Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
Os líderes da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) podem deixar de ir à reuniao com a União Europeia na Espanha se for mantido o convite ao presidente eleito de Honduras, Porfírio Lobo, disse nesta terça-feira o presidente do Equador, Rafael Correa.
“Todos queremos ir à reunião, mas não queremos que minimizem o que aconteceu em Honduras. Se o novo governo de Honduras assistir à reuniao (da UE), nós não compareceremos”, disse Correa.
Segundo ele, existe um “mal estar da maioria” dos integrantes da Unasul.
“Honduras teve, claramente, uma ruptura institucional e agora convidam o presidente eleito. Qualquer grupo dá um golpe de Estado, convoca eleições e não acontece nada”, disse.
As declarações de Correa – que ocupa a Presidência temporária da Unasul – foram feitas ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, após o final do encontro dos líderes da Unasul na cidade de Campana, próxima a Buenos Aires. O presidente Lula já tinha embarcado para Montevidéu, no Uruguai.
Lula
Kirchner afirmou que Lula defendeu o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya à Honduras com direito de “exercer seus direitos políticos”.
Fontes do governo brasileiro, que participaram da reunião, disseram que era esperado que a União Europeia consultasse os países da Unasul sobre o convite ao presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, para o encontro em Madri no dia 17 de maio, o que não ocorreu.
Lula teria dito que atualmente Honduras não participa das reuniões de organismos regionais, como a OEA (Organizacao de Estados Ameicanos), devido à crise institucional vivida pelo país. O presidente teria afirmado ainda que se Lobo for convidado, será o “reconhecimento” da União Europeia a um governo que “anistiou” os “golpistas”, mas não a Zelaya.
A moção do presidente Lula teve apoio da Argentina, Venezuela, Paraguai, Chile e Bolívia.
Os governos do Peru e da Colombia já haviam reconhecido a eleição de Porfirio Lobo.
A reunião da Unasul definiu ainda que a ajuda financeira ao Haiti deve ser acelerada.
“Dos US$ 300 milhões comprometidos para a ajuda ao Haiti, somente foram desembolsados US$ 7,5 milhões. Antes, quando era para pagar dívida do FMI (Fundo Monetário Internacional ) para não ficar mal com o organismo se pagava antecipadamente. Mas agora, na hora da solidariedade, a burocracia nos atrapalha”, disse Correa.
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