A ADOÇÃO DA VBC FUZ PUMA PELO EXÉRCITO ALEMÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO MARDER

Autor: Cap Santiago – CI Bld

As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) possuem uma das melhores tropas blindadas do mundo. Sendo integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ela se mantém constantemente adestrada e em condições de atuar fora do seu território. Dessa forma, a Bundeswehr possui carros de combate modernos e de grande poder de fogo. A Infantaria Blindada Alemã tem utilizado desde os anos 70 o blindado MARDER. Ao longo desse período, ele foi modernizado e incorporou diversas novas tecnologias. Entretanto, nas atuais batalhas assimétricas, onde o uso de armas anticarro e de dispositivos explosivos improvisados (IED) é crescente, faz-se necessário atuar com uma Viatura Blindada de Combate de Fuzileiros (VBC Fuz) mais segura.

No início do século XXI, a Bundeswehr iniciou um projeto para substituir os atuais MARDER 1A3, iniciando a produção das novas Viaturas Blindadas de Combate de Fuzileiros PUMA (VBC Fuz PUMA). O PUMA foi desenvolvido pela PSM, uma joint venture entre as empresas alemãs Rheinmetall e Krauss-Maffei Wegmann (KMW) onde cada uma possui 50% da empresa. Desde 2002, o projeto vinha sendo adaptado de acordo com as exigências do Exército alemão. Diversos testes de proteção, mobilidade e tiro foram aplicados na nova VBC Fuz. Exercícios de campo, operações e tiros em climas extremos como os da Noruega e Abu Dhabi foram realizados durante esse processo. Quando os testes foram oficialmente concluídos, no final de 2013, passou-se à fase de produção e, em 24 de junho de 2015, foi feita a entrega da primeira unidade aos militares alemães. Inicialmente, as VBC Fuz PUMA foram distribuídas para a Panzertrupenschule, a escola alemã análoga ao CI Bld brasileiro, com o objetivo de capacitar seus instrutores. No começo de 2016, as primeiras guarnições foram capacitadas após 3 meses de treinamento em Munster (Örtze), cidade onde está sediada a Panzertrupenschule.

Dos 350 Blindados encomendados pelo Exército Alemão, em 2016 foram entregues cerca de 90 VBC Fuz. Outros 66 novos PUMA serão entregues, por ano, entre 2017 e 2019 para que, em 2020, a totalidade contratada se complete. Com essa quantidade, o Exército Alemão terá mobiliado grande parte dos seus atuais 10 (dez) Panzergrenadierbataillon, semelhantes aos Batalhões de Infantaria Blindados do EB. A guarnição do PUMA é composta por 3 militares (comandante, atirador e motorista) e sua capacidade de transporte é de 6 fuzileiros. O PUMA foi desenvolvido para que possa ser usado em duas versões: configuração A (Air-transportable – aerotransportado) ou configuração C (Combat – combate). Na primeira, seu peso total é cerca de 31 toneladas tendo sido planejado dessa maneira para que possa ser transportado pela aeronave A400M, atualmente em uso na Bundeswehr. Na configuração C, a VBC Fuz é equipada com todas as suas blindagens e munições e passa a ter cerca de 43 toneladas.

Quando preparada para o Combate, sua blindagem frontal suporta impactos de munições 30mm. Nas laterais e retaguarda, sua guarnição está protegida contra tiros de 14,5mm. A autonomia em estradas do PUMA é de cerca de 460Km. Seu motor 10V MTU tem capacidade de gerar 1088HP, aproximando-se mais dos LEOPARD 2 (1500HP) do que os antigos MARDER (600HP) e dando a possibilidade de que seja atingida a velocidade de 70Km/h em estradas. Com essas capacidades, a Força Blindada Alemã adquiriu uma nova dinâmica no campo de batalha com os PUMA podendo acompanhar os letais LEOPARD 2. As dimensões do PUMA, quando configurado para o combate, são maiores do que as do MARDER. Ele possui altura de 3,6m (MARDER possui 3,01m), comprimento de 7,6m (MARDER 6,8m) e largura de 3,9m (MARDER 3,4m).

O armamento instalado sobre o PUMA é o canhão 30mm MK-2/ABM (Air Burst Munition) da Rheinmetall com cadência de tiro de 700 tiros/min e um alcance útil de 3000m. Os atuais MARDER 1A3 possuem canhão 20mm e alcance útil de 2000m. Por possuir um armamento estabilizado e o sistema de controle de tiro de última geração, o PUMA pode engajar alvos com grande probabilidade de acerto no primeiro tiro, inclusive em movimento. Ele também tem capacidade de ser armado com uma torre com 02 mísseis Spike de longo alcance (4000m). O armamento secundário do PUMA é uma metralhadora MG4, de calibre 5,56mm. O sistema de controle do fogo possui periscópios estabilizados, visão termal e telêmetro laser. O periscópio fornece imagens do campo de batalha em até 6 níveis de zoom para o atirador e para o comandante de carro, o que aumenta a consciência situacional da tropa embarcada. O PUMA possui um Sistema Multifuncional de Auto-Proteção (MUSS) semelhante aos LEOPARD 2. Esse sistema detecta laser ou mísseis lançados na direção do carro. Com suas contramedidas ativas de optrônicos e eletrônicos, o PUMA consegue interferir no infravermelho e no laser inimigo dificultando ser engajado e atingido. Contra os mísseis, existem artifícios pirotécnicos (fumaça, chaff e flares) que são acionados automaticamente e dificultam que a VBC Fuz seja atingida.

Fonte: A FORJA CI Bld

Edição Plano Brasil

1 Comentário

  1. Belíssima IFV…

    Apesar de todos os prós e contras, ainda sou de opinião que esse meio se torna imprescindível em um exército moderno…

    A capacidade de levar soldados até o ponto de contato depende necessariamente de se poder acompanhar o carro de combate pela ‘terra de ninguém’, deixando a tropa já na “fuça” do inimigo. Daí que quanto mais bem blindado, melhor…

    Há quem defenda que uma viatura mais leve ( como o M-113 ) possa fazer o mesmo serviço. E talvez possa… Considerando uma formação com os carros de combate ( CC ) a frente e o transporte atrás, seriam os CC a suportar o impacto da resistência inimiga, ao passo que os transportes estariam relativamente protegidos sob essa parede blindada proporcionada pelos CC… E quando do desembarque dos soldados, que já teriam cruzado a terra de ninguém do campo de batalha em seus veículos, normalmente estes vão para a frente de suas viaturas de transporte para dar o combate sobre o campo que os CC teoricamente já arrasaram, ficando as viaturas a retaguarda da formação e oferecendo alguma cobertura com suas armas…

    Ocorre que…

    Não dá pra depender e nem garantir que os carros a frente não venham a ter perdas, “fraturando” a barreira blindada, expondo os transportes… Ou seja, até se pode argumentar que uma viatura como o M-113 pode fazer o serviço, mas sob riscos que considero maiores, provenientes principalmente de armas de cano de calibres entre 20mm a 40mm ( mesmo que estas sejam algo raras em campo, e bem mais presentes em viaturas de reconhecimento e outros IFV ) e lança rojões, e que estão acima da proteção oferecida pela blindagem de qualquer viatura leve ( o que tem resultado em adaptações algo grosseiras mundo afora, como a proteção tipo “grade” )…

    Falando de proteção especificamente…

    Mesmo que a viatura seja imobilizada e perdida, uma maior proteção significa maiores chances de sobrevivência para os soldados no interior, permitindo aos mesmos abandonar o veículo em condições de combater e oferecer resistência ( os israelenses que o digam… ).

    Evidente que existem situações inevitáveis, como IEDs e minas ( cuja concussão provocada pelo impacto da detonação pode vitimar todos dentro da viatuara ), mas tudo deve ser tentado no sentido de proteger o soldado, que é quem dará o combate ao inimigo. Daí que, mesmo que não se possa fazer muito contra um projétil de CC ou mísseis anti-carro modernos, ao menos proteção blindada contra armas de cano de calibre até 40mm e lança rojões ( armadura reativa modular nesse último caso ) deveria ser algo garantido…

    Ou seja, a adoção de viaturas leves para fazer as vezes de um IFV somente se justificam por questões de custo e/ou por uma necessidade de se ter quantidades absurdas…

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