Ártico: A nova fronteira

E.M.Pinto


A “Rota do Ártico” refere-se às vias marítimas que se tornam mais acessíveis devido ao derretimento do gelo no Ártico. Conforme o gelo polar diminui, as águas do Ártico se tornam navegáveis por períodos mais longos durante o ano. Essa mudança tem implicações significativas para o comércio global, estratégias geopolíticas e o ambiente.

A Rota inclui a Passagem do Noroeste, que passa através do Arquipélago Ártico Canadense, e a Rota do Mar do Norte, que se estende ao longo da costa norte da Rússia. Essas rotas oferecem atalhos significativos para o transporte marítimo entre a Europa e a Ásia, encurtando distâncias em comparação com as rotas tradicionais que passam pelo Canal de Suez ou pelo Canal do Panamá.


 

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As alterações climáticas afetam o degelo nos polos do planeta especialmente através das correntes marinhas aquecidas. Como resultado, o recuo da calota polar no Polo Norte tende a tornar o Ártico uma rota mais navegável especialmente nos perídos entre março e setembro.

Para se ter uma ideia do impacto, a chamada Passagem Noroeste, no Ártico canadense, tem sido usada com esta frequência desde 2018, reduzindo substancialmente a distância marítima entre a Ásia Oriental e a Europa Ocidental.

Porém, duas outras rotas marítimas foram estabelecidas para cruzar o Ártico, permitindo que os navios se movam entre o oceano Atlântico e o oceano Pacífico, criando novos desafios e embates políticos por seu controle uma vez que em tese apresnetam-se como “águas internacionais”. Ambas se sobrepõem significativamente à jurisdição do Canadá ou da Rússia, criando possíveis desafios legais com o desenvolvimento do transporte marítimo transártico. A incerteza persiste sobre o derretimento da cobertura de gelo perene.

Os serviços de transporte de carga ao redor do Círculo Polar Ártico são limitados, já que os operadores não podem deixar ou recolher carga durante a passagem, restringindo o crescimento dos centros de transporte marítimo ao longo das rotas árticas. No portlet marítimo, há informações sobre a Rota Marítima do Noroeste, Rota Marítima do Nordeste e a possibilidade futura da Rota Marítima do Ártico Central.

Palco de disputas

A região do Ártico é palco de disputas territoriais entre  os países que dividem fronteiras, especialmente entre a Rússia, Canadá, Dinamarca (por meio da Groenlândia), Noruega e Estados Unidos. As reivindicações concentram-se principalmente na extensão da plataforma continental, área rica em recursos naturais como petróleo, gás e minerais.

Regiões do ártico reclamadas pelas nações

A Rússia é a nação que mais investe atualmente pelo controle de certas regiões e possui uma presença significativa no Ártico. Detentora da maior fração continental da região, o país tem buscado fundamentar as suas reivindicações por meio de argumentos geológicos, buscando estender sua plataforma continental no Polo Norte.

O Canadá segue em embates e disputas territoriais com a Dinamarca pela soberania sobre a Ilha de Hans, enquanto também reivindicações em relação ao Ártico se concentram na Passagem do Noroeste, uma rota estratégica que tem se tornado mais acessível devido ao derretimento do gelo.

ILha de Hans, palco de disputas entre Canadá e Dinamarca

A Dinamarca, por meio da Groenlândia, tem reivindicações na região do Polo Norte e ao longo da dorsal de Lomonosov, uma cordilheira submarina que se estende pelo Ártico.

Já a Noruega busca expandir suas reivindicações com base em sua plataforma continental, especialmente em áreas como o Mar de Barents confrontando diretamente regiões reinvidicadas tanto pelo Canadá quanto pela Rússia.

Por último, os Estados Unidos têm interesses no Ártico por meio do Alasca e buscam reivindicar extensões da plataforma continental ártica.

Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar

Embora o Ártico não seja formalmente uma região coberta pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), os países árticos utilizam seus princípios para reivindicar extensões de plataformas continentais e estabelecer limites.

Para saber, a UNCLOS, é o marco jurídico crucial para resolver disputas e estabelecer limites territoriais. Também conhecida como a Convenção do Mar, é um tratado internacional que estabelece os princípios e regras para o uso dos oceanos e dos recursos marinhos. Ela foi adotada em 10 de dezembro de 1982 e entrou em vigor em 16 de novembro de 1994. A UNCLOS é considerada a “Constituição dos Oceanos” e é um dos mais abrangentes e importantes instrumentos jurídicos internacionais.

Ao utilizar a UNCLOS, as nações do Ártico buscam legitimar suas reivindicações territoriais, promovendo a estabilidade e prevenindo conflitos na região, apesar das complexidades geopolíticas e dos interesses econômicos envolvidos.

De acordo com a UNCLOS, os países têm o direito de estabelecer Áreas Econômicas Exclusivas as chamadas (ZEE), que concedem direitos exclusivos sobre a exploração e uso de recursos marinhos em uma área específica. A convenção também estipula as regras que permitem que os países estendam suas plataformas continentais além das 200 milhas náuticas, desde que possam provar cientificamente que a estrutura geológica é uma continuação natural de seu território continental. Por último, cabe a UNCLOS também estabelecer procedimentos para a resolução de disputas, incluindo a Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), que avalia as reivindicações estendidas.

Cooperação e Governança

Além dos organismos internacionais, há iniciativas voluntárias de algusn países como a Cooperação Internacional no Ártico, que foi criado em 1996 e que surge com uma iniciativa fundamental de cooperação. Esta iniciativa envolve muitas mais nações que as requerentes nas disputas pois engloba além da Rússia, Canadá, Estados Unidos, Dinamarca e Noruega, nações como a Finlândia, Suécia e Islândia, bem como organizações de povos originários do Ártico.

O Conselho promove a cooperação em questões ambientais, científicas e de segurança, enfocando a sustentabilidade. Ressalta-se que além do Conselho do Ártico, diversos fóruns e conferências proporcionam plataformas para discussões e cooperação, incluindo a Conferência Ártica de Empresas e o Fórum Ártico.

Apesar das disputas, não se pode dizer que outras iniciativas também estão presentes como cooperações bilaterais para promover interesses específicos. Por exemplo, Rússia e Noruega têm acordos sobre gestão de pesca no Ártico. Diversos acordos focam na gestão sustentável da pesca no Ártico, evitando conflitos e assegurando a conservação dos recursos.

Há também iniciativas de resolução de disputas territoriais, através de acordos bilaterais entre países árticos, como o Tratado de Delimitação de Fronteiras Marítimas entre Noruega e Rússia, são essenciais.

Desafios Logísticos e Infraestrutura

A construção de portos e aeroportos no Ártico apresenta diversos desafios devido às condições climáticas e ambientais extremas na região. A escassez de portos operacionais e a necessidade de construção de instalações portuárias adequadas são desafios significativos. Portos capazes de lidar com o aumento do tráfego marítimo precisam ser desenvolvidos para permitir carga e descarga eficientes.

Isto se deve porque o Ártico é caracterizado por temperaturas extremamente baixas, especialmente no inverno, com extensos períodos de escuridão. As condições climáticas severas, incluindo fortes tempestades, gelo marinho e nevascas, podem tornar a construção e operação de infraestruturas desafiadoras.

Atualmente, durante grande parte do ano, o Ártico está coberto por gelo marinho. O gelo em movimento pode danificar as estruturas e as embarcações, dificultando a navegação para transporte de materiais e pessoal. Além disso, o solo permanentemente congelado, conhecido como permafrost, é prevalente na região. Construir sobre o permafrost pode ser complicado, pois o degelo do solo acarreta em instabilidade estrutural.

O Ártico é uma região vasta e remota, com acesso limitado a recursos e especialmente à mão de obra, é inabitado. Isso acarreta em aumento dos custos de construção e operação, além de tornar o suporte logístico mais desafiador. devido a falta de infraestrutura de transporte e comunicação. A obtenção de materiais e a entrega de equipamentos podem ser demoradas e caras.

Os desafios não se limitam esclusivamente às questões econômicas ou técnicas, a construção de infraestruturas no Ártico pode ter impactos ambientais significativos. É crucial considerar a proteção dos ecossistemas locais, incluindo a vida marinha e terrestre, ao planejar projetos na região.

Há também questões que envolvem direito internacional e regulamentação ambiental e de segurança, pois a região  é governada por diversas regulamentações internacionais e nacionais. As questões ambientais e de segurança são prioridades, e os construtores devem cumprir normas rigorosas para minimizar impactos negativos.

Atualmente as nações que buscam explorar o ártico tem lançado iniciativas para o desenvolvimento de Infraestrutura para suportar o aumento do tráfego marítimo e uma vez que se tem a escassez de portos operacionais, a necessidade de construção de instalações portuárias adequadas são desafios significativos. Portos capazes de lidar com o aumento do tráfego marítimo precisam ser desenvolvidos para permitir carga e descarga eficientes.

Dada a presença de gelo sazonal, a necessidade de navios quebra-gelos é crucial para garantir a navegação segura e muitas nações como a Rússia estão construindo frotas de gigantes navios movidos a energia nuclear para poder fazer frente aos desafios, além disso, estão direcionando investimentos em estaleiros para a construção de quebra-gelos modernos e eficientes.

Porém, alguns problemas persistentes ainda continuam a dificultar o avanço nesta região e um deles diz respeito a falta de infraestrutura de comunicação na região do Ártico a qual pode ser um desafio, exigindo melhorias na cobertura de satélites e redes de comunicação. Outro fator é ligado as próprias condições adversas que inibem a construção e operação regular de aeroportos e aeródromos adequados que são necessários para facilitar o transporte aéreo, conectando a região ao resto do mundo.

Todos os países envolvidos lançaram-se numa corrida para desenvolvimento de tecnologias adaptadas às condições extremas do clima extremo do Ártico, como equipamentos resistentes ao frio extremo e à neve. Desenvolvimento de tecnologias de construção e manutenção de infraestrutura capazes de suportar condições adversas sendo algumas delas:

  • Mecanismo de fornecimento para garantir o abastecimento de combustível ao longo das rotas é um desafio logístico, requerendo infraestrutura para armazenamento e transporte eficiente.
  • Manutenção de infraestruturadiante das condições climáticas extremas exigem programas de manutenção rigorosos para garantir a durabilidade e segurança da infraestrutura existente.
  • Treinamento especializado de Profissionais de logística e operadores de infraestrutura  para lidar com os desafios únicos do Ártico.
  • Resposta a Emergências com o desenvolvimento de planos de contingência e infraestrutura para resposta, considerando os desafios adicionais de operações de resgate em ambientes árticos. Enfrentar esses desafios exige um investimento significativo em pesquisa, desenvolvimento de tecnologia e construção de infraestrutura adaptada às condições extremas, além de uma gestão logística especializada para garantir a sustentabilidade e segurança das operações na região.

O Futuro da rota do ártico

No ano de 2023 o polo norte registrou um dos anos mais quentes da história e em setembro no período do euqinócio de outono no norte, quando o sól começa a desaparecer do céu emergindo no “inverno polar” se escondendo por quase seis meses e asism marcando o fim do verão, os observatporios registraram as menores extensões de gelo desde que se iniciaram os registros históricos.

Pela primeira vez desde entao, tanto a Rota Marítima do Norte (NSR, North Sea Route) quanto a Passagem do Noroeste (NWP, North West Passage) estão praticamente livres de gelo. Mudanças climáticas tornam o gelo mais fino, recuando cada vez mais desde 2007. Espera-se que o tráfego marítimo na NSR dobre este ano com navios maiores e mais frequentes.

A atividade econômica no Ártico levanta questões sobre o futuro do transporte marítimo na NSR. Atendendo ao pedido da leitora Ana Flávia (abraço) que certa vez me pergunto: “Esta rota representa uma alternativa comercial às rotas tradicionais?”

Há muitos fatores dos quais depende esta resposta, mas certamente prever o futuro da navegação no Ártico não é algo possível de ser feito sem uma bola de cristal e muita, mas muita perícia em manuseio deste tipo de equipamento.

A questão é que além da variabilidade inerente à dinâmica do comércio global, declínio do gelo, economia de custos e influência de nações marítimas e reajanjos geopolíticos, outros fatores impactam e certamente o clima do planeta ainda não é conhecido o suficiente para que possamos excluir “surpresas”.

No entanto, empresas de transporte e defensores do aumento do tráfego na NSR apontam para significativas economias de custos, projetando um rápido crescimento no transporte no ártico.

A tonelagem de graneleiros decuplicou para 20 milhões de toneladas em 2020, enquanto o volume de petróleo e gás deve chegar a 40 milhões de toneladas por ano até o final da década.

No entanto, pesquisadores e especialistas em transporte marítimo permanecem céticos sobre a viabilidade comercial da NSR, indicando que apenas 2% do transporte global pode ser desviado para o Ártico até 2030, atingindo 5% até 2050.

Dinâmica do comércio global e padrões do comércio mundial

O crescimento econômico no Ártico levanta dúvidas sobre o futuro do transporte marítimo ao longo da Rota Marítima do Norte (NSR). A NSR, considerada uma alternativa comercialmente viável às rotas tradicionais, está sob análise para entender as variáveis cruciais que moldarão a navegação no Ártico.

A rota é um atalho para transferência de mercadorias entre Europa e Ásia, proporcionando economias significativas às companhias marítimas. Teoricamente, a NSR pode economizar até 50% em distância em comparação com rotas via Suez ou mesmo ao Panamá.

Enquanto a viagem entre o Japão e a Europa exige 29 dias de viagem via Cabo da Boa Esperança (África do Sul) e 22 dias via Canal de Suez (Egito), pelo Ártico este camonho pode ser abreviado para apenas 10 dias pelo Oceano Ártico dependendo da rota. A distância real entre Yokohama no Japão, e Rotterdam na Holanda, é de aproximadamente 20000 km via Canal de Suez, mas é menos de 9000 km pela NSR.

Com a Ásia superando a América do Norte como principal mercado para exportações europeias e o aumento previsto no comércio mundial até 2030, a NSR torna-se a ligação mais curta entre Europa e Ásia. Essa atratividade pode aumentar com a adoção da “navegação super lenta” pelos operadores de navios porta-containers para reduzir consumo e custos de combustível.

A maioria dos navios de carga opera em serviços regulares, seguindo rotas fixas para carregar e descarregar. A indústria marítima global depende de entregas, necessitando de programações confiáveis para os operadores de navios porta-containers.

A falta de confiabilidade nos horários ao longo das rotas marítimas do Ártico é um grande obstáculo para o desenvolvimento da NSR. O Oceano Ártico pode ficar sem gelo de junho a novembro, mas a duração exata do período sem gelo varia de acordo com os anos.

Condições climáticas instáveis, nevoeiro e ventos fortes durante o verão podem interromper os serviços regulares de transporte marítimo. A NSR, que passa por regiões remotas com falta de infraestrutura e portos adequados e sarviços de salvamento o que resulta  em custos associados aos seguros.

As principais linhas de containers otimizam rotas usando uma rede de portos conectados por transporte fluvial e ferroviário. No entanto, a NSR, passando por regiões desabitadas, não permite escalas, tornando-a menos atrativa para operadores regulares.

Graneleiros por sua vez, têm horários menos previsíveis, dependendo de mudanças na oferta e demanda. A NSR pode se beneficiar dos projetos de petróleo e gás no Ártico russo, especialmente com o derretimento do permafrost, tornando a construção de infraestrutura desafiadora.

Embora a NSR ofereça economia significativa de distância entre Europa e Ásia, a incerteza nos horários e a falta de infraestrutura limitam sua popularidade entre serviços regulares pelo menos por hora. Para graneleiros, no entanto, a rota pode ser uma alternativa crescente às tradicionais.

Reservas de gás e petróleo

Probabilidade da presença de campos de petróleo/gás não descobertos com uma quantidade significativa de recursos recuperáveis ​​de mais 50 milhões de barris de petróleo em várias regiões do Ártico é um atrativo incontestaável. Na imagem os tom em azul representam as regiõe smais prováveis, quanto mais escuros mais prováveis.

As estimativas exatas sobre o volume de reservas de gás e petróleo no Ártico são díspares, porém nenhuma delas é modesta em afirmar que sobre o leito  marinho, repousa uma riquesa imensurável. A exploração desses recursos é uma tarefa desafiadora devido às condições ambientais extremas e à falta de infraestrutura na região.

A Avaliação Geológica dos Recursos de Petróleo e Gás no Ártico, conduzida pela Agência de Informações de Energia dos Estados Unidos (EIA), estima que o Ártico contém cerca de 13% das reservas não descobertas de petróleo do mundo e cerca de 30% das reservas não descobertas de gás natural. Essas reservas estão principalmente localizadas nas áreas submarinas ao redor da Groenlândia, Canadá, Noruega e Rússia (não coincidentememte as regiões em disputa).

A região do Ártico é rica em recursos naturais, incluindo petróleo, gás e minerais. O derretimento do gelo devido às mudanças climáticas abriu oportunidades para a exploração desses recursos.

A exploração de reservas de petróleo e gás no Ártico tornou-se mais viável com o recuo do gelo marinho. Países como Rússia, Canadá, Noruega e Estados Unidos estão envolvidos em projetos de exploração offshore para aproveitar esses recursos. Além de hidrocarbonetos, a região também abriga depósitos minerais valiosos, como ouro, diamantes e metais de terras raras, desencadeando o interesse de empresas de mineração.

A militarização do ártico

Fonte Business insider

A presença militar russa no Ártico tem crescido significativamente nas últimas décadas, impulsionada por mudanças climáticas, que abriram novas rotas de navegação e aumentaram o acesso a recursos naturais na região.

A militarização do Ártico já começou com a Rússia tomando a iniciativa de construir instalações autônomas e bases para suporte de suas tropas, navios, modernizando suas infraestruturas e reforçando sua presença naval, aeronaves e todos os demais sistemas que considera estratégicos para a defesa dos seus interesses.

Am 2020 a Rússia inaugurou uma base militar em Franz Josef Land, conhecida como Base de Nagurskoye. Ela é projetada para suportar operações durante todo o ano e é equipada com instalações modernas sistemas próprios de geração de energia e pode comportar unidades ao nível de batalhões.

Há também uma importante base na peninsula de Kola, bade de Severomorsk que é uma das principais bases da Frota do Norte russa e desempenha um papel crucial no controle do acesso ao Ártico. Além disso, a Rússia possui várias outras bases ao longo da costa ártica, incluindo Tiksi, Anadyr e Rogachevo, que são estrategicamente localizadas para monitorar e proteger a região.

A Frota do Norte da Rússia é a principal frota responsável pelas operações no Ártico. Ela foi reforçada com novos navios, incluindo submarinos nucleares e embarcações de superfície, para garantir a presença militar na região. Atualmente as forças russas estão sendo reforçadas com uma poderosa e numerosa frota de navios quebragelo nucleares que estão sendo construídos para apoiar a a já robusta frota de de quebra-gelos nucleares existentes, estes navios são essenciais para navegação durante todo o ano.

A Rússia realiza exercícios militares regulares no Ártico, simulando cenários que envolvem defesa territorial, resposta a situações de crise e operações navais na região. recentemente, implantou sistemas avançados de defesa aérea, como o S-400, para fortalecer suas capacidades defensivas no Ártico. O país tem igualmente investido significativamente em pesquisa e desenvolvimento para criar sistemas adaptados às condições extremas do Ártico, incluindo veículos aéreos não tripulados (VANT) e tecnologias específicas de guerra no gelo.

A Rússia reivindica vastas extensões do Ártico com base em sua plataforma continental, buscando expandir suas fronteiras marítimas e controlar áreas ricas em recursos. Essa presença militar tem gerado preocupações geopolíticas e levantado questões sobre a militarização crescente na região, à medida que as potências globais competem pelos benefícios estratégicos e econômicos associados ao Ártico em transformação.

Por seu lado, os Estados Unidos têm expressado crescente preocupação com a segurança no Ártico e aumentaram suas atividades militares na região. Isso inclui exercícios navais, modernização de suas instalações e presença de submarinos.

As atividades militares na região são influenciadas por mudanças climáticas, questões de soberania, oportunidades econômicas e estratégias geopolíticas. Os Estados Unidos participam regularmente de exercícios militares no Ártico para melhorar a interoperabilidade e a prontidão operacional. Exercícios envolvem forças navais, aéreas e terrestres. Um exemplo é o exercício “Arctic Edge“, que envolve forças dos EUA, incluindo a Guarda Costeira dos EUA.

Através de sua Marinha, os Estados Unidos tem aumentado sua presença na região ártica. Navios de guerra são enviados para operações de patrulha e treinamento. Em 2018, o submarino USS Connecticut participou de exercícios sob o gelo no Ártico.

A presença americana no Ártico não é novidade, o sistema de alerta NORAD (Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte) inclui instalações de radar no Ártico para monitorar aeronaves e mísseis há décadas e só tem expandido suas operações apartir dos satélites da Força Aeroespacial Americana.

Os Estados Unidos possuem uma base aérea permanente em Thule, na Groenlândia, a qual é considerada uma instalação estratégica para os EUA. Ela é usada para alerta antecipado de mísseis e satélites, além de fornecer apoio aéreo estratégico. Outras instalações, como a Base da Força Aérea de Elmendorf-Richardson no Alasca, são importantes para as operações no Ártico.

Embora os Estados Unidos tenham uma presença limitada de quebra-gelos em comparação com outras nações, eles estão explorando opções para adquirir novos quebra-gelos para apoiar operações na região. E possuem interesses estratégicos no Ártico, especialmente à medida que as rotas de navegação se abrem e os recursos naturais se tornam mais acessíveis.

Além de atividades militares, os EUA também estão envolvidos em pesquisas científicas no Ártico, monitorando as mudanças ambientais e climáticas.

Outro ator muito importante na região, o Canadá também tem reforçado sua presença militar no Ártico para proteger sua soberania e interesses na região. Isso inclui patrulhas navais e exercícios militares. o Canadá mantém uma presença militar significativa no Ártico, dada a sua vasta extensão de território ártico ao norte. O país tem incentivado e ralizado  operações conjuntas no Ártico, envolvendo a Marinha Real Canadense, Força Aérea Real Canadense e Exército Canadense.

Além disso, participa de exercícios multinacionais e nacionais para melhorar a interoperabilidade e a prontidão militar na região ártica. Um dos recentes exercícios foi denominado “Nanook”, o qual visaou testar as capacidades das Forças Canadenses em condições árticas.

O Canadá mantém a Força Operacional Conjunta do Norte, uma unidade militar dedicada à região ártica. Isso inclui pessoal treinado para operar em condições árticas e mantém uma rede de estações de alerta e vigilância ao longo de sua fronteira ártica para monitorar atividades aéreas e marítimas.

Tal como a Rússia, o país manteém uma frota de quebra-gelos,permanentes que desempenham um papel crucial na manutenção da presença do Canadá no Ártico, facilitando o acesso e a patrulha.

A principal base canadense na região é a  Canadian Forces Station Alert, localizada no extremo norte da Ilha Ellesmere, é a estação militar mais ao norte do mundo. Ela desempenha um papel crucial na vigilância e na defesa do Ártico.

O país tem investido em capacidades específicas para operações no Ártico, incluindo veículos off road, equipamentos especializados e aeronaves adaptadas para ambientes gelados. O país está cada vez mais envolvido em pesquisas científicas e vigilância ambiental na região ártica.

O Canadá mantém uma abordagem de “Sovereign Arctic Operations” para afirmar sua soberania no Ártico e garantir que possa responder efetivamente a qualquer desafio.A qual fundamenta a defesa das suas reivindicações de soberania no Ártico, incluindo disputas sobre a Passagem do Noroeste (NWP).

Apesar de não ser um país ártico, a China tem demonstrado seu interesse devido às oportunidades econômicas, como rotas de navegação mais curtas. A China tem investido em quebra-gelos inclusive nucleares e participado de atividades de pesquisa científica, gerando preocupações sobre suas intenções futuras.

Desta forma a China participa como observadora no Conselho do Ártico desde 2013. Apesar de não ser um estado ártico, a China busca influenciar decisões e políticas na região e tem feito investimentos em empresas e projetos relacionados a recursos naturais, energia e infraestrutura no Ártico, visando oportunidades econômicas. Além disso, tem realizado expedições científicas no Ártico para estudar as mudanças climáticas e entender melhor a região. Isso inclui o uso de quebra-gelos para explorar rotas de navegação no verão.

A China está interessada nas rotas de navegação árticas, como a Rota Marítima do Norte, como uma alternativa potencialmente mais curta para o transporte entre a Ásia e a Europa. Atualmente estabelece estações de monitoramento ambiental no Ártico para coletar dados sobre as condições climáticas e ambientais e expressa seu interesse em participar em projetos de infraestrutura no Ártico, incluindo portos e desenvolvimentos logísticos.

Outras nações árticas também atuam de forma mais modesta tal como Noruega e Dinamarca que também estão fortalecendo suas capacidades militares no Ártico, considerando os desafios e oportunidades associados às mudanças na região.

Os meios envolvidos na militarização incluem a implantação de forças navais, a construção e modernização de bases militares, a aquisição de quebra-gelos, a realização de exercícios militares e o desenvolvimento de capacidades para operações em condições climáticas adversas. Essas atividades refletem as preocupações sobre segurança, soberania e o potencial aumento das tensões geopolíticas naquela região.

A passagem pelo artico central

A passagem pelo Oceano Ártico central depende de uma redução significativa da espessura do gelo naquela área. é a região mais inacessível atualmente para os navios. Acredita-se que à medida que o gelo marinho continua a derreter, os navios com capacidade de quebrar gelo poderão navegar pelas águas centrais do Ártico.

Com um aumento global de temperatura previsto de 2ºC até 2050 e um aumento ainda mais acentuado de 4ºC no inverno espera-se que as alterações climáticas tenham efeitos mais dramáticos no Ártico do que em qualquer outro lugar da Terra.

Caso isto venha ocorrer, as companhias marítimas provavelmente conseguirão reduzir a distância em vez de navegar pelo Canal do Panamá, pelo Canal de Suez ou pelo Estreito de Malaca.


Análise

A abertura da Rota do Ártico levanta várias questões, incluindo desafios ambientais relacionados à exploração de recursos no Ártico, preocupações sobre a segurança marítima devido às condições extremas, e disputas geopolíticas sobre as reivindicações territoriais na região. Além disso, o aumento da atividade humana na área também pode ter impactos ambientais negativos, como o aumento da poluição e ameaças à vida selvagem. A região do Ártico tornou-se um ponto focal importante nas discussões sobre mudanças climáticas, sustentabilidade e governança global.

A NSR oferece um atalho mais curto entre a Europa e a Ásia, em comparação com as rotas tradicionais através do Canal de Suez ou do Cabo da Boa Esperança. Isso pode resultar em economias significativas de tempo e custos para o transporte marítimo.

A diversificação das rotas de transporte marítimo reduz a dependência de rotas tradicionais e estratégias geopolíticas associadas a essas rotas. Isso é particularmente relevante em um contexto de incertezas geopolíticas e preocupações com a segurança em algumas áreas tradicionais de navegação.

O Ártico abriga vastos recursos naturais, incluindo petróleo, gás, minerais e pesca. O desenvolvimento econômico dessas regiões pode se beneficiar do acesso facilitado proporcionado pela NSR.

O derretimento do gelo no Ártico devido às mudanças climáticas está abrindo a NSR por períodos mais longos, tornando-a mais acessível. Isso pode levar ao aumento do tráfego marítimo na região.

O aumento do tráfego na NSR pode impulsionar o desenvolvimento econômico em regiões árticas, criando oportunidades para atividades como construção naval, serviços portuários, logística e turismo.

O controle e o acesso à NSR têm implicações geopolíticas e estratégicas. O aumento da presença e influência em regiões árticas pode ter ramificações no equilíbrio de poder global.

A abertura da NSR também levanta preocupações ambientais, pois o aumento do tráfego marítimo pode ter impactos negativos nos ecossistemas locais e aumentar o risco de acidentes ambientais.

Com o derretimento contínuo do gelo, a NSR pode evoluir para uma rota comercial mais viável ao longo do tempo, abrindo possibilidades para novas rotas e oportunidades de comércio.


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