E.M.Pinto
A Marinha Portuguesa investe num navio multipropósito inovador (Plataforma Naval Multifuncional, PNM) de cerca de 107,6 m e com um deslocamento de 7000 ton. Segundo o anúncio governamental recente, este “navio polivalente e inovador” servirá sobretudo para garantir a vigilância marítima, a investigação científica e a monitorização ambiental.
em poronunciamento oficial o Chefe do Estado-Maior da Marinha classificou o projeto como um “ponto de não retorno rumo à modernidade”, refletindo a necessidade de modernizar a esquadra portuguesa diante de um extenso território marítimo e as suas limitações face às limitações orçamentais.
Em complemento aos navios de patrulha convencionais, o D. João II pretende incorporar sistemas não tripulados (drones) como multiplicadores de força para a Marinha. O navio é um projeto baseado em um modelo da Damen Shipyards, alinhado ao conceito “Enforcer” da empresa, uma linha de navios modulares de apoio logístico e anfíbio desenvolvida originalmente em cooperação com a Marinha Real dos Países Baixos.
O projeto segue as especificações de navios da série Damen Multi-Purpose Support Ship 7000, que derivam diretamente da arquitetura do Enforcer. A Damen adaptou este design para Portugal com personalização civil/científica e foco em operações com sistemas não tripulados.
O navio concebido em conceito modular possui convés de voo contínuo e hangar, rampa de popa para operação de embarcações de superfície ou UUVs e capacidade de embarcar contêineres e veículos no convés principal. Além disso é capacitado a suportar unidades especiais para operações anfíbias e logísticas com flexibilidade para adaptação de missão.
A linha do casco, disposição dos conveses e superestrutura são concebidas na filosofia Enforcer, embora tenham sido adaptadas para o contexto português (sem armamento, foco ambiental e científico, sistemas de UAVs civis etc.).

O NRP D. João II, possui um longo convés de voo contínuo e as áreas de hangar internas, o navio é equipado como navio mãe de sistemas não tripulados: conta com um convés de voo de 94×11 m para decolagem e aterragem de UAVs, um hangar interno para helicóptero (compatível até com AW101/EH-101) e um hangar/oficina próprio para drones. Para apoio logístico, o navio embarca até 18 contêineres (TEU) ou 18 viaturas leves (como UTV), ou 10 lanchas rígidas de patrulha (RHIB). As Rampas laterais e na popa permitem desembarcar até 4 embarcações rápidas (lancha semi-rígida) e o navio possui dispositivos de guincho e gruas de 30 t que atendem operações logísticas embarcadas.
Devido a extensa automação, a tripulação-base é composta por apenas 48 militares, mas o navio possui alojamentos para 42 cientistas/operadores de sistemas não tripulados. Em situações de crise o navio pode receber temporariamente +100 pessoas (até 200 em emergência). Há laboratórios de bordo e enfermaria OTAN de nível 2 para apoio médico.
O alcance estratégico elevado, estima-se autonomia de ~45 dias e 10000 milhas náuticas a 15 nós. Isso o torna apto a missões de longa duração em alto mar (expedições científicas, patrulhas prolongadas ou apoio humanitário).

A Marinha portuguesa a mais antiga do planeta pretende utilizar o navio para operações de monitorização marítima e ambiental (ex.: detecção de derramamentos de óleo, monitoramento de ecossistemas marinhos) e de condições meteorológicas sobre o Atlântico além de plataforma de mapeamento de recursos submarinos.
O navio embarcará uma leiade de veículos aéreos, terrestres e submarinos não tripulados, ampliando a capacidade de exploração. ALém disso, será equipado com laboratórios e acomodará cientistas para estudar biologia marinha, geologia oceânica e modelagem climática. Todos os drones embarcados serão desarmados e usados apenas como sensores avançados.

O custo total estimado do NRP D. João II é de cerca de €132 milhões. Desse montante, €94,5 M provêm de fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e €37,5 M são contrapartida do Orçamento do Estado. O contrato para construção foi assinado em 24 nov. 2023, e o navio deverá entrar em serviço em meados de 2026.

O navio materializa a visão de uma marinha robotizada e tecnologicamente avançada. Para altos oficiais, ele “materializa a visão de desenvolver uma Marinha holística, avançada e disruptiva”. Com sensores modernos e UAVs, Portugal ampliará sua vigilância do Atlântico e apoio científico, contribuindo para a “economia azul” Além disso, ao ser classificado como navio civil e não armado, tem menor custos de manutenção e obrigações operacionais em comparação a um navio de guerra.
Fontes
- Portuguese Navy reveals new Multi-Purpose Naval Platform design, Naval News, [LINK]
- Damen Enforcer Concept: Modular Amphibious Ship for Future Fleets Damen Shipyards Group [LINK]
- Portugal’s Future Multi-Role Vessel to Enhance Maritime Surveillance and Research Capabilities European Defence Review (EDR Magazine), [LINK]
- Portuguese Navy’s ‘Plataforma Naval Multifuncional’: a hybrid between carrier and research vessel The Naval Analyst, [LINK]
- New Portuguese Multi-Purpose Support Ship based on Damen Enforcer Family Design
Navy Recognition, [LINK]
A Marinha Portuguesa investe num navio multipropósito inovador (Plataforma Naval Multifuncional, PNM) de cerca de 107,6 m e com um deslocamento de 7000 ton. Segundo o anúncio governamental recente, este “navio polivalente e inovador” servirá sobretudo para garantir a vigilância marítima, a investigação científica e a monitorização ambiental. 

Desarmado, enfim …