México, o novo Brasil

brazil_vs_mexico_600Lucas Mendes

De Nova York para a BBC Brasil

Desde a guerra do Vietnã, o Pentágono tem um recorde perfeito nas previsões sobre qual seria a próxima guerra americana em seis meses ou um ano: errou todas.

A citação está no livro Foreign Policy Begins at Home (“Política Externa Começa em Casa”), recém-lançado, do veterano diplomata e influente presidente do Council of Foreign Relations, Richard Haass.

Com 92 anos e 5 mil afiliados de peso, o Council é o mais influente think tank americano na politica externa. Entre várias atividades, publica a revista bimensal Foreign Affairs, que acaba de comemorar 50 anos. Quando o Council aconselha, nem sempre é obedecido, mas seus conselhos sempre chegam aos ouvidos de quem decide.

Richard Haass aconselhou quatro presidentes: Jimmy Carter, Ronald Reagan, Bush pai e Bush filho. Escreveu ou editou 12 livros. Neste último, ele se aventura casa adentro numa trilha diferente e independente. Haass escreve que há dez anos a política externa americana esta à deriva. As guerras do Iraque e do Afeganistão diminuíram a liderança e o prestígio dos Estados Unidos. Hora de cair fora e repensar.

Oriente Médio? Consome mais diplomacia, tempo e dólares do que merece. O país deve concentrar suas atenções na região Ásia/Pacífico e no Ocidente. China, Japão e a vizinhança ocidental são as principais peças no tabuleiro de Haass. A Europa é previsível.

“Para ele, a América Latina não tem importância, nem a Venezuela.”

América Latina? “Vai muito bem”, me disse ele durante uma entrevista nesta semana no Council. Não merece nem um capítulo no livro. Sobre o Brasil, há quatro referências irrelevantes. A Venezuela merece quatro citações curtas. Cuba nenhuma.

Para um homem que passou anos com o presidente Reagan resolvendo problemas na Nicarágua, El Salvador e Honduras e crises menores na América Central, tudo lá foi bem resolvido, e se não foi, dane-se. Não tem importância. Nem a Venezuela.

Na política externa, os Estados Unidos devem pensar no mundo inteiro, focar em poucas regiões e só colocar botas no chão onde há interesses vitais em jogo. Síria? Iraque? Afeganistão? Países da Primavera Árabe? Não são vitais. Israel é vital.

Um Irã nuclear, um Paquistão em decomposição, uma Coreia do Norte destramelada? Problemões. Soluções? Só milagrosas. Estão fora do alcance americano. Entrar com armas e soldados? Negativo. Terrorismo? Vai estar conosco durante décadas, mas não em grande escala, como os ataques às torres.

A segunda parte do livro e a proposta do título dominaram a segunda parte da conversa. Para Haass, o mundo quer e depende da liderança americana, mas os Estados Unidos precisam colocar a casa em ordem. Segundo o que chama de “Doutrina da Restauração”, Haass acha que os americanos devem resolver cinco problemas domésticos essenciais: deficit, energia, educação, infraestrutura e imigração.

Perguntei a ele se a palavra “restauração” foi inspirada na Restauração Britânica, que trouxe a monarquia de volta à Grã-Bretanha no século 17. Ele achou graça, mas a Restauração Britânica é considerada um milagre e o que ele propõe para Washington não exige apenas um. Exige vários: aumentar e criar novos impostos, reduzir pensões, programas de assistências social e de saúde.

A conversa enrola. Vamos terminar com o Brasil. Porque não merece nenhuma referência importante no livro? Em parte porque vai bem, mas, diz ele, não tão bem como antes.

“O Brasil era o encanto dos emergentes. Nos últimos dois, três anos, perdeu muitas atrações.” Ele fala da desilusão dele e de um grupo de americanos numa viagem recente. Os superpoderes do Executivo assombraram Haass e a turma dele. Manda em tudo, intimida o investidor. A impressão da paisagem não foi melhor. O aeroporto do Galeão também assombrou pelo desconforto e decadência. Ele acha que a Copa e a Olimpíada podem diminuir ainda mais as atrações brasileiras.

Para Haass, o México é o novo Brasil. As novas atrações do vizinho pareciam irresistíveis: um novo e jovem presidente, abertura política, menos governo central, menos poderes das oligarquias, menos corrupção, reforma disto e daquilo. Promessa de crescimento a 4,5, 5% ao ano. Promessas.

No primeiro trimestre deste ano, o México cresceu 0,8%. O Brasil cresceu 0,6%. Os números confirmam: o México é o novo Brasil. Neste e noutros índices, estamos quase gêmeos, vamos de mal a pior.

O próximo livro de Richard Haass merece um capítulo sobre a América Latina. Antes que ela vá para o brejo.

Fonte: BBC Brasil

18 Comentários

  1. Este conta dele não bate, deve ser desconsiderada. Como um professor meu de estatística e probabilidade falava, você pode dizer muita mentira contando uma verdade. Ele equipara Brasil e México na mesma linha como se fossem dois carros com os mesmo acessórios, só pode estar brincando. Agora, preciso deixar claro que quanto ao que ele falou sobre ‘infra estrutura’, se não for é quase. Infelizmente.

  2. Amigão Lucas Mendes, morador nos EUA; aprenda : não se gasta vela com mal defunto .
    Se esse moço era conselheiro do Bush ?? péssima referência.
    Na lógica então seria ele um truta naquela mentira das armas químicas do Sadan entre outras ???
    O Brasil não tem importância ??? deve ser , os americanos compraram centenas de empresas aqui, a GM Br até mandou dinheiro daqui pra salvar a GM de lá.
    De certa forma acho bom ele usar a tática do desfocamento, coitado é do México é o novo alvo dos elogios.

    • E fazendo uma análise e relacionando as matérias do blog, a conclusão é simples, a última palavra entre EUA e Brasil é a do vice Joe Biden o que rechaça a opinião de Richard Haass.
      Mas não muda nenhuma de minhas postagens.
      Abs.

    • Somos tão sem importância que o vice presidente dele esteve aqui puxando o nosso saco e querendo investimentos no pais deles.
      E bem lembrado, foi conselheiro do Bush. Fizeram aquela “caca” lá no Iraque que ajudou a desmoralizar mais um pouquinho os EUA.

  3. Hahahahahahaha., sempre sera a Republica ou melhor a colonias das Bananas
    Para os Yanks
    Iso e a pura verdade, Nao me espanta NAO !!!!

  4. Isso de achar que o mundo ou os EUA devem falar de nós pra nos sentimos importantes para o mundo ou para os EUA é complexo de vira lata!Dane-se os EUA ou o mundo, eles são importante na medida que contribui para a realização do nosso plano de desenvolvimento interno da mesma forma!Temos que olhar o nosso próprio umbigo como eles fazem, naturalmente que não devemos declarar isso a eles como política de Setado!O Brasil dentro da realidade dos recursos naturais e populaçao e mesmo da capacidade de produção interna podem prescindir do mundo e dos EUA, ocorre porém que nenhum pais é uma ilha!

  5. William
    Ele quis dizer que o México é uma bosta também, só promessas que nunca vingam.
    O Brasil é um lixo por não ter um plano piloto. Única coisa que conta no Brasil é o “PODER”. Um emaranhado de políticos burros enraizados até as profundezas da imoralidade e anti ética. Jamais esse país mudará, jamais será uma potência, jamais sairá de promessa, jamais será o país do futuro, será apenas o “brasil”.

    Nós mesmo somos um lixo, as passagens aumentam e queimamos ônibus, culpamos os empresários, quando a causa e alvo deveriam ser o “poder” (legislativo, executivo e judiciário), esses sim deveriam ser queimados, enforcados, crucificados em praça pública por traição.

  6. Atacar os políticos no geral, sem destacar os que lutam por uma legislação melhor, que não defendem apenas os interesses corporativos, é fazer o jogo dos ditadores, dos corruptos e corruptores, pois o mal conta com nossa dificuldade de distinguir os bons e dependem do poder que inconscientemente lhes emprestamos.

  7. no texto o politico americano fala que o mundo quer os estados unidos como líder ,kkkkkkkkkkkk
    tinha que ser conselheiro do buch mesmo
    não acredito no que esse politico falou são dissimulados
    o mexico coitado tao longe de deus e tao perto dos estados unidos
    pior é ver que um politico decadente dissimulado ainda conseguiu convencer um dos que postaram aqui ,sera que esse é o chamado complexo de vira lata que tanto falam
    não esqueçam que quem desdenha quer comprar!!

  8. Sucupira, acho que essa realidade traduz o modelo de Estado que herdamos de Portugal – (fisiológico clientelista – traduzindo pela corte imperial ou republicana que temos hoje)!Mas apesar de tudo isso, estamos entre as dez maiores economias do mundo, então se conseguimos isso sem nos beneficiar de guerras, como ocorreu com os EUA, que tiveram duas guerras mundiais a seu favor, é de se concluir que enquanto país ou povo não somos esse lixo que vc afirma!Temos muitos problemas e todos os países do mundo os tem, inclusive os mais ricos!Agora, alimentar ceticismo por conta disso e imaginar que não há soluções para todos os nossos problemas é apostar no fracasso hoje e sempre!Falta lideres comprometidos e desinteressados, falta povo esclarecido, afinal o país/nação é formado por seu povo!Falta política coerente com a realidade concreta que implica reformas profundas do Estado (pra tirar esses parasitas que ai estão (sejam nomeados, concursados ou eleitos), da legislação penal (pra diminuir a violência), da educação pra oferecer educação de qualidade para o Brasil, entre outras reformas!Também acreditar que não somos capazes enquanto povo pra fazer isso é acreditar no fim, na desesperança, fato que não pode acontecer! Forte abraço!

  9. Lucas Mendes… Outro traidor.

    Que lixo de texto. Pueril, para não dizer infantil…
    Até quando vamos ter lhe dar com essas latrinas editoriais que infestam a nossa mídia?

  10. Temos que pensar dentro do ponto de visada americano…

    A próxima grande potência, que tem reais chances de incomodar o poderio econônico americano, e que esta emergindo, de fato está no Pacífico. Logo, qualquer coisa que venha de lá merece atenção constante.

    O Oriente Médio, nesse instante da história, constitui menos risco do que realmente aparenta. Nenhum daqueles países pode ser player maior por conta de suas próprias limitações; e todos, em maior ou menor escala, dependem do EUA para alguma coisa… E Israel realmente é vital, sendo ( de longe ) o aliado mais confiável dos EUA naquelas bandas.

    Um Irã munido de armas atômicas pode exercer uma maior influência junto ao Oriente Médio, exigindo um maior esforço de vigilância dos EUA naquela região. Logo, o Irã obrigaria os EUA a uma dispersão indesejada de suas forças, que deveriam se concentrar no Pacífico e Atlântico…

    O Paquistão e seus soluços também são fonte constante de preocupação. Vale lembrar que o país tem um arsernal nuclear, e que corre risco de cair em mãos erradas, caso a situação se degrade em demasia…

    A Coréia do Norte dispensaria comentários… Tornou-se uma dor de cabeça constante, até mesmo para a sua aliada China.

    Quanto a México, vale lembrar que há em vigor um tratado de livre comércio com aquele país. Negociar com os mexicanos é, por tanto, naturalmente mais fácil…

  11. A citação de Haas ao Brasil é apenas uma constatação do óbvio.

    “De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde o início da crise internacional, em 2008, até 2011, o País perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas para a Argentina, México, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e Bolívia. As compras foram direcionadas para China, Estados Unidos, União Europeia e México.

    Os acordos que o Chile tem envolvem 62 países, incluindo os 27 da UE. Os da Colômbia envolvem 60 países, os do Peru 52, os do México 50 e os do Brasil, apenas 22, a maioria de pouca expressão comercial, como Israel, Egito, Palestina e a União Aduaneira do Sul da África (Sacu).

    ..

    Para o Brasil, que ficou afastado dos grandes acordos, a situação é ainda mais difícil. Segundo Castro, em 2007 o Brasil tinha 20.889 empresas exportadoras. Hoje, são 18.630, ou 2.259 a menos.

    Já o número de empresas importadoras aumentou de 28.911 para 42.458, ou 13.547 a mais. Só de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, 59 empresas deixaram a lista de exportadoras e 776 entraram na lista de importadoras, informa a AEB.”
    (http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,paises-da-america-latina-reduzem-compras-do-brasil,155392,0.htm)

    Infelizmente para nós que trabalhamos e pagamos impostos, o atual governo se esforçou e está conseguindo destruir a nossa capacidade. O sr. Haas apenas citou o óbvio.

    Abraços.

  12. Um lixo de texto, que não enriquece em nada o debate sobre o que queremos do Brasil. Apenas um político da oposição latindo no seu quintal.

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