Redefinições da Ordem Global: Desafios e Oportunidades

PAULO VINÍCIUS DINIZ


A Ordem Global caminha para mudanças definitivas e isso parece fora de questão, mas exatamente o que essas mudanças ocasionarão ainda é uma grande dúvida. Fala-se do fim do dólar como moeda de reserva global, além do surgimento de blocos de poder regionais, muito provavelmente um deles centralizado na Ásia e outro no Hemisfério ocidental.

Apesar de cercado por dúvidas, entretanto, não é a primeira nem a segunda vez que tal fenômeno acontece.
Pelo menos desde o século XVI diversos eventos fizeram surgir e desaparecer no horizonte da geopolítica potências com projeção global.
A mais recente dessas potências é os Estados Unidos, cuja hegemonia teve início com o final da Segunda Guerra Mundial, marcada pela tentativa da Alemanha, pela segunda vez no século XX, tornar-se ela própria uma potência global, controlando o Hearthland e suas adjacências. A titânica guerra com a URSS foi o ponto central nesse plano, quando o 3o Reich lutou para dominar o coração da Rússia e seus imensos recursos.
Após o fracasso do projeto de poder da Alemanha seguiu-se a espetacular recuperação econômica da URSS, superando a gigantesca destruição que atingira o país durante a guerra.
Surge então o conflito global seguinte, opondo os EUA e seus aliados contra a União Soviética e seus aliados. Entre 1946-1990, o fluxo e refluxo de interesses, blocos de poder regionais, alianças, guerras, mudanças econômicas, etc, ocorreram tendo como pano de fundo a “Guerra Fria”.

O sul da Rússia. Vários países formam uma multifacetada zona de influência estratégica para os interesses da Rússia e China.

Finalmente, em 1991, com o fim da URSS, os EUA saíram como os grandes vencedores da “Guerra Fria”. Entretanto a dinâmica surgida desde então gradativamente desgastou essa hegemonia, com os Estados Unidos hoje aparentemente incapazes de se reinventar para manter-se como a potência dominante.
Esta rápida digressão histórica serve para mostrar que os eventos que guiam a humanidade decorrem de múltiplas situações, exigindo análises mais profundas para serem corretamente compreendidos.
O mundo não gira somente em torno de conspirações de bastidores, que ocorrem fora da compreensão do homem comum. Ele é movido por interesses básicos, que levam os grupos de poder a se movimentar para atingi-los.
Diante disso, surgem algumas perguntas importantes: uma nova ordem é necessária para sustentar exatamente quais projetos de poder e guiados por quem? Pelos mesmos grupos de poder transmutados, ou um ou mais grupos totalmente novos?
Essa nova ordem será erigida sobre quais bases e, principalmente, países como o Brasil serão inseridos onde neste quadro que rapidamente surge diante do Mundo?
Pensar sobre o cenário mais amplo mundial e nacional pode ser um excelente começo para se localizar em um cotidiano cada vez mais confuso. Partir do simples para o mais complexo, e não o contrário, ainda é o melhor caminho para solucionar os problemas que nos afligem.


PAULO VINÍCIUS DINIZ

EDITOR ADJUNTO


Formado em História, com especialização em história militar, há duas décadas trabalha na iniciativa privada na área de educação, informação e pesquisa. Mantém o site e o canal Geo Smart News, dedicado a analises geopolíticas e históricas, além de organizar e ministrar cursos através do Instituto Logos & Clio e Analista do canal História Militar em Debate.