Jin Yen e Edilson Pinto

Sharif destacou o papel de Trump em cumprir promessas de mediação internacional, enquanto o próprio Trump convidou o líder paquistanês ao palco e elogiou o chefe do Exército do Paquistão, Asim Munir, chamando-o de seu “marechal de campo favorito”, sinalizando uma aproximação calorosa entre os dois países.
Na Cúpula de Paz de Gaza, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, em outubro de 2025, o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif não poupou elogios rasgados ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descrevendo-o como um “homem de paz” genuíno e renovando a nomeação de seu país para que Trump recebesse o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento aos esforços para encerrar o conflito em Gaza e promover a estabilidade regional.
Essa troca de elogios efusivos suscita o fortalecimento das relações bilaterais, diretamente conectado à proposta paquistanesa de construção do porto de Pasni, discutida em setembro de 2025 com Trump, que visa atrair investimentos americanos para exportar minerais críticos e contrabalançar a influência chinesa no vizinho porto de Gwadar, posicionando o Paquistão como pivô estratégico em meio às tensões globais por rotas marítimas e recursos raros.
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Fato é que o Paquistão deu um passo geopolítico devastador para a China ao propor a construção deste novo porto nas cercanias de Pasni, no Mar Arábico, com envolvimento americano, posicionando-o a apenas 110 km do porto chinês de Gwadar, o que desestabiliza completamente os planos chienses e altera a estrutura global pensada por Pequim.

Asim Munir pessoalmente discutiu com autoridades dos EUA, visa desenvolver uma cidade pesqueira em terminal para minerais essenciais e terras raras que serão exploradas no Paquistão
A proposta foi discutida por conselheiros militares de Asim Munir com autoridades dos EUA, e vai transformar a cidade pesqueira em um terminal para minerais essenciais e terras raras que serão exploradas no Paquistão e que será conectada a uma nova ferrovia, com investimento de US$ 1,2 bilhões, bem no coração pulsante do Cinturão e Rota da Seda.
Além disso, o porto está localizado a 160 km do Irã, ou seja, Pasni amplia opções de comércio e segurança para os EUA na Ásia Central, oq ue faz com que o o islamabad explore as agitações geopolíticas para capitalizar minerais raros, diversificando a dependência paquistanesa da China, que mantem o contro-le da não exploração destes minerais em sua reserva de mercado e que em contra partida investiu bilhões em um arsenal militar e empréstimos ao país.
A proposta que foi discutida em 25 de setembro de 2025 com a equipe de Donald Trump, sinaliza uma nova fase nas relações EUA-Paquistão, prejudicando interesses chineses no Baluchistão ao promover uma nova roupagem de alianças, com implicações também para a Índia, para o Irã e especialmente, para o Afeganistão, remodelando dinâmicas no Mar Arábico e Oceano Índico.
Este movimento representa um dos maiores revezes geopolíticos para a China, que perde influência após investir US$ 60 bilhões no Paquistão, e destaca a transição de uma aliança exclusiva para uma competição entre potências que beneficia ao Paquistão economicamente.

Posicionado em uma região estratpegica Pasni confronta diretamente os interesss das nações do golfo, da índia e da China naquela região .
Essa iniciativa foi revelada pelo Financial Times em outubro de 2025 e destacada como uma “tentativa audaciosa” de Islamabad de atrair investidores dos EUA e Sauditas para diversificar suas parcerias econômicas tornando-o menos dependente da economia chinesa, além disso a proposta visa explorar sua posição geoestratégica no Mar Arábico, em meio a tensões globais por suprimentos de minerais raros.
Em tese, o porto seria operado sem envolvimento militar direto, focando em fins puramente comerciais, porém, com potencial para expandir a influência americana na região. De qualquer forma, a proposta abala diretamente a China ao desafiar sua influência no Paquistão e desconsiderar o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), incluindo o porto de Gwadar logo ali ao lado.
Essa proximidade cria um contrapeso ao CPEC, potencialmente diluindo o monopólio chinês sobre rotas comerciais e energéticas no Mar Arábico, o que permite que os EUA acessem minerais críticos que Pequim busca controlar globalmente e que recentemente nega aos EUA.

O Paquistão parece apostar em um jogo no qual não se posiciona como cliente mas sim como jogador, contrabalançando o poder de China e EUA de modo a atender os seus interesses.
As tais tertas raras
Destaca-se que a proposta é enfátia no seu objetivo, a exportação de terras raras e minerais críticos, estes itens são centrais e posicionam Pasni como porta de entrada para recursos como cobre, antimônio, neodímio e outros insumos vitais para produção de baterias, mísseis, tecnologia e indústrias de defesa.

As reservas minerais do Paquistão são da ordem de trilhões de dólares e estão inexploradas, alguns setores ligads ao governo Paquistanês denunciam a influência chinesa nesta situação a qual o Paquistão não se expande devido a reserva de mercado. Este acordo é um sopro de esperança para que seja destravada a iniciativa que pode dinamizar e expandir a economia do país.
O Paquistão possui potencial mineral inexplorado no Baluchistão, incluindo terras raras essenciais para a transição energética global e cadeias de suprimento americanas e alinham-se à busca dos EUA por diversificação para reduzir dependência da China, que domina 80% da produção mundial de terras raras.
Em outubro de 2025, o Paquistão enviou seu primeiro lote de minerais raros aos EUA, marcando integração às cadeias globais e potencial para elevar o setor mineral de 3% para uma fatia ainda maior do PIB paquistanês, impulsionando desenvolvimento econômico e refinarias locais.
Além dos ganhos geoestratégicos, o reforço no setor mineral pode transformar a economia paquistanesa. Estima-se que o país possua um potencial mineral de trilhões de dólares, mas que ainda não foi plenamente explorado. Conforme o diretor comercial da USSM declarou, trata-se de “ressuscitar uma amizade adormecida” entre EUA e Paquistão por meio do desenvolvimento de recursos minerais.
Essa aposta estratégica pode atrair não apenas investimentos americanos, mas também fundos sauditas em diversificação econômica, reforçando a tese de Islamabad de ampliar suas parcerias além de Pequim. Essa ênfase em minerais transforma o Paquistão de dependente em ator estratégico, capitalizando agitações geopolíticas por suprimentos seguros.
A proposta soou como uma traição para a China, descrita em análises como um “chifre” ou “golpe estratégico” contra Pequim, que vê o Paquistão pivoteando para os EUA após anos de parceria próxima, incluindo suprimentos militares usados contra a Índia nos conflitos recentes.
A mídia indiana e paquistanesa destacam a percepção de “traição”, com a China preocupada em perder influência em uma área chave após investimentos bilionários. Embora fontes chinesas oficiais não rotulem explicitamente como traição, relatórios indicam que Pequim interpreta o movimento como ameaça à soberania no Mar da China Meridional e ao CPEC, com analistas alertando para coexistência “antinatural” entre potências rivais no mesmo espaço estratégico.
No entanto, alguns observadores chineses minimizam, sugerindo que o Paquistão permanece ligado demais a Pequim para uma realinhamento total, mas o silêncio oficial e preocupações com segurança indicam alarme interno.
É certo porém que a proposta do porto de Pasni provocou um forte abalo na influência chinesa sobre o Paquistão. Analistas do Asia Times ressaltam que a construção de um porto americano tão perto de Gwadar, centro do Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), “sendo desenvolvido ao lado do Gwadar operado pela China” representa um contrapeso estratégico ao plano de Pequim
De fato, o investimento chinês em CPEC (na ordem de US$60 bilhões) estaria agora sob ameaça:
“A presença americana em Pasni não só contrabalançaria Gwadar, mas também reduz a influência de Pequim sobre a infraestrutura crítica e as cadeias minerais do Paquistão”.
Reportagens especiais tem apontado que os próprios trabalhadores chineses tem sido vítimas de ataques contínuos em projetos no Baluchistão, tornando a aposta de Pequim no desenvolvimento de Gwadar mais arriscada.
Para o Paquistão, porém, parece valer a pena priorizar ganhos financeiros imediatos. Conforme observa o Asia Times:
Alinhando-se com os EUA em Pasni, o Paquistão não só mina os interesses chineses no Baluchistão e no Mar Arábico, mas também sinaliza uma abordagem transacional em suas alianças, buscando dólares de Washington quando Pequim não atende às suas necessidades”
As implicações vão além disso, afetam diretamenet aliados dos EUA como a Índia, uma vez que a nova rota leva a complicações em projetos como o porto de Chabahar (Irã), que recebe iinvestimentos indianos. Isso porque os EUA têm reduzido apoio a iniciativas indianas na região.
Para o Irã, um porto americano em Pasni seria uma ameaça potencial, dada a proximidade do Golfo Pérsico, já para o Afeganistão, abriria portas a uma possível reentrada militar americana, com Washington renovando acesso à região estando de olho nas bases estratégicas como Bagram.
Em última análise, o Paquistão passa a exercer um jogo de equilíbrio entre EUA e China, extraindo das rivalidades globais recursos, tecnologia e garantias de segurança.
Resta saber como Pequim reagirá ao que já se considera “uma traição” por parte de seu outrora aliado histórico, e como essa nova dinâmica afeta outras peças do tabuleiro regional, como Índia, Irã e Afeganistão. O que se impõe é que as alianças no continente asiático estão em franco redesenho, com o litoral paquistanês se tornando um dos palcos mais instigantes dessa disputa geopolítica
Fonte
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“Pakistan army, Pasni port, and a sell-out to America”, Hindustan Times, [LINK]
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“Pasni port deal would pivot Pakistan from China to US”, Asia Times,[LINK]
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“Pakistan offers Arabian Sea port to US for mineral export”, Business Standard,[LINK]
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“Pakistan ships first batch of rare earths to US, sparks outrage over secret deals”, India Today,[LINK]
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“Secrecy, Strategy, and the First U.S.-Pakistan Rare Earth Shipment”, Rare Earth Exchanges,[LINK]
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“巴基斯坦向美国提议建帕斯尼港运矿,紧邻中资瓜达尔港,预计耗资12亿美元”, 航运资讯 –[LINK]
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“巴基斯坦被曝向美国提议建造港口运矿,“紧邻中资瓜达尔港””, 中华网军事频道 –[LINK]
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“巴基斯坦被曝送美稀土大礼,不到五天,中方管制技术,下手稳准狠”, 搜狐 –[LINK]
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“巴基斯坦向美国提议造港口运矿,紧邻中资瓜达尔港|巴基斯坦_新浪财经_新浪网”, 新浪财经 –[LINK]
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“伊朗如何看待美国介入巴基斯坦帕斯尼港?”, 半岛电视台中文网 –[LINK]