Japão testa com sucesso canhão eletromagnético de longo alcance em navio de guerra

O Japão alcançou um marco significativo no desenvolvimento de armas de última geração com a conclusão bem-sucedida dos testes de disparo de um canhão eletromagnético a bordo do navio de testes Asuka, da Força de Autodefesa Marítima (JMSDF). Realizados nos meses de junho e julho, os testes incluíram, pela primeira vez, o disparo contra um navio-alvo em mar aberto, demonstrando capacidade de projéteis de alta velocidade e longo alcance.

As armas eletromagnéticas utilizam força eletromagnética para lançar projéteis a velocidades hipersônicas, sem a necessidade de explosivos, confiando na energia cinética do impacto para neutralizar alvos. O protótipo japonês atingiu velocidades superiores a 2.500 metros por segundo, significativamente acima do limite de 1.750 metros por segundo de canhões convencionais. A Agência de Aquisição, Tecnologia e Logística do Japão (ATLA) destacou a importância desses testes para o avanço tecnológico da Marinha japonesa, apesar das limitações inerentes a combates navais de longo alcance, onde sistemas de mísseis continuam a ser predominantes.

navio de testes Asuka

O teste foi acompanhado pela exibição de quatro fotos divulgadas pelo ATLA, mostrando desde a mira no navio-alvo até o momento do disparo, incluindo o sistema de controle de tiro acoplado à arma. Os detalhes completos da operação serão apresentados no Simpósio de Tecnologia ATLA 2025, marcado para 11 e 12 de novembro em Tóquio.

Embora o Japão e a China sejam líderes globais na pesquisa de canhões eletromagnéticos — com imagens de uma arma experimental chinesa a bordo de um navio de desembarque surgindo em 2018 — o desenvolvimento americano nesse campo parece estagnado. Planos anteriores da Marinha dos EUA para testes em 2017 foram cancelados devido a dificuldades técnicas. Entretanto, a longa história de cooperação tecnológica entre Japão e Estados Unidos abre caminho para que os EUA possam vir a integrar essas armas futuramente em suas frotas.

Além de proporcionar disparos mais rápidos e econômicos em comparação com interceptadores convencionais, os canhões eletromagnéticos representam uma potencial revolução na defesa antimísseis, especialmente contra projéteis hipersônicos de Mach 5 ou mais, desenvolvidos por China, Coreia do Norte e Rússia. Os desafios, no entanto, permanecem: a necessidade de fornecimento de energia de alta capacidade e a miniaturização dos sistemas continuam sendo obstáculos para sua implantação generalizada.

O Japão vem investindo de forma crescente em tecnologias avançadas, como armas de micro-ondas de alta potência, lasers e sistemas eletromagnéticos, visando fortalecer sua capacidade de defesa contra ameaças emergentes na região Ásia-Pacífico, especialmente diante da modernização militar chinesa. Especialistas acreditam que essas armas podem transformar o campo de combate, permitindo interceptações simultâneas de mísseis e drones, além de reduzir drasticamente os custos operacionais por disparo em comparação aos sistemas tradicionais.

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