produtos americanos deve entrar em vigor no prazo de 30 dias. No entanto, o Brasil já disse que “ainda está aberto” a um acordo com os Estados Unidos para evitar as retaliações.

Na semana passada, em visita ao Brasil, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que seu governo ainda tem esperança de que os dois países cheguem a um acordo antes que as medidas entrem em vigor.

Representantes da indústria americana também disseram confiar na possibilidade de um acordo para evitar a retaliação.

“O fato de Clinton e o ministro Celso Amorim (de Relações Exteriores) terem concordado com o prazo de 30 dias para que as medidas entrem em vigor é um bom sinal”, disse à BBC Brasil o diretor de Política de Comércio Internacional da Associação Nacional dos Manufatureiros dos Estados Unidos, Doug Goudie.

“Há boa vontade de sentar e discutir o assunto, e o fato de que os Estados Unidos estão enviando autoridades para o Brasil nesta semana é uma boa notícia”, disse Goudie.

OMC

A decisão brasileira de aumentar a alíquota do Imposto de Importação para produtos americanos é uma retaliação comercial aos subsídios pagos pelos Estados Unidos a seus produtores de algodão.

Em novembro de 2009, depois de uma disputa de sete anos, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a levar adiante a retaliação, num valor total de US$ 829 milhões.

O valor total atingido com a lista divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira é de US$ 591 milhões.

Segundo o ministério, o valor restante de US$ 238 milhões será aplicado nos setores de propriedade intelectual e serviços, na chamada retaliação cruzada.

A lista de medidas adotadas na área de propriedade intelectual deve ser divulgada na próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no dia 23.

Segundo Goudie, essas medidas são as que mais preocupam a Associação Nacional de Manufatureiros, que é a maior associação da indústria americana.

“Retaliações na área de propriedade intelectual podem abrir um precedente e terão um impacto mais amplo”, disse o diretor.

“Esperamos que as discussões entre as autoridades dos dois países nesta semana possam chegar a uma solução”, afirmou.

Fonte: BBC Brasil

17 Comentários

  1. Aí está mais um dos interessantes paradigmas dos tempos modernos.

    Em primeiro lugar, o Brasil a poder causar “pobreza” noutro país, no caso os Estados Unidos, deve ser único na história. E porque obrigará o fim da Agricultura altamente subsidiada dos EUA (na Europa passa-se o mesmo na Alemanha, França, etc…) recorrendo a regras de livre comércio impostas… pelos Estados Unidos.
    A ironia de tudo isto é… expectável.

    Por outro lado, o regresso ao Mercantilismo, mais década menos década, poderá ser uma realidade.

  2. To morrendo de dó :/

    Meus Deus, o que uma cosia tem haver com a outra?

    Eles podem cobrar impostos altíssimos nos nossos produtos para manter só (e apenas) os deles e nós fiarmos olhando?

    Até as bungingangas da China que custão baratinho tem imposto altíssimo para os States lucrarem mais, subindo o produto para o triplo do custo original.

  3. Na verdade, a retaliação é so uma forma de obrigar os EUA a diminuírem, é como uma “vantagem” que o Brasil ganhou sobre os EUA, assim o Brasil está, meio que, “extorquindo” os EUA.
    Então essa retaliação é a ultima cartada do Brasil, se eles não negociarem do Brasília, aí vai ser retalhação na certa.
    Mas chega a ser irônico da parte dos americanos em se sentirem ofendidos com isso, ora, até parasse que eles não fazem isso. Eles podem fazer de forma mais “por trás”, como uma ameaças e chantagem que eles sempre fazem para com outros países.
    Então, essa “tristeza” deles tem um nome:
    Sentira-se “fracos”, sem o seu “controle” ja que o Brasil conseguiu o que lutou a 8 anos na OMC.
    É a história do valentão que quando apanha na escola, chora.
    Amizade é amizade, comércio é comércio.

  4. “O USTR está trabalhando para chegar a uma solução para as questões nessa disputa sem que o Brasil recorra a retaliações e nós continuamos a preferir uma solução negociada”

    É engraçado essa notícia, visto que o Brasil só recorreu a Retaliação porque os EUA não queriam negociar.

    Que eu saiba, de 1ª necessidade, o Brasil negociar com qualquer país no caço do comercio internaional. E até onde se sabe, os EUA so queriam negociar para favorecer eles mesmo e “dane-se o Brasil.

    Chega a dar nojo esse “joguete” estadunidençe. Uma ironia que merecia ser brindada a champagne.

    Ja vou pegar a garrafa!!

    ”””””(0O)
    ”””””/I/
    ”””””’/
    ”””””/’/

  5. É q quebrem as patentes de remédios , é se aumentarem os impostos, recíproca neles e compra em outros mercados,se for possivel a quebra de aviônicos …façam.P ontem.cuidado, ianks ñ são confiáveis.

  6. O probrema é que quem vai pagar somos nós, porque a “retalhação” é aumentar os impostos de produtos americanos importados ppra cá, e vão aproveitar e usar para aumentar os remédios, vamos pagar mais caro, podiam usar em carros ou em eletrodomésticos, mas remédios?, foi uma m_rda que o Brasil fez. Francamente.

    Nós vamos pagar esses 700 milhões.

    • Certo Luiz, mas não se esqueça de que eles não podem fazer isso ou mais uma vez estariam indo contra a decisão da OMC, o Brasil está correto, quem está errado são eles e estamos amparados pelos mecanismos e meios que eles criaram como sistemas justos para o mundo.
      Portanto ´não há erros no Brasil, fique tranquilo, não pagaremos esta conta.
      A decisão é da OMC e não do governo ou de uma empresa brasileira interessda em sujar a imagem dos EUA no Mundo.
      SDS
      E.M.Pinto

  7. Sim, Pinto, eu ja avia tidoq ue era uma “chantagem” contra os EUA.
    Mas se acontecesse mesmo isso, o preço dos produtos aqui almentaria. Nós não somos ricos como os EUA. Se acontecer mesmo, seria muito mau para nós pagar caro o que é de 1ª importancia que é a saúde.

  8. Chegou a vez do brasil,vamos transformar a retaliçao para mundo ver quem é gigante pela propria natureza.Vamos pedir que eles passe a treinamentos,pesquisa de anos na area da medicina.Estamos em ano de copa,eleiçoes, vamos pedir que venha pasar treinamento e inteligencia para nossos policiais.Fazer eles passar tecnologia para melhorar no solo para produzimos mais e matar a fome do mundo.Ai o mundo,ia agreditar no BRASIL,não nos pargar mais imposto,imposto este que será gasto com corrupçao.Manda ele vim aqui e contruir o trem bala rio a são paulo,subsiado da mesma forma que o algodão.

  9. Dureza…A retaliação é um direito do Brasil, de acordo com as regras da OMC, podemos escolher quais produtos taxar e como taxar, isso é soberania. E não vão se dar mal,meu camarada, eles estão capenga, capenga.

  10. Luiz, boa noite.
    Houve um amplo estudo dos produtos importados que poderiam/deveriam sofrer retaliações.
    Como a propria imprensa brasileira noticicou, “para não dar um tiro no pé”, os medicamentos e produtos (inclusive aviônicos e outros com grande teor tecnológico ou que geram divisas quando agregados a exportações) não terão sobretaxas aplicadas.
    Abraços.

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