O Congresso dos Estados Unidos bloqueou a exportação de motores General Electric F110-GE-129 para o programa de caça furtivo KAAN, confirmou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan. A decisão ameaça atrasar a entrada em serviço do caça de quinta geração e aprofunda as tensões entre Washington e Ancara no âmbito da OTAN.
O KAAN, desenvolvido pela Turkish Aerospace Industries (TAI), realizou seu primeiro voo em fevereiro de 2024 e foi projetado para substituir a frota turca de F-16. Os primeiros protótipos utilizam motores F110, com a Turquia planejando produzir 20 aeronaves com essa configuração antes da adoção de um motor nacional TF35000 em desenvolvimento pela TRMotor, previsto apenas para a próxima década.
Segundo Fidan, o bloqueio atinge as séries iniciais do KAAN, chamadas Bloco 0 e Bloco 1, que forneceriam a capacidade operacional inicial da Força Aérea Turca. O governo turco havia solicitado não apenas a importação dos motores, mas também licenças para montagem local, proposta rejeitada pelo Congresso norte-americano.
A decisão ocorre em um contexto de desconfiança bilateral iniciado em 2019, quando a Turquia adquiriu sistemas de defesa antiaérea russos S-400. Essa compra resultou na exclusão de Ancara do programa F-35 e em sanções sob a lei CAATSA. Desde então, parlamentares dos EUA defendem ampliar restrições à transferência de tecnologias aeroespaciais sensíveis para a Turquia.
O bloqueio pode adiar a produção em série do KAAN, originalmente prevista para 2028, e prolongar a dependência turca dos F-16. Para contornar a situação, Ancara avalia acelerar o desenvolvimento do TRMotor, buscar alternativas junto à Rússia ou à China, ou recorrer a parcerias emergenciais com fabricantes como a Motor Sich, da Ucrânia, e a Hanwha Aerospace, da Coreia do Sul.
O programa KAAN já atraiu interesse internacional. A Indonésia ingressou como parceira em julho de 2025 e o Paquistão conduz negociações exploratórias. Analistas avaliam que atrasos podem reduzir a competitividade da aeronave frente a rivais regionais que já operam o F-35, como Grécia e Israel.
O impasse ocorre enquanto Ancara tenta reestruturar um pacote de armas de US$ 7 bilhões com os EUA, originalmente voltado a novos F-16 e mísseis, para priorizar a liberação dos motores. Washington, entretanto, mantém a posição de condicionar a cooperação a mudanças na postura estratégica da Turquia dentro da OTAN.
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O Brasil tem base para desenvolver motores supersônicos?
Sim, e o exemplo mais promissor é o Projeto 14-X, da Força Aérea Brasileira (FAB), que já testou com sucesso um motor hipersônico scramjet capaz de atingir Mach 6 (seis vezes a velocidade do som). Esse projeto mostra que o Brasil domina tecnologias avançadas de combustão supersônica e aerodinâmica, com potencial para aplicações militares e espaciais.
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Parcerias com China e Rússia: viáveis?
– China tem expertise em motores como o WS-10 e WS-15, usados em caças furtivos como o J-20. Uma parceria poderia acelerar o desenvolvimento brasileiro, mas envolveria negociações complexas de transferência de tecnologia, que nem sempre são totalmente abertas.
– Rússia domina motores como o AL-41F e o futuro Izdeliye 30 (do Su-57). Já houve cooperação em áreas como helicópteros e mísseis, então há precedentes, mas o cenário geopolítico atual pode dificultar acordos profundos.
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Desafios para um motor 100% nacional
– Tecnologia de materiais: turbinas supersônicas exigem ligas metálicas que resistem a altíssimas temperaturas e pressões.
– Infraestrutura industrial: o Brasil precisaria ampliar sua capacidade de testes, simulações e produção em série.
– Formação técnica: engenheiros especializados em turbomáquinas, combustão e aerodinâmica avançada são raros e precisam ser formados em maior número.
– Investimento de longo prazo: esse tipo de projeto exige décadas de pesquisa e bilhões em financiamento.
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Aplicação no KAAN e Gripen
– O KAAN turco ainda depende de motores estrangeiros, então um motor brasileiro poderia ser uma solução conjunta — mas exigiria cooperação profunda com a Turquia.
– O Gripen, por outro lado, usa o motor GE F414 americano. Substituí-lo por um motor nacional exigiria reengenharia completa da aeronave, o que é tecnicamente possível, mas economicamente complexo.
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Conclusão
O Brasil tem potencial técnico e científico para desenvolver um motor supersônico nacional, especialmente com apoio de parceiros como China e Rússia. Mas para que esse motor seja viável em caças furtivos de 5ª geração, será necessário:
– Consolidar o Projeto 14-X como base tecnológica
– Firmar acordos de transferência real de tecnologia
– Investir pesado em infraestrutura e formação técnica
– Criar uma doutrina de defesa que sustente esse avanço
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O Brasil pode desenvolver um motor supersônico nacional?
Sim, mas não sozinho e não de forma imediata. Desenvolver um motor de caça supersônico exige décadas de pesquisa, bilhões em investimento e domínio de tecnologias que hoje estão concentradas em poucos países: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido.
O Brasil ainda não domina:
– Metalurgia avançada para turbinas que resistem a temperaturas superiores a 1.500 °C
– Combustão supersônica estável, essencial para motores de alto desempenho
– Simulação e testes em túnel de vento hipersônico, que são raríssimos no mundo
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Parceria com China e Rússia: realismo estratégico
– China pode oferecer cooperação, mas é cautelosa com transferência de tecnologia crítica. O Brasil teria que negociar acesso a projetos como o WS-10 ou WS-15, usados no caça J-20. Isso exigiria acordos bilaterais profundos, com garantias de uso e proteção de propriedade intelectual.
– Rússia tem tradição em cooperação militar com o Brasil (helicópteros Mi-35, por exemplo). O motor AL-41F do Su-57 é uma referência. A Rússia pode ser mais aberta à transferência, mas enfrenta sanções internacionais e limitações logísticas que dificultam acordos amplos.
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O que o Brasil pode fazer hoje?
1. Expandir o Projeto 14-X da FAB, que já domina combustão hipersônica (scramjet). Isso pode ser a base para turbinas futuras.
2. Criar um consórcio nacional com Embraer, Akaer, Avibras e universidades como ITA e USP para desenvolver turbinas de médio porte.
3. Firmar acordos com China ou Rússia para co-desenvolver um motor adaptado ao KAAN ou a um futuro caça brasileiro.
4. Investir em infraestrutura de testes, como túneis de vento supersônicos e bancadas de combustão.
5. Formar engenheiros especializados em turbomáquinas, materiais avançados e aerodinâmica computacional.
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Aplicação no KAAN e Gripen
– O KAAN ainda está em fase de testes. Se o Brasil quiser participar, precisa entrar como parceiro de desenvolvimento, não apenas comprador.
– O Gripen usa motor americano GE F414. Substituí-lo exigiria reengenharia completa, o que só faria sentido se o Brasil tivesse um motor nacional pronto — algo que levaria 15 a 20 anos.
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Conclusão realista
O Brasil não pode desenvolver um motor supersônico 100% nacional em curto prazo, mas pode iniciar um projeto sério com apoio da China ou Rússia. Isso exigirá:
– Vontade política
– Investimento contínuo
– Cooperação internacional com cláusulas claras de transferência de tecnologia
Se o país começar agora, poderá ter um motor nacional em 2040, pronto para equipar um caça furtivo de 5ª geração brasileiro — não por sonho, mas por estratégia.
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Plano Estratégico: Motor Supersônico Nacional (2025–2040)
🔹 Fase 1: Fundação Tecnológica (2025–2028)
Objetivo: Consolidar base científica e estrutural
– Expandir o Projeto 14-X com foco em turbinas convencionais supersônicas (não só scramjet)
– Criar um consórcio nacional com Embraer, Akaer, Avibras, ITA, USP e UnB
– Investir em laboratórios de combustão, metalurgia avançada e simulação
– Iniciar cooperação técnica com China e Rússia, com foco em engenharia reversa e acesso a motores como WS-10 ou AL-31
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🔹 Fase 2: Desenvolvimento Inicial (2028–2032)
Objetivo: Criar protótipos de turbinas supersônicas
– Projetar e testar um motor de médio porte (Mach 1.5–2.0) para drones ou aeronaves experimentais
– Desenvolver ligas metálicas nacionais para resistir a altas temperaturas
– Construir um túnel de vento supersônico e bancada de testes de turbinas
– Firmar acordo bilateral com a Turquia para co-desenvolver motor para o KAAN
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🔹 Fase 3: Validação e Aplicação Militar (2032–2036)
Objetivo: Integrar motor em aeronave militar
– Testar motor em aeronave de treinamento supersônica ou drone de combate
– Iniciar projeto de caça leve nacional com stealth parcial e motor nacional
– Validar desempenho em missões reais e simulações de combate
– Criar doutrina de manutenção e logística para uso em larga escala
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🔹 Fase 4: Produção e Exportação (2036–2040)
Objetivo: Produzir em série e aplicar em caças furtivos
– Integrar motor nacional ao KAAN ou a um novo caça de 5ª geração brasileiro
– Certificar o motor para exportação e uso em países parceiros da América Latina
– Estabelecer linha de produção em Gavião Peixoto (SP) com capacidade de 10 motores/ano
– Criar um centro de excelência em turbinas supersônicas no Brasil
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Resultado Esperado em 2040
– Motor supersônico 100% nacional, com capacidade Mach 2
– Aplicação em caças furtivos com stealth parcial ou total
– Cooperação consolidada com China, Rússia e Turquia
– Produção local e exportação para países aliados
– Formação de centenas de engenheiros especializados