A Marinha de Bangladesh está avaliando a aquisição de drones Bayraktar TB2, de fabricação turca, ampliando o uso desses veículos não tripulados que já operam com sucesso no Exército do país desde 2023. A medida é vista como parte de um esforço estratégico para reforçar a vigilância e o controle marítimo na Baía de Bengala.
Segundo fontes ligadas ao setor de defesa, além do modelo padrão TB2, a Marinha também estuda a compra de uma variante mais avançada, com capacidade de operar em pistas curtas, o que permitiria sua utilização em navios de guerra ou bases aéreas menores.
O Bayraktar TB2, desenvolvido pela empresa turca Baykar Technology, é um drone de média altitude e longa resistência (MALE), projetado para missões de inteligência, vigilância, reconhecimento (ISR) e ataque de precisão. O modelo ganhou notoriedade internacional após ser utilizado em diversos conflitos, como na Ucrânia e na Líbia.
Atualmente, o Exército de Bangladesh opera seis unidades do TB2, com mais seis programadas para entrar em operação nos próximos meses. A aquisição dos drones é considerada parte de uma modernização mais ampla das forças armadas do país.
A expansão da frota de drones por Bangladesh tem gerado preocupações na Índia. Autoridades militares indianas expressaram alarme após a detecção de drones TB2 operando próximos à fronteira, especialmente nos estados de Meghalaya, Tripura e Mizoram. Um dos drones, identificado pelo transponder TB2R1071, foi rastreado durante uma missão de vigilância a partir da Base Aérea de Tejgaon, em Dhaka.
Embora não tenha havido violação confirmada do espaço aéreo indiano, a Força Aérea Indiana (IAF) considera qualquer UAV que voe a menos de 10 km da fronteira uma possível ameaça. “Estamos preparados para tomar medidas defensivas caso nosso espaço aéreo seja violado”, disse um oficial da IAF.
O aumento da presença de drones ocorre em um contexto de deterioração das relações bilaterais entre Índia e Bangladesh, especialmente após a saída do governo da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, em agosto de 2024. A atual administração, liderada por Muhammad Yunus, tem estreitado laços com a China, o que intensificou as tensões com Nova Délhi.
Relatórios não confirmados sugerem que Bangladesh estaria considerando a construção de uma base aérea em Lalmonirhat com apoio chinês, próximo ao estratégico Corredor de Siliguri – uma estreita faixa de terra que conecta o nordeste da Índia ao restante do país. A Índia respondeu com o reforço de sua presença militar na região, incluindo o envio de caças Rafale e sistemas de defesa aérea S-400 para a Base Aérea de Hashimara.
A crescente atividade aérea de Bangladesh e sua aproximação com a China são vistas por analistas como fatores de risco para a estabilidade regional. A situação permanece em monitoramento por parte das autoridades indianas e observadores internacionais.