Um brasileiro sobe ao podium

Foto: Brazilian Aerospace

Danilo Miranda é vencedor do 6th Intercollegiate Rocket Engineering Competition – 6th IREC, uma das competições de foguetes mais famosas nos Estados Unidos.

O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, recebeu, nesta quarta-feira (27), o estudante de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Danilo Miranda, vencedor do 6th Intercollegiate Rocket Engineering Competition – 6th IREC, uma das competições de foguetes mais famosas nos Estados Unidos.

A equipe Intitulada “Montenegro” era formada por Danilo e pelo estudante de pós graduação em Engenharia Aeroespacial, Oswaldo Loureda. Os dois começaram o empreendimento em janeiro deste ano, quando decidiram participar da primeira edição internacional da IREC, que ocorreu em junho, na cidade de Green River, Utah.

Para a disputa, a equipe projetou um foguete, o ITARocket v2, com propelente sacarose/nitrato de potássio para participar da categoria básica . As dimensões do foguete eram 2m de comprimento por 7,5 cm de diâmetro. Os requisitos da categoria básica eram projetar um veículo lançador capaz de atingir 10.000 pés (aproximadamente 3 km), levando uma carga útil de 10 libras (aproximadamente 4,5 kg).

A definição pela categoria básica da competição foi baseada simplesmente por uma questão de logística. Não seria possível viajar pelas companhias aéreas para os EUA com o foguete montado e carregado com propelente. Sendo assim, o foguete foi levado totalmente desmontado e sem nenhum combustível. O combustível, que é amador, foi adquirido nos EUA (o nitrato de potássio foi comprado na internet e o açúcar foi comprado num supermercado) e cozinhado no próprio local da competição.

Diferente das equipes americanas que estavam trabalhando há pelo menos um ano em seus projetos, os brasileiros tiveram apenas seis meses para desenvolver o foguete. Para dificultar ainda mais, como vieram com o foguete desmontado, tiveram que montar todos os equipamentos em apenas três dias de trabalho, enquanto a maioria das outras equipes já estava com todo produto pronto.

Para conseguir fazer a montagem em tempo hábil, a equipe transformou o quarto de hotel, em que estavam hospedados, em um laboratório, para que o combustível do foguete fosse “cozinhado”, a eletrônica fosse programada, os circuitos todos fechados e o foguete fosse pintado e integrado.

Segundo Danilo, todo este trabalho desenvolvido, em tão pouco tempo, foi fundamental para a conquista do prêmio “Jim Furfaro Award for Technical Excellence” (prêmio de melhor projeto), dentre 12 equipes de 4 países, a maioria delas do próprio EUA. “Os juízes ficaram particularmente impressionados com o conhecimento demonstrado pela equipe brasileira e pela versatilidade e criatividade para integrar e preparar o foguete em três dias, com materiais de baixo custo comprados em prateleiras de supermercado”.

De acordo com Danilo, apesar das várias dificuldades que enfrentaram antes e durante a competição, além de muitas noites sem dormir, o reconhecimento provido pela conquista obtida foi recompensante. “Ficamos muito felizes por representar bem os pesquisadores que trabalham no programa espacial brasileiro. A viagem foi uma missão exaustiva e sacrificante, mas importante para mostrar a excelência dos profissionais formados pelas escolas brasileiras”.

Programa Espacial Brasileiro – O estudante Danilo Miranda é brasiliense, formado pelo Colégio Militar do DF.

Em 2008, foi aprovado na instituição e seguiu cursando até 2010, quando o ITA inaugurou o seu curso de Engenharia Aeroespacial, este sim, o seu verdadeiro intento. Danilo, aliás, foi o primeiro aluno a se candidatar ao curso.

Atualmente, já no segundo ano de curso, o estudante trabalha no projeto do satélite ITASAT. Danilo faz parte da equipe que desenvolve o sistema de controle de atitude do equipamento, uma tecnologia considerada vital para os satélites.

Futuro – Segundo Danilo, todo este envolvimento com o Programa Espacial Brasileiro está longe de ter um fim. Ao contrário de muitos de seus colegas que migram para o setor financeiro ou mesmo vão para outros institutos no exterior, a intenção do estudante á seguir carreira profissional dentro do PEB. “Eu tenho bastante interesse pela área de satélites. Meu desejo para o futuro é seguir carreira no Inpe e contribuir para a continuidade do desenvolvimento do PEB”.

Fonte: Jornal da Ciência

9 Comentários

  1. Isso mostra que mesmo com a falta de apoio do Governo Federal o Brasil consegue supreender a exemplo desse Garoto, está de parabens. Ainda penso porque não investe em nosso programa espacial, pouco recurso e interesse e muita corrupção, também esse país nunca passou por uma guerra de verdade, más no dia que passar ou se aproximar vai apreender dar valor.

  2. Muito bom e como eu já disse e sempre venho afirmando , o negócio é investir na educação em todas as áreas , pois , nosso material humano é o melhor do planeta !

    O Brasil deveria criar pelo menos um ITA e um IME e escolas técnicas em cada estado com total apoio e muito em breve no período de 10 anos nos tornaríamos uma grande potência !

    10 anos são pouco tempo ?

    Duvido !

  3. Fico aqui imaginando se esse garoto fosse orientado e acompanhado pelo Dandolo onde esse foguete iria parar.rsrsrs

  4. Sempre o Brasil é bem colocado nestas competições aero-espaciais. E mais! No quesito projeto técnico sempre estão entre os primeiros do mundo. Inclusive, surgindo das mais diversas regiões do país, RN,PB,MG,RS,SP por aí vai. Uma das competições que comprova isto tem no site http://www.saebrasil.org.br/ Por tanto, fico encucado aqui. Cadê nosso VLS? Que é estranho é!

  5. Caracas, fico imaginando a raiva e despeito dos outros competidores ao saberem da eficiência dos brasileiros… Em três dias montaram um foguete com ingredientes de bomba de fumaça, praticamente comprados no comércio da esquina. Conclusão, a base de cálculo e engenharia do foguete dos estudantes brasileiros ganhou de lavada a dos outros competidores.

    Se isso, ocorre-se aqui no Brasil, e ao contrário fosse com americanos vindo aqui, e de improviso levassem o primeiro prêmio, todo mundo iria falar em mutreta, ou em mala preta, ou em prepotência e arrogância ianque. Ainda bem q foi lá. E parabéns para os juizes da competição e sua neutralidade.

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