E.M. Pinto

Concepção artística do Navio ALmirante Saldanha em operação (Imagem meramente ilustrativa produzida pelo Plano Brazil)
O Almirante Saldanha representa um marco para a Marinha do Brasil: é a primeira embarcação polar totalmente construída no país, destinada a pesquisas científicas e ao reforço da presença brasileira na Antártica. Com 103 metros de comprimento, autonomia para 70 dias e capacidade para 95 pessoas, incluindo 26 pesquisadores, o navio substituirá o Ary Rongel, ampliando as funções de apoio logístico à Estação Antártica Comandante Ferraz e oferecendo recursos avançados para pesquisas hidroceanográficas, meteorológicas e climatológicas. A previsão de entrega e incorporação à Marinha está para o segundo semestre de 2025.
O projeto do Almirante Saldanha insere-se na Estratégia Nacional de Defesa e no Programa de Obtenção de Meios Hidroceanográficos e de Apoio Antártico (ProHidro), cujo objetivo é modernizar a frota de pesquisa e apoio em águas polares e na Amazônia Azul. Além de substituir a embarcação anterior, o navio oferece capacidades adicionais, permitindo monitorar fenômenos globais que impactam o Brasil, desde secas na Amazônia até enchentes no Sul, por meio de levantamentos científicos e coleta de dados hidroceanográficos, oceanográficos e geoespaciais que fortalecem a meteorologia marítima e as cartas náuticas.
A construção do navio impôs desafios significativos. Por ser a primeira embarcação polar nacional, foi necessário mobilizar a indústria local para cumprir o conteúdo mínimo de 45% exigido pela legislação, além de integrar sistemas sofisticados em um estaleiro tropical, gerenciar cronogramas rígidos e planejar todo o ciclo de vida da embarcação. Segundo o diretor-presidente da EMGEPRON, almirante Edesio Teixeira Lima Júnior, projetos como este representam uma “terceira onda de expectativas e oportunidades” para a indústria naval brasileira.
O navio incorporará tecnologias avançadas em propulsão, navegação e pesquisa científica. Equipado com sistema diesel-elétrico, três geradores Wärtsilä 32, propulsores de proa para manobrabilidade e guindastes de grande porte, garantirá eficiência operacional mesmo em condições polares adversas. Seu hangar comporta até duas aeronaves de porte médio, ampliando o alcance de operações e o transporte de pessoal e equipamentos. Além disso, laboratórios especializados e sensores oceanográficos, como sonda multifeixe e estações meteorológicas automatizadas, permitirão conduzir pesquisas de ponta em oceanografia, glaciologia e monitoramento climático.
O navio também desempenhará funções estratégicas de logística e defesa. A embarcação possibilitará reabastecimento rápido e transporte de cargas e pessoal para a Estação Ferraz, além de apoiar missões de patrulha e segurança no Atlântico Sul e na Amazônia Azul, alinhando atividades científicas com a preservação da soberania nacional.
O cronograma do projeto iniciou-se em junho de 2022, com a assinatura do contrato entre a EMGEPRON e o consórcio Polar 1 Construção Naval (formado pelo Estaleiro Jurong Aracruz e a Seatrium). O corte da primeira chapa de aço ocorreu em maio de 2023, e em outubro do mesmo ano foi realizada a cerimônia de batimento de quilha, simbolizando a “espinha dorsal” da embarcação. A conclusão da montagem, testes de mar e incorporação estão previstas para o segundo semestre de 2025, mantendo o prazo estimado de 36 meses para o projeto.
Categoria | Especificação / Sistema | Detalhes Técnicos | Aplicações |
Dimensões | Comprimento total | ~103 m | Maior capacidade logística e científica |
Boca (largura) | ~20 m (estimado) | Estabilidade em mares polares | |
Calado | ~6 m (estimado) | Acesso a áreas costeiras da Antártica | |
Capacidades | Autonomia | 70 dias | Longa permanência em regiões remotas |
Tripulação | 95 pessoas (69 militares + 26 pesquisadores) | Missões de logística e ciência simultâneas | |
Deslocamento | ~9.800 t (estimado, similar a navios polares da classe) | Operação segura em mares com gelo | |
Propulsão | Sistema | Diesel-elétrico | Eficiência e menor emissão |
Motores principais | 3 × Wärtsilä 32 (geradores a diesel) | Geração de energia para propulsão e sistemas embarcados | |
Potência instalada | ~16–20 MW (estimado para o porte) | Sustentação de guindastes, propulsores e sistemas científicos | |
Propulsores de proa | 2 × Bow Thrusters | Alta manobrabilidade em gelo e portos estreitos | |
Velocidade máxima | ~16 nós (estimado) | Navegação eficiente em longas distâncias | |
Navegação & Controle | Radar de navegação polar | Banda X e S | Detecção de obstáculos em gelo e baixa visibilidade |
ECDIS (Electronic Chart Display and Information System) | Sistema digital de cartas náuticas | Planejamento de rotas seguras | |
DP (Dynamic Positioning) | Provável (nível 2) | Mantém posição em locais fixos para pesquisas e operações | |
Sensores & Laboratórios | Sonda Multifeixe | Alta resolução | Mapeamento do fundo oceânico e levantamentos hidrográficos |
Estações meteorológicas automáticas | Sensores de vento, pressão, temperatura | Monitoramento climático em tempo real | |
Sistemas oceanográficos | CTD (Condutividade, Temperatura, Profundidade), correntômetros | Estudos de massas de água e clima | |
Laboratórios embarcados | Oceanografia, biologia, geologia e química | Apoio direto ao Proantar | |
Capacidades de Operação | Hangar e convoo | Até 2 helicópteros de porte médio | Transporte aéreo, evacuação, apoio científico |
Guindastes | 2 de grande porte | Movimentação de contêineres e cargas pesadas para a Estação Ferraz | |
Operação em gelo | Classe Polar reforçada (Polar Class PC-4/PC-5 estimado) | Navegação em mares com gelo de até 1 m de espessura | |
Construção | Método | Modular por blocos | Reduz tempo de montagem e integra sistemas antecipadamente |
Estaleiro | Estaleiro Jurong Aracruz (ES) | Construção nacional com transferência de tecnologia | |
Aplicações Estratégicas | Pesquisa científica | Climatologia, oceanografia, geologia, biologia | Apoio ao Proantar |
Logística | Reabastecimento e transporte para a Estação Ferraz | Sustentação da presença brasileira | |
Defesa & soberania | Reforço da presença no Atlântico Sul e Antártica | Projeção de poder e monitoramento marítimo |
O Almirante Saldanha é construído no Estaleiro Jurong Aracruz (ES), com transferência de tecnologia internacional, aplicando padrões de estaleiros estrangeiros pela primeira vez em solo nacional. Autoridades destacam a relevância estratégica da embarcação: o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, afirmou que os recursos destinados à Defesa representam investimentos em inovação e geração de empregos qualificados; o CEO da Seatrium, Thangavelu Guhan, qualificou o navio como um “farol de progresso científico e de colaboração internacional”; e o comando da Marinha ressaltou que a embarcação ampliará as operações brasileiras na Antártica e no país como um todo.
Em termos estratégicos, o Almirante Saldanha fortalece a presença brasileira no continente austral, amplia a capacidade logística da Estação Ferraz e consolida a autoridade do país em fóruns internacionais do Tratado Antártico, reafirmando a importância da Marinha do Brasil na projeção científica e geopolítica na região.
Fonte
- Marinha inicia construção do navio polar Almirante Saldanha – gov.br – [LINK]
- Navio Polar Almirante Saldanha será o primeiro do tipo construído no Brasil – Agência Marinha de Notícias – [LINK]
- Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) – Marinha do Brasil – [LINK]
- Estratégia Nacional de Defesa – Ministério da Defesa / marinha.mil.br – [LINK]
- EMGEPRON destaca avanços na construção do navio polar – Agência Marinha de Notícias – [LINK]
- Navio Polar Almirante Saldanha terá 103 metros de comprimento e autonomia de 70 dias – Agência Marinha de Notícias – [LINK]
Wärtsilä 32 – Diesel engines – Wärtsilä – [LINK] - Brazil’s Polar Vessel Construction Timeline – Janes – [LINK]
- Estaleiro Jurong Aracruz inicia corte de aço do navio polar Almirante Saldanha – Agência Marinha de Notícias – [LINK]
- Batimento de quilha do navio polar Almirante Saldanha – gov.br – [LINK]
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