A Oshkosh Defense apresentou o X-MAV (Veículo Autônomo Multimissão Extremo), um lançador pesado autônomo configurado para transportar quatro mísseis de cruzeiro Tomahawk, durante a conferência AUSA 2025, em Washington, DC. A aparição ocorre enquanto autoridades dos EUA e da Ucrânia conduzem coordenação técnica sobre uma possível transferência de Tomahawks, anunciada em várias frentes em 10 de outubro.

A Oshkosh descreve o X-MAV como membro mais pesado da Família de Veículos Autônomos Multimissão (FMAV), com chassi off-road, fonte de energia integrada e arquitetura aberta de carga útil, dimensionada para mísseis pesados. Em sua primeira exibição pública, o veículo foi mostrado carregando quatro Tomahawk, espelhando a configuração de quatro células usada pela bateria Typhon do Exército.

O X-MAV foi alinhado ao conceito do Lançador Autônomo Multidomínio Pesado Comum (CAML-H), um conceito de cerca de 15 toneladas que prevê recarga autônoma e flexibilidade de carga útil para disparos de precisão de longo alcance. A Oshkosh apresentou controles prontos para autonomia e arquitetura independente de mísseis como parte da proposta.

O veículo é apresentado como alternativa móvel aos lançadores em contêineres, como o Typhon, que usa contêineres de 40 pés (12,2 m) com quatro células derivadas do Mk. 41. O Exército já realizou testes terrestres de Tomahawk com o Typhon e ativou baterias Typhon a partir de 2024, incluindo deslocamentos para a região do Indo-Pacífico. A Oshkosh aponta mobilidade off-road, menor assinatura e dispersão como vantagens do X-MAV em relação ao formato trator-contêiner.

Em termos de capacidade de tiro, a família Tomahawk Block IV/V tem alcance típico em torno de 900 milhas náuticas (aproximadamente 1.600 km), redirecionamento em voo via datalink bidirecional e orientação por terreno. As variações recentes incluem o Block VA com buscador para alvos em movimento e o Block VB com ogiva multiefeitos para alvos terrestres reforçados. O lançamento terrestre exige canisters e propulsores adaptados e uma arquitetura de controle de fogo terrestre.

Analistas e documentos do Exército têm colocado a mobilidade, a dispersão e a autonomia como elementos centrais para sobrevivência em teatros contestados. A Oshkosh afirma que o X-MAV permite reposicionamento cross-country, opções de mascaramento e operações de “atirar e correr” em terrenos macios, além de facilitar modos remotos ou com tripulação opcional e conceitos de recarga autônoma.

No contexto ucraniano, autoridades relataram em 10 de outubro coordenação técnica detalhada entre Kiev e Washington sobre uma possível transferência de Tomahawks, abrangendo blocos de mísseis, arquitetura de controle, procedimentos de direcionamento e plataformas de lançamento candidatas. O governo ucraniano afirmou que os Tomahawks seriam usados contra alvos militares; a Rússia advertiu que reforçaria defesas aéreas se as entregas ocorressem.

Comparativamente, sistemas como o ATACMS e o PrSM cobrem alcances menores — cerca de 300 km para ATACMS e mais de 500 km nas primeiras versões do PrSM — enquanto mísseis lançados por aeronaves, como Storm Shadow/SCALP, têm alcance inferior ao do Tomahawk. O Typhon oferece capacidade de quatro tiros em contêiner, adequada para rotas pavimentadas; o X-MAV busca combinar a profundidade de alcance do Tomahawk com mobilidade cross-country para operações terrestres.

A Oshkosh apresentou o X-MAV na AUSA 2025 como opção prática para o roteiro de modernização do Exército em disparos de precisão de longo alcance e autonomia escalável. Enquanto isso, o debate político e técnico sobre a transferência de Tomahawks à Ucrânia prossegue entre Washington e Kiev, com implicações diretas para a escolha de plataformas de lançamento e conceitos de emprego.