Mangabeira volta para agitar o futuro

João Domingos, BRASÍLIA

 O filósofo Mangabeira Unger está de volta ao Brasil, fazendo o que mais gosta: agitar. Ele percorre o País para tentar convencer o PMDB a deixar de servir como linha auxiliar dos petistas e a ter um candidato próprio à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O tema da eleição não pode ser passado; é futuro“, diz. “Pela forma de agir dos pré-candidatos, corremos o risco de voltar ao tempo de Washington Luiz, em que governar era abrir estradas.”

Para Mangabeira, o Brasil deve repudiar as alternativas de desenvolvimento ao estilo do Chile e da Nova Zelândia, de exportação de produtos primários e desindustrialização. O País também deve dizer não ao modelo chinês, de trabalho barato e desqualificado, afirma o ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Ele diz que não é candidato e cita Roberto Requião, governador do Paraná, como o único nome do partido até o momento.

Antes de assessorar Lula, de junho de 2007 a junho deste ano, o filósofo havia se notabilizado por ter qualificado o governo do petista como “o mais corrupto da história“. Convidado para integrar a equipe do desafeto, ele recuou e, na cerimônia de posse, chamou Lula de “magnânimo” por levá-lo ao ministério. Em Brasília, Mangabeira arrumou confusão com colegas e acabou por contribuir para a saída de Marina Silva da pasta do Meio Ambiente.

No ministério, aprovou em tempo recorde uma lei que permitiu a venda das posses de até 1,5 mil hectares na Amazônia, assumiu o Plano Amazônia Sustentável (PAS), foi coautor do Plano Estratégico de Defesa, que muda o papel das Forças Armadas, articulou a compra de caças e submarinos, negociou com chefes de Estado vizinhos, pregou mudanças na educação e estava empenhado em criar plano industrial para o Nordeste. Repentinamente saiu do governo, voltou a dar aulas na Universidade Harvard, conseguiu licença e agora está em outra frente.

Mangabeira diz que Lula promoveu grandes avanços, mas teme que ele deixe passar a oportunidade de modernizar a legislação do trabalho. “Sem mudar, a multidão de trabalhadores do mercado informal não consegue entrar no mercado formal.”

Fonte: Resenha CCOMSEX 14.12.2009

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