Atletas olímpicos se militarizam para participar

http://localtur.files.wordpress.com/2011/04/jogos.jpg?w=300&h=281No dia 9, Valeska dos Santos Menezes, vestiu pela primeira vez seu uniforme de sargento do Exército. De coturno e farda camuflada, assistiu a aulas sobre hierarquia militar e a importância das Forças Armadas para o Brasil. Mais um dia na rotina da Escola de Educação Física do Exército da Urca, no Rio, se não fosse ela a Valeskinha, medalhista de ouro da seleção brasileira de vôlei feminino nas Olimpíadas de Pequim, tricampeã do Grand Prix também pela seleção e ainda três vezes campeã brasileira pela Unilever. A atleta se reuniu às 12 jogadoras de vôlei feminino que se militarizaram desde o ano passado para participar dos 5º Jogos Mundiais Militares que serão realizados no Rio de 16 a 24 de julho.

Todas se tornaram sargentos do Exército para participar da competição. “Eu fiquei sabendo pelas outras meninas. Elas diziam que era uma experiência única, que estavam adorando os novos conhecimentos”, conta empolgada a jogadora de 35 anos, que começou a jogar vôlei aos 13, influenciada pela mãe, a também atleta olímpica Aída dos Santos. Valeskinha se referia ao treinamento militar pelo qual todos os atletas engajados nas Forças Armadas passam, que inclui tiro, marcha, pernoite na mata, construção de abrigos improvisados e retirada de alimentos da selva. “Além disso, eu vou representar meu país. Isso é sempre um orgulho. Será a mesma emoção e responsabilidade que tive na Grécia ou em Pequim”, afirma.

http://blog.correios.com.br/correiosonline/wp-content/uploads/2010/09/Selo_Jogos_Militares.jpgApesar do engajamento de Valeskinha ter ocorrido na semana passada, outras 12 atletas do vôlei feminino já estão militarizadas desde o ano passado. Elas entraram no Exército em abril, depois do lançamento de um edital. Todas passaram por uma seleção: 42 atletas se inscreveram, conta o major Chiacchio, chefe da equipe da seleção militar brasileira de vôlei feminino. “Elas foram avaliadas pelo currículo, em que times jogaram, que títulos conquistaram, fizeram teste de saúde e depois foram entrevistadas”, conta o major. “Depois passaram por um treinamento militar de dois meses.”

As meninas não decepcionaram na primeira competição que participaram: “foram campeãs do mundial militar realizado na Carolina do Norte, nos Estados Unidos”, conta o major. Depois foram dispensadas para voltar à Superliga em seus times.

Em abril, as 12 foram reconvocadas e agora treinam de 8h às 10h30, fazem instrução militar, ordem unida e marcha, almoçam, descansam e depois voltam a treinar das 16h30 às 19h30. Apesar da rotina pesada, a líbero da seleção, a sargento Veridiana Mostácio da Fonseca, a Verê, que já passou pelo Minas Tênis Clube e jogou a última temporada pelo São Caetano, também gostou muito da rotina militar. “Moro no quartel, aprendi a atirar, todo mundo aqui teve muita paciência para nos treinar”, conta. “O mais engraçado é que tenho dois irmãos que foram dispensados do serviço militar e eu estou aqui. Sou o orgulho do papai”, brinca a atleta de 28 anos, que começou a jogar vôlei aos 10 anos.

Além das meninas do vôlei, atletas como Fabíola Molina, da natação, o judoca Flávio Canto, bronze nas Olimpíadas de Atenas de 2004, o jogador de vôlei da seleção brasileira Anderson de Oliveira Rodrigues, o triplista Jardel Gregório e a campeã mundial de taekwondo e medalhista de bronze olímpico em Pequim 2008, Natália Falavigna, se militarizaram e treinam em vários quartéis do país para participar dos Jogos Militares.

Ao todo, as Forças Armadas trouxeram para seu quadro cerca de 300 atletas do esporte brasileiro. Essa foi a primeira vez que o Brasil convocou um número tão grande de desportistas para os jogos. “Diferentemente das competições anteriores, os atletas estarão mais expostos”, diz o vice-almirante Bernardo Pierantoni Gambôa, presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil. “A visibilidade proporcionada pela cobertura da imprensa vai popularizar os jogos, e, sem dúvida, as expectativas serão maiores”, completa.

Fonte: Notimp publicado pelo Valor Econômico

3 Comentários

Comentários não permitidos.