O comando da OTAN em Bruxelas ficou muito abalado no dia 27 de março de 1999. Pela primeira vez na história das operações militares do F-117А, o avião mais “secreto” da FA dos EUA, ele não só foi detectado pelos radares antiaéreos da Iugoslávia, mas foi inclusive abatido perto de Belgrado.
Este foi um rude golpe no prestígio do complexo militar-industrial norte-americano e da corporação Lockheed. O Pentágono afirmou que teria havido um erro técnico e que o “avião invisível” se teria simplesmente despenhado algures nas florestas da Sérvia. Os militares dos EUA não reconheceram, senão a 25 de novembro, que o F-117A tinha sido destruído por um míssil soviético.
Sistema de defesa SA-3 — (Foto: Meramente ilustrativa do tipo de míssil utilizado)
A verdade não foi apenas ocultada aos americanos comuns, mas também aos muitos clientes que já tinham assinado contratos com a Lockheed. O “avião invisível” era na altura muito popular em todo o mundo.
O orgulho da aeronáutica estadunidense, no valor de cerca de 50 milhões de dólares, foi destruído por um sistema de mísseis terra-ar com a chancela Made in USSR. O primeiro a carregar no botão de lançamento foi Dragan Matic. Na altura, ele me contou detalhadamente as particularidades dessa operação.
Dragan Matic – (Foto: Autor)
“No dia 24 de março de 1999, nós abandonámos a nossa unidade posicionando-nos numa área periférica de Belgrado. Passamos três dias relativamente calmos. Nós trabalhamos em equipe, com os procedimentos habituais que executávamos às ordens do nosso comandante. O principal era não sermos detectados pelos radares dos AWACS que habitualmente acompanhavam os aviões da OTAN. Especialmente os F-117A.
“Nós estávamos estacionados junto à aldeia de Simanovci. No dia 27 de março, quase ao anoitecer, toda a nossa brigada estava de serviço. O colega do serviço de seguimento informou que havia fortes interferências e que o sinal estava mais próximo das nossas posições. Praticamente 5 minutos depois, a pesquisa de rádio transmitiu que um alvo se dirigia para a nossa bateria. O comandante analisava a tela e recebia as indicações da pesquisa de rádio. O alvo se dirigia contra nós. Nós detectamo-lo. Eu olhei para a tela e vi claramente a marca do alvo. Começamos a fazer o seguimento do alvo, ele estava perfeitamente visível.
“Eu relatei ao comandante que o alvo estava fixado pelos nossos instrumentos e que estávamos prontos para abatê-lo. Dezassete segundos depois da ordem de “Fogo!”, o alvo foi atingido pelo nosso míssil. O primeiro míssil arrancou a asa ao avião furtivo e o segundo abateu o próprio avião. O piloto se catapultou e o avião caiu.
“Nós abatemos um aparelho terrível e fantástico, o avião ultrassecreto da Força Aérea dos Estados Unidos. O piloto catapultou-se e se escondeu na floresta. Cinco horas depois, chegou em vários helicópteros um grupo de resgate de operações especiais norte-americano que o levou. No dia seguinte, ele já estava na base aérea de Aviano, perto de Veneza.
“Quando conseguimos abater o avião, abandonamos imediatamente o local juntamente com o equipamento. Quanto mais depressa mudarmos de posição, mais hipóteses de sobreviver tem a bateria. Nós fizemos isso 24 vezes durante estes três meses de agressão e foi o que salvou a nossa bateria. Não tivemos vítimas entra a nossa equipe. No entanto, a nossa brigada antiaérea teve 9 mortos.”
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