
A França iniciou negociações com a Índia para a possível aquisição do sistema de lançamento múltiplo de foguetes Pinaka, desenvolvido pela Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa da Índia (DRDO), em meio à busca por soluções temporárias para preencher uma lacuna de suas capacidades de artilharia de longo alcance, informou o Economic Times.
O interesse francês foi confirmado após declarações do chefe do Exército, general Pierre Schill, que demonstrou forte interesse nas armas de longo alcance indianas durante visita oficial a Nova Délhi. Schill acompanhou demonstrações do sistema Pinaka e de outros equipamentos, incluindo foguetes guiados e munições de precisão, avaliados positivamente por técnicos franceses. Segundo fontes indianas, Paris está avaliando ativamente a plataforma após observar seu desempenho operacional e o amadurecimento de sua linha de produção.

O Pinaka é um lançador de foguetes de 214 mm e 12 tubos montado em caminhão de alta mobilidade. Ele é capaz de disparar 12 projéteis em cerca de 44 segundos, com alcance entre 38 e 90 quilômetros, dependendo da versão. As variantes mais recentes utilizam navegação inercial e por satélite, ampliando o alcance e a precisão. O sistema é empregado pelo Exército indiano desde a guerra de Kargil, em 1999, e já está em produção em série.
De acordo com o diretor-geral de mísseis e sistemas estratégicos da DRDO, Ummalaneni Raja Babu, as negociações com a França estão em andamento, mas ainda sem acordo firmado. “A França está em negociações ativas para o Pinaka”, afirmou Babu durante a exposição Aero India, em Bengaluru. O sistema foi demonstrado a uma delegação francesa há cerca de três meses e, segundo ele, o desempenho foi considerado satisfatório.

Para o Exército francês, o Pinaka preencheria uma lacuna operacional entre os canhões autopropulsados CAESAR de 155 mm e os armamentos de lançamento aéreo, oferecendo uma capacidade de fogo de precisão em profundidade baseada em terra. Essa solução ganharia relevância diante da retirada dos sistemas LRU (Lance-Roquettes Unitaire) até 2027 e do cronograma do lançador nacional FLP-T, que não deve realizar seus primeiros disparos antes de meados de 2026.
O sistema indiano oferece vantagens logísticas e operacionais. O uso de pods intercambiáveis e o ciclo rápido de ocupação, disparo e deslocamento favorecem a sobrevivência contra radares de contrabateria, enquanto a cadência de tiro e recarga permite engajar alvos de valor estratégico — como postos de comando, radares e pontes — a distâncias de até 75 km.
Uma eventual compra marcaria a primeira aquisição de armamento indiano por parte da França, tradicional exportadora de sistemas de defesa para Nova Délhi. Entre 2019 e 2023, a França foi o segundo maior fornecedor de armas para a Índia, atrás apenas da Rússia, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).
Segundo analistas do setor, o interesse francês no Pinaka também pode estar relacionado a possíveis negociações de compensações industriais (offsets) ligadas a futuros contratos da França com a Índia, incluindo novas vendas de caças Rafale e aeronaves de transporte estratégico A-400M que disputa a concorrência MTA para fornecer até 80 aeronaves de transporte tático para a Força Aérea do país. Um acordo dessa natureza permitiria equilibrar as trocas comerciais bilaterais no setor de defesa, favorecendo cooperação tecnológica e a produção conjunta em áreas de mútua vantagem.

Além do Pinaka, autoridades francesas demonstraram interesse em munições de espera e tecnologias anti-UAS desenvolvidas pela Índia, sinalizando uma agenda de cooperação mais ampla. Para Nova Délhi, uma venda à França reforçaria seu papel crescente como exportadora de sistemas de defesa e consolidaria a imagem do país como fornecedor confiável de tecnologia militar de precisão.

As conversas ocorrem paralelamente à visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à França, onde participa de uma cúpula sobre inteligência artificial com o presidente Emmanuel Macron. Ainda não há confirmação de que o sistema de foguetes será incluído diretamente nas discussões bilaterais, mas fontes diplomáticas indicam que o tema de cooperação em defesa permanece em destaque na agenda entre Paris e Nova Délhi.



Aparentemente o Astros é superior a este equipamento indiano, tanto em relação ao alcance quanto à variedade de munições, não só foguetes, mas também mísseis.
A nova gestão da Avibras poderia se movimentar em relação a isto.